ORGULHO NACIONAL | Parece que um certo país anda em polvorosa por causa de um português que é Jesus numa série com grande sucesso nas américas e agora mostrada na SIC. Uma espécie do embezerrado Mourinho mas sem intriga nem futebol. Mais em modo telenovela. A minha inveterada curiosidade levou-me a premir o comando na esperança de encontrar o motivo de tanto festejo. Estou eufórico: Maria aparece em jeito de patrocínio United Colors of Benneton. E o tal português mais parece um figurante em representação de bairro. Orgulho nisto? Porra!
domingo, 31 de março de 2013
sábado, 30 de março de 2013
JESUS É GOÊS | Há muito que aguardava esta notícia. Desde que saiu de chefe de cozinha do Tentações de Goa que ando com saudades dos seus acepipes. A Revista do Expresso dá hoje a notícia do seu regresso às lides gastronómicas lisboetas. O nome do restaurante é bem humorado e esclarecedor. Recomendado.
sexta-feira, 29 de março de 2013
MANUEL BOLA - ROTEIRO SENTIMENTAL | Setúbal homenageou Carlos Rodrigues no dia Mundial doTeatro. A sala polivalente do Fórum Municipal Luísa Todi foi pequena para receber toda a gente que quis abraçar o actor. Carlos Curto, director do TAS, deu as boas vindas. Maria das Dores Meira, representando a autarquia de que é presidente, falou do bem que nos faz termos gente assim na terra onde vivemos. E depois foi o desfilar de gente que tem no Bola um amigo e colega de referência: Fernando Guerreiro, amigo de sempre, agradeceu o empurrão para o seu início de carreira de actor. Maria Clementina, em emotivo depoimento, abordou o princípio de uma grande amizade. Duarte Victor, Célia David, José Nobre, Sónia Martins, Miguel Assis, Cristina Cavalinhos e Piedade Fernandes agradeceram a proximidade da palavra amiga e do incentivo. Cabia-me a mim falar do autor de poemas. Acontece que conheço o Manel Bola desde que me lembro da minha própria existência. No improviso que proferi foram esquecidos alguns pormenores que considero interessante relembrar agora.
Na minha infância o Manuel Bola era o Carlos. Ele já adolescente e eu fedelho de cinco anos, cruzávamos caminhos e largávamos "olás" de circunstância. Depois passámos a ter conversas de crescidos a partir do tempo em que eu também cresci. Quando fui chamado pelo João Manuel Duarte Victor para experimentar fazer a imagem - cenografia, figurinos, design de comunicação - da peça Juiz da Beira, de Gil Vicente, conheci melhor o actor, que me recebeu com palavras de apreço pelo meu trabalho. Acompanhei com entusiasmo o trabalho de costura dos meus desenhos feitos por uma grande senhora - a mestra Amélia Varejão. Depois trabalhei com outros encenadores: Fernando Gomes e mais tarde Carlos Curto também me convocaram para peças suas. Conheci por lá outros amigos que muito estimo: Pompeu José, Rui Paulo (Buda), Nuno Melo, Isabel Ganilho, Asdrúbal Teles, António Piçarra, Manuela Couto, Mimi, Fernando Luís, Cristina Cavalinhos, Célia David, José Nobre, Filomena Gonçalves, Miguel Assis, João Gaspar, Ana Brinca, Susana Brito, José Santos, Rui Mesquita, maestro Azóia, António Rosa, João Carlos.
A faceta de poeta surge muito mais tarde. Surpresa inicial, logo seguida pelo reconhecimento da grande qualidade da escrita. No livro que editei na Estuário, o actor Carlos Rodrigues passa a assumir o nome de Manuel Bola. A alcunha passa a pseudónimo. O actor mistura-se com o autor e lança um título pouco previsível: "Sem Amor". Lembro-me a propósito do poema de Fernando Pessoa:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Com o actor passa-se o mesmo. O actor é um insistente observador. Suga atitudes e trejeitos para depois os aplicar à personagem que compõe. "Sem Amor" é metáfora da aplicação dos sentimentos ao papel. Não é o amor que se pratica na poesia escrita. É a sua representação. Tudo ligado, como diria outro poeta.
