sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Ângelo de Sousa | Helder Moura Pereira


Esse Vidro

Janelas rompem
na casa, uma flor
no vestido, esse vidro
nos olhos. Janelas
sobre o que vês,
apenas o breve
relance de uma face
perdida, apenas
uma frase de jardim
ou uma rosa de julho.
Janelas rompem
nos teus olhos
e a roda do vestido
ilumina esta manhã.
Quando apontas
sou eu que venho
subindo as escadas,
sou eu que sinto
todas as mãos
por esta pele.
Aqui começa a cor
das telhas, o verde
musgo, a orientação
das imagens. Chegas
do lado mais esperado
da cidade e não
te encobre a bruma
definindo a linha
das janelas. A que
hesito entre o gesto
de mostrar a face
que regressa e adivinha.
No vidro dos olhos
a flor do vestido, nos
degraus o súbito
desejo de janelas
tapando a morte.

Helder Moura Pereira Texto
Ângelo de Sousa Imagem

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

José Afonso


Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar

Frida


A exposição de Frida Kahlo no CCB é hoje inaugurada, e por lá ficará até 21 de Maio.
Boa visita.
JTD

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Jazz em cinco minutos


Cinco minutos, seja lá para o que for, é muito pouco.
José Duarte tem conseguido, ao longo dos últimos quarenta anos, divulgar o melhor do Jazz em cinco minutos diários de rádio.
O PÚBLICO resolveu assinalar esta proeza, convidando o seu autor a meter em quatro registos gravados o que de melhor ele já passou nos seus programas. O resultado é uma excelente compilação, do melhor que esta música nos pode dar, guardada em líndissima caixa com capa de André Carrilho.
Acompanha o PÚBLICO às quartas-feiras, custando apenas mais ou menos seis euros.
É de aproveitar. Quem sabe, sabe. José Duarte sabe e muito...
JTD

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Deus e a Fé

A transladação da freirinha Lúcia tem colocado algumas questões de difícil resposta.
O problema é que quando se fala de Fé, fala-se de uma quantidade de dogmas e superstições capazes de meter medo ao mais destemido mortal.
O sucesso das religiões está na sugestão de soluções para os medos que não compreendemos. A ciência explica tudo até ao derradeiro dia da nossa existência, depois é que são elas. O que nos espera? Há quem não se contente com a existência terrena, logo vá de inventar uma vida para além desta.
Tenho reflectido sobre tudo isto devido às leituras que recentemente me acompanham.
Anda aí um interessantíssimo livro, publicado pela Casa das Letras, que faz uma abordagem séria acerca das interrogações que campeiam nas nossas cabeças. Tem por título "Deus e a Fé", e os autores são dois amigos, J. I. González Faus e Ignacio Sotelo. O primeiro é católico e o segundo ateu. O diálogo entre os dois revela-nos um profundo conhecimento, por parte dos autores, dos dois campos opostos. Logo, o resultado constitui uma eficaz interpretação do sentido religioso da vida.
Nas próximas emissões aqui do blogue falaremos um bocadinho sobre tudo isso, com a intenção de motivar a discussão entre os nossos pacientes.
Com Deus não se brinca? Claro que não. Mas será que Deus existe, mesmo?
Até amanhã.
JTD

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

O Papa Horta

Ramos-Horta está a ponderar candidatar-se a secretário-geral da ONU.
E não hesita em comparar este processo com a eleição do Papa.
Será que já meteu a cunha aos altos dignitários da igreja católica no sentido de por ele intercederem junto do Espírito Santo?
JTD

Transladações

A freira das aparições, Lúcia de seu nome, transladou para a sua última morada.
Os crentes não foram assim tão crentes como estava previsto. Compareceram dezenas de milhar, em vez das centenas de milhar esperados.
E não se deu pela presença de Santana e Portas, tão azougados aquando do primeiro funeral. Como já não são governo, que se lixe...
Um funeral dá sempre jeito, quando se está em plena expansão populista. Muito curiosa foi a intervenção do catequista Marcelo Rebelo de Sousa na RTP 1, tentando explicar o que não tem explicação. Não há fé que os safe. O ridículo não mata, mas mói.
JTD

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Bom fim-de-semana


Noronha da Costa Imagem

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Frida Kahlo



A exposição de Frida no CCB abre na próxima semana.
É sexta-feira, dia 24, estando patente até 21 de Maio. Aconselha-se uma visita. Ou mesmo duas.
JTD

