domingo, 31 de janeiro de 2021

Mês um, em tempo de pandemia


Foi o primeiro mês de janeiro das nossas vidas vivido em pandemia, mas releva-se a vontade de os portugueses viverem em democracia. As eleições presidenciais levaram as pessoas para a rua. Vontade de reagir com atitude a este atropelo que nos apareceu pela frente. Estas eleições foram na semana passada, mas parece que foram à mais tempo. A pandemia acelera o tempo e atrasa as nossas vidas.  

Pela primeira vez na história da democracia portuguesa houve um candidato neofascista. Candidato que gritou que nem um castrado por vitória — euforia ridícula quando não cumpriu um único ensejo prometido —, numa eleição em que teve pouco mais de 11%. O Presidente eleito — com eleição largamente triunfante — arrancou logo na noite eleitoral com um discurso de Estado rigoroso e preocupado com o presente e o futuro do país. Todos os restantes candidatos alinharam em postura de reconhecimento dos resultados com a dignidade que sempre mostraram. Facto: mais de 88% dos eleitores votaram pela democracia. Diz-se: temos que perceber a razão porque votou tanta gente num neofascista. Não penso assim. Temos é que nos preocupar com quem votou na democracia representativa tal como ela está instalada. Claro que não são eleitores completamente de acordo com o estado do Estado — quem o é? — , mas mostraram o que querem: um regime que funcione democraticamente sem demagogos sem escrúpulos a vomitar ódio. 

No futuro, parte dos eleitores vão exercer votações nos seus partidos de sempre — aquilo foi uma graça sem graça nenhuma. O candidato neofascista veio directamente do PSD, em invenção de Pedro Passos Coelho — e regressarão às suas opções apreciadoras da democracia. O facto de existirem quase quinhentos mil eleitores no candidato neofascista pode incomodar. Portugal tem perto de dez milhões e duzentos mil cidadãos. Ressabiados sem instrução que adoram experiências irresponsáveis sempre haverá. Mas não é de quase meio milhão de fascistas que falamos. Há ali desiludidos de toda a espécie que viram num populista demagogo uma vontade de expressar raiva. Foi um vómito ocasional de quem está maldisposto com tudo. Aquilo passa. Digo eu, e espero não estar enganado. 

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Design de comunicação - Ilustração



Estávamos todos com o coração nas mãos. Percebia-se o avanço da doença. Fomos todos artistas naquele espectáculo. Cantámos, trauteámos os famosos e únicos estribilhos zecafonseanos. O que nós gostámos daquele homem. Continuamos a gostar, recordando-o, ouvindo a sua música. 



Passam hoje precisamente trinta e oito anos. Percebi isso porque sem qualquer intenção de procura, fui dar com esta folha impressa que fiz para divulgar o espectáculo. Olhei para uma conhecida fotografia e resolvi ilustrar a rotring, em papel vegetal, o nome maior da nossa cultura que ía dar um concerto no Coliseu naquele dia 29 de janeiro de 1983. Tanta emoção. Tanta gente viva. Parece que foi ontem.

A Fotografia é do Rui Ochôa


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

O amor nos tempos de pandemia


Num tempo em que os contágios são uma ameaça real, falar de encontros amorosos é uma afronta a quem combate a dita ameaça. Também o amor foi interrompido. Quem tem parceiro, ou parceira, pratica ou não, mas não há alterações à vida de todos os dias. Quem não tem parceiro, ou parceira, sonha com o fim desta desdita. 

Vamos percebendo que também o desamor salta para a tona. Os casos de violência doméstica são outra epidemia nacional. Confinados nos seus aposentos, os maléficos agressores soltam a sua imaginação agressiva. Imaginar qualquer coisinha que sirva para humilhar ou agredir é fácil para quem exerce a modalidade com raiva e prazer. Em tempos de pandemia o amor e o desamor domésticos não se alteram. Quem pratica uma coisa ou outra não muda por haver agora uma interrupção de todos os convívios.