Última nota: não é possível falar do actor Carlos Rodrigues sem se recordar Carlos César. Grande homem de teatro. A carreira artística de um está indissociável da vontade do outro. César foi também grande entusiasta do actual modelo do Fórum Luísa Todi, local onde simbolicamente decorreu o tributo. Foi ele que muito fez para que a Câmara Municipal passasse a ditar as regras naquele lugar.
Manuel Bola continuou a escrever. Muito em breve será reeditado o excelente livro que nos forneceu em 2005. Edição que contará com alguns poemas originais.
E pronto. Continuaremos a contar com Carlos Rodrigues, o poeta Manuel Bola. E continuaremos a gostar dele. Muito.
quinta-feira, 28 de março de 2013
CULPAS E CULPADOS | Anda grande desorientação pelas bandas da governação. Os seguidores de Passos e Gaspar gastam-se em assustadas declarações, assustados pelo possível chumbo de parcelas do Orçamento pelo Tribunal Constitucional. Temem uma grave crise política. Os seguidores de Passos e Gaspar fingem não perceber que os únicos culpados de uma crise política são Passos, Gaspar e companhia ilimitada. Quem aprovou o criminoso Orçamento de Estado? Pelos vistos não percebem o que já todos percebemos: o que os assusta a eles é música para nós. Habituem-se à toada. E desandem.
quarta-feira, 27 de março de 2013
terça-feira, 26 de março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
GEOMETRIA DESCRITIVA | Há um troikaman surpreendido com os resultados que encontrou na mais recente avaliação. O homem não estava à espera de tanto desemprego. Que esperaria a criatura das políticas de merda impostas ao país? Têm razão os políticos profissionais que asseguram que o memorando está mal desenhado. Provavelmente deveriam fazer um novo desenho para ver se o homem percebe alguma coisa. É que não há pachorra para tanto disparate.
sábado, 23 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
ROGÉRIO RIBEIRO | Foi meu professor. Foi meu amigo. No início dos anos oitenta do século passado, fez uma grande exposição de pintura no Museu de Setúbal/Convento de Jesus. Ajudei-o a escolher as obras. De vez em quando perguntava-me: achas que este pode interessar às pessoas de Setúbal? Dizia isto com sinceridade. Sem falsas modéstias. Não queria desiludir. Desenhei graficamente o folheto que acompanhou a mostra. Houve um dia que fui lá com o José Afonso. Apresentei-os. Ficaram amigos. Quando terminou a exposição ofereceu-me dois desenhos que tenho ali emoldurados. Era um grande pintor. Era um grande senhor. Agora vai ser mostrada a sua Obra Gráfica. Não percam. Vou até lá recordar o Rogério.
ROGÉRIO RIBEIRO OBRA GRÁFICA
Casa d'Avenida. Avenida Luisa Todi, 286, Setúbal
Inauguração dia 23 de Março, às 16 horas
Até 27 de Abril
ROGÉRIO RIBEIRO OBRA GRÁFICA
Casa d'Avenida. Avenida Luisa Todi, 286, Setúbal
Inauguração dia 23 de Março, às 16 horas
Até 27 de Abril
OS SENHORES COMENTADORES | Comentar está na ordem do dia. Todos somos comentadores em potência. Gosto desta ideia. Todos temos o direito de ter uma opinião e todos merecemos ter um canal para expô-la. As opiniões mais interessantes em que tenho tropeçado tenho-as conhecido nas redes sociais. Mas há os senhores comentadores. Preenchem os espaços públicos encartados profissionalmente. Esforçam-se por ser originais, combativos, justos. Alguns misturam interesses. Outros estão de boa fé. Sem constrangimentos. Vários antigos dirigentes de topo são chamados regularmente à cabine de som: Marques Mendes, Jorge Coelho, Manuela Ferreira Leite, Francisco Louçã, Santana Lopes, Fernando Rosas, Joana Amaral Dias e proximamente José Sócrates. Cada um tem uma forma privada de encarar o estado da nação. Já percebemos que não há alinhamento partidário, mas sim consciência pessoal. Tudo isto é legítimo. Cada um lê o crítico de cinema que comenta os seus filmes preferidos. Cada um atura o comentador político que entender. O que nós queremos é que alguém naquele lugar se lembre de dizer o que nós gostamos de ouvir. Para além de um ou outro dos atrás citados, existem dois comentadores que se podem sentar à minha mesa para um cafezinho: Eduardo Paz Ferreira e Viriato Soromenho Marques. Ou seja, faz parte do meu painel quem já percebeu que esta crise foi criada internacionalmente para nos pôr a ganhar tuta e meia. Grandeza e prosperidade para os grandes. Servidão e sobrevivência para os outros. Os que restam. A maioria. E a senhora chanceler alemã é a manipuladora das marionetas que anseiam por esse trabalhinho. Está comentado.
