domingo, 28 de fevereiro de 2021
sábado, 27 de fevereiro de 2021
Andy Warhol
Foi acima de tudo um divulgador do que o impressionava. E ele também fez coisas impressionantes. A obra aí está. Não morre. Continua contemporânea. É frequentemente chamada para ilustrar e elevar vozes.
Tornou figuras famosas em famosos ícones visuais. Fez ilustração para importantes revistas, inovou em técnicas, trabalhou muito. Apostou no apoio a outros artistas: financiando maneiras de fazer, insistindo na revelação de talentos ao mundo. Basquiat, Nico e The Velvet Underground não me deixariam mentir. E a Interview, que guardo como bíblias de uma curiosidade permanente? Robert Mapplethorpe fotografou-o no seu registo ousado e provocador. Tudo a condizer. Andy Warhol foi amigo e impulsionador de meio mundo artístico. Cultivou amizades para a vida. Morreu a 22 de fevereiro de 1987. Um dia antes de José Afonso. Dois artistas do mundo tão distantes, tão diferentes e tão iguais.
Vamos fazer-lhe uma visita?
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
João de Azevedo
Em Maio de 2015 João de Azevedo expunha pela primeira vez o trabalho que desenvolveu à volta da capa do álbum de José Afonso Com as minhas tamanquinhas. Foi na galeria da Casa da Cultura, e eu escrevi muitos textinhos sobre o assunto. Aqui vão dois deles. E ficam também umas imagens do excelente trabalho do meu amigo João de Azevedo.
COM AS MINHAS TAMANQUINHAS | José Afonso escreveu e cantou músicas novas. Mudou o mundo da música portuguesa. Para a divulgação do seu trabalho gravado convidou competentes designers para vestir os LPs que ía lançando para nosso prazer e sorte. José Santa Bárbara foi o mais chamado. Mas outros lembro: José Brandão e João de Azevedo também foram convocados. Conheci João de Azevedo recentemente. Só lhe conhecia o pormenor de ter feito a capa do Com as minhas tamanquinhas. Percebi que é um homem cheio de mundo. Convidei-o para desenvolver a ideia iniciada no trabalho de José Afonso, com o sentido de fazer uma exposição na Galeria da Casa Da Cultura | Setúbal. Aceitou o convite e entusiasmou-se com a coisa. O resultado é uma exposição deslumbrante que vai ser pendurada nas paredes da galeria e por lá vai ficar até ao fim do mês. Abre já no próximo dia 8. ConvidadosEm 1976 saiu o álbum Com as Minhas Tamanquinhas. É o trabalho mais directamente político de José Afonso. Andam por lá denúncias, ironias, gozos tremendos.
ROMA/SETÚBAL NA CAPA DE UM DISCO | Quando José Afonso convidou João de Azevedo para conceber graficamente a capa do disco, havia uma grande distância a separá-los. João estava em Itália, Zeca em Setúbal. A encomenda foi feita com a tecnologia possível na época: telefone fixo. Zeca ligou ao João solicitando a tarefa. O briefing foi feito assim: Zeca cantarolou ao telefone a música que dá nome ao álbum e descreveu a ideia geral da coisa. Entendido o pretendido, João envia de Roma para Setúbal, por correio, o resultado final, com três hipóteses para escolha. A ilustração mantinha-se, mas os fundos eram à escolha do freguês Zeca. Um era azul mais ou menos turquesa, outro era num amarelo para o torrado, e a terceira escolha era o rosa que veio a ser escolhido pelo dito freguês. Esta história foi-me contada pelo João.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
Vital é a vida
Em tempo de audição dos especialistas e de percepção de dados concretos resultantes do confinamento, o líder deste partido onde o Chega! foi inventado, quer que se decrete o fim do confinamento.
Diz que já é tarde, tal e qual como o seu ex-companheiro Ventura, do partido com nome de detergente. Diz que é vital que o governo apresente plano. Vital é a vida, seu palerma. Passos Coelho dizia que é importante salvar vidas, mas não a qualquer preço. Outro palerma que o seu ex-companheiro do partido higienizador queria para vice-presidente caso fosse eleito presidente (podem rir, claro). Estão todos bem uns para os outros. É caso para dizermos: é absolutamente vital que estes senhores apresentem um plano de desconfinamento da seriedade política. E urgente, antes que as pessoas lhes percam definitivamente o respeito.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
MAMADOU BA FICA | Já estamos ao serviço. Vão até lá: emcarneeosso.com
DDLX - ESTADO DA ARTE | Não parámos. Não se pode parar. Trabalhamos à distância, mas trabalhamos mesmo. Apresentamos aqui trabalhos que temos entre mãos em tempo de recolhimento caseiro:
José Afonso
A MORTE SAIU À RUA | Morreu num dia assim de 1987. Assinala-se o fim de uma presença física de alguém que não morreu.
