Hoje à noite vou fazer palavras cruzadas com o Paulo Freixinho. Vai ser ao vivo., na Casa da Cultura, em Setúbal. Provavelmente vamos inventar uma palavra. Ou mesmo duