segunda-feira, 30 de março de 2020

O HASTEAR DA VELHA BANDEIRA | É sempre de assinalar a vida de alguém que ousou corrigir males. Ainda por cima agora, nos dias de hoje, tempo de privações, em que os novos nazis vão tentar espalhar o vírus da intolerância e da crueldade.
Manolis Glezos é um exemplo de coragem e de bom gosto.

Fonte DN
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AFINAL HAVIA OUTRA... OPINIÃO | A rejeição definitiva dos "coronabonds", por parte de governo holandês e de outros comparsas, ameaça a união da Europa. Talvez o governador do banco dos Países Baixos tenha percebido essa possibilidade. Eu, europeísta de esquerda convicto, tenho a ligeira percepção de que se isso acontecesse, as extremas ideias sairiam dos buracos em euforia vitoriosa. Correríamos o risco de ficar "orgulhosamente sós", como preferia o outro estafermo, a contar umas moedinhas de um escudo entretanto emitido, a viver numa "alegre casinha", "pobrezinhos mas honrados".
Fonte Público
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domingo, 29 de março de 2020



ESPELHO MEU | Se vivêssemos em tempo normal, hoje seria um excelente dia para visitarmos a exposição ESPELHO MEU, de Luis Cavaco. Mas, o que é a normalidade nestes tempos anormais? Bem, assim de repente só me lembro de recordar o que foi a abertura, com amigos, todos juntos, com estas imagens. Já temos saudades de estar assim. Voltaremos a encontrar-nos por aí, e por aqui, na Casa Da Cultura | Setúbal. Até breve.
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RECEITUÁRIO | O Pedro Vieira de Moura e o João Paulo Cotrim já tinham percebido a erupção. Agora foi o José Marmeleira que escarrapachou nas páginas do Público outra maneira de olhar para este vulcão. Quem conta a história é o Gonçalo Duarte. E vem toda muito bem explicada numa edição da Chili Com Carne. São coisas que nos fazem bem em tempos de confinamento. Olhar faz bem. E ler também.
Fonte Público
EMERGÊNCIA DE UM ESTADO | A violência de um vírus que domina o mundo, faz crescer a violência praticada pelos que mandam lá em casa e em quem está lá dentro para se proteger da violência exterior. Mas mandam sem regras, ao contrário das impostas pelos governos. São donos do espaço e de quem os ocupa. Emerge pela agressão o estado em que se encontram: falta de carácter, vontade de dominar o outro, maldade. O estado de emergência dá-lhes asas. O outro está ali à mão de semear. Está mesmo a pedi-las. Nestas situações em que a solidariedade deve ser emergente, os cobardes manifestam a intolerância. Cobardes, é isso. E maus. Gente má.
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sábado, 28 de março de 2020


O HOLANDÊS VOADORA Holanda não acerta com os ministros das finanças. O outro achava que a malta aqui neste lado só queria putas e vinho verde, e trabalhar está quieto. Agora este continua a achar que fazemos tudo mal. Espanha está mal preparada para enfrentar a crise. Não percebe que ninguém está preparado para enfrentar o inesperado. Ou então não quer perceber que o tempo é de solidariedade e não de afastamentos egoístas.
Não seria melhor afastarem-se deste antro gastador de pecado e indecência? Sigam o exemplo dos vossos melhores. Boris do brexit dá uma ajuda. Embarquem no Navio Holandês. Os fantasmas aguardam-vos na deriva pelos velhos tempos.
A Europa precisa de ser forte. Não precisa de quem a quer enfraquecer, ou mesmo anular. As declarações destes alarves são repugnantes. António Costa tem razão. Há muito bolor nos reinos europeus.
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MANUAL DE CONVERSAÇÃO | É uma excelente exposição de Henrique Ruivo, "explicada" por João Pinharanda, na publicação que esclarece a matéria exposta. Abriu no dia 7, poucos dias após a morte do artista. A abertura foi uma comovente homenagem, reunindo amigos de longa data e muitos apreciadores do trabalho desta figura ímpar da arte portuguesa. Foi na galeria da Casa da Cultura, Setúbal. Com os actuais impedimentos à circulação, a mostra está temporariamente encerrada aguardando melhores dias para todos nós. Revelamos aqui o que foi a inauguração e mostramos trabalhos expostos. Claro que não é a mesma coisa. Um espectáculo tem outro apetecimento ao vivo. Uma exposição é um espectáculo visual, logo não é dispensável a frequência dos espaços, mas para já é o que podemos fazer. 
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sexta-feira, 27 de março de 2020