O grupo do amor profissional causa-me muita apreensão. Penso regularmente no que será das mulheres que se dedicam à prática do amor pago. Mulheres com filhos que, por razões que davam infinitas séries da Netflix, foram parar às catacumbas da vida. Claro que o que se passa com proxenetas e outros negociantes do sector não me merece qualquer compaixão. Mas a vida de quem por ali anda à força merece a nossa solidariedade. Os apoios sociais não assistem a actividades consideradas ilegais, mas é de pessoas que falamos. Devem ser estimulados apoios alternativos à actividade para quem queira mudar de vida, porque é precisamente de vidas que falamos. Claro que os seguidores do chunga do Chega devem ser adeptos de castrações e outras práticas mutiladoras. Se pudessem até seriam eles a praticar essa justiça. Depois iam à missa e aquilo ficava tudo abençoado. A discussão deste assunto tem barbas e deve ser tratado com as pinças que o direito ao corpo e à vida merecem. Não sei se já há documentação jornalística ou estatísticas sobre o que se está a passar neste segmento, nem sei como se poderá ajudar quem precisa, mas é uma preocupação que deveria estar no rol dos responsáveis políticos e agentes sociais, associada às situações também dramáticas que já vive gente da cultura, da restauração, turismo, pequenas empresas, serviços, enfim, toda a gente que tem de fazer pela vida. Pela sua e pela dos seus. É a minha opinião e vale o que vale, ou seja muito, porque é a minha opinião. 

Imagem BBC News

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Livro do riso e do esquecimento


Os discursos de fim de noite de ontem dizem muito sobre o que os discursantes pretendem. Rui Rio, em fervoroso discurso de vitória, resolveu atribuir a derrota da noite ao PS, esquecendo-se de que foi António Costa que primeiro sugeriu — e na presença do futuro candidato — Marcelo Rebelo de Sousa à presidência. Francisco Rodrigues dos Santos, em discurso também vencedor, decreta a grande derrota da esquerda, esquecendo-se de que ele próprio deverá desaparecer do mapa político já no próximo sufrágio.

O chunga do Chega também ganhou, e que vitória ele teve. Foi felicitado por todos os líderes fascistas europeus. Não se calava. Berrava, a besta, esquecendo-se completamente dos objectivos a que se propôs: ficar em segundo lugar, para na segunda volta se travar de razões com Marcelo, e somar mais votos do que toda a esquerda junta. Nada disso aconteceu, mas ele berrou vitória na mesma. E este é o problema que vamos ter com os novos fascistas. Eles berram sempre. São os arautos ruidosos das novas políticas ajustadoras. Ganham sempre porque o que têm a perder não existe. Eles querem corrigir tudo e mais um par de botas, sem saberem muito bem como. Reprimir, tolher direitos, reprimir de novo. São mesmo os novos fascistas, que tenham paciência os comentadores e políticos que tornam tudo relativo. Podem chamar-lhes o que quiserem, mas são sem qualquer dúvida gente má, sem estrutura humanista, alarves sem vergonha, anunciadores inflamados do vazio de soluções.
Rui Rio é um político muito perigoso. Como anda a navegar no vazio desde que saiu da Câmara do Porto, onde os seus mandatos foram a apologia da ignorância e do gosto duvidoso, agarra-se ao que pensa ser a saída deste interregno. As contas de cabeça que fez são ridículas, esquecendo-se que muitos votos em Marcelo vão voltar à esquerda logo que a esquerda se apresente como tal. Marcelo não foi um candidato exclusivo da direita. Nem por sombras. Não é preciso fazer um desenho, certo?
A esquerda continua maioritária no país, tenha paciência a direita de serviço. Claro que tudo pode mudar, mas sugerir o Chega como partido apresentável não ajuda. Em países europeus onde tal sucedeu o resultado não foi animador para ninguém. A extrema-direita deverá sempre ser rejeitada e não assimilada. A direita democrática, com estes aconchegos, mais parece não o ser.

