sábado, 31 de março de 2007

E não se pode ignorá-los?

É consensual que a tropa fandanga do PNR não passa de um bando de idiotas. Há quem diga que, em democracia, até os idiotas têm direito a voz. É verdade, têm. O direito ao disparate deverá ser proporcional ao nosso direito de nos indignarmos, argumentarmos contra, enfim, respondermos. Mas gastar tanto tempo de antena com idiotas é que já chateia. E não se pode ignorá-los?

E o Espírito Santo?

Vem no Expresso, com titulo de primeira página, que o Vaticano tem dúvidas sobre os milagres dos pastorinhos de Fátima.
Se o Vaticano, que é a voz do Espírito santo, tem dúvidas...

sexta-feira, 30 de março de 2007

Bom fim-de-semana


Albert Gleizes Imagem

quinta-feira, 29 de março de 2007

Não dar cavaco

Cavaco não convidou, para festejar a fundação da Europa, o homem que pôs Portugal a falar dela. Mais, que não descansou enquanto não meteu o País lá dentro. Agora, o Presidente do País que agradece esse gesto, não agradece, nem reconhece a quem teve a iniciativa. É o que parece ao não convidar Mário Soares para as cerimónias. Cavaco Silva ainda não é o Presidente de todos os portugueses.
Pelo menos não parece.

A revista


A wallpaper de Abril já está aí.
A ler, a ver, a ler de novo, a guardar, e a ver e ler de novo um dia destes.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Em todas as esquinas e rotundas

A freirinha das aparições de Fátima também vai ter um espaço museológico. Quem para aí estiver virado, pode dar uma salto ao convento onde a irmã Lúcia passou boa parte dos seus anos de vida em animada clausura. Se Salazar deixou as embalagens de Restaurador Olex, papelada amarelecida e outra tralha pessoal, o que terá deixado a vidente das aparições? Pacotes vazios de bolachas Maria? Embalagens de depilação para o buço? Uma colecção de santinhos lustrosos? Os museus estão na moda. Mesmo quando não há muito para pôr lá dentro, qualquer coisa se há-de arranjar. Todos nós temos algo que, num qualquer momento das nossas vidas, nos marcou: uns sapatos viajados, um fato usado numa cerimónia inesquecível, uma caixa vazia de preservativos que nos recorda momentos de agradável aconchego, enfim, cangalhada não falta, se procurarmos bem. Todos podemos ter o nosso museu, um dia. Se calhar corre o risco de ficar aberto só um dia, precisamente. Um museu efémero, como os já estafados quinze minutos de fama. O que é que alguém vai fazer a um museu de Salazar ou Lúcia, para além da prestação de uma sentida homenagem? É de Culto que falamos, quando falamos de casas-museus destas tristes figuras. A irmãzinha parece que já anda a fazer milagres. Já há registos de santidades várias. De Salazar ainda não se deu por nada. Mas haja esperança. Ele anda aí. Um dia vai voltar em doses generosas. Um Salazar em cada esquina? Força. E a irmã Lúcia, vai para as rotundas?

terça-feira, 27 de março de 2007

Já começam...

Confrontado com a vitória do ditador, o presidente da câmara de Santa Comba Dão declarou que está justificada a criação da casa-museu sobre a sua vida e "obra". O autarca, eleito por uma coligação PPD/PSD-CDS/PP, disse que a coisa vai avançar já em Maio. Deve ser para comemorar o dia 28.
O que o concurso da RTP suscitou não foi debate. Foi saudosismo puro e duro. Há brincadeiras muito sérias.