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Boa sorte, Luís Sequeira

O abnegado fecha hoje portas. Valores mais altos fazem calar esta importante voz da blogosfera portuguesa.
Nem sempre estivemos de acordo, mas sempre respeitando e concordando com essa grande virtude que é estar em desacordo.
Estivemos unidos na vontade de nos manifestarmos contra o conformismo bacoco que, cada vez mais, domina a sociedade.
Foram bons momentos passados na companhia de Luís Sequeira. É pena que se vá embora. Mas é por uma boa causa.
Que tudo corra pelo melhor no seu doutoramento.
E volte, a malta vai ter saudades.
JTD

Fernando Assis Pacheco | Carlos Carreiro


A Profissão Dominante

Meu Deus como eu sou paraliterário
à quinta-feira véspera do jornal
nadando em papel como num aquário
ejectando a minha bolha pontual

de prosa tirada do receituário
onde aprendi o cozido nacional
do boçal fingido o lapidário
- fora algum deslize gramatical-

receio que me chamem extraordinário
quando esta é uma prática trivial
roçando mesmo o parasitário
meu Deus dá-me a tua ajuda semanal

Fernando Assis Pacheco Texto
Carlos Carreiro Imagem

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Hoje vou ao barbeiro



O Barbeiro de Sevilha é a obra-prima da ópera bufa italiana. Estreou em Lisboa no passado dia 8, e termina amanhã este conjunto de representações, numa co-produção do Teatro Nacional de São Carlos com o Teatro Real de Madrid.
À Orquestra Sinfónica Portuguesa e ao Coro do Teatro Nacional de São Carlos juntou-se um elenco de destacadas vozes do panorama internacional, que inclui, entre outros, o barítono Franco Vassallo, o tenor Marius Brencius, o baixo-barítono Filippo Morace e a meio-soprano Kate Aldrich.
O espectáculo é encenado por Emilio Sagi e a cenografia pertence a Llorenç Corbella. Direcção musical de Jonathan Webb, já conhecido do público do São Carlos (na última temporada, dirigiu "La Navarraise" e "Cavalleria Rusticana").
Esta ópera de Rossini é uma das mais populares e exibidas em todo o lado. A acção decorre na Sevilha do século XVIII.
JTD

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Dia dos namorados


Hoje é dia dos namorados.
Ok, vou esperar até amanhã para mandar o meu namorado à merda.
RR

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Vigilantes fregueses


Problemas vários e alguma indisponibilidade têm vindo a afectar o normal funcionamento aqui do blogue.
Pelo facto pedimos desculpa aos fregueses habituais, que prenhes de razão encheram a nossa caixa de mail com simpáticos protestos. Voltaremos ao vosso convívio a partir de amanhâ.
Muito obrigado pela vigilância.
Aqui vai uma imagem de Álvaro Lapa para compensar as falhas.
JTD

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Al Berto | João Vieira


Doze moradas de silêncio

hoje é dia de coisas simples
(Ai de mim! Que desgraça!
O creme de terra não voltará a aparecer!)
coisas simples como ir contigo ao restaurante
ler o horóscopo e os pequenos escândalos
folhear revistas pornográficas e
demorarmo-nos dentro da banheira
na ladeia pouco há a fazer
falaremos do tempo com os olhos presos dentro das
chávenas
inventaremos palavras cruzadas na areia... jogos
e murmúrios de dedos por baixo da mesa
beberemos café
sorriremos à pessoas e às coisas
caminharemos lado a lado os ombros tocando-se
(se estivesses aqui!)
em silêncio olharíamos a foz do rio
é o brincar agitado do sol nas mãos das crianças
descalças
hoje