É no fim de uma vida que se percebe a grandeza da sua existência. A morte física é inevitável. A existência cultural e o exemplo, não. Recordamos, neste dia de céu cinzento, a morte de alguém que não teve problemas em mudar sons e em usar as palavras: as palavras que convocam a beleza, mas também as cruéis e devastadoras. Usou a palavra MORTE num tempo em que era pouco apreciável fazê-lo. Fez outras músicas. Mudou a maneira de as fazer e até de nós as ouvirmos. Mudou vidas. Mudou muito. Para sempre gratos a José Afonso.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
DDLX - ESTADO DA ARTE | Não parámos. Não se pode parar. Trabalhamos à distância, mas trabalhamos mesmo. Apresentamos aqui trabalhos que temos entre mãos em tempo de recolhimento caseiro:
Robert Ryman
Ryman morreu em fevereiro de 2019. Passou a vida de artista em busca do indispensável.
Procurou incansavelmente depurar as superfícies em que intervinha. O seu minimalismo atinge patamares de perfeição, essa perturbação inalcançável. É quase impossível acrescentar a tão pouco. Porque tão pouco é tanto. Tanto que sabe-nos a pouco.
Vamos ao MOMA, ver o que por lá existe de Ryman.
domingo, 21 de fevereiro de 2021
DDLX - ESTADO DA ARTE | Não parámos. Não se pode parar. Trabalhamos à distância, mas trabalhamos mesmo. Apresentamos aqui trabalhos que temos entre mãos em tempo de recolhimento caseiro:
Avelino Sá
REGISTO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL | Avelino Sá chamou a esta exposição As Minhas Propriedades. Encontramos nestas obras registos de uma certa necessidade, por parte do artista, de colocar o trabalho desenvolvido em patamares de conhecimento superior: uma espécie de celebração. Assumpção de influências. Essa necessidade aguça o engenho. O resultado da pesquisa é revelado nesta mostra invulgar, com contornos de excelência. A visita poderá ser demorada, os ambientes são extensos e labirínticos, mas vale a pena a caminhada. Sugiro isso: caminhar até à Fundação D. Luís I - Centro Cultural de Cascais, e permanecer por ali demoradamente. Se for preciso, repetir a visita. Sempre em silêncio. Este trabalho sugere meditação. Depois é guardar o bem que estas coisas nos fazem. Bem guardado, que não é todos os dias que deparamos com sugestões de prazer tão intenso.
sábado, 20 de fevereiro de 2021
Tudo tem preceito
Homofóbicos, misóginos e demais fóbicos podem dormir descansados. Já têm quem vos defenda nas mais altas instâncias da República.
Quando se têm opiniões nas redes sociais, temos que ter em conta, se formos responsáveis e razoáveis, que o que dizemos nos fica colado à pele. Quem vagueia por estes trilhos encontra por vezes garbosos docentes gabando-se das suas proezas pedagógicas, revelando-as numa linguagem de quem não sabe ler nem escrever, não se percebendo por que razão continuam a "professorar". Ou por outra, percebe-se que quem os nomeia não lê as redes e pelos vistos não é feita uma avaliação inicial às qualidades das criaturas. Quem se lixa é quem depende dessa gentalha para "aprender". Também o que se passa nas admissões para cargos de responsabilidade administrativa é lamentável. Se calhar somos poucos, e alguém tem de fazer aquelas coisas. Mas somos assim tão poucos, ou a ficha de admissão tem de ser entregue no guiché certo? A escolha de gente funcionalmente analfabeta e raspadinha de princípios éticos e de cidadania deixa-nos pouco descansados. As demissões surgem, é certo, mas tarde e a más horas.