quinta-feira, 21 de março de 2013
CROMOS SEM LUSTRO | Fernando Seara não pode ser candidato em Lisboa. Há outros cromos em risco. Não tenho uma opinião definitiva sobre o assunto. Aliás, não tenho uma opinião definitiva sobre coisa nenhuma. Como não me lembro deste debate, e como parece que a coisa foi desenhada (uma bonita expressão tão na moda) pelos que agora a querem apagar, só tenho uma pequena nota a acrescentar: tenham vergonha.
quarta-feira, 20 de março de 2013
ESPUMA DAS HORAS | Jorge Sampaio diz que assim não pode ser. O que está a acontecer leva-nos ao descalabro. Ramalho Eanes chama a atenção para as manifestações de rua e esclarece que estamos perante pessoas que têm direitos. Cada vez mais vozes se juntam para a condenação desta política e destes políticos. Tudo se conjuga para que estes competentes neoliberais desandem daqui para fora. O Governo já só tem ao seu lado conselheiros e merceeiros desbocados. A tralha de Passos e Gaspar é já lixo infectado de despudorada arrogância. Nada mais. Ora, o lixo coloca-se no lixo, não é verdade?
terça-feira, 19 de março de 2013
TODOS? EU TAMBÉM? POR ALMA DE QUEM? | Não tencionava perder nem mais um minuto com o assunto papal. Confesso que tenho consideração por muitos encartados profissionais da religião. Carreira das Neves, Tolentino de Mendonça, Bento Domingues ou Anselmo Borges, por exemplo, fornecem sempre interessantes textos sobre o mistério e as dúvidas da Fé. Mas a Cavaco dispenso o proselitismo. Ainda por cima com postura de catequista de bairro. Excelência insiste em falar em nome de "todos" os portugueses como se todos os portugueses professassem a sua religião. Não acho normal que excelência se pronuncie sobre as alegrias da sua religião como se de uma alegria colectiva se tratasse. Parece que excelência vai a Roma ver a entronização do Papa. E parece que excelência vai convidar o Papa simples dos pobres - pelos vistos todos os anterioeres eram uns arrogantes amigos dos ricos - para visitar a capelinha da aparição aos pastorinhos pobrezinhos que incharam a igreja com as histórias da santinha. As histórias papais já tresandam. Agora até o anel entrou na campanha de marketing. Francisco quer anel de prata em vez de ouro. Desconfio sempre destes exageros. Francisco começa a fazer lembrar Paulo Portas quando pendura os fatos caros no cabide para ir dar beijinhos nos mercados. Também os jornalistas de serviço na praça das missas assumem que estamos "todos" em festa com a entronização. O jornalismo acabou. Agora temos virados para as câmaras prosélitos catequistas em campanha de evangelização. Temos bom remédio: desligar. Mas Cavaco é o presidente de um Estado laico. Não deveria portar-se como vendedor de bíblias em segundos dedos. E nós, os que não somos "todos" os portugueses que aprovam o que excelência diz, não temos que comer e calar. Só isso.