Há luz ao fundo do túnel


O Túnel do Marquês começou por ser uma promessa risível. Ninguém percebeu a insistência de Santana Lopes naquela obra. Foi uma das trapalhadas que experimentaram as primeiras emissões nos Paços do Concelho. Depois, Santana expandiu o negócio: foi para o governo, onde eram emitidas a um ritmo diário. Paralelamente, nas decisões autárquicas, a obra do túnel transformou-se num imenso buraco. Santana já lá não estava, graças ao lamentável equívoco que o levou para São Bento. Carmona, herdeiro deste enleio, tentou pôr areia no orifício, ou por outra, atirá-la para os nossos olhos. Agora, com dois anos de atraso, o empreendimento está parcialmente pronto para receber o trânsito. Parece que é em Abril. Será que vai resolver minimamente os problemas do tráfego na zona? Vamos finalmente perceber se a promessa tinha substância ou se, pelo contrário, não passou de mais uma birra do menino guerreiro.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Cuidados intensivos


Houve alterações aqui na decoração das instalações. Depois do Expresso, do Diário de Notícias e do Público, também o BlogOperatório mudou. O arranjo gráfico da paginação continua a ser o que a Blogspot fornece, com direcção da stopdesign e design de Douglas Bowman. O novo cabeçalho foi concebido por nós, na DDLX, com a participação do Vitor Luis, que colabora connosco como estagiário. As cirurgias continuam a bom ritmo. Não há lista de espera. Espero que este golpe provoque melhoras e seja do vosso agrado.
Ah, é verdade, a frase de Fernando Pessoa funciona como parágrafo de uma espécie de livro de estilo. Trouxe-a da Tabacaria.
Até amanhã.

Quem quer ser salazarista?

O Público, em notícia de primeira página, revela-nos que a extrema-direita quer conquistar associações de estudantes.
Depois do que aconteceu mesmo há bocadinho, nas eleições televisivas, parece que nem tudo isto é um concurso.
Quando se jogam no terreno, ou seja, quando se encostam às estruturas representativas democráticas, estes jogos tornam-se mais repugnantes.

Que grandes portugueses!

O que levará tantos portugueses a eleger Salazar como o grande português? De entre tanta gente notável é o figurão da ditadura que ganha as tele-eleições. Os grandes portugueses, de facto, perderam.
Os compatriotas de que nos devemos orgulhar são os que fizeram avançar o país, não os que o atrasaram durante quase meio século.
Não estou de acordo que isto seja um voto de protesto. Ninguém protesta assim. Hoje vivemos muito melhor do que no tempo da ditadura.
É a Cultura e a Educação que falham redondamente. Foi essa falha que se manifestou.
É certo que concurso é coisa de sorte e azar. Mas ninguém gosta de perder. Nem a feijões, como é o caso.
A emissão acabou com uma fotografia de José Afonso a apanhar todo o écran: uma nota de muito bom gosto.
Vou-me deitar. Amanhã vou continuar a não gostar de Salazar. E vou gostar cada vez mais de viver em democracia.

domingo, 25 de março de 2007

Miséria e grandeza

Entre as cinzentas, pomposas e circunstanciais celebrações dos 50 anos da União Europeia, entendeu o nosso Excelentíssimo e Digníssimo Presidente da República excluir dos convidados de tão interessantes eventos o Dr. Mário Soares, antigo Presidente da República e, apenas e só, aquele que assinou o tratado de Adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, em 1985.
É verdade que Mário Soares se escapuliu da cerimónia de cumprimentos a Cavaco Silva, aquando da sua tomada de posse como Presidente. Não o devia ter feito, por todas as razões que nos lembremos e mais ainda.
Mas este gesto de Cavaco Silva, como uma vingança mesquinha, só demonstra a pequenez com que interpreta o seu papel na história recente de Portugal, e a sua falta de grandeza ao não reconhecer as grandezas de outros, entre as inúmeras misérias de que todos somos protagonistas.
Ficou-lhe mal a ele, como pessoa, e ficou muito mal ao país, que ele representa, pois não foi capaz de honrar a quem muito deve.

Sofia Loureiro dos Santos em defender o quadrado

sábado, 24 de março de 2007

O estado a que isto chegou

Não sei quanto ganha Guilherme de Oliveira Martins, como principal responsável do Tribunal de Contas, mas lá que há trabalho, há: a denúncia está feita. Agora é preciso mudar a lei.
Autarcas a acumularem principescas remunerações são aos molhos: inventam cargos onde não é suposto que existam. Distribuem benesses. É fartar, vilanagem. Com tanto vilão à solta, não há Estado que aguente este estado de coisas.

Execrável

Estou a ver televisão. Tony Carreira e José Cid andam por todos os canais. São o máximo. As declarações dos famosos artistas nunca dispensam o disparate. O público vibra.
A cultura popular portuguesa não é só isto. Espero.

Bom fim-de-semana


David Hockney Imagem

sexta-feira, 23 de março de 2007

Doutores e engenheiros

Agora, o grande caso da nação é a licenciatura do primeiro-ministro. Como não sou engenheiro e, sinceramente, acho os engenheiros uns chatarrões, não me incomoda nada se José Sócrates o é ou não.
Preocupado fiquei quando percebi que Che Guevara até apreciava uns fuzilamentozitos: tive que deitar fora os posters que exibiam a sua fotografia em pose de desafiante valentia. Sócrates não é engenheiro? Estávamos bem governados, se fosse esse o nosso grande problema.

Ainda a gente se queixa da Justiça

Uma juíza alemã compreendeu as razões de um homem acusado de maus tratos à mulher. Segundo a magistrada, na cultura do réu é razoável um homem agredir a sua cara-metade. Não se percebe, portanto, a que aludia a queixosa, sabendo, desde o casamento, que as que caiem no chão é que se perdem?
Responsáveis religiosos já vieram garantir que não é bem assim. Só que a gente sabe o respeito pelas mulheres que é praticado por quem abraça aquelas convicções. Da ausência de respeito a umas traulitadas vai um passinho. A juíza é que sabe: ela é que estudou o processo.

quinta-feira, 22 de março de 2007

BlogOperatório em antena


O Pedro Rolo Duarte convidou-me para dar ao badalo, para o programa de entrevistas com malta dos blogues, que é transmitido aos domingos, das onze ao meio-dia, na Antena 1. Já está gravado. Passa no próximo domingo. O que for soará.

A realidade do artista


Os Livros Cotovia distribuiram pelos expositores das livrarias este conjunto de reflexões de Mark Rothko.
Já conhecia estes textos de Rothko. Comprei a edição americana numa qualquer viagem, não me lembro por onde. A Yale University Press publicou-os, em 2004, em livro de uma extraordinária apresentação gráfica da autoría de Daphne Geismar. A capa reproduz a folha da frente dos textos originais de Rothko. O miolo é cuidado com requintes. Uma publicação belíssima. A edição portuguesa não é tão bonita, contudo, a tradução da responsabilidade de Fernanda Mira Barros é honestíssima. Logo que recebi o texto promocional que Mafalda Azevedo, dos Livros Cotovia, muito simpaticamente me enviou, fui à Rua Nova da Trindade, onde fica a casa da editora, adquiri-lo. Já ali está, lido e arrumadinho ao lado do seu primo americano.
Do texto de Mafalda Azevedo, ressalto estes dois parágrafos:

O silêncio é o mais acertado. Era desta forma que Mark Rothko, um dos artistas mais importantes do século XX, respondia quando lhe pediam para falar das suas pinturas. Temia que as suas palavras paralisassem a mente e a imaginação do espectador. Acreditava que uma imagem abstracta representa directamente a natureza fundamental do drama humano. Daí que seja de uma inequívoca importância histórica, além de teórica, a publicação de A realidade do artista de Mark Rothko.
(...)
A realidade do artista, agora publicado pelos Livros Cotovia, resulta da descoberta recente de um manuscrito de Mark Rothko, no qual o pintor reflecte sobre temas que vão do Renascimento à arte contemporânea, do mito ao belo, passando pela verdadeira natureza da arte ou pela crítica e pelo papel da arte e dos artistas na sociedade. A par da exposição do seu pensamento, Rothko transmite claramente ao leitor a intensidade da sua demanda artística, o esforço doloroso e constante para aprofundar questões que, para ele, seriam do domínio do inefável.

A realidade do artista Filosofias da arte.
Foi escrito por Mark Rothko
Fernanda Mira Barros traduziu
Tem 300 páginas
e custa 20,00 euros

quarta-feira, 21 de março de 2007

Dia do Mundial da Poesia

Volta e meia há um dia que comemora qualquer coisa: ele é o dia do pai, ele é o dia da mãe, ele é o dia do orgasmo, ele é o dia do idoso, enfim, fiquemos por aqui que o comércio vai longo. Hoje é o Dia Mundial da Poesia. Ora aqui está um produto a que dou uso com frequência, logo, não vejo necessidade de comemorar esta especificidade.
Bom dia, na mesma.

Os mesmos de sempre

Repisando no post anterior, reforçando com uma olhadela pela galeria de jovens partidários, e emoldurando figuras como Pedro Pinto, Bernardino Soares ou João Almeida (confesso que no PS não me lembro de nenhum dos cromos no activo, e, no BE, Ana Drago, se ainda está nos juniores, não entra neste retrato em negativo), percebemos que não é por aí que jorra sangue novo. Com "jovens" assim, bem podemos clamar pelos velhadas: voltem, a malta perdoa-lhes.

terça-feira, 20 de março de 2007

Sempre os mesmos?

Não entendo a preocupação, entre os fazedores de opinião (apesar de Vasco Pulido Valente o fazer com muita graça), com o recorrente aparecimento dos protagonistas da política. Nem consigo imaginar outro cenário. Quando um líder político é apeado não perde as convicções. E, tendo essa oportunidade, deve insistir em manifestá-las. Deixem lá andar Portas, Santana e Menezes nas suas vidinhas. Quantas vezes ouvimos dizer que o que é verdade hoje poderá não o ser amanhã?
Chirac, em França, já fazia parte do anedotário com a sua insistência na candidatura à presidência, até que o conseguiu e acabou por aquecer o lugar. Ortega, na Nicarágua, volta e meia regressa ao palanque.
E Churchil? Chegou, andou por lá, foi-se embora, mudou de partido, voltou, fez o que lhe apeteceu. Muitos mais exemplos poderiam vir à colação.
Em Portugal, começamos a viver intensamente a política-espectáculo. Aos homens da política exige-se que sejam modelos. Não de virtudes, mas de passerelle: usam-se para o desfile, para em seguida se porem a andar. Claro que os modelos de maturidade acima referidos não são grandes exemplos. Mas é o que se pode arranjar. E, para o que a gente os quer, servem.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Juventude irrequieta

Parece que houve merda no encontro entre membros do CDS-PP. Os conservadores já não são o que eram. Os meninos de Portas são tão irritantes que, pelos vistos, só à porrada. Não é grande exemplo, mas é um sinal dos ventos que sopram lá para os lados do Largo do Caldas. Grande vendaval, se calhar com consequências insanáveis.
Admirados? Nem por isso. Aquela gente alguma vez foi civilizada?

O espectáculo vai começar

Santana Lopes deu entrevista à SIC-N. Ana Lourenço, na sua característica sobriedade (estilo: vamos ao que interessa), conferiu seriedade à prestação. E Santana resolveu portar-se em conformidade. Não ameaçou a direcção do partido, rejeitou ameaças veladas ou declaradas, e, sem grande alarido, fez oposição ao governo com vestes de líder parlamentar. Portas será mais informado, mais à-vontade em matérias culturais, mas é mais espalha-brasas: ameaça, disseca, deixa tudo em fanicos. Santana encarna melhor o papel de andarilho político. Tem andado por aí, optou pela discrição, e parece saber muito bem o que vai fazer. Ambos disputam a liderança de algo situado à direita do PSD. Ambos vêm de actuações pouco credíveis, mas é a partir dos camarins destes dois homens que parece que se vai encenar o espectáculo da direita. Está de trombas que vontade não lhes falta. O espectáculo segue dentro de momentos.

domingo, 18 de março de 2007

E a política?

Cavaco Silva, quando trabalhava em S. Bento, atalhava a eito: era preciso encher o país de betão? Tratemos disso, sem grandes estudos nem hesitações. Agora diz que a localização do novo aeroporto de Lisboa deve ser debatida pelos técnicos. Só por eles. Ele, Presidente, não tem que se pronunciar sobre o assunto. E a política, não é para aqui chamada? O homem continua a não saber muito bem o que isso é. Para um Presidente da República dava jeito que soubesse.