Mais grave do que o rastreio para cargos de responsabilidade provinciana é agora este caso do senhor escolhido para presidente do Tribunal Constitucional. Como é possível que alguém com paleio de tasca de bairro, opiniões de taxista manhoso que revelam princípios de burgesso fora de moda, vá desempenhar funções que permitem decisões que dependem também — para além da formação jurídica — da sua adquirida opinião cidadã e cultura civilizacional. A gente sabe no que dão as interpretações da Constituição da República. Às vezes aquilo não é fácil. Nunca há unanimidades. As declarações escritas num passado muito recente pelo senhor presidente do Tribunal Constitucional estão ao nível mais parolo e ignorante que se possa imaginar. Eu não conseguiria imaginar uma situação tão rasca. Nem por brincadeira proferiria tamanhos dislates. Será que o presidente do Tribunal Constitucional pode cometer inconstitucionalidades? O disparate compensa? Dá imunidade? Como cidadão não fico nada descansado com esta nomeação. Mesmo nada.
Fonte DN
DDLX - Estado da Arte I
Não parámos. Não se pode parar. Trabalhamos à distância, mas trabalhamos mesmo. Apresentamos aqui trabalhos que temos entre mãos em tempo de recolhimento caseiro:
1 - Sítio na net da editora abysmo. Está online. Façam favor de entrar. Vale a visita. E há por lá livros concebidos graficamente aqui pela malta: os catálogos da Ilustração Portuguesa (Festa da Ilustração, Setúbal) e da BIG - Bienal de Ilustração de Guimarães, por exemplo, entre outras coisas saborosas.
Até já.
Mark Rothko
Ambiente silencioso. Luz única. A temperatura muda. Mark Rothko era irascível, dizem os que dizem que o conheceram. Mas era generoso. Inconstante. Provavelmente um génio conturbado.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Colonialismo Romântico
Agora que a extrema-direita pretende estar na moda, o líder do extinto CDS/PP chega-se à frente para fazer concorrência ao energúmeno da extrema-direita reconhecida como tal. É ver quem vai mais longe no desconfinar de fascistas. Vai ser um estilo. Um clássico.
José Mouga
Foi em Novembro de 2014 que José Mouga fez a sua primeira exposição individual na cidade. Primeira e única até hoje. A galeria da Casa Da Cultura | Setúbal recebeu uma notável exposição, com trabalhos feitos com a intenção de preencherem o espaço. Foi uma honra e um luxo, o que Mouga nos proporcionou. Na altura escrevinhei estas palavras para a folha de sala:
Conheço-lhe o percurso desde os tempos do abstracto. Percebi o caminho para uma tímida figuração. E surpreendo-me com este novo trabalho. Estes ciprestes foram companheiros do artista e seus cúmplices.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Carmen Dolores
Pisou os estrados teatrais, mas também se soube colocar frente às câmaras.
Recordamos personagens. São muitas as memórias despertadas. A sua voz ecoa nas nossas cabeças. Voz única. Grande mulher de teatro. Muito obrigado, Carmen Dolores.
Carlos Barão
Em Março de 2019 Carlos Barão expôs em Setúbal. Na altura apresentei-o assim:
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
Fez arte urbana. Pintou t-shirts para vender nos locais mais apreciados de Nova Iorque. Pintava como respirava.
Conheceu Andy Wharol. Fizeram amizade duradoira. A morte de Warhol perturbou-o até ao fim. Morreu no ano seguinte, viciado em drogas e em desespero. A pintura de Basquiat é de uma liberdade transbordante, seja lá isto o que a gente quiser que seja. Compromissos, só com os seus enleios interiores. Viveu intensamente até se enjoar de tudo. A obra é intensa e perturbante como foi a sua vida.
Apareçam pelo atelier dele. Não é preciso sairmos de casa. É aqui: www.basquiat.com
domingo, 14 de fevereiro de 2021
Howard Hodgking
Classificaram-no como Impressionista Abstracto. Eu não sei como o classificar.
Vejo ali tanta coisa. É um dos meus artistas. Tenho muitos, é certo, mas este desperta-me para um questionar permanente. Leva-me à total incompreensão da dúvida. Sempre. E não é assim que deve ser? Também não sei, mas é tão bom sentir esta curiosidade insatisfeita. É que tenho dúvidas de que hajam respostas absolutas para seja o que for. Em Hodgking prefiro os trabalhos em que a busca do "maravilhoso" se esfuma. Prefiro os mais taciturnos. Informam angústias. Promovem a autenticidade. Escolhi alguns para aqui. Mas há muitos hodgkings para observar.
Atrevo-me a dar-vos um conselho: vamos até ao seu atelier. Mesmo no nosso aconchego podemos ir até lá. Ora vejam: Howard Hodgking.