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domingo, 24 de janeiro de 2021

Há festa na aldeia


A minha esquerda não ganhou as eleições presidenciais. Mas a culpa é de muitos dos meus companheiros de esquerda que votaram no candidato vencedor. Relevo no entanto o seguinte: o chunga do Chega não conseguiu nenhum dos seus objectivos. Não ficou em segundo lugar, nem os votos contabilizados são mais do que os votos nos candidatos
Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira.
Aguardamos a sua demissão. E aguardamos a nomeação de um grunho ainda mais pica-miolos. Os chungas tratam disso. Há mais tarados daquela estirpe lá nos buracos onde se digladiam.

Nas declarações da noite ouvidas até agora, destaco a dignidade de
João Ferreira
e de
Marisa Matias
. E assinalo, sem esconder uma forte gargalhada, as declarações ridículas de Rui Rio. Um palerma é um palerma. A aula de tabuada que nos ofereceu é risível de ridícula, mesmo.
O miúdo do CDS/PP foi o que se esperava. Um tonto não passa de um tonto. Os cretinos não perceberam, ou não querem acreditar no que estão a perceber, que o problema maior é deles. Rio já deu a atender que o chunga do Chega é para alinhar na ida ao pote, para citar o outro, mas o tonto do CDS/PP finge não acreditar que a aproximação do chunga ao PPD/PSD é o fim do CDS/PP.
Bem, para combater a direita e o seu extremo fascista estamos cá nós. Sempre. Eles que se amanhem.

sábado, 23 de janeiro de 2021

Dia de reflexão


Refletir e concluir que não se pode perder um voto contra o fascismo, neofascismo, neoliberalismo radical ou lá o que queiram chamar àquela merda. Bom voto.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Ser fascista hoje




O que define um fascista? Como se comporta, como suporta a democracia, como olha para os outros?

Sempre que o fedor fascista se aproxima, surge a emergência deste debate. Alguns, para se descartarem da contenda, asseguram que o fascismo nunca existiu. Outros insistem em dizer que os fascistas de agora não são fascistas: são defensores de autoritarismos de extrema-direita, pelo fim dos apoios a quem precisa, pela anulação do Estado, pela privatização de tudo o que mexe com a economia e pela porrada de criar bicho para quem se porta mal. Ventura até já disse que se defender isto tudo é ser fascista, então ele é fascista. Não percebo, portanto, por que razão ainda há quem diga que ele não é fascista. Pronto: chamemos-lhe neofascista. Contentes? Mas o que acrescenta o prefixo à definição de  intenções desta gente? É só para se distinguirem dos velhos fascistas?

Rob Riemen teve a preocupação de analisar com precisão estas nuances. Já aqui o mencionei várias vezes e esta não vai ser a última. Chamou ao seu trabalho publicado: O Eterno Retorno do Fascismo. O título é esclarecedor. O que é preocupante é a mentalidade e acção que se desenvolvem ciclicamente tendo uns líderes histriónicos como testas de ferro. Energúmenos sem vergonha que apelam ao que for preciso. Esta gente pode ser chamada como quiserem, mas são, numa definição mais simples, gente má. Rob Riemen percebeu isto e acaba o seu livro dizendo-o:

Já não amar a vida é o segredo terrível da política fascista e da sociedade niilista do kitsch na qual pode estar sempre a renascer. Só quando descobrirmos o nosso amor pela vida e decidirmos dedicar-nos ao que realmente dá a vida — a verdade, a bondade, a beleza, a amizade, a justiça, a compaixão e a sabedoria —, só nessa altura e nunca antes, ficaremos imunizados contra o bacilo mortal a que chamamos fascismo.

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

O declínio do império?