Deambulatório


Só há uma regra para um blog: regra alguma.
Estas palavrinhas são da Fátima, e revelam a liberdade que por ali se pratica, e que vai tornando o seu f-world cada vez mais interessante. Já não dispenso uma passagem por . Apareçam, que aquilo está giro.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Vá de metro, e olhe em volta


Françoise Schein inaugura hoje, lá para o fim da tarde, no Museu Nacional do Azulejo, uma exposição de trabalhos seus.
Françoise desenhou os azulejos que ornamentam a estação Parque, do metropolitano de Lisboa. São esses desenhos que poderão ser vistos a partir de hoje no Museu.
O catálogo da exposição inclui opiniões de Ana Sousa Dias, José Gil, Jean Attali, Laura Taves e Paulo Henriques.

Ana Sousa Dias abre o rol com o seu texto "A multiplicação dos dias": A primeira obra de Françoise Schein que Lisboa viu foi o revestimento da estação de Metropolitano do Parque, em Lisboa, um trabalho em que os Direitos Humanos e os Descobrimentos portugueses se interligam. Só uns anos mais tarde conheci esta artista que um dia me disse: “a minha vida é a minha melhor obra”. Assim mesmo, como quem já pensou muito no assunto e não tem qualquer hesitação.
É um facto que a vida e a obra de Françoise se misturam no que diz respeito a Portugal. A demorada experiência do Parque abriu-lhe a vontade de trabalhar com os outros e deu-lhe uma nova língua, com a qual viajou para o Brasil e para a decisão de adoptar uma criança. “A partir do meu encontro com Portugal, tornei-me outra pessoa”, diz ela ao olhar para trás.


Esta mostra vai estar no Museu da Rua da Madre de Deus até ao dia 24 de Junho. Apareçam que vale a pena.
Ah, já agora, o catálogo, os cartazes e todo o restante material promocional foram feitos aqui pela malta, na DDLX.

A morte fica-lhes tão bem


Pentágono admite que o Iraque enfrenta uma guerra civil. A pouco e pouco vão reconhecendo a mentira e o erro. Depois de uma multidão de mortos e feridos, os salvadores da democracia têm um acesso de lucidez. Foi preciso um desmedido esforço para os convencer. A revelação desse esforço foi impressa com muito sangue, diariamente. Sangue que não inscreve propriamente heróis. Estas guerras já não são o que eram. É de vítimas que falamos, quando falamos do conflito iraquiano.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Chapas Instantâneas

O Chapa faz fotografia e anima o bloguite, ali ao lado. Uma exposição sua está na Galeria da Biblioteca Municipal de Palmela entre 6 e 18 de Março e passará para o Foyer do Auditório Municipal de Pinhal Novo, de 20 de Março a 1 de Abril.
Chama-se "Chapas Instantâneas" e está integrada na programação Março - Mês da Juventude.
Acreditem que vale a pena dar um salto até lá.

Tenha paciência...

Sabemos que uma desgraça nunca vem só. Na Câmara de Lisboa as desgraças sucedem-se. Suspeitas fundadas e infundadas atingem os autarcas que têm os cordelinhos na mão. A desgraça, agora, atinge os menos abraçados pela sorte: o apoio aos sem-abrigo da capital não está a ser cumprido. Não há verbas para nada nem para ninguém. As esmolas estão pela hora da morte.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ressureição

Houve até quem achasse Bento XVI uma surpresa. Um profundo conhecedor da realidade. Um interventor dinâmico. Afinal, Ratzinger voltou. Ou melhor: nunca se demitiu dos seus propósitos. As novas mentalidades são a falência da fé cristã, adverte. Provavelmente, a homossexualidade é uma doença grave. A alegria nas celebrações litúrgicas, uma heresia. O discurso livre e aberto ao idioma dos crentes, um abuso claro. Os políticos católicos devem fazer valer a sua prepotência, impondo deliberações desajustadas mas condizentes com a sua fé. Tudo deve voltar ao fundo dos tempos, pelos vistos. Até parece que o chefe da Igreja Católica já só fala em latim. Não se entende.