ANA MARGARIDA DE CARVALHO | A Casa está fechada, logo ninguém é Muito cá de casa. Mas não vamos deixar de recordar que era hoje que Ana Margarida De Carvalho cá estaria. Como não vai estar, pedimos à Raquel Marinho que nos emprestasse este video de sua autoria em que a escritora fala de Pequenos Delírios Domésticos, um dos livros que estaria hoje em cima da mesa. Está aqui, agora. É ver e ouvir. Até breve, ao vivo, na Casa Da Cultura | Setúbal.
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TEATRO SEM PALCO | Hoje celebra-se mais um Dia Mundial do Teatro. Os habituais festejos ficam para mais tarde. Festejaremos de outras maneiras. Hoje não há marcações no estrado, nem risadas, nem choros, nada. A realidade tratou de ser mais dramática do que a sua representação. Já disse isto em publicação anterior mas repito: em melhores dias a literatura e a arte serão o soar dos tempos.
A peça em que estávamos a trabalhar fica assim em banho-maria. Atrevo-me a repetir o post que publiquei no passado dia 12, para que a esperança não morra. Viva o Teatro.
REGRESSO AO PASSADO | Voltei a fazer a cenografia e imagem gráfica para uma peça. O João (Duarte Victor) entende que eu sou capaz e eu juro que tento não desiludir. Apesar de os textos ditos em palco se inscreverem numa total intemporalidade, os objectos em cena acrescentam-lhes mais um raminho de actualidade. São caricaturas de um certo mobiliário contemporâneo. Amontoados em cena, com dois grandes muros em funções de pano de fundo e emolduramento, andam e desandam nas mãos dos actores numa estranha dança que ornamenta os diálogos e, na lógica do minimalismo que os concebe, acentuam o jogo de palavreado, resumidos que estão ao seu contorno e cromatismo simples. O trabalho de Rui Curto, com a sua acentuada competência carpinteira, descansa-nos. A perfeição não existe, mas para ele parece ser um limite. Estas são as soluções encontradas para que estas cenas de Karl Valentin, que Brecht considerava um mestre, brilhem neste estrado. Os textos foram passados para a língua dos portugueses por nomes grados da literatura e do teatro que aqui se faz. Almeida Faria, Jorge Silva Melo, Luiza Neto Jorge, Maria Adélia Silva Melo e Osório Mateus consagram Karl Valentin como o autor de excelência que vincadamente foi. A grande qualidade de um texto de outras paragens percebe-se quando a tradução é de grande qualidade. E pronto, foi o que se pôde arranjar. Espero que se divirtam como eu me diverti. Feliz dia do Teatro.
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quinta-feira, 26 de março de 2020

FÉ QUE SALVA OU NEM POR ISSO O retardado que os brasileiros elegeram para presidente nunca deveria ser levado a sério. Sempre foi alumiado pela ignorância e pela alarvidade, que é o estado mais avançado e visível da ignorância. Acontece que depois de eleito tem mesmo de ser levado a sério. Este mentecapto está a pôr em risco a vida de cidadãos. É um criminoso. As pessoas não devem deixar de circular — como é que esta besta é capaz de resolver um grave problema económico? — e os cultos religiosos não devem ser interrompidos, decreta. "É só um resfriadinho", diz o anormal. "Deus acima de todos", declarou na tomada de posse. Deus nos salvará. Vai-se fiando no Senhor e borrifando nas pessoas.

