quinta-feira, 30 de junho de 2022

Se não lhe fizer falta


A expressão é do João Paulo Cotrim e revela o quê?! Educação, ironia, humor. Derramava com a frequência de quase sempre estas especiarias pelo convívio. Estar com o Cotrim era um prazer. Ou quase, acrescentaria ele.

As exposições da Festa vão-lhe ser dedicadas. Todas. Mas há uma que é documento sobre a sua passagem pela cidade e pelas exposições em que participou. Muito vai ser reunido e mostrado sobre o que pensava e dizia sobre esta disciplina tão próxima do seu coração enorme.

Para o catálogo da segunda edição da Festa, escreveu este saboroso texto:

ABAIXO DO RADAR

"Não pensamos muito nisso. Não pensamos muito em ilustração. Eis um dos aspectos que a tornam interessante: tem múltiplos rostos e experimentamo-los a cada dia (quase) sem darmos por isso. Tem tanto de artesanato como de arte, pode ser erudita ou popular, espraia-se por suportes distintos, entrando em galerias ou repousando em papel, comentando com humor agreste ou deixando-se tocar pela suave melancolia. Em relação com o texto ou com o tempo, tão só isso. Voa abaixo do radar e apanha assim as correntes de ar dos dias. Não pensamos muito nisso, mas perturba-nos e alegra-nos. Um toque de beleza, mesmo quando o assunto é feio. A leveza, mesmo quando o estilo se faz ambicioso. É Preciso fazer um desenho? volta a celebrar esta movediça variedade, dando atenção a nomes clássicos como contemporâneos, suscitando produções exclusivas e recolhendo memórias, propondo pontos de situação. Breves, como desenho em papel de jornal. Mas fundamentais para resolver os enigmas. Não pensamos nisso, mas a ilustração portuguesa possui mistério: nunca uma geração como a actual foi tão bem iluminada, isto é, teve tamanha notoriedade, em momentos no qual as condições, as propostas e os projectos são rarefeitos.Ou seja, quando tudo parecia condená-la, esta linguagem está mais viva do que nunca. E fala pelos cotovelos. Razões, portanto, para entrar nesta Festa da Ilustração, que, na sua segunda edição, voltou a transformar a cidade em cruzamento".

As ilustrações deste cartaz são de André Carrilho (Ilustrador convidado da primeira Festa - 2015) e de André Letria (Ilustrador convidado de 2022).

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quarta-feira, 29 de junho de 2022

Bons hábitos


União Europeia aprova plano que impede venda de veículos a gasóleo ou a gasolina após 2035

Foi decidido ontem à noite. Boa decisão que poderá criar melhor ambiente natural e melhor qualidade de vida. Mas os construtores de veículos e a farronquice dos produtores de petróleo querem saber disso?

Esperemos que não seja nada, que é como quem diz: que tudo seja melhor para os que hão-de vir. Isto se Putin e os psicopatas que o seguem não derem cabo disto tudo entretanto.

Imagem e fonte: Lusa

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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Do asco


Aviões de guerra lançaram mísseis sobre um centro comercial em Kiev onde estavam centenas de pessoas. Civis, que só queriam viver. O atrasado mental que é porta-voz daquele país governado por psicopatas vai dizer que eram alvos militares. E o psicopata-mor deve vir agora citar os clássicos russos para justificar esta purificação. Este psicopata é um filho-da-puta muito perigoso. O mundo está a ficar um lugar cada vez mais perigoso, com estes criminosos no poder.

Aos negacionistas


Fui pra casa logo que me avisaram

Mas voltei, logo que me disseram 

Que a coisa parecia melhorar

Percebi que fiz mal

Apanhei com o vírus no lombo

Agora p'ra'qui estou de rastos

Com tosse

Com dores

Sem vontade para nada

Isto não é um poema

Parece?

Acontece

É no mínimo um péssimo poema

Sem rima

Nem nada

Dedico-o aos negacionistas

Eles merecem

Esta merda.

Imagem: pintura de Edward Hopper.

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Os outros animais


"Os oceanos: um património para o futuro". Foi este o lema. Foram os oceanos que permitiram a Expo'98. Melhor dizendo: foi a preocupação com os oceanos que permitiu à candidatura portuguesa sair vencedora. A Expo'98 fez-se, foi festa rija, acontecimento memorável, mas os oceanos pioraram desde então. Ora, a culpa não é dos oceanos nem dos animais que lá moram. A culpa é dos outros animais: os de duas patas e cabeça sem tino que insistem em deixar a preocupação de preservar para as próximas gerações. Guterres pede desculpa aos que agora começam. Como quem diz: nós só fizemos merda, desculpem lá isso. Mas as tropelias climáticas e oceânicas continuam, e chegam a ser recomendadas por presidentes eleitos: Bolsonaro e Trump, responsáveis por frondosas áreas de território, insultaram quem tem essas preocupações. Com a extrema-direita a crescer, a vontade de estragar isto tudo cresce também. É preciso combater os cabeças sem tino, em prol de todos nós.