terça-feira, 13 de março de 2007

Não teve um fim bonito, esta história


Paolo Pinamonti, director do Teatro Nacional São Carlos, foi dispensado por carta. Segundo o Expresso online, a ministra da Cultura enviou esta tarde a missiva onde se inscreve o afastamento. Lido assim, sem desmentidos nem qualquer outro esclarecimento, parece, no mínimo, indecoroso.
O novo director já foi nomeado. É Christoph Dammann, actual director-geral dos teatros de ópera de Colónia, na Alemanha, que a nota do ministério classifica como tendo um curriculo fabuloso. E então, Pinamonti é um principiante?
Não foi bonita, a maneira como isto foi resolvido.

Ler Crítico musical

Gardiner day



Depois do sucesso esmagador de A Criação, Haydn decide lançar-se na composição de outra grande oratória, de novo sobre libreto de Gottfriedvan Swieten, onde se cruzam como raízes a referência bíblica e o naturalismo pioneiro do poeta escocês James Thompson (+1748). A evocação musical, a um tempo pictórica e sensorial, dos ambientes contrastantes dos quatro tempos do ano lança as bases de muita da música programática e do naturalismo romântico do século XIX. O Iluminismo maçónico, por sua vez, manifesta-se no sublinhar da ordem perfeita da sucessão das estações, metáfora ideal do triunfo da Razão, e na introdução de três personagens rústicos que trazem à partitura vários exemplos de uma inspiração musical popular a evocar Rousseau. (do programa)

Grande concerto, o que os English Baroque Soloists, alinhados pela hábil batuta de Sir John Eliot Gardiner, deram ontem na Gulbenkian. Há dias assim, memoráveis.
Há horas felizes.

Ler Crítico musical

segunda-feira, 12 de março de 2007

Tanto tempo...


Dia de aniversário. Vou fazer gazeta, aqui no blogue. Volto amanhã.
A imagem que acima se reproduz, é uma prenda que me ofereço.
Que sorte!
Lá mais para a frente vou dizer umas coisas sobre um livro recentemente editado que divulga textos de Mark Rothko.

Mark Rothko Imagem

domingo, 11 de março de 2007

Italiano para principiantes


Assisti às "Valquírias", de Wagner, na semana passada, muito bem sentado num camarote do São Carlos. A surpresa que a encenação me provocou, apesar de no Verão passado ter lá estado para ver a primeira das quatro partes que compõem "O Anel", levou-me a voltar, ontem, sábado, para uma segunda sessão ao ar livre. É verdade. Ir à ópera é caro? Não. Graças a uma ideia de Paolo Pinamonti, director do teatro, pôde-se assistir à grande cavalgada wagneriana no Largo de São Carlos, olhando para um ecran gigante, instalado na frente do teatro, completamente à borla. O ambiente é deslumbrante. Único. As pessoas que ali se deslocam revelam um emocionante contentamento. É bom partilhar essa alegria com gente que ali se instala pelo simples prazer de assistir a um trabalho de excelência. No final, os cantores-actores vêm agradecer os aplausos do público da esplanada. houve dificuldade em extinguir tamanha salva de palmas. Comovente.

Agora, há outro problema. Parece que não está seguro o lugar do italiano Pinamonti à frente do São Carlos. O João Gonçalves fala do busílis da questão no seu Portugal dos pequeninos. Partilho das suas preocupações. Existem más vontades e vontade de protagonismo nos dirigentes da Cultura. A gente sabe que os problemas da Cultura são sempre metidos no saco das despesas, como se de um rol de mercearia se tratasse. Oxalá não aconteça o pior. Quanto às opiniões do professor Marcelo, o João acha que ainda há quem as leve a sério?
Oxalá que todos nos enganemos, e que o dr. Paolo Pinamonti fique por muito e bom tempo a ter ideias para o único teatro de ópera em Portugal. No dia em que isso acontecer, tirarei o meu chapéu ao secretário de estado da cultura. Ou será que a vénia (pensando melhor: no caso da colecção Berardo, por exemplo), deve ser feita ao primeiro-ministro?

sexta-feira, 9 de março de 2007

faça as continhas, pegue num lápis e faça as continhas

Celeste Cardona, no tempo em que dirigia a Justiça, fez um negócio com uma empresa de construção que agora se revelou, no mínimo, mal calculado. Resultado da imponderada decisão: o Estado vai ter que pagar doze milhões de euros à dita empresa. Celeste Cardona não tossiu, nem buliu. E ninguém lhe foi perguntar nada. É assim em Portugal. Tudo fica impune. Quem vier a seguir que se amanhe. Atenção: actualmente, Cardona está encaixada na administração da Caixa Geral de Depósitos. Será que ainda se engana nos cálculos?