Também alguns dirigentes máximos — bispos e pastores graduados, não são cá borra-botas de padres de paróquia de bairro — católicos e de outras organizações religiosas, pedem aos seus fiéis que frequentem os locais onde se encontram para solicitar ao seu deus paz e saúde. Deus, o grande autor de todas as coisas visíveis e invisíveis deve saber perfeitamente o que anda a fazer. Um bispo qualquer diz que o Covid 19 é resposta do divíno às decisões terrenas: aborto, eutanásia, homossexualidade, feminismo e mais um ror de infidelidades ao tal Senhor.
Eu, que ateu me confesso, não tenho tão má impressão destes deuses que esta gente insiste em apoiar custe o que custar.
Um deus que só pensa em castigar é uma espécie de ditador que não devemos permitir que exista. Não tenho má impressão de deuses, anjos, ou querubins — tenho até simpatia: dão histórias engraçadas — porque a sua existência serve para a verbalização de metáforas interessantes. De resto, não existe, digo eu, que não tenho certezas e não pratico qualquer proselitismo. Mas digo-o com bons modos, com todo o respeito por quem acredita... ou talvez não, depois das atitudes destes trastes que o dizem omnipresente e criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, não há respeito nem consideração que reste. Resguardem-se. Protejam-se de vírus e destes arautos da boa vida para além desta.
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quarta-feira, 25 de março de 2020


UMA HISTÓRIA SIMPLES | António Mega Ferreira faz 71 anos hoje, neste 25 de Março, terceiro dia do estado de emergência. É jornalista, escritor, tradutor, gestor cultural e observador atento da realidade. Mas para muitos será sempre o senhor Expo'98. Sei que a minha vida e as relações com os meus amigos não interessam para nada, mas este é o meu espaço de opinião e desabafo, e hoje apetece-me falar deste meu amigo. É uma história simples, que interessará apenas a alguns aqui citados e a quem tem a amabilidade de comigo estar neste lugar de convivência virtual. Vai demorar um bocadinho, apesar de tentar ser breve, sempre são trinta e três anos de amizade.
António Mega Ferreira era então director editorial do Círculo de Leitores. Recebeu um projecto fotográfico do Maurício Abreu para editar por lá, e atinou com a maqueta que desenvolvi. "Título: O Homem e o Mar". Texto do José Manuel Fernandes. Com o livro editado e bem recebido pelos leitores, achou que poderia ser eu a fazer o desenho gráfico de uma ideia que estava a desenvolver. Encontro marcado para 23 de fevereiro de 1987. Mas a morte de José Afonso nesse dia reteve-me em Setúbal. Liguei para o Círculo e comuniquei o impedimento. Falta justificada. Reunião marcada para dia 26. Assunto: grafismo da revista LER. Trabalhei na LER, mas também fiz capas para livros e concebi a imagem de outros projectos editoriais do Círculo. Trabalhar com Mega Ferreira é um privilégio. Inteligência e perspicácia aliadas a um humor a transbordar a cada instante. Mas ali também conheci outra gente que me marcou e que anda por perto até hoje: Fernando Luís Sampaio, Dulce Reis, João Francisco Vilhena, Maria José Belchior, Guilhermina Gomes, Preciosa Tavares, Leal Ferreira. O chefe de redação era o Francisco José Viegas. E o patriarca de serviço era um grande senhor que toda a gente adorava: Manuel Dias de Carvalho. O intervalo para almoço era uma festa. Hora e meia em que o humor e o conhecimento se encontravam à volta de acepipes vários. Mas o prato era o menos: eu absorvia aquelas conversas como aulas de uma disciplina reinventada todos os dias. Eu, que só conhecia o ambiente cultural setubalense, saía dali fascinado. Uns meses mais tarde sou convidado para dirigir graficamente outra aventura em que o Mega se meteu: a revista Oceanos. Trabalho intensificado e contactos com gente fascinante. Nesta roda viva ainda arranjei tempo para fazer a capa do livro que o Mega publicou em Maio de 1988 — As Caixas Chinesas, com ilustração em folhas de colorir da Mecanorma (outros tempos).
Entretanto afastei-me de Mega Ferreira e dos seus projectos editoriais e de gestão cultural. Acontece na vida. Convidado por Maurício Abreu, fiz maquetas para campanhas promocionais turísticas oficiais e privadas. Respondi a concursos públicos em muitas noites sem dormir. Perdi alguns, mas ganhei outros. Trabalhei para o país Portugal de lés-a-lés. Deixei Setúbal. Só voltei com a abertura da Casa da Cultura, em 2012.
Em 1996 fui convidado para integrar o gabinete de imagem da Expo'98. Não foi Mega Ferreira que me convidou, a intensa vida que praticávamos afastou-nos durante muito tempo, mas reaproximámo-nos durante esse período. A Expo foi um desafio e um prazer muito grandes.
Agora encontramo-nos por aí: lançamentos de livros, conferências, aberturas de exposições, almoços, jantares, tintos, brancos e outros convívios. Em 2010 conheci pessoalmente o João Paulo Cotrim, homem de livros, conversas e petiscos, que também alinha nesta amizade e nos prazeres que a vida nos vai consentindo. Um dia destes vamos continuar a conversa do último almoço, certo?
E pronto, esta não é uma história de vida de António Mega Ferreira. É um relato resumido da minha amizade com ele. Hoje completa mais um ano de uma vida bem vivida. Em 2019 chamou os amigos e celebrámos a existência de um homem discreto e distante da vulgaridade. Há quem encontre ali algum snobismo. Eu não. Vejo vontade de perceber e viver o que o mundo nos dá de melhor. Hoje não há festa por razões conhecidas. Vivemos todos momentos de afastamento e tristeza. Mas vou ligar-lhe, com um copo de tinto erguido. Brindamos à distância. E vamos já combinar o tal jantar, com data editável, é claro. A virose não está para brincadeiras. Parabéns, António.
A fotografia é do João Francisco Vilhena
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terça-feira, 24 de março de 2020

