sábado, 31 de dezembro de 2022

Relatório e Contas 2022

Neste ano que agora se fina, perdi amigos que nos fazem falta. Perdemos gente que nos faz falta. Mas o ano que agora aí vem vai-nos trazer muitos motivos para termos orgulho no que essa gente fantástica fez por nós. Sem eles nada seria como é e, principalmente, como vai ser. Esta gente que perdemos mudou o nosso mundo. 

Olho para o que aconteceu e vejo tudo no feminino. Os atropelos à dignidade das mulheres que estão a acontecer no Afeganistão e no Irão fazem-nos perceber ainda melhor como é importante o que as mulheres andam a fazer. 
Destaco por isso mesmo apenas prestações de mulheres nas minhas escolhas do que entendo pelo melhor que vi, escutei e li no ano agora de saída.

MÚSICA - A ascensão da Cátia — Garota não — aos patamares da relevância mais intensa é um bom sinal. A qualidade musical alia-se a uma necessidade de contribuição para causas que pareciam esquecidas pelo meio musical. O seu álbum "2 de Abril" acentua a autenticidade das origens em sintonia com a vontade de reacção a preocupações com o futuro. Não tenho a certeza do que se poderá chamar "música de intervenção", mas este exemplo deve andar próximo da classificação. É o meu disco do ano.

LITERATURA - Na literatura cá de dentro assinalo dois exemplos maiores: Djaimilia Pereira de Almeida a dar-nos novas da maturidade de uma escrita que se renova em cada livro, com o seu mais recente "Ferry", e Isabela Figueiredo que encontrou em "Um Cão no Meio do Caminho" o seu apelo à necessidade de estarmos com os outros, de nos dizer que temos que estar juntos, ponto. Lá de fora destaco Annie Ernaux com o seu "O Acontecimento". A angústia por que passa uma mulher jovem tentando anular o sofrimento, combatendo pela justiça no feminino. Claro que o Nobel veio dar uma ajuda à divulgação da obra de uma grande escritora do mundo que tanto contribui para mudar as coisas.

ARTES VISUAIS - Ana Nogueira convocou Laurie Anderson e John Cage para nos contar uma história. Depois desenhou em esdrúxulos suportes as florestas em que nos perdemos para encontrarmos saídas airosas, ou não. Foi uma belíssima exposição, esta que habitou em Abril a Casa da Cultura de Setúbal e que agora está — até ao fim de Fevereiro — na DDLX, em Lisboa. Outra mostra digna de destaque é "Para sempre e mais um dia", de Teresa Carepo, na Casa da Avenida, em Setúbal, em Maio. Na altura escrevi isto: Teresa Carepo recria ambientes que nos pertencem, que estão sempre perto, com a subtileza do ourives, ou com a perícia do sociólogo.

CINEMA - Cláudia Varejão realizou "Lobo e Cão". Um hino ao inconformismo. As origens não tem de ditar regras. Somos donos do nosso corpo. O destino não existe. Somos nós que desenhamos o que queremos ser. Grande filme que nos reconcilia com a ideia do cinema feito para pensar, a que já nos habituou CláudiaVarejão.

E pronto. São as mulheres do ano, que prometem muito para os anos seguintes. É ouvi-las, ler o que dizem, olhar para o que fazem. Parabéns a todas.

facebook


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

A Grande Senhora

Vivienne Westwood quis mudar o mundo. E mudou. Mudou o seu mundo. E o nosso mundo, que é também o dela, deve-lhe muito. Muito obrigado, Vivienne.


facebook

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Gente como nós

Quando a liberdade individual está em causa, o que faz falta é avisar, animar, libertar a malta. Destaca-se quem combate a repressão. É de salientar a coragem das mulheres afegãs. Coragem que se mistura com a vontade de esta gente querer ser gente. Gente com letra grande. Gente que quer aprender a ser gente e ensinar, e fazer crescer quem quer ser gente. Temos gente.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Uma história simples



No dia 25 de Março de 2020 publiquei aqui este texto. Enviei-o ao António Mega por correio electrónico. Ele respondeu-me com um simpático e emocionado comentário. 
Faço-o regressar a este convívio hoje, dia em que nos vamos despedir dele.