Gritarias

Estou de acordo com a Fernanda Câncio nesta polémica sobre a casa-museu em homenagem ao "herói" das bandas do Vimieiro. Se querem um santuário, construam-no. Se querem orar, faz favor. Não venham é com lengalengas para pedir subsídios do erário. Esta coisa do museu, ou mausoléu ou lá o que é, vale o que vale, ou seja, nada. Se aquela coisa for para frente, é a extrema-direita em peso e meia dúzia de saudosistas ainda vivos que vão pôr lá os pés. Por isso, deixá-los ir. É como aqueles cães maçadores que ladram muito, mas se a gente não lhes ligar, acabam por se calar e abalar com o rabo entre as pernas.

Sal e azar q.b.

Fernando Pessoa escreveu este poema numa época em que não imaginava ser concorrente a umas tele-eleições, em disputa com Salazar. Isto até pode parecer campanha eleitoral. E é. Eu, pelo menos, ponho-o aqui para isso.

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A agua dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, c'os diabos!
Parece que já choveu...

quinta-feira, 8 de março de 2007

Dolce ragazza


A dupla Dolce & Gabbana aprovou esta campanha de publicidade que a imagem mostra. Uma mulher (giríssima, claro) em posição horizontal, agarrada pelos pulsos, por um homem que exibe o gesto a outros homens, impávidos observadores da cena. Houve reacções contra esta promoção. Os homens da marca reconheceram que a campanha não recolhia unanimidade e declararam que "não quiseram ofender nem causar polémica". Assim, não colocaram o material publicitário em circulação. É certo que toda a gente se engana. É louvável ver alguém reconhecer um erro e corrigi-lo. Hoje comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Esta notícia contribui para o assinalar.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Ai Timor, Timor

Parece que Timor não se safa. Até Xanana dá a entender que já desistiu. Ramos Horta perfila-se como o possível salvador. Mas já ninguém acredita nesse messias. Há países assim: ingovernáveis. Timor já não é bandeira de ninguém. Limita-se a ser um lamento.

À porrada, disseram eles

Quando eu era rapaz, professores haviam que só nos ensinavam o que nos fazia tanta falta como a fome. Debitávamos todas as linhas, estações e apeadeiros dos comboios de aquém e além mar. Os meios de transporte eram vedetas naquela aprendizagem do faz-de-conta. Um dia, tentando embarcar noutros voos, preparei um avião, na aula de trabalhos manuais, que exibia um símbolo que logo percebi não ser do agrado do mestre: lembrei-me de colocar nas asas do aeroplano uma estrela vermelha. A minha inocência, resultante da informação obtida em jornais que paravam lá por casa (Diário de Notícias e O Século), expôs-me a longos interrogatórios. O meu pai esteve perto de ir parar a sítios que não se recomendam nem aos mais reles adversários. Isto passou-se.
Hoje, quando vejo pais em agressões a professores, e mais os lamentos dos professores que bem ou mal tentam dar a volta à pouca educação dos petizes (mais mal do que bem, em muitos casos), lembro-me deste episódio. Acho que dá para perceber esta merda toda. Que só mostra laivos de mudança quando as moscas se zangam. Os putos é que se tramam.

terça-feira, 6 de março de 2007

Gabo 80


Gabriel Garcia Marquez faz hoje oitenta anos.
Amor em Tempos de Cólera é, para mim, o seu melhor livro. Mas muitos outros fizeram história na História da Literatura. Um grande escritor do nosso tempo, sem dúvida. No seu recente Viver para contá-la, uma espécie de relatório de uma vida, a páginas tantas conta:

—Esta é a outra Bíblia. Era, claro, o Ulisses de James Joyce, que li aos bocados e aos tropeções até que a paciência não me chegou para mais. Foi uma temeridade prematura. Anos mais tarde, já adulto, domesticado, entreguei-me á tarefa de relê-lo a sério e não só foi a descoberta de um mundo próprio de que nunca suspeitei dentro de mim, como também uma ajuda técnica inapreciável para a liberdade da linguagem, o manejo do tempo e as estruturas dos meus livros.