segunda-feira, 18 de março de 2013
SERVIDÃO E CANSAÇO | Gaspar confirma que
as coisas não estão bem como ele previa e anuncia, com aquele ar de
pouca pachorra para quem não percebe nada de economia que o caracteriza,
que a extorsão vai continuar. Passos continua optimista
e diz que nada foi em vão, assegurando que não há alternativa ao
descalabro anunciado. Relvas está finalmente calado, não por ser decente
e razoável, mas sim por não saber o que dizer. Esta gente faz das
nossas vidas uma experiência. E ainda por cima somos nós que pagamos a
teimosia experimental. A arrogância marca a agenda. A competência
neoliberal marca o ritmo. Vamos todos ter de ganhar o menos possível
para que os donos de Portugal e do mundo nos possam sustentar. Somos uns
gastadores. Uns trastes que insistimos em ter direitos. E estes
senhores têm que ter o incómodo de convocar conferências de imprensa
para anunciarem o que vão fazer connosco. Aquilo deve ser muito
cansativo. Coitados.
domingo, 17 de março de 2013
O QUE FAZER QUANDO OS DELINQUENTES TUDO DECIDEM? | Estamos a assistir a comportamentos que ultrapassam tudo o que é admissível. Já não bastam os delinquentes que governam internamente os países, agora é o próprio Eurogrupo que rouba as pessoas descaradamente. Os cipriotas viram as suas contas bancárias vasculhadas por estes marginais de colarinho branco. Isto não é admissível. Isto é delinquência pura. O caso merecia um processo crime contra os responsáveis pelo roubo. Têm que ser tomadas medidas. Corremos o risco de um dia acordarmos com o anúncio da construção de fornos crematórios para a correcção de uns números que estão em excesso. Exagero? Alguém na semana passada imaginava o que agora aconteceu no Chipre? Com estes energúmenos tudo é possível. Notícia Público.
GRATIDÃO E COMPETÊNCIA | Com o desemprego a aumentar, é bom conhecer alguém que mande no luso-clube "Valente Cunha". O Ministério da beata Cristas diz que os únicos critérios são a competência e a capacidade de trabalho. Tudo gente com currículo profissional reconhecido. Pois claro, mas alguém duvida? Se forem como a sonsa do super-ministério, a competência deve ser um tratado. Notícia SIC-N.
sábado, 16 de março de 2013
O CHICO ESPERTO | Marques Mendes foi para a SIC. Passa boa parte do noticiário de sábado a dar ao badalo com Maria João Ruela. O dr. Mendes tem uma táctica que deve imaginar infalível: diz tudo com grande convicção, irrita-se com o que classifica de injustiças, e anuncia verdadeiros achados - Cavaco escreveu umas linhas que só ele percebeu que eram importantes. O homem realçou a sua proeza quase como acto de heroísmo. Que frase foi essa tão importante? Sei lá. Banalidades entusiasmadas sucedem-se. Como se não bastasse o professor vidente dos domingos...
sexta-feira, 15 de março de 2013
CAVACO ACORDOU | É oficial: Cavaco Silva acordou. Ao contrário do dr. Passos, que insiste no sucesso do ajustamento, o Presidente percebeu finalmente que não há sucesso nenhum. Há, isso sim, um problema europeu. Claro que convocou o ego para o fazer, clamando que foi arauto da denúncia dos limites para os sacrifícios, mas acordou. Tarde, é certo, e não se percebendo se a atitude terá consistência ou consequência, mas acordou. Enfim, percebeu que a Europa não percorre pelos melhores trilhos, que a solução passa por atitudes dos dirigentes europeus, mas nada nos garante que não vá adormecer outra vez. Ele até parecia já estar cheio de sono...
GOVERNO FALHA PREVISÕES | É esta a grande notícia avançada pela imprensa e confirmada em discurso ao retardador pelo inenarrável Gaspar, e em ditado frenético pelo inefável Moedas. O estranho não é ser esta a notícia das "gordas" de toda a imprensa escrita, falada e visionada. Estranho é ainda ser notícia. E mais estranho ainda é este governo ainda ser Governo.