A. UDERZO | Tempos tristes a que é acrescentada ainda mais tristeza. Morreu Uderzo. O co-autor (com Goscinny) de Axtérix, morreu durante o sono, aos 92 anos. Andava cansado, diz quem o acompanhou até ao fim. Tenho lido pouco. Ensaios, sobretudo, e BD. Tenho neste momento diante dos óculos a mais recente história passada na aldeia gaulesa, já sem a participação de Uderzo, mas, claro, com o seu selo autoral. Muito obrigado, senhor Uderzo.
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segunda-feira, 23 de março de 2020

DA LUCIDEZ | Esta reflexão do Fernando Sobral põe muitos dedos em muitas feridas. A lucidez tem destas coisas. É ler. o texto todo. Abraço, Fernando.
"Depois dos cheques da UE, da descrença, da economia frágil e do desemprego inevitável, virá o seu xeque aos reis de Bruxelas. A UE parece uma galinha em pânico. Corre sem destino. Tal como o inefável sr. Donald Trump, que espera um milagre dos céus. Ou o sr. André Ventura, que queria ter direito a cinco minutos de fama, pavoneando-se nos hospitais, enquanto empatava os profissionais do SNS. Confunde este vírus com um pontapé na canela de um jogador de futebol adversário ou um árbitro. Precisa de um banho de sensatez".
Fonte ECO
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DESIGN DE COMUNICAÇÃO | Da série grandes capas. "Grande Central Terminal," de Eric Drooker, na The New Yorker. Aqui para nós, parece querer, sem querer, ilustrar o meu desabafo de ontem: Louvor nos tempo de cólera. Até já.
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domingo, 22 de março de 2020