Fonte: Público

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domingo, 26 de junho de 2022

Regresso às trevas


O energúmeno ridículo que ocupou a cadeirinha da Casa Branca como presidente daquilo, nomeou os juízes necessários para chegar até aqui. Os Estados Unidos da América do norte são uma república com eleições e democracia. Os partidos que decidem têm denominações que não fazem jus à realidade política. Os republicanos são conservadores religiosos, racistas, fascistas. Os democratas são ligeiramente diferentes. Alguns muito diferentes da crueldade reaccionária. O presidente de agora, eleito pelos democratas, já veio denunciar o atropelo à dignidade humana decretado pelos juízes fascistas. Todos temos que ter o direito a decidir sobre o que fazer com o nosso corpo. Não são as ridículas crendices que tolhem a moleirinha de Trump e dos seus que devem ditar as regras. Mas aquilo está ao rubro. Trump alinha-se na corrida para o regresso. É ele que lidera a trupe medieval que avança de novo. Tristezas.

sábado, 25 de junho de 2022

A cidade na pele


É hoje lançado o terceiro e último volume do trabalho "Em tua pele", de Raul Reis. Será um prazer ir perceber como é que o Raúl interpreta curiosos apontamentos aplicados à identidade das urbes. É a partir das quatro e meia da tarde, na Culsete. Até já.

Venham mais cinco

Mais uma reedição do trabalho de José Afonso, desta vez o último gravado em tempo de ditadura. Um conjunto de músicas soberbas que asseguram a José Afonso o lugar de grande renovador da Música Portuguesa — assim, com letra grande — e a garantia de que o seu trabalho é único e intemporal. A genialidade de José Afonso é um prazer para quem tem os sentidos bem apurados para a audição dos bons sons. E um orgulho para quem passou a gostar da Música Portuguesa — assim, com letra grande — por causa dele. "Venham mais cinco" inclui algumas das minhas músicas preferidas de Zeca — mas não são todas? — e confirma o regresso de um trabalho que vai ser recordado no futuro como o principio de uma renovação.

Todas estas reedições estão também disponíveis no Spotify.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

À procura da manhã clara


Estamos perante um livro fascinante, de leitura saborosa e documentação proveitosa, que tem por título uma frase de uma música genial de José Afonso: À procura da manhã clara.

Ana Cristina Silva / Muito cá de casa. Apresentação do livro por Alice Brito. Hoje, sexta-feira, 24 de Junho, 21H30. Casa Da Cultura | Setúbal. Sala José Afonso. Até já.

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domingo, 19 de junho de 2022

À procura da manhã clara


Ana Cristina Silva entusiasmou-se com a história de vida de uma rapariga portuguesa, filha de um inspector da PIDE, que se apaixonou por um revolucionário cubano. A rapariga portuguesa largou tudo — imaginem o que isto quer dizer para a filha de um energúmeno daqueles — e pôs-se literalmente a milhas. Ala para Cuba, que era onde estavam os seus amores maiores. 
Ana Cristina Silva conta tudo com a dose de ficção que abraça o trabalho de um escritor,  mas com a assertividade sentimental que a história sugere. Estamos perante um livro fascinante, de leitura saborosa e documentação proveitosa, que tem por título uma frase de uma música genial de José Afonso: À procura da manhã clara.

Ana Cristina Silva / Muito cá de casa. Apresentação do livro por Alice Brito. É na próxima sexta-feira, dia 24 de Junho, às nove e meia da noite., na Casa Da Cultura | Setúbal. Sala José Afonso. Apareçam.

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sábado, 18 de junho de 2022

Homenagem


Morreu um poeta extraordinário. Fiquei motivado para  conhecer o que escrevia logo que o conheci pessoalmente. Afável, de uma simpatia que enternecia, tratava-nos com interesse pelo que fazíamos. Ou seja: fazia sentir-nos gente com coisas para dizer e fazer. Vivemos um tempo em que morre muita gente que nos faz falta. Gente que viveu. Que esteve bem com a vida. Valha-nos isso. Não somos eternos. Todos vamos morrer. Façamos dos nossos dias bons momentos. Sejamos solidários mas com exigência sentimental. João Rui de Sousa gostava de gostar. Não de tudo, mas do que gostava, gostava muito. Eu gostava muito dele.