REBOLIÇO PAPAL | As notícias sobre a aclamação papal sucedem-se. É normal. A tomada de posse de um Chefe de Estado é sempre um acontecimento. Mas noto alguns exageros. A comitiva de jornalistas da RTP, por exemplo, em época de contenção financeira, é um evidente excesso. Fátima Campos Ferreira anda eufórica. A senhora faz entusiasmados relatos em directo. A entrevista com o Cardeal Patriarca de Lisboa sobre os preliminares na capela Sistina foram uma notável lição de jornalismo de costumes. Também Cavaco exagerou na dose. Endereçou felicitações em nome de "todos" os portugueses. Todos? Quem o autorizou, senhor Presidente? Não vivemos num Estado laico? Então porquê tanta alegria institucional? Por que carga de água temos todos que cumprimentar um cardeal colaboracionista de ditaduras, homofóbico, misógino e defensor de conceitos civilizacionais passadistas? Estes abusos incomodam. Respeitar a festarola? Claro. Mas não contem com toda a gente para a dança. Respeitem quem não vai em fantasias. É o mínimo.
quinta-feira, 14 de março de 2013
ERRO DE CASTING? | "Que Deus vos perdoe pelo que acabaram de fazer", disse o novo Papa aos cardeais eleitores. Provavelmente tem razão. Há passados, presentes e futuros que não se recomendam a ninguém. Este senhor representa tudo o que não se recomenda. Quem quiser que o adopte. Há gente para tudo. Não sou católico, mas isso não é para aqui chamado. Chamar esta criatura para dirigir uma estrutura que é um Estado e que influencia estados, é algo de muito perigoso. Só isso. Fiquem com o homem, mas não festejem. É obsceno. Rezem pelos vossos pecados. Este não conta. Foram os abastados cardeais do Vaticano que o cometeram. Deus lhes perdoe.
quarta-feira, 13 de março de 2013
COELHO PASSADO | O chamado primeiro-ministro passou-se hoje na Assembleia da República. Lida mal com o contraditório. Chegou ao ponto de repreender Assunção Esteves, denunciando a linguagem utilizada pela deputada dos Verdes, que acusou o governo de roubar os portugueses. Ora, Passos acha que tem razão: o Governo não rouba, cobra. Mas Assumpção Esteves também esteve bem. A eficácia dos debates vive da liberdade da linguagem. As regras permitem uma certa dilatação dos argumentos. Passos começa a lidar mal com tudo isto. Anda crispado. Finalmente deve ter percebido que aquele fato não lhe cai bem. Tem bom remédio. Desande.
A GRAÇA DO SENHOR | Ele é o anel do Papa. Ele é o sapatinho do Papa. Ele é a idade do Papa. Ele é a nacionalidade do Papa. Ele é o fumo preto. Ele é o fumo branco. Uma chusma de senhores de idade avançada, "inspirados" pelo Espírito Santo, votam e voltam a votar para eleger o seu representante máximo. Parece que o Espirito Santo se apressou na escolha. Já há um senhor para satisfazer a histeria que inunda a praça grande do Vaticano. E depois há uma chusma de jornalistas em reportagens em directo em busca da banalidade. Que sentido da actualidade. Que bom para eles. Ridículo.
terça-feira, 12 de março de 2013
NO VAI E VEM DA MARÉ | Hoje é acrescentado mais um ano à minha existência. Chegar até aqui não foi difícil. Foi o que foi. As nossas vidas são feitas de altos e baixos. Não me queixo. Mas o presente é tão baixo que nos arrasa. Nunca vivi acima das minhas possibilidades. Aliás, acusarem-nos desse abuso num país onde os ordenados médios estão ao nível dos mínimos praticados por toda a Europa, é no mínimo um insulto à nossa inteligência. Mas os homenzinhos que nos governam e os opinadores ao seu serviço garantem o contrário: Todos vivemos à tripa-forra, e, por mor disso, vamos ter de viver no limiar da mendicidade. Homenzinhos: vão convencer os tótós que votaram nas vossas miseráveis promessas, mas não façam de todos nós parvos. Vivemos tempos de razia social e cultural. Vivemos tempos difíceis, de facto. A ideia desta gente é por-nos a pedir trabalho por favor aos donos do mundo, recebendo o menos possível. Os donos do mundo são elogiados pelos opinadores de serviço por despedirem e eliminarem vidas. São as gorduras, dizem. O que eles dizem. Gordurosos. Comemoro o meu aniversário com esta tristeza. Diz-se que os homenzinhos têm uma agenda. Nós também. Tenho aqui anotado: correr com os trogloditas que nos governam o mais depressa possível. Era isso que estaria inscrito no meu bolo de aniversário. Mas eu não "uso" bolo. É mau para o consumo, para a economia do país, mas confirma a minha atitude: não viver acima das capacidades de coisa nenhuma. Muito menos das reais gorduras. Prefiro viver e conviver em voz alta. Sem substancias oleosas no teclado nem no palato. Faço o que posso. Convoquei, apesar de tudo, a alegria: José Afonso veio cantar o "parabéns". Esta canção define o estado da arte: estamos por trás de uma janela, onde não se ouve nenhuma estrela, por trás daquele portão. Foi José Afonso que uma vez disse: Qualquer dia estamos reconduzidos à condição de homenzinhos e mulherzinhas. Temos é que ser gente, pá!