Imagens: fotografia do João Francisco Vilhena feita no tempo em que António Mega Ferreira dirigia os destinos da Orquestra Metropolitana de Lisboa. E capa do livro Caixas Chinesas, primeiro trabalho dos muitos que fiz com ele, num tempo de amizade que durou trinta e cinco anos.
Quem quiser (e estiver para aí virado) pode ler o texto completo aqui: https://blogoperatorio.blogspot.com/search?q=António+Mega+Ferreira

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

António Mega Ferreira


Morreu António Mega Ferreira. Fim esperado (já estava muito doente), comoção inesperada. Estou sem capacidade para reagir. Sem palavras. A relação de amizade e de trabalho revela-me recordações em cadeia. A fotografia que ilustra este badalar foi feita no Frágil - José Sarmento de Matos, eu, o António Mega e o Fernando Luís Sampaio. Fomos felizes. Divertimo-nos. Mas também trabalhámos muito. O que nós trabalhámos horas a fio. Tudo se misturava - prazer e esforço.
 Devo muito a este homem. Devemos muito a este sonhador, que tornou sonhos em realidade. Muito obrigado, António Mega. Muito obrigado mesmo.

Morre precisamente um ano depois do nosso comum amigo João Paulo Cotrim. Que dia, este.

domingo, 25 de dezembro de 2022




UM ANO SEM JOÃO PAULO COTRIM | Em 2021 fizemos várias refeições no atelier (DDLX) como maneira de reagirmos à "paragem brusca". O João Francisco (Vilhena), o João (Silva), o Bruno (Portela) e eu partilhávamos a mesa. Uns traziam o vinho outros o cozinhado (recolhido num restaurante próximo) e outros (todos) a vontade de comer e conversar. As primeiras imagens registam o almoço de 23 de Março.


Em Maio fomos para as esplanadas, como maneira de experimentarmos a ansiada normalidade. O Eugénio (Fidalgo) fez este registo onde está o João (Paulo Cotrim), outro João (o Silva), outro Silva, o Jorge, e eu. Fizemos muitas coisas juntos. Trabalhámos muito. No dia 19 de novembro almoçámos até à hora do lanche - O João (Paulo Cotrim), o Nuno (Ramos de Almeida) e eu projectámos um esboço de nova publicação e mais uma série de afazeres extraordinários. A criatividade pairava sobre os pratos já esvaziados e os copos em preenchimento constante.

No dia 24 enviou-me uma mensagem: "Bom dia. Estou com covid e já estava na sexta. Não seria pior escarafunchares as fossas" Eu estava no aeroporto. Ía para "fora". Hesitei sobre o que fazer. Perguntei-lhe se se sentia bem. Disse que ía ser internado, mas ainda me falou de um trabalho que tínhamos em comum e em curso, preocupado com a sua resolução. Trabalhou até ao fim.

No dia 26 recebemos a notícia de que uma vida da nossa vida terminara. O João não se sentaria mais à mesa connosco e os livros e todas as publicações ficariam diferentes a partir daquele momento. Depois sucederam-se os momentos para recordar — EnCotrim de Culturas, Festa da Ilustração, Setúbal, Fólio, Óbidos, lançamentos de "Foi Quase um Prazer" —, mas não é a mesma coisa. Recordar não é viver, como diziam os antigos. Recordando percebemos a realidade triste de já não estarmos com as pessoas que tanto amamos. Percebemos o quanto foi importante estar com elas. Foi um prazer enorme ter estado e vivido tantos bons momentos com o João Paulo Cotrim. Resta a saudade. E a vontade de mostrar as coisas boas que ele fez. Até sempre, mano.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Contadores de canções

Ainda este ano não se finou e já estou a receber boas novas do próximo que ainda não nasceu. A garota não e o Sérgio vão estar juntos e ao vivo no Maria Matos. Que bom. Que encontro feliz. Tenho muito orgulho nos meus amigos. Estes dois quase que me fazem rebentar. Bom ano Catia. Bom ano Sérgio. E até lá.

facebook



segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

O palhaço rico vai de carrinho

Ele é carros, foguetões, opiniões. O Twitter garantiu-lhe lideranças, mas também o conteve na subida. Ao assumir a desgraçada gestão da rede social, recuperou a conta de Trump e Bennon, e correu com jornalistas de que não gostava. Agora foi a vez de utilizadores da rede social quererem correr com ele. Querem vê-lo pelas costas. O seu aparecimento constante é incómodo. O homem é um espalhafatoso ridículo. Será sempre uma boa notícia, a saída de cena deste pobre palhaço rico. Vá de carrinho.


facebook

domingo, 18 de dezembro de 2022

Design de comunicação


Da série Grandes Capas. Charlie Hebdo
Sempre fora dos eixos, mas assertivo (seja lá isso o que for, ou chamem-lhe o que quiserem).