LOUVOR NOS TEMPOS DE CÓLERA | O trabalho que desempenham é duro e de enorme responsabilidade. Mas raramente nos lembramos destes homens e mulheres que limpam o chão por onde passamos todos os dias. Provavelmente não foi este o "emprego" que gostariam de ter. Foi o que apareceu e em muitos casos encarado como temporário. Nos dias de hoje, as autarquias põem ao seu dispor equipamento e tecnologia que os alivia de esforços desnecessários. Mas atenção: não deixa de ser trabalho duro e pouco recompensado. Há relatos e queixas: estão sujeitos a infecções, atropelamentos, agressões. 

Estamos num tempo em que o medo se instalou e deixou para trás outras preocupações e desfrutes. Não há literatura, nem música (por favor não nos impinjam webconcertos manhosos), nem artes visuais, nem gastronomia gourmet ou de qualidade pioneira, nem vinhos aromatizados e de castas exclusivas que nos valham. Alimento-me apenas. Não pego num livro. A música raramente me esclarece ou alegra. Nas televisōes ligo-me em permanência aos canais de informação. Nos passeios pelas chamadas redes sociais (às vezes parecem mais anti-sociais) excluo o ódio e o mau carácter. Quero perceber o que se passa. Tentar, pelo menos. Oiço com muita atenção os políticos que defendem políticas inclusivas. Os outros, os da auto-satisfação e do salve-se quem puder, exibem compreensão, mas percebe-se que as garras estão preparadas para atacar e gerir o que sobrar em seu proveito. São os vampiros. “Os mordomos do universo todo”. Parecem sem jeito. Ridículos. Há um que agora quer ir para a tropa. Mas percebe-se que querem encontrar um fio da meada, daquele novelo que insistem em enrolar.

Retomando o assunto que hoje me trouxe até aqui (sim, não me perdi: isto anda tudo ligado), reafirmo confiança nos profissionais de saúde (em janeiro do ano passado percebi na pele a sua dedicação e empenho), mas desta vez para trazer ao estrado principal a retaguarda deste combate. As pessoas que asseguram a limpeza em todas as frentes, estão sempre atrás de tudo. Lá muito atrás. Mas são eles que preparam tudo antes de nós sairmos à rua, ou entrarmos em hospitais e repartições. Ou põem de novo no lugar o que nós desarrumámos.

Neste tempo sem literatura e sem arte (em melhores dias a literatura e a arte serão o soar dos tempos), as urbes têm de estar limpas. Limpas mesmo, sem literatura e arte. Um inimigo ocupou territórios. Um inimigo sem rosto que as armas destes homens e mulheres combatem. Tenho por estas pessoas uma enorme simpatia. Sempre tive, e espero que os poderes políticos que aí vêm não os esqueçam. Nós não os esqueceremos. Somos todos proletários que aguardamos o regresso à fábrica. Bom trabalho, meus amigos. E obrigado.
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sábado, 21 de março de 2020

PÚBLICAS VIRTUDES, VÍCIOS PRIVADOS | Houve um tempo em que era moda malhar no funcionalismo público. Insultos jorravam dos monitores dos computadores, e muitos teclados apresentavam provas evidentes, caso a caso. As provas diziam respeito a situações que aconteceram em presença do queixoso. Todos temos razões de queixa e casos para contar. Eu tenho. Mas também já desatinei com funcionários de organismos privados. Os comportamentos das pessoas são sempre resultado da educação e da falta dela. Claro que também existem casos de incompetência das chefias. Exactamente como no privado. Mas o público pagamos nós, e é uma grande despesa, dizem, cheios de direitos ao contraditório. La Palice. Eu prefiro fazer a defesa de um bom serviço público em todas as áreas. Dirão alguns: esquerdalho incorrigível. Não me ofendem.

