
O Campo Pequeno foi renovado. Agora, para além de touradas com touros e tudo, é possivel a realização de grandes concertos de bandas musicais e também manifestações religiosas. Hoje termina um dessses grandes acontecimentos. Os pastores de almas ocuparam o púlpito realçando a força dos principios marxistas-leninistas. Odete Santos, que já atingiu o estatuto de poder dizer as "verdades" que lhe vierem à cabeça, teve lugar reservado na tribuna, durante o tempo que lhe apeteceu. O povo do PCP emocionou-se com a camarada Odete. O discurso exaltado e cheio de metáforas miserabilistas faz correr lágrimas de comoção. Honra-se o "socialismo". A crise alimenta a fé que os move.
O sinistro Vitor Dias, agora apeado da estrutura central, fala fora do recinto à comunicação social que ainda tem paciência para o ouvir pronunciar-se sobre a "razão" de o PCP ser o dono da Esquerda. Sente-se bem com a sua própria exclusão. É o tradicional cinismo militante.
Também falou uma professora: a luta é contra o Governo e as suas políticas de direita. Ouvimos esta conversa da treta já lá vão quase quarenta anos. A novidade é que agora todos os professores são do PCP. Também falaram os Bernardinos, os Agostinhos e muitas outras criaturas em delírio contra o sistema.
Hoje é o dia do aprazado culto que aclamará o novo sínodo. O cardeal Jerónimo apresentará mais uma vez o seu refervido discurso, com aquele ar de enfado, ou de grande sofrimento, de quem passa a vida constrangido com o mau estado de todas as coisas.
O Campo Pequeno está preparado para os grandes eventos. Ali podem realizar-se os futuros encontros das testemunhas de Jeóvá, da igreja universal do reido de deus, de concertos dos Tonys com triunfantes carreiras e de outros acontecimentos, uns mais apreciáveis, outros nem por isso. Basta pagar e a porta abre-se. É bom haver nuitos e bons locais para a expressão de cultos e ideias.
É bom para o estado das ideias.
E há ideias em muito mau estado.