sábado, 17 de dezembro de 2022

Com João Paulo Cotrim






E para ali estivemos, tatibitates, a tatibitatear o que nos viria à cabeça se o João Paulo (Cotrim) ali estivesse com a gente. A sua gente, diga-se. Ele não apareceu. Ficou escondido nas palavras que nos deixou para nosso regalo. Pensava em tudo, o sacana, e não queria que nos faltasse nada. Só que sabe a pouco, este excepcional trabalho do Jorge Silva, que agora provocou este encontro na Barraca, ontem, e que hoje nos vai levar ao Museu de Setúbal — 17 horas , na sala da exposição NUVENS. Trabalho excepcional, repito, que nos dá vontade de procurar tudo o que ele pensou e passou para escrita. Esta escrita é do caraças. Faz-nos andar ali às voltas: ler, olhar, voltar atrás, olhar de novo, tentar perceber, perceber, saborear as palavras, como se estivéssemos à mesa, em postura de petisco. Vamos ter de encontrar o que ele escreveu mais: ensaio, poesia, crónica, esboços de textos que são já grandes textos mesmo em esboço. Foi tão bom conhecer o João Paulo (Cotrim). Foi mesmo um grande prazer. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Receituário

Casa da Avenida

Livraria Snob

Este fim-de-semana está a abarrotar de estímulos para a nossa vontade de gastar dinheiro. Bem gasto, diga-se, e em produtos de estalo. Falo das virtudes do consumismo sugeridos por organismos geridos por amigos e que se inserem longe das chamadas grandes superfícies, que de grandes só têm mesmo a superfície.

Em Lisboa, a Galeria Monumental e a livraria Snob têm pilhas de desenhos e de livros, respectivamente por esta ordem — produtos culturais de gabarito, note-se — que fornecem por quantias acessíveis.
Em Setúbal, correspondem a esta minha exigência, a Casa da Avenida, com o seu já tradicional Natal de Papel, e a lindíssima livraria Culsete, que nos apresenta os livros tão bem que até mete impressão. Boa impressão, diga-se.
E pronto, sugiro visita. E depois, este sábado, às cinco da tarde apareçam no Museu de Setúbal/Convento de Jesus para falarmos da obra gráfica — escritos sobre ilustração — de João Paulo Cotrim. Há tempo para tudo. E há horas felizes. Festas felizes. Bom fim-de-semana.
Casa da Avenida

Livraria Culsete



quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

João Paulo Cotrim



OBRA GRÁFICA | Apresentação em Setúbal, sábado, às cinco da tarde, na exposição de João Francisco Vilhena que ainda está patente no Museu de Setúbal/Convento de Jesus. Falamos deste livro e do último projecto publicado por João Paulo Cotrim: NUVENS. 

Esta apresentação funcionará como finissage da Festa da Ilustração - Setúbal. Para o ano há mais. Foi uma grande festa, dedicada a uma grande figura da cultura portuguesa. É um prazer estar nela.

Badalamenti


Assim de repente lembro-me de Blue Velvet, Twin Peaks, The Straight Story e Mulholland Drive. Trabalhos que nasceram da colaboração com David Lynch. Mas fez muitos mais. Ajudou-nos a perceber melhor as fitas. É um grande compositor que desaparece. Fica por cá o que fez. É muito. Muito obrigado, senhor Badalamenti.

É preciso fazer um desenho?


É, sempre. João Paulo Cotrim não desenhava, mas desenhava. Desenhou estes textos com olhos de escritor e cabeça de desenhador. Desenhou com palavras. e desenhou tão bem. É Por isso que este livro tem por subtítulo OBRA GRÁFICA DE JOÃO PAULO COTRIM. Será uma ironia, mas uma ironia que estabelece uma ligação entre uma coisa e outra com a inteligência e o rigor intelectual a que nos habituou João Paulo.

A apresentação é n' A Barraca, em Lisboa, mas no dia seguinte estaremos em Setúbal, sábado, às cinco da tarde, na exposição de João Francisco Vilhena que ainda está patente no Museu de Setúbal/Convento de Jesus, para falarmos deste livro e do último projecto publicado por João Paulo Cotrim: NUVENS.
Esta apresentação funcionará como finissage da Festa da Ilustração - Setúbal. Para o ano há mais. Foi uma grande festa, dedicada a uma grande figura da cultura portuguesa. Foi quase um prazer.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Aparentemente nascemos todos iguais, mas não


Annie Ernaux
pretende “reparar a injustiça social ligada à classe atribuída pelo nascimento”. Retive esta frase do discurso de laureada, na entrega do prémio. E gostei do que ouvi. Ler a escritora faz bem. Perceber o seu papel na vida também acrescenta alguma coisa à nossa percepção das coisas.  O comité Nobel reconheceu a escrita e a vida de uma grande senhora.