Viver para contá-la é editado pela Dom Quixote e é traduzido por Maria do Carmo Abreu. E, já agora, é um grande livro. Não apenas por ter 579 páginas. Mas também por se tornar num útil guia para a compreensão do percurso literário e de vida do escritor.

As escolhas de Cavaco

O 10 de Junho vai ser em Setúbal. O Presidente escolheu a cidade do Sado para as comemorações do Dia de Portugal. Dores Meira, a presidente nomeada, ficou radiante. Normal: a senhora contenta-se com pouco. Para a inexistente gestão autárquica foi uma espécie de sorte grande. Entre foguetório e gaitadas, o país não vai perceber o estado depressivo em que se encontra a cidade. Tudo ficará na mesma como a lesma. Aliás, a lesma deveria ser o invertebrado escolhido para mascote dos edis setubalenses. Nada acontece no burgo, mas Meira e a sua rapaziada acreditam nos seus próprios dons bem-fazejos. Cavaco premeia assim a mediocridade e a falta de jeito. Não o censuro, olhando o deserto em seu redor, o que é que queriam que o homem fizesse? Escolheu ao calhas.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Alface


Morreu João Alfacinha da Silva. Alface, meu amigo. Trabalhou para rádios, televisões, para teatro, nos jornais. Deixou muitos textos publicados por aí. Deixou histórias em livros. E deixa saudades porque é gajo para isso. A sua bondade era perceptível ao primeiro contacto. E gente boa faz falta. Gente como o Alface. Um dia veio do Alentejo para Lisboa e por cá ficou. Escreveu histórias bem divertidas, como as que pôs nos seus trabalhos "O Fim das Bichas" e "Um Casal Porreiro": caixa com dois saborosos livrinhos, ilustrados por Pedro Proença, com os proverbiais titulos " Um Pai Porreiro Ganha Muito Dinheiro" e " Uma Mãe Porreira é para a Vida Inteira". Em nota biográfica, publicada num dos seus livros, fica esclarecido: vive com facilidade. Era. Mas agora morreu. Se calhar, sobre esta notícia ele diria "a vida é mesmo assim...". Pois é, mas é uma merda.

domingo, 4 de março de 2007

Quem enfia a boina?

Jesus Cristo, se fosse vivo hoje, andaria de boina vermelha na cabeça, garante Chavéz. Não se entende o que vai na cabeça do homem que manda na Venezuela, mas, perante esta insistência na disputa com as autoridades religiosas, percebemos que procura a benção de Cristo para a sua acção revolucionária. A intenção de apresentar o fundador do Cristianismo como o primeiro socialista da história, tem barbas. Faz parte das conversas de ocasião. Hugo Chávez vem agora dar consistência institucional à coisa. Cristo inspira-o, e contra isso nada contra. Ele é presidente de um país onde a multi-culturalidade existe, naturalmente. Com este chamamento divino, provavelmente quer atribuir às suas atitudes, gradualmente totalitárias, a ideia da salvação. O Salvador é ele. Pelo menos já anda de boina vermelha na cabeça.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Os "cromos " da terra


O DN de ontem vinha acompanhado da publicação que está escarrapachada aí em cima.
É uma caderneta com os "cromos" do Poder Local. É bom para percebermos quem é quem nas autarquias.
Ah, é verdade, estes "bonecos" não são coleccionáveis, não é suposto haver o mais custoso, nem sequer figurinhas para a troca.
Tudo está previamente coleccionado e é editado de quatro em quatro anos.
Bem sei que dito assim, parece injusto. Esta ironia será excessiva. E claro que há excepções, mas a regra...