É este o meu discurso de aniversário. Era melhor qualquer coisa mais optimista? Concordo. Fica para outra vez. Para hoje, para os tempos que correm, é o que se pode arranjar.
Muito obrigado.
segunda-feira, 11 de março de 2013
SEM RUMO | Confesso que nunca pensei viver uma situação como esta que nos consome os dias e devora a existência. Em vez de uma evolução sustentada, foi inventada uma maneira de sermos reduzidos a peças de um processo de manutenção da selvajaria endinheirada. Ainda por cima sem grandes tropeções: agora é o povo que escolhe a sua própria extorsão. Nada de violentas ditaduras. Partidos do sistema acolhem o apoio popular propagandeando justiceiras regras neoliberais. O povo acredita que não há outro caminho e vota como se estivesse a tirar o pai da forca. Estes palermas do partido de Cavaco convenceram a populaça da sua boa vontade para vencer os problemas. Problemas que estavam anteriormente a ser resolvidos de uma forma excessiva. Violenta mesmo. As privações infringidas às pessoas já estavam a ultrapassar todos os limites. Com eles, os bonzinhos, que choram com a vida difícil dos pobrezinhos, tudo iria ser diferente. Logo eles, os honestos homens de negócios, banqueiros e outros filantropos, que tudo fizeram pela instauração do capitalismo popular em Portugal. Tão queridos. Nunca pensei que tantos acreditassem na conversa destes vendedores de ferramentas usadas. Nunca imaginei ver alguém como Relvas, Passos e outros negociantes de ocasião ocuparem o poder com o à-vontade de quem sabe o que é governar. Mas também nunca pensei que, chegados aos corredores do poder, fossem tão inábeis e incompetentes. Sim, já não se pode dizer que esta gente sabe o que anda a fazer. Eles queriam fazer. Queriam entregar tudo aos seus. Mas estas experiências trazem sempre algo de novo. A crise internacional trocou-lhes as voltas. Afinal não basta cortar como se não houvesse amanhã. É esta a maneira destes sabujos fazerem política, mas às vezes as situações exigem mais dos políticos. É aí que eles não sabem o que fazer. As hesitações sucedem-se. As privatizações não são só entregar a loja do lado ao vizinho da outra rua. Cortar na vida das pessoas não é aceitável. Não nascemos para sofrer, nascemos para viver. Cavaco espreitou com as habituais banalidades irreais em apoio aos seus rapazes. Confirmou o seu entendimento da política: nada de esforços, nada de chatices, os amigos são para as ocasiões. Cumpre-se o sonho de Sá Carneiro: Há primeiro-ministro laranja e há Presidente da mesma cor. Podem limpar as mãos à parede.
sexta-feira, 8 de março de 2013
MARGINAL | Cristina Carvalho deu este título ao seu mais recente trabalho. Um excelente livro que nos atira para um passado bem recente. Um tempo em que a documentação visual ainda não era instantânea. A era do digital era uma miragem. O tempo passa a correr. MARGINAL vai ser apresentado hoje, sexta-feira, na Casa da Cultura, em Setúbal. Com a escritora vem a sua editora na Planeta, Ana Maria Pereirinha. Duas mulheres falam de um livro que conta uma história de mulheres, no Dia Internacional da Mulher. O casarão da cultura de Setúbal vai estar hoje muito bem frequentado. Apareçam. Quem não aparece esquece.
quinta-feira, 7 de março de 2013
RECEITUÁRIO | Esta dor de cabeça não me larga, diz o paciente ao farmacêutico.