Maria Manuel Viana


Uma vez encontrámo-nos num lançamento de um livro de Enrique Vila-Matas. Aconteceu algo inesperado, no mínimo: o livro não apareceu. Vila-Matas não se desmanchou e falou do livro com toda a propriedade. Era o seu mais recente livro e estava ali a ser apresentado sem objecto físico. Viemos a saber que a distribuidora o mandou para a FNAC-Chiado, mas aconteceu qualquer coisa estranha e o que é certo é que saímos dali sem livro.

Conto esta história porque foi assim que conheci melhor Maria Manuel Viana. Ela tinha traduzido aquela obra. Sem o assunto esperado, acabámos por falar de outros livros do autor em causa e também sobre os livros dela. Eu só tinha lido "Evidências Nocturnas" e lá disse o que se me aprazou. A conversa durou, e eu tive o privilégio de estar ali a dar à língua com tão ilustres comparsas.
A Maria Manuel morreu hoje. Eu nem sabia que estava doente. Surpresa e choque. As releituras aguardam-me. Muito obrigado, Maria Manuel Viana.

domingo, 11 de dezembro de 2022

Andamos nisto


Gosto de festas. Natal é festa. Nascer é entrar na festa da vida. O nosso natal é quando passamos a ter um corpo para viver a festa e o fim dela. O despertar para as dificuldades. O reagir aos atropelos. Sermos resilientes, como é moda dizer. Claro que não se pode viver sempre em festa. O dia a dia não é uma festa permanente. Mas podemos lutar pela felicidade, e por fazermos os outros felizes connosco. Basta sermos decentes, solidários, generosos. Às vezes não é fácil, eu sei. Às vezes as nossas razões combatem as razões de outros. As razões dos que acham que têm sempre razão. Isso deve manter-se. Sermos solidários e generosos não significa ficarmos agachados perante a intolerância e a soberba. Seremos generosos e solidários com quem sofre. Somos donos do nosso corpo e das nossas atitudes. Não nos dêem recados nem nos encharquem com ameaças veladas. Não nos acenem com a intolerância. Seremos intolerantes com a intolerância. Estamos vivos, e isso já chega. Vamos inventar mais atitudes para continuarmos a estar uns com os outros com originalidade, inteligência e dignidade. Podemos tentar, pelo menos.

sábado, 10 de dezembro de 2022

Poesia de José Afonso em apresentação em Setúbal


Foi um muito agradável fim de tarde. Participação especial de Fátima Medeiros, com análise certeira à poesia de José Afonso. Surpreendente. Surpreendente também a intervenção de Alice Brito, realçando a saudade de alguém que nos despertou para os melhores palavras e para os melhores sons, e denunciando a recente adopção de uma certa palermice musical por parte de uma esquerda menos avisada. As Palermices verbal e musical sempre foram combatidas por Zeca e pela esquerda cultural (seja lá isto o que for). A apologia da parvoíce é para esquecer. E intervenção diferente de Jorge Abegão, despontada pelos alertas de Fátima Medeiros. A exposição de João de Azevedo — observável neste Espaço João Paulo Cotrim — observou-nos todo o tempo, Foi também gratificante a presença de Zélia Afonso. Muito obrigado a todos. Temos muito para aprender com quem sabe. Que se lixe quem nos tenta manter na pocilga cultural da música e das palavras parolas. Bom fim-de-semana para todos.



facebook

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022


POESIA É PARA PENSAR | Sala a abarrotar, no lindíssimo palacete do Brotéria. Fomos todos perceber o que pensam Rui Vieira Nery, Jorge Abegão e Sérgio Godinho da obra poética de José Afonso. Momento de alta cultura. Maria do Céu Guerra e Luís Lima Barreto leram a sua escolha pessoal. Excelente. Catarina Anacleto pôs o violoncelo em diálogo com as melodias de José Afonso. Que momento único. Que bom.