Tempos houve em que um extracto político da sociedade — a direita e o seu extremo — desatou a pedir privatização de tudo o que existe. Nos privados é que estava a excelência de tudo: na saúde, na educação, na segurança das reformas, e por aí afora. Lembram-se do programa do partido do deputado fascista forjado nas fileiras do PPD/PSD e eleito pelo público da Cofina, que entretanto apagou o site para esconder as sugestões de atropelos à nossa vida em sociedade? Pois é, tudo isto foi há muito tempo. Quem nasceu depois de fevereiro de 2020 não se recorda de nada disto.


Agora a sério. Vivemos o tempo de apoiar a política que preza o serviço público. E preferimos que o sistema (democrático) funcione. Funcione bem, claro, mas que não deixe de existir e seja apoiado por todos, ao contrário do que defende o deputado fascista. O comportamento irresponsável que demonstrou indo visitar infectados a um hospital é atitude de tal maneira execrável que os seus eleitores — os que têm um pingo de vergonha na cara — deviam retirar-lhe o alvará já na próxima corrida. Um pulha do pior a quem nós pagamos o vício privado de exrecer a sua arrogância e má educação. Mas nós até pagamos isto, dirão. É verdade, a democracia não é perfeita, mas não há melhor solução.


Concluindo: vivemos dias de agradecimento aos serviços públicos. Os profissionais de saúde são aplaudidos nas varandas das casas onde muitos de nós estamos recolhidos e sem perceber o que vai acontecer. Mas confiamos nas pessoas que dirigem a encrenca. Assim de repente não temos outro remédio.


Graças ao sistema democrático, o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social, os organismos de cultura, de turismo, de educação, do ambiente e bem estar em sociedade fazem o que é possível num país que nunca foi rico, mas que está habituado a sobreviver a sucessivas crises.


Em 46 anos de democracia fez-se mais pelo bem estar das populações do que nos restantes 881 anos de história.


Ainda não sabemos como iremos comemorar o 25 de abril este ano, mas nem que seja às janelas, ou no teclado do computador: Vivamos o 25 de abril. Democracia, sempre! 

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sexta-feira, 20 de março de 2020

MUNDO NOVO | O que aí vem ainda não é perceptível. Há sempre quem fale em janelas de oportunidades. Oportunidades que surgem por cima de milhares de cadáveres e embrulhadas no medo. O que aí vem pode ser um ajuste, sim. Todos os excessos serão castigados. O neoliberalismo impôs regras económicas embriagadas de uma feroz disputa pelo lucro. Lucro que abastece sempre os mesmos. A única oportunidade que se vislumbra é a de se acabar de vez com a tormenta neoliberal no mundo. Perante a catástrofe, os neoliberais estão calados que nem ratos. Voltaram a ter vergonha. Afinal o Estado faz falta. E todos pedimos ajuda ao Estado. O sistema — democrático, diga-se — apesar de tudo funciona. Entre a direita conservadora liberal o sistema também funciona, mas repare-se como. É vermos o que se passa no Brasil, EUA e Inglaterra. Em Itália o drama é tal que é melhor ficarmos calados. Só solidários. O que vai ser da economia ainda vigente daqui para a frente? Tudo vai ser diferente. O turismo de sucesso como foi até aqui acabou, terá de ser outra coisa. Tudo o que lhe está ligado: restauração, hotelaria, gestão e logística nacionais e municipais, agências de promoção, transportes, aeroportos e tudo o que nas urbes mexe à volta de visitantes terá de ser reinventado. As indústrias: automóveis, electrodomésticos, calçado, lanifícios, moda, entre outras terão o seu momento de reflexão e propostas de adaptação ao mundo novo. A indústria alimentar retalhista não deve ter problemas: a malta tem de comer, tomar banho e limpar a casa. O problema é se fica sem dinheiro.
As editoras livreiras vão pensar melhor no que editam. O Estado, lá está sempre o Estado — e ainda bem — tem de apoiar artistas, que terão também de rever estratégias. As televisões deveriam acabar com programas de diversão alarve e de apelo ao consumo sem freio. Estarmos na Europa das economias deverá ter vantagens. Veremos. 
Esta crise recorda-nos que todos somos vulneráveis perante uma ameaça global. Enfim, tudo vai mudar. Para todos. Espero que não doa muito. Entre mortos e feridos alguém há-de escapar.