Peter Sellers antecipou a possibilidade, mas foi numa fita. Ficção com algum pressentimento. Na realidade, foi com Trump que o mundo percebeu a premissa: qualquer cretino pode ser presidente dos Estados Unidos da América. 

E fitas fez até ao último dia. Corrido das redes sociais, onde fez campanha e depois, já presidente, governou, prometeu criar as suas próprias redes para comandar o exército de vândalos que o segue cegamente. Parece disposto a encetar uma promissora carreira dedicada ao terrorismo doméstico, atitude criminosa que experimentou no ataque ao Capitólio. O país por muitos considerado polícia do mundo, vai ter de lidar com este novo atropelo interno, liderado por um ex-presidente.
Os EUA experimentaram um governo de extrema-direita, presidido por um bronco farroncas, racista, misógino e sem escrúpulos, que sai agora da Casa Branca sem honra e sem glória. Abandona Washington como um vulgar delinquente chefe de gangue, lugar que vai ocupar com fúrias de derrotado. Esperemos que seja capturado e julgado.


terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Os fascistas saíram da toca


Sara Sampaio disse isto nas redes sociais. Tal como nós, percebeu as pretensões daquela gente. A imprensa cita-a mencionando que foi criticada nas ditas redes por frequentadores afectos ao partido fascista. 

Os comentários dos energúmenos estão ao nível do seu líder, que também comentou as palavras de Sara. O escroque atribui tudo isto à sua própria popularidade e assegura que está tudo com medo dele. A prosápia fascista é qualquer coisa. Ele não se importa de ser um básico sem vergonha, sem preocupações com as figuras tristes que faz. O que é preciso é darem por ele.
Os comentários dos seguidores internautas são verdadeiros mimos: misóginos, sexistas, malcriados, imbecis, enfim... fascistas. De facto, Sara, os fascistas saíram da toca.

A la Trump


O chunga do Chega já fala em arregimentar um exército popular. Assim de relance assegura também que sendo presidente — lagarto, lagarto — , chamará para seu vice Passos Coelho. Ameaça Rui Rio e Marcelo Rebelo de Sousa. Pede atabalhoadamente que se definam. Enche a boca de Sá Carneiro como se soubesse de quem está a falar. Ou seja, o chunga do Chega não imita o seu mestre Trump só pelo dedinho em riste. Ele pensa como o javardolas americano. Só não sabe é muito bem como funciona o poder político em Portugal, mas isso não é importante para os mentecaptos que o apoiam. Vale tudo para alimentar as mentes imbecis dos seus lamentáveis seguidores.

Já agora: Não sei se Rui Rio não responder é bom ou mau. O PPDPSD apoia Marcelo, como tal não deve achar sempre graça ao chunga. Depende das circunstâncias. Mas Passos Coelho estar calado e não se demarcar desta badalhoquice só o define como o badalhoco que ele é. Sá Carneiro aproximou-se de facto da social-democracia. E, não querendo ser coelhinho em pele de carneiro, arrisco em dizer que nunca faria alianças com a extrema-direita fascista. Muitos dos seus parentes políticos condenaram a santa aliança açoriana. Passos e Rio não me parecem grandes fãs das políticas de Olof Palm ou Willy Brant. São neo-liberais encartados aprumados por ajustamentos radicais sem respeito pelas pessoas. Mas esta gente não hesita em alinhar com defensores de presidencialistas autoritários se isso se manifestar como única maneira de chegarem ao poder. É por isso que o chunga do Chega é perigoso. E Passos e Rio também. E chungas, todos.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Abstenção ou voto em branco, não



Estamos perante uma eleição complicada. Há quem tenha a percepção de que o poder do Presidente não tem importância nenhuma. O poder executivo pertence ao governo, logo que se lixem as eleições para a Presidência. Não é bem assim. O Presidente tem poder e exerce-o. Por acaso até temos um bom exemplo em Marcelo. Não dividiu para reinar, apoiou ou vetou como achou que o deveria fazer. Com preconceitos ideológicos, é certo. É a vida. Claro que o estrelato o fascina, mas para pior já basta assim.