Al berto Texto
João Vieira Imagem

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Explosivas opiniões

O programa da RTP 1, "P´rós e contras". moderado por Fátima Campos Ferreira, debateu ontem o desassossego causado pela publicação das caricaturas de Maomé num jornal dinamarquês. Os cartoonistas António e Luís Afonso, estiveram de serviço em defesa dos deus colegas atacados por blasfémia, mas também da sensatez e da livre aplicação das ideias. Foi giro perceber que quem melhor defende a liberdade de expressão são os que são acusados de intolerância. Também é giro verificar que os representantes dos ofendidos que vão a estes debates são sempre muito compreensivos e tolerantes. Parece que não vão lá fazer nada. Os defensores da violência, que está a alastrar, nunca são os que dão a cara. preferem partir a cara aos outros,
Colocada esta questão, o líder dos islâmicos portugueses, ou lá o que é, pronuncia-se contra as reacções violentas, apesar de ele próprio defender a proibição da publicação dos desenhos. Já o bispo representante da igreja católica (cordato e educado como convém) confrontado com as opiniões de António e de outros cartoonistas ouvidos em diferido, em que põem em causa as atitudes autistas acerca da pedofilia e da contracepção, assim como a exigência de um tratamento especial por parte da Igreja, responde que falar de tudo isso são abstracções e que se há crimes de pedofilía cometidos por padres, como crimes que são, devem ser julgados em tribunal. Isso é óbvio, mas foi interessante perceber que a igreja católica é uma abstracção que lava as mãos de tudo o que não lhe interessa tomar posição.
Pensando bem, é assim mesmo que deve ser. Ainda bem que não mandaram para ali um defensor do islamismo radical, capaz de partir aquilo tudo, ou mesmo fazer-se rebentar com um cinto de explosivos à cintura. Aqueles estúdios ainda foram caros. Assim como o Luís Afonso, o António e os outros opinadores fazem cá falta.
Em democracia é importante a opinião de todos.
Nem todos podem dizer o mesmo.
JTD

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Meter baixa é o que esta a dar...

Manuel Alegre não sabe o que fazer com o milhão que lhe saiu no dia 22 de Janeiro.
Hesita em voltar à Assembleia, às lides partidárias, ao terreno.
Para pensar na sua vida futura resolveu meter baixa, ficando assim com mais tempo para os jantares e encontros com os seus cortesãos.
Um bom exemplo para o povo que nele confia e uma grande ajuda para o governo do ainda seu partido, que encetou um combate aos comportamentos pouco recomendáveis de alguns portugueses que insistem em "meter" baixa, para lhes sobrar espaço para outros afazeres.
JTD

Só nos saem duques...

Na semana passada, o presidente da câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, resolveu obsequiar a monarquia portuguesa, com uma placa, colocada em parede municipal, referindo os acontecimentos que prenunciavam o fim da monarquia. Não passou de uma singela homenagem, com a presença, em massa, dos indefectíveis da submissão a Duarte Nuno de Bragança. E lá estava o próprio, para grande alegria das dezenas de pessoas que até tiveram a oportunidade de gritar "Viva o Rei".
E o "rei" (salvo seja) lá botou faladura. Que sim senhor, que a monarquia é um exemplo de desenvolvimento das nações, que Portugal estaria mais avançado se vivêssemos em monarqiua, que a culpa do estado em que estamos é da república, enfim, vendeu os seus "Souvenirs" e lá foi à sua vidinha.
Será que o país de que Duarte Nuno fala é o mesmo que o rei D. Carlos referia naquela célebre frase "lá vamos nós para aquela piolheira", quando regressava do estrangeiro? É giro ver como estes reis, condes e duques adoram o seu povo. E como o povo lhes está reconhecido, viu-se no ajuntamento que se deslocou à Praça do Município.
Claro que o que diz D. Duarte não tem a mínima importância. O que está em causa é a atitude de um autarca eleito em democracia e em regime republicano. Estará Carmona de acordo com o que foi ali gritado?
Lamentável.
JTD

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Incompetência por cabo

Caros visitantes e pacientes, a minha participação neste blogue tem sido afectada pelo impressionante mau serviço da Netcabo. Ando em demanda com esta inenarrável empresa, que para além de levar couro e cabelo, fornece um serviço inacreditavelmente medíocre. Apesar de tudo, para eles o cliente nunca tem razão. É, de facto, impressionante.
Depois conto...
Até breve.
JTD

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Ele há com cada imperativo...

O julgamento de Avelino Ferreira Torres foi adiado para a próxima semana.
Segundo os jornais, o advogado de defesa do vereador-bandido alegou imperativos profissionais para faltar à sessão no tribunal.
Quer isto dizer que o referido advogado não leva muito a sério o julgamento deste seu cliente.
Pelo menos não é um imperativo profissional.
Preocupante.
RR