E esta sexta-feira é na Casa Da Cultura | Setúbal. Jorge Abegão vem falar sobre o seu competente trabalho de organização do livro. Alice Brito, Fátima Ribeiro de Medeiros e eu vamos falar pelos cotovelos e também recitar os poemas de que mais gostamos. Vai ser custoso, eu sei. A tarefa é difícil para quem gosta tanto dos textos de José Afonso. Se calhar também vamos cantar. Veremos. Apareçam. Vamos começar às seis da tarde em ponto, no Espaço João Paulo Cotrim.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

O poeta José Afonso



O livro vai ser lançado dia 8, quinta-feira, em Lisboa, no Brotéria. E depois, na sexta-feira, dia 9, vamos falar da poesia de José Afonso na Casa Da Cultura | Setúbal. Vamos todos conversar e dizer poesia. Primeiro ouvimos uma música do mais recente álbum reeditado: Com as minhas tamanquinhas. Seguem-se as intervenções dos participantes anunciados, e, depois, cada um dos ditos escolhe um poema e di-lo ali com todo o talento que a natureza lhe conferiu. Todos os participantes podem dizer um poema se lhes apetecer. Até cantar, se não colocarem em perigo a saúde auditiva dos demais.

ALGUÉM VIU OS MEUS ÓCULOS? | É a reedição de uma iniciativa já experimentada. Foi iniciada na Casa da Avenida, com Viriato Teles em conversa sobre José Afonso, e em outra sessão, com A garota não, em que falámos sobre o seu trabalho. As conversas continuam agora na Casa da Cultura. Convidados. Bem vindos.
A Culsete estará presente para que o livro chegue a todos.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Receituário


Em tempos defendi aqui que o dia da apresentação de um trabalho de José Afonso deveria ser feriado nacional. Afinal o aparente exagero cumpriu-se: o próximo lançamento da Obra Poética de José Afonso acontece precisamente no dia 8, feriado. Lá estaremos, é claro. Garantido que a sessão não será abrilhantada musicalmente pela banda da GNR, nem por discurso de Marcelo e nem por missa pelo cardeal monárquico de Lisboa. 

Nota de rodapé: a apresentação em terras de Bocage será no dia seguinte, na Casa Da Cultura | Setúbal. O convite está em elaboração. Até lá.

facebook

sábado, 3 de dezembro de 2022

São jóias


São objectos que nos agarram. São bichos que nos observam. Parecem ora répteis, ora arranjos florais, ora corais saídos de uma submersão que lhes conferiu o tempo da escultura. São esculturas, é isso. Estão para ser vistos, a partir de hoje, na galeria da Casa Da Cultura | Setúbal. Alberto Gordillo anda há sessenta anos a fazer exposições, e veio comemorar connosco. A exposição abre logo à tarde.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Eu quero morrer, se quiser morrer


Publiquei aqui esta opinIão em maio de 2018. Não altero uma palha. Poderia apenas acrescentar as declarações aparvalhadas do repugnante fascista Ventura, que entretanto entrou em cena. Não o vou fazer. A figura e o que defende provocam-me o vómito. Eis o texto:

O MEU CORPO É MEU | O debate vai ser duro e estúpido. Os que querem decidir o que os outros devem pensar não desarmam. Os argumentos são ridículos, mas ainda convencem incautos. E depois há a disciplina partidária. Que é lá isso?! Se o meu partido diz que a eutanásia vai dizimar a população é porque é verdade. Esquecem-se que com a despenalização do aborto foi a mesma coisa. Aprovada a lei, os abortos iam ser feitos por dá cá aquela palha à porta do palheiro. Com a eutanásia passa-se exactamente a mesma coisa. A religião não os deixa ver que havendo uma lei para a morte assistida, a assistência para que um final de vida tenha dignidade e elimine o sofrimento é reforçada. Acontece exactamente o contrário do que esta gente sugere. Basta lermos as propostas de lei. Existindo uma lei civilizada é dada mais atenção ao fim da vida. Com isto não estou a defender que eu próprio venha um dia, em fase terminal, a pedir essa assistência. Mas devemos ter o direito de escolher. Sem hipocrisias. Sim, porque a "defesa da vida custe o que custar" é complexo ideológico da direita e imposição religiosa transversal às ideias. Mas é sempre uma ideia que proíbe e que desrespeita quem pensa o contrário. Um dia existirá uma lei que definirá uma aplicação cuidada e justa. Tem de ser. Deixem os outros ser donos do seu corpo e do que quiserem fazer com ele. Deixem-se de merdas.

Já agora: Cavaco saiu do formol para repetir as inanidades que o celebrizaram. Triste como sempre. Eu fiquei contente com a comunicação do parolo aos parolos. Assim percebi melhor a razão de nunca o ter apreciado. Facilita a coisa.