Nota: isto não são palpites. Quem sou eu? Não sou bruxo. Só estou preocupado. 
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MAIS SOLIDARIEDADE, MENOS ÓDIO | Lula reage assim ao que se está a passar. Com sensatez e sentido da política. Ao contrário do idiota que ciranda pelo palácio do Planalto e em manifestações de auto-apoio ridículas. Não, os políticos não são todos iguais.
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quinta-feira, 19 de março de 2020


DA IGNORÂNCIA E DO ESQUECIMENTOQuando o vírus surgiu na China, as autoridades locais não lhe deram grande importância. Repreenderam o médico que pediu prudência. Trump, Bolsonado, Boris do brexit e outros líderes aparvalhados brincaram com o assunto. Bolsonaro, o mais idiota e odioso ser que lidera um país, participou numa manifestação em auto-apoio. Exibiu selfies com os trogloditas que o apoiam. Em Itália é o que é. Espanha também. Mas mesmo em Portugal houve quem defendesse atitude descontraída perante a ameaça. Muitos já depois das medidas adoptadas pelo governo. E mesmo agora há quem ache tudo isto excessivo. Vejamos: o problema é só um — Ignorância. Todos somos ignorantes em muitos assuntos. Sobre este novo coronavírus até os cientistas andam às aranhas. Graça Freitas teve dúvidas no início do surto. A ministra também. Mostraram um cenário optimista. Mas quando perceberam a dimensão do problema não hesitaram em arregaçar mangas. As medidas tomadas são resultado de um intenso trabalho. Agora anda por aí quem defenda que se deveriam demitir por terem chegado tarde às decisões tomadas. Há quem mostre declarações de Graça Freitas e Marta Temido — fora de contexto, como convém — para demonstrar a "incompetência". Demissão, agora, depois deste trabalho todo, em plena batalha, e prevendo o melhor onde se instalou o pior?! Repito: todos somos ignorantes perante o absolutamente desconhecido. Exemplo pessoal; eu, que me considero atento à realidade, se me dissessem aqui há uns meses que a extrema-direita estaria representada no parlamento português nesta legislatura, diria sem contemplações: impossível. O eleitor da minha terra não alinha com fascistas. Meio século de repressão bastou. Ora, ignorante me confesso. Temos o deputado fascista da cofina no parlamento. E andam a dar-lhe corda. O venturavírus é outro problema que temos pela frente. E contra esse nem Graça Freitas, nem Marta Temido podem fazer nada. Nós, juntos, podemos. Pensem um bocadinho, antes de pedirem demissões num tempo destes. Temos de estar todos juntos.
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SOLDADOS DE AGORA | Os profissionais de saúde que fazem frente a esta nova ameaça correm perigos. Os políticos já disseram que estamos em guerra. O inimigo não tem rosto. Infiltra-se como espião fatal e ameaça até à morte. Já morreram médicos e enfermeiros nesta batalha. São soldados no terreno, nesta luta pela defesa das nossas vidas. Devemos muito ao Serviço Nacional de Saúde que o neoliberalismo, a extrema-direita e até alguma direita aparentemente civilizada quer anular.
Os privados é que são uns pimpões! Lembram-se? Os debates que isto vai dar.
Médicos, enfermeiros e todo o pessoal que nos hospitais asseguram o mais possível a nossa saúde merecem todo o nosso apoio. E isso não pode ser esquecido quando a guerra terminar. Muito obrigado, caros amigos. Estamos juntos.