- Vamos levar esta embalagem de vinte preservativos. Isto é para tomar até ao fim, ok? Quando acabarem volte cá. Notícia i
RETRATOS DE VIDAS | Esta exposição fotográfica de António Correia abre amanhã, às nove e meia da noite, na Casa da Cultura, em Setúbal.
MUITO CÁ DE CASA | A seguir, às dez, vamos conversar com a escritora Cristina Carvalho a propósito do seu mais recente livro, MARGINAL, ontem apresentado por Patrícia Reis, na FNAC Colombo. Em Setúbal a autora estará à conversa com a editora Ana Maria Pereirinha. Muitos motivos para uma ida ao casarão das culturas da cidade. Até lá.
quarta-feira, 6 de março de 2013
terça-feira, 5 de março de 2013
MUITO CÁ DE CASA | Cristina Carvalho vai estar
na Casa da Cultura, em Setúbal, no próximo dia 8 de Março, Dia
Internacional da Mulher. O tema do livro faz justiça à comemoração. O
livro é uma história de mulheres, e de homens, e de raparigas,
e de tudo em que tropeçamos quando começamos a perceber que a vida não é
fácil. Nada fácil mesmo. Não percam este encontro com uma grande
escritora, e com o privilégio de podermos trocar impressões também com a
editora. Já agora: a capa foi desenhada aqui pela malta da DDLX. Tudo
boa gente, portanto.
segunda-feira, 4 de março de 2013
CARREIRAS E ELITES | Estamos tramados. Há um raminho de políticos, fazedores de opinião, jornalistas, entrevistados de luxo e outros lustrosos manhosos, que não hesitam em espremer os seus briosos miolos, extraindo daí todo o surtido de esterco contaminante. Não se calam. Divulgam barbaridades como verdades absolutas. Um qualquer negociante, sem qualquer curiosidade intelectual ou formação humanística, chega a super-ministro e exibe incompetência e demência. Miguel Relvas é apenas um símbolo coadjuvado por uma trupe incontável. Até foi convidado para botar sabedoria num inclassificável Clube de Pensadores que se expõe em blogue redigido com os pés. Mas há muitos mais crentes na capela do neoliberalismo insensível. O beato César das Neves, que acredita nas virtudes da crise para corrigir os nossos excessos, surge de vez em quando do nada para o púlpito. Mário Crespo, na SIC-N, convoca volta e meia o inenarrável avô Cantigas Esteves para as contas de subtrair. Ele próprio opina e desatina com outros convidados, menos alinhados com o seu tosco pensamento, envolto em sebosa sabedoria de obter e deitar fora. É também nesta estação que o justiceiro Gomes Ferreira ataca quem pode e bajula quem manda com descontração de figurante de anúncio publicitário. Há uma senhora na TVI que convida cromos de luxo: o professor Medina, a um dia certo da semana, subtraindo e corrigindo como se não houvesse amanhã, e o alucinado professor Marcelo, aos domingos, como cartomante encartado. Mas há muitos mais em outras montras da comunicação: um cretino chamado Camilo Lourenço, depois dos fretes a Passos e ao seu governo, vem agora propor o fim do ensino da história, concretizando-o com a proposta de extinção dos professores da disciplina, já que nada fazem pela economia. E depois há as esclarecidas mentes empresariais e banqueiras. Recuso-me a conspurcar estas singelas linhas com as mediáticas atitudes do merceeiro do pingo doce e do banqueiro do BPI, mas não podemos ignorar a muito recente sugestão do "ex-fascista" e posterior “social-democrata” João Salgueiro no sentido da instauração do trabalho forçado – mandar indiscriminadamente pessoas desempregadas para a limpeza de florestas e velhinhos é uma ideia que não lembraria ao mais empedernido dos seus ex-companheiros ideológicos. Também o movimento Reformados Indignados, dirigido por um ex-banqueiro e formado por pensionistas milionários, vem colocar a saborosa cereja no topo do bolo. Que elite é esta? Porque será que em Portugal até a elite é manhosa? Já não nos espantaria ver a dupla Santana Lopes - Pedro Granger associada na constituição de um clube de reflexão e análise. Nem me admirava nada que o saltitante João Baião, ou os inacreditáveis Homens da Luta, motivados pelas votações italianas, formassem um grupo contra-sistema para se candidatarem a eleições legislativas. Tudo é possível, em terra onde quem deveria transmitir conhecimento influente, influencia o poder contra quem de facto produz e luta pela sua existência com inteligência e exigência: a classe média. Alguém sabe de uma carreira que nos transporte daqui para fora?
