sábado, 27 de dezembro de 2008

Deambulatório

Aos sábados, opiniões escolhidas entre as publicadas nas redondezas.
Limpinho - Manuel Alegre diz que quer tudo limpinho: “Que as forças conservadoras se assumam e que a esquerda seja esquerda.” Nada mais simples. O retrato desse mundo vem nos manuais, explicado com clareza e ilustrado por esquemas providenciais que mostram duas cores distintas – a da esquerda e a da direita. Infelizmente, essa realidade a duas cores está longe do espectro em que as pessoas se movem: aqui e ali contam mais as tonalidades, as sombras, os declives e até as aparências. Geralmente, queremos que os outros sejam como achamos que eles devem ser. Mas o problema é que a realidade, muito sacana, vem atrapalhar tudo e encher a vida de surpresas. No caixote de lixo da história e da política há bastantes desses manuais feitos para gente simples; alguns nem para reciclar são úteis.
Francisco José Viegas A Origem das Espécies

Porque lutam os professores? - Nestes dias, vésperas e dias de Natal, percebe-se melhor do que em qualquer outra altura o significado da luta dos professores. Os hospitais estão cheios de médicos, enfermeiros e outros trabalhadores que não podem passar a consoada com os filhos, com os pais, com quem vivem; os hotéis estão cheios de recepcionistas, bagageiros, empregados de mesas; como os hospitais e os hotéis, as estações de serviço; restaurantes, transportes públicos, táxis; e por aí fora. Ganhar acima da média, sair cedo e ser promovido em função do decurso do tempo e não do mérito são privilégios a que os professores se habituaram. É pela manutenção desses privilégios que os professores lutam, se mobilizam, se manifestam. O resto é conversa fiada.
Tomás Vasques Hoje há conquilhas