Com a entrada no terreno de um candidato fascista — apoiado por Le Pen e fã de energúmenos como Trump e Bolsonaro. E aconselhado pelo salazarista Nogueira Pinto, com a esfinge do velho das botas como ornamento inspirador — é preciso dizer em voz alta que não queremos o regresso a políticas caseirinhas de chinelo, iluminadas por uma evidente tacanhez mental e aplicadas por um ridículo mas agressivo toque de caixa. O discurso trapalhão e sem consistência do alarve que representa a extrema-direita é excessivamente mau, mas há quem goste de chafurdar na pocilga do ódio. Os que votam num cretino desta estirpe só podem ter problemas cognitivos graves. Mas esses podem sempre ser ajudados por psicólogos ou psiquiatras que se documentaram para assistir a casos mesmo já em estado avançado. Votar é uma responsabilidade. É votando que, em democracia, dizemos o que queremos.

Mas a democracia pede mais participação. O que está mal também pode ser culpa nossa, se nos manifestamos apenas para arrasar sem eito. Agora, nestas eleições, a nossa participação cívica na democracia conquistada consiste em votar nos candidatos que desprezam a tacanhez mental e rejeitam o estilo básico do farroncas fascista, que ainda há um bocadinho era outra coisa qualquer. Mas também é alertar para a necessidade de votarmos contra este estado mental. Abstenção ou voto nulo, nunca. Um escroque faz o que for preciso. A extrema-direita encontrou um homenzinho ridículo, sem pitada de vergonha de o ser. Nós temos que votar no candidato que achamos que é o melhor para rejeitar o bandalho fascista. E temos que votar em quem lhe faz verdadeiramente frente. Vamos votar na esquerda para mostrar que somos mais e melhores. Escolhemos em quem votamos, votando em quem achamos que defende o que nós defendemos. Mas votemos. Mesmo. A lucidez democrática exige-o.

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sábado, 16 de janeiro de 2021

Não há vantagens na interrupção abrupta


Já há quem diga que existem vantagens nesta atrocidade natural que nos atingiu. Tipo: pelo menos vamos corrigir certos hábitos, vamos passar a olhar com outros olhos para o ambiente, a higiene passa a ser uma preocupação constante.

Enfim, estas e mais "vantagens" são alinhadas nos discursos de compreensão do que nos está a acontecer. Acontece que na vida real nada é assim. O primeiro desconfinamento e a tolerância com os encontros familiares durante o período natalício tornou-se mortal. Estamos em pandemia, meus amigos. A situação é gravíssima. Os cuidados devem ser extremos. A compreensão face aos encerramentos de locais de convívio e à insistência no confinamento são essenciais, se é que queremos algum dia voltar a conviver. Casa, casinha, lá dentro, sem ousadias parvas. Já basta os que têm mesmo que trabalhar fora de casa para que nada nos falte dentro da nossa. Esses, merecem todo o nosso respeito e solidariedade. Mas para sermos solidários com eles, só temos uma coisa a fazer: ficar em casa. As pandemias trazem males à saúde. Nunca vantagens.

Imagem: BBC

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Guerra total contra o vírus criminoso


Quem pode trabalhar em casa é o que deve fazer, é claro. Mas há quem não tenha essa possibilidade. Seja como for o que interessa é que a gente se proteja. 

Deixemos os convívios e as suas expressões mais efusivas para outros carnavais. Este ano não há carnaval, nem Páscoa, e até já se fala na possibilidade de esquecermos as festividades dos santos populares. São tempos complicados. Tristes. Todo o cuidado é pouco. Todo o resguardo é necessário. Vamos proteger-nos. Vamos resistir a esta maldade que nos impede de viver em pleno. Vamos viver com esperança. Dias melhores virão, se tivermos cuidado agora. 