domingo, 3 de março de 2013
REFORMADOS ACTIVOS | Parece que vai ser apresentado na próxima terça-feira um movimemnto chamado Reformados Indignados. E parece que quem vai presidir ao empreendimento é o ex-banqueiro Filipe Pinhal. A sério! Isto é mesmo verdade. Mas há um pormenor que me está a causar espécie. Não percebo a razão de ser Pinhal o líder. Cavaco Silva não estaria mais talhado para o lugar? É reformado e já mostrou a sua indignação face à miserável reforma que não lhe chega para as despesas. Vejam lá isso, camaradas velhotes.
sábado, 2 de março de 2013
GRANDOLANDO | Há quem não aprecie a necessidade que alguns de nós temos de nunca nos calarmos. Somos uns chatos. Dizemos mal de tudo. É excessivo. Ora bem, se alguém aprova e aplaude o que eu não aprecio, está à espera de quê? Silêncio? Estar calado é ser educado? O que acontece no país e no mundo desperta protestos. Protestamos contra as opiniões bem comportadas de Passos Coelho, Vitor Gaspar, Miguel Relvas, Alexandre Soares dos Santos, Eduardo Catroga, António Borges, Fernando Ulrich e outros lamentáveis empertigados que nem merecem menção. O desprezo desta gente pelas pessoas provoca revolta. O homem do pingo doce, sentado no seu dinheiro e eivado da sua extrema grosseria, classifica de passeata o nosso protesto e desvaloriza a força da nossa canção. Os do governo, taticamente mais civilizados, fingem que nos respeitam. Nada disso. Ficarmos calados perante estas afrontas é delicadeza? Nem pensar. Protestamos contra a indelicadeza destes nababos que nos desrespeitam. Cantamos porque as nossas canções são melhores do que as deles. Até logo.
sexta-feira, 1 de março de 2013
INDIGNAI-VOS | Partem os mais inquietos. Vamos ficando, fazendo o que podemos. Faremos muito, se formos muitos. Seremos alguém. Muito obrigado, Stéphane. Muito obrigado mesmo. Notícia Público
MARKETING E CINISMO | Somos governados por um grupo descontraído. Gente que dorme bem, que enfrenta quem os contesta, que abraça a vida sempre com um sorriso. Passos saudou o bom gosto dos manifestantes que entoaram Grândola, Vila Morena enquanto discursava na Assembleia da República. Nas deslocações que faz, dirige-se aos manifestantes que apenas desejam vê-lo pelas costas, com ar de quem quer entrar em razoável diálogo. Álvaro de Vancouver também experimentou a graça. Eles fingem não saber que as manifestações são isso mesmo: maneiras que as pessoas encontram para se manifestarem contra eles. Para os confrontarem em debates estão os representantes dos manifestantes na AR. Mas eles insistem em enfrentar tudo e todos com "compreensão" e "condescendência". Estas atitudes não são dialogantes, nem compreensivas, nem coisa nenhuma. São arrogância e desdém. Passos disse mesmo que as manifestações de descontentamento são moda passageira. Portas garantiu, em visita a Espanha, que Grândola é canção bem vinda. Também Gaspar elogiou logo as primeiras manifestações. Até parecia que o melhor povo do mundo tinha saído à rua em seu apoio. Poderemos chamar a tudo isto cinismo político, falta de vergonha ou coisas bem piores. Todos os impropérios são bem vindos. Faz-nos bem ao fígado. Mas estas atitudes estão todas previstas pelos estrategas da direita. Relativizar a contestação recupera a imagem de compreensão. É bom que a contestação não se relativize. É bom que a estratégia lhes saia furada. Dia 2 vamos dizer-lhes isso: não andamos aqui a brincar, rapazinhos. Desandem. Estamos fartos de vocês.
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