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quarta-feira, 18 de março de 2020

O CISNE NEGRO | Excelente texto de António Costa Silva. Sensatez e olhos abertos para o que aí vem. Tudo vai mudar, para quem ficar vivo, é claro.
Fonte Público
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A LAVA | As crónicas do João Paulo Cotrim não estão de quarentena. A de hoje tem a particularidade de falar de um vulcão que o Gonçalo andou a investigar. Um vulcão que acordou e resolveu manifestar-se perante o espanto geral. E, pronto: vão-se entretendo, fazendo coisas com jeito.
Fonte Hoje Macau
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INAUGURAÇÃO VIRTUAL | Gosto muito do trabalho de Julian OPIE Não perderia a oportunidade de participar nesta abertura de uma exposição sua em Portugal. Como a inauguração vai acontecer sem público, como determinam as normas recentes, vamos todos poder ir à vernissage a partir desta página. É hoje às 19 horas. Encontramo-nos lá. Aqui.
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BOLETIM CLÍNICO | Ninguém sabe o que nos pode acontecer. Faço parte do grupo de cidadãos que tem medo e leva isto muito a sério. Falei disto quando ainda era possível sermos insultados por dizermos que é preciso estar alerta. Desmarquei actividades em que estava envolvido logo no mês passado. Tenho acompanhado o trabalho intenso e dedicado destas quatro figuras da vida política em Portugal. Quando vejo o que dizem e decretam os líderes dos EUA, do Brasil e do Brexit — gente da extrema-direita mais repelente —, fico sinceramente muito mais descansado por ter por cá dirigentes com sentido de Estado, e com noção da utilidade da política e do serviço público de saúde. Nota-se-lhes o imenso cansaço. Mas percebe-se a enorme capacidade de trabalho. Esperemos que os que acham que os políticos são todos iguais percebam alguma coisa do que se está a passar.
Certas figurinhas inclassificáveis bolçam nas redes sociais reparos irónicos. Tentam atacar e humilhar. Metem nojo.

Muito obrigado, Graça Freitas, Marta Temido, Ana Mendes Godinho e António Costa. Ainda bem que são vocês — e não outros — a coordenar esta etapa das nossas vidas. Muito obrigado mesmo.
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terça-feira, 17 de março de 2020

É A VIDA DAS PESSOAS, ESTÚPIDO! | A besta quadrada cultíssima que uma maioria de súbditos de sua magestade escolheu para gerir a sua solidão.
Fonte La Vanguardia
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segunda-feira, 16 de março de 2020

O COMBATE AO VENTURAVIRUS | Não fui eleitor de Marcelo Rebelo de Sousa. Confesso que estava a pensar não o ser nunca, mas com a entrada do fascista da cofina na corrida já não digo nada. A postura de Marcelo, de hipocondríaco furioso, face ao COVID 19, foi desastrosa. Os reparos e acenos a partir da varanda de casa, o filme atabalhoado e sem conteúdo que ontem postou no site da Presidência, e esta necessidade de ter de falar com o Conselho de Estado para tomar uma atitude que tem mesmo de tomar mais cedo ou mais tarde — espero que não seja tarde —, não transmitem rigor nem preocupação. Transmitem vontade de fazer cenas, ao contrário de António Costa que tomou decisões desrespeitando conselhos pouco razoáveis do Conselho Nacional de Saúde Pública. Voltando à meada do novelo que comecei por desenrolar, fico preocupado com estas posturas porque provavelmente terei de votar nele contra o fascista da cofina. Mas vai-me dar cá uma náusea ter de engolir um sapo para combater o venturavirus...
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domingo, 15 de março de 2020

O GRANDE FILHO DA PUTA | Um filho da puta é um filho da puta é um filho da puta. É um grande filho da puta. Filho da puta.
Fonte LUSA
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OS IDIOTAS | Já que falei de idiotas que governam no mundo no post anterior, venho agora aqui partilhar o trabalho desta idiota que trabalha na cofina. Os idiotas que governam precisam dos idiotas que inventam notícias. Joaquim Caetano,  director do Museu, está perplexo com isto. Eu também. Ou nem por isso.
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