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terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Grande médico. Cidadão exemplar


Morreu Luis Machado Luciano. Foi um médico/cirurgião altamente reconhecido. 

Exerceu a cidadania com afinco e coragem. Era um homem culto e com um notável sentido de humor. Solidário com os que mais sofrem. Pois é, mas os grandes também morrem. O Dr. Luciano deixa-nos agora, acrescentando ao seu desaparecimento uma saudade imensa. Era bom estar e conversar com ele. Muito obrigado, meu amigo.

Design de Comunicação

 

Da série grandes capas. 

The New Yorker. Arte: Jorge Colombo.

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sábado, 9 de janeiro de 2021

Debater o impossível


Era suposto haver debate. Mas as campanhas eleitorais já não são o que eram. Debate-se no vazio, dizem. Só interessa o que pode incomodar o outro: passados com laivos de suposta crueldade, negócios pouco claros, motivações escuras.

A entrada na corrida de um energúmeno sem ideologia nem nada que se lhe aparente veio baixar substancialmente o nível das participações. Confesso que não consigo assistir a debates onde as circunstâncias que os moderam ficam alteradas pela boçalidade e má criação. Espreitei um ou dois momentos da venturosa exaltação do fascista de serviço e mudei imediatamente de rumo. Marcelo parece que foi exemplar no tratamento que deu à execrável criatura, dizem-me amigos. Contudo, não concordo com quem diz que não se debate nada por ali. Excluindo o fascista e o tonto de Rans, os debates entre os outros candidatos atingem níveis de boa argumentação democrática. A democracia funciona dentro dos parâmetros de um saudável conflito de ideias. Os candidatos têm propostas. Debatem-nas porque as têm. Voto sempre à esquerda e espero que os resultados me façam brindar a um futuro com esperança na política, na cultura e na inteligência dos seus praticantes. Os fascistas e os tontos que se lixem.

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Alteração de data de abertura


Devido ao novo período de confinamento para o fim-de-semana, a data de abertura desta exposição é antecipada para sexta-feira, às 18 horas. Esclarecimento feito. Até já.

Somos todos Charlie


O ataque ao Charlie Hebdo foi há seis anos. Morreram doze pessoas, entre ilustradores, jornalistas e outros trabalhadores do jornal. 

Na Festa da Ilustração de 2019 homenageámos as vítimas deste ataque na pessoa de uma delas. Mostrámos o trabalho de Tignous e contámos com a presença da sua companheira, Chloé Verlhac, que fez uma  brilhante intervenção sobre o trabalho do ilustrador que tombou naquele dia 7 de janeiro de 2015. Recordar este atentado à liberdade e ao nosso modo de vida é preservar esta vontade de viver em liberdade.

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

A loucura no poder


Um louco ocupou a Casa Branca durante quatro anos e fez estragos ainda por definir. Hoje, um grupo de loucos seus apoiantes invadiu o Capitólio.

O que se passa neste país é inclassificável. O que se passa com esta gente que insiste em impôr a estupidez e a incompreensão completa da política é tão estúpido que não tem classificação. Nunca o mundo civilizado viveu uma situação destas. Isto é tão mau que passará no futuro a recordação humorística. Se assim não for a nossa realidade vai enfrentar a maldade como política elegível. Lá como cá o perigo está aí. Há quem comece por achar graça aos protagonistas destas loucuras. Depois, quando a coisa azeda, passamos a querer ignorar os aparentemente tontos que exibem a mesquinhez como arma. Há quem ache graça a tontos inenarráveis como Trumps, Tinos de Rans e Venturas. Nunca achei graça nenhuma a cretinos.