Receituário



OCTAVIO CARDOZZO | Hoje, em frente à Casa Da Cultura | Setúbal.
E é de borla.

OCTAVIO CARDOZZO é uma das mais importantes vozes da música contemporânea brasileira e da música LGBTQIA+ do país.
É também diretor da gravadora Grão Discos, focada em música instrumental brasileira, gestor cultural e produtor de festivais, e cantor de um dos maiores blocos de rua do carnaval de Minas Gerais.
O artista estará na Europa a apresentar o seu mais recente álbum "Tá Todo Mundo Mal" (edição Sony Music Brasil), numa mistura de ritmos brasileiros com uma pegada moderna, misturando ritmos afrobrasileiros com a música eletrónica, o jazz e o R&B. O seu trabalho foi já mencionado em publicações como a Rolling Stone Brasil e o portal norte-americano Afropop Worldwide.

Homenagem


Jean-Louis Trintignant permitiu-nos perceber que a Europa também tem cinema. Claro que não esteve sozinho. O cinema europeu tem muitos e bons actores e actrizes. Mas Trintignant esclareceu essa evidência com afinco e inteligência. O talento foi a sua marca. Marca que nos acompanhou para nosso prazer. Muito obrigado.

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Receituário



EU VOU SER COMO A TOUPEIRA | Já está disponível mais um trabalho de José Afonso. Esta reedição, melhorada no vinil e no cd, e também no spotify, inclui algumas das minhas músicas preferidas — mas não são todas? — de José Afonso. É produzido por José Niza e tem capa — excelente — de José Santa-Bárbara. Foi gavado em Madrid — estúdio Celada —, em 1972, mas até parece que foi ontem. O tempo não passou por este trabalho genial. A genialidade de José Afonso tornou o seu legado intemporal.

terça-feira, 14 de junho de 2022

Revolução portuguesa


O período inicial da revolução que começou em 25 de abril de 1974 em debate, com os autores do livro que aborda essa fase das nossas vidas. É na próxima sexta-feira, às seis da tarde, na sala José Afonso, da Casa Da Cultura | Setúbal. Apareçam.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Cantando e rindo



Nunca me meto em comemorações ditas patrióticas. Não tenho a mínima curiosidade em conhecer heroísmos de vão de escada. O venturinhas fascista vai de vitória em vitória e já tomou conta do palco - passou a liderar os ex-combatentes, transformando-os em heróis em vez de vítimas do fascismo. E o Presidente de todos os lusitansos até já se fotografa com os adeptos do venturinhas fascista. Claro que muitos dos medalhados das comemorações a sério não têm culpa nenhuma destas vergonhas alheias. Vão lá receber a medalha e voltam para casa para ver os telejornais, as telenovelas ou os jogos da bola, mas os fascistinhas adeptos do venturinhas fascista adoram estes palcos. Só faltou falarem no dia da raça, como fez uma vez o cavaquinho farroncas. Mas lá chegaremos.

Já agora, não fiquei nada zangado por o senhor presidente me ter tratado por arraia miúda. Antes isso do que ser fotografado com ele e fazer figura de parvo como ele fez. Isso é que nunca. Parabéns à arraia miúda, pois. E pronto. Vou para dentro. Já disse o que tinha a dizer sobre este não-assunto.

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domingo, 12 de junho de 2022

Dia cão



Há quem deteste os domingos. Dia aborrecido véspera de dia de trabalho. Dia cão, dizem ainda alguns. Ora, como gosto de domingos e de cães, gosto deste tempo de convívio canino. Até porque não separo o trabalho de dia nenhum. Tratar destes bichos, por exemplo, dá trabalho. Mas sabe tão bem...

Estes dois são um encanto. O "rodas-baixas" apareceu aqui a abanar o rabo e a deitar-se no chão para receber festas. Não sabemos de onde veio, mas é tão simpático que acabou por ficar. É o grande amigo do Major Tom. 

Ah, e não se chama "rodas-baixas", que é lá isso?! O Tom saiu da canção de David Bowie, e o pequenote vai buscar o nome ao albúm "Venham mais cinco", de José Afonso. É o Gastão.