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Da contemporaneidade e de outras palavras


Still(H)e(a)ven
é um projecto on going construído durante residências artísticas em Góis, Lisboa, Setúbal, Montemor-o-Novo (oficinas do convento), Arraiolos (Cortex frontal) e La Gomera (casa Tagumerche)

Durante este trabalho, desenvolvido ao longo de 2 anos, debrucei-me sobre um género que penso ter caído em desuso na arte contemporânea, mas que permanece enraizado na nossa memória.
Desde o início o objectivo deste trabalho foi sempre levantar questões sobre a contemporaneidade através dos objectos que consumimos, através de uma espécie de “Pegada Humana” de um certo tempo, de uma certa geração.
Still(H)e(a)ven é a desconstrução da palavra Stilleven; palavra holandesa utilizada para denominar uma corrente artística muito popular durante os séc. XVI e XVII, em Português: Natureza-morta. Desde então, até aos dias de hoje, diferentes artistas se debruçaram sobre este género. Embora não seja possível observar a figura humana neste quadros, eles acabam por ter grande valor antropológico, na medida em que nos permitem reflectir como evoluíram os objectos que utilizamos ou damos importância, ao longo do tempo.
Still + Heaven
Still é uma palavra etimologicamente inglesa, normalmente utilizada como adjectivo (aquilo que não muda), mas também utilizada para se referir a uma fotografia retirada de um filme (frame).
Se por um lado uma fotografia ou um fotograma cristalizam uma imagem no tempo, tornando-a assim perene, por outro a inevitabilidade do avançar do tempo e da mudança dos hábitos humanos acaba por realçar a efemeridade das coisas.
É nesta ideia de Heaven (céu / paraíso) que muitas vezes nos perdemos, Será que somos nós que possuímos estes objectos ou serão eles que nos possuem e representam?
Monstruário #1
Projecção de video (sala de projecção contígua ao Espaço Ilustração)
Duração: 29:32 (em loop)
Filmado na Casa da cultura de Setúbal durante o estado de emergência, este trabalho constrói-se em torno de uma reflexão sobre o presente numa era pandemia.
O vídeo é composto por 4 partes diferentes que se contagiam e acabam por se fundir num objecto fílmico contínuo. Mostruário#1 é um trabalho colaborativo executado pelos 4 membros fundadores do Colectivo.
Samir Noorali – A pensar em ti
Graça Ochoa – A Sós
Inês Oliveira – There´s no place Besides home
Sérgio Braz d´Almeida – Natureza Morta c/ manta de sobrevivência
O Monstro Colectivo nasceu no início de 2020, assumindo-se como uma plataforma de suporte à criação sustentável e contínua de objectos artísticos, com foco no cruzamento de linguagens, na partilha de ideias e experiências, o Monstro Colectivo surge da necessidade duma rede de apoio mútuo no acto de criação, produção e circulação de projectos, num exercício de contaminação cultural a partir de Setúbal.
[Sérgio Braz d'Almeida]

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

João Cutileiro


Morreu o escultor.

As suas mulheres de pedra ficam para que não nos esqueçamos da sua obra. E os desenhos. Que belíssimos desenhos. Muito obrigado, mestre Cutileiro.

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domingo, 3 de janeiro de 2021

O novo normal

 
Entrámos em 2021 a pés juntos. Estamos mergulhados na nova realidade.

Morremos todos os dias às dezenas. Reagimos. Tomamos medidas. Mandamos às urtigas os negacionistas. Rejeitamos os fascistas que agora fingem cumprir a democracia. Não cumprem. Utilizam-na. O cinismo mais atroz vai alastrar na campanha eleitoral. Um candidato imbecil finge ser o arauto do povo. Provavelmente acredita no que diz. Os idiotas são assim. O fascista saído do partido de Rio também deve acreditar na pequenez que apregoa. São assim os anormais desta nova normalidade. O nosso combate faz falta. A nossa normalidade não se ajusta a essa pequenez. O nosso novo normal é outro. É pela ciência. Pela ciência política e pela ciência das descobertas boas. Que se lixem as mezinhas. Que se lixe a política do cinismo populista. Que se lixem os novos fascistas.

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