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sábado, 11 de junho de 2022

Julee Cruise


Morreu Julee Cruise. Foi no dia 8. Tinha 66 anos. Conheço-a desde que comecei a "olhar" para os sons diferentes. Foi-me apresentada por David Lynch, numa festa em que também me apresentou o compositor Angelo Badalamenti. Essa festa era frequentada todas as semanas por imensa gente em todo o mundo. Chamava-se Twin Peaks. Julee Cruise saiu agora da festa da vida. Mas nós continuaremos a ouvi-la. E a agradecer estes sons surpreendentes. Muito obrigado.

Festa da Ilustração em Setúbal

André Letria
Alain Corbel
























José de Lemos






















OUTUBRO EM FESTA | A festa da Ilustração vai mostrar o melhor da ilustração que se faz neste mundo. André Letria, contemporâneo, terá exposição na Casa da Cultura. Alain Corbel, convidado estrangeiro, expõe também na Casa, enquanto José de Lemos, figura histórica da ilustração nos jornais e na literatura infanto-juvenil, vai ter trabalhos seus em grande exposição na galeria do 11. Também a mostra Ilustração Portuguesa, iniciativa de João Paulo Cotrim, o grande homenageado este ano, vai ser significativa, e vai estar patente na Gráfica. Enfim, bons motivos para visitarmos os espaços de fruição cultural na cidade. Bem vindos.

Outubro em Festa


José de Lemos vai ser o ilustrador celebrado — clássico — na Festa da Ilustração, em outubro próximo. Mas José de Lemos já expôs em Setúbal, na galeria da Casa da Cultura, em março de 2014. 

Na altura escrevi este texto para a folha de sala:

O RISO AMARELO DE JOSÉ DE LEMOS | Há por aí quem ainda se lembre destes “bonecos” publicados no já extinto Diário Popular? Com certeza que sim. Pois tomem nota: muitos destes extraordinários cartoons estarão a partir de hoje expostos na Galeria da Casa da Cultura. A abertura é às 21:30 horas. José Ruy foi colega e amigo de Lemos e estará presente para falar dessa amizade.
José de Lemos fez muitas outras coisas sempre ligadas à comunicação ou aos jornais. Foi um generoso contador de histórias para a infância. Escreveu-as e ilustrou-as. Publicou-as em livro e viu-se distinguido com a inclusão destas suas histórias em antologias internacionais.
Este Riso Amarelo que agora se expõe na casarão da cultura, foram crónicas desenhadas e publicadas diariamente no jornal onde trabalhou longos anos. Estas crónicas foram a interpretação crítica dos dias de então. Os ambientes variavam entre casas de família, consultórios médicos, lojas, bares, restaurantes, tascas, esquadras de polícia e as ruas da cidade. Convocou personagens de toda a espécie para verbalizar a crítica: donas de casa, empregados de escritorio, médicos, taberneiros, criados de mesa, putas e gabirus.
O Riso Amarelo foi o sumário do dia. O que acontecia e perturbava, alegrava, ou motivava ira, guiava o lápis de José de Lemos. As histórias penduradas nas paredes desta galeria não têm legendagem. Os diálogos foram excluídos. Cada um pode imaginar a conversa que entender. Fica o rigor da linguagem estética. Desenho único e inconfundível. Estes “bonecos” foram oferecidos pelo artista ao seu amigo Eugénio Fidalgo, proprietário do restaurante Fidalgo, no Bairro Alto. Jantava lá todos os dias. Depois de publicados no Diário Popular, alguns foram parar às paredes desta sua sala de refeições. Mas a maioría é agora exposta pela primeira vez. Estreia expositiva e homenagem a um grande artista.

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quinta-feira, 9 de junho de 2022

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Paula Rego


Os políticos contemporâneos consideram-na a mais internacional das artistas portuguesas. Ok, tudo certo. Mas o que mais importa reconhecer em Paula Rego, para além do talento que a imortaliza, é a denúncia das condições de subalternização das mulheres. A denúncia da apologia da repressão do corpo pela mente masculina dos políticos e seus derivados machistas de outro tempo. Tempo antigo que se perpétua no presente e até parece alastrar. Honra a esta artista e mulher do seu tempo que se colocou ao serviço das boas ideias e das boas causas. Fez da sua arte intervenção. Arte maior, sim, e sim, com ideias. Muito obrigado, artista Paula Rego.

A guerra de Letria


André Letria é o próximo ilustrador nacional convidado da Festa da Ilustração - Setúbal. O convidado estrangeiro é Alain Corbel. A Festa da Ilustração nasceu depois dos atentados em Paris ao jornal satírico Charlie Hebdo. Morreram ilustradores. Foi uma pequena guerra, situada, mas contra a lucidez da democracia. As guerras continuam a existir — primárias e mortais — como nos tempos mais remotos das disputas humanas. A realidade é o motivo para a actividade dos ilustradores. A guerra continua a dar trabalho aos ilustradores atentos à realidade. Infelizmente. Eles preferiam ter outros motivos, tenho a certeza absoluta. Mas é assim: é a triste vida dos seres humanos. André fez este livro com o seu pai, José Jorge, quando ainda não havia esta guerra estúpida e tenebrosa que agora nos ameaça. Mas a intenção de denúncia está lá e parece que foi feita para esta situação contemporânea - até me custa usar esta palavra para definir o tempo de uma guerra. Caraças!

terça-feira, 7 de junho de 2022

Pedidos e achados


Rui Moreira pediu a Marcelo para não promulgar Orçamento do Estado. Presidente vai “ponderar”


Este homem é um achado. A tinta do cabelo passou-lhe para as ideias e agora pensa escuro. Risca a negro o que não lhe interessa e transforma preocupação política em influência. Acha que o palácio de Belém é uma loja do cidadão onde os cidadãos influentes podem ir e pedir coisas. O pedido é qualquer coisa, mas parece que até pode ser satisfeito, diz a imprensa. Não sei se o senhor que o atendeu na loja me atenderia a mim. É que eu estou a precisar que a carga fiscal que se abate sobre a minha liquidez bancária esmoreça um bocadinho. Posso fazer o pedido, ou é preciso dizer a senha?

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Design de comunicação

Da série Grande Capas.

Gentilmente roubadas ao José Simões (Der terrorist).

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sábado, 4 de junho de 2022

Receituário



Hoje vão abrir duas exposições que muito provavelmente merecem toda a nossa atenção. Pinturas e desenhos de Graça Pinto Basto, na Casa da Avenida, e fotografias de José Arsénio, na Casa Da Cultura | Setúbal. Até já.

LUGAR DA PAISAGEM
Graça Pinto Basto
Casa da Avenida. Abertura: 16 horas
CONSTRUÇÃO NAVAL... Arte como ofício de vida
José Arsénio
Casa da Cultura. Abertura: 18 horas

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Sempre foi assim






Teresa Carepo expôs na Casa da Avenida, em Setúbal, esculturas que se encontram todos os dias nos dias das nossas vidas. É enternecedor perceber como a artista interpreta o que vive e o que observa. Coisas simples, dirão alguns. Simples? Nada há de mais complicado do que descobrir a simplicidade do dia-a-dia. Observamos o que sobra sem a informação que nos fornece outra dimensão da realidade. Olhamos para essa realidade com os olhos fitando o horizonte sem percebermos que podemos contemplar o melhor sem a necessidade de tentar olhar mais além. O que está além do que sentimos está por vezes debaixo do nosso olhar. Teresa Carepo recria ambientes que nos pertencem, que estão sempre perto, com a subtileza do ourives, ou com a perícia do sociólogo. A arte da escultora encontra o seu objecto em momentos de puro apuro formal. A sofisticação de um olhar que molda sofisticadas peças de encontro e prazer. Que bem vindas são estas peças ao nosso conforto visual.

PARA SEMPRE E MAIS UM DIA
Exposição de Teresa Carepo com música de Ricardo A.Freitas e Ricardo Sá Leão.
Casa da Avenida.
Setúbal.

E a mala tem de condizer com os sapatos, ok?


Esta senhora será muito simpática, mas a ideia de ter súbditos causa-me brotoeja. Sacrificou-se? Anda por ali há muito tempo? E então, a minha avó trabalhou e sacrificou-se desde muito pequenina e nunca se queixou nem pediu aclamações. Como é que é possível haver quem se ache acima dos demais? Como é que é possível que haja quem se subalternize ao ponto de se sentir representado por alguém que não elegeu democraticamente? Alguém, no seu perfeito juízo, desejaria ser representado em Portugal pela tosca criatura que diz ser pretendente ao trono da realeza aqui do pedaço? Um cretino sem eira nem beira? Uma coisa é a rainha ter sido ungida por um deus antidemocrático e por um povo que habita uma ilha a enlouquecer em consonância com um primeiro-ministro louco. Outra coisa é andar o resto do mundo embevecido com aquilo. Vão brincar aos príncipes e às princesas para bem longe.

Nota: adoro a ilha e não passo sem perceber o que se passa em Londres. Aprendi muito com essa frequência, mas o que aprendi não me foi fornecido por subalternos pirosos e ridículos. Que se lixe a monarquia serôdia e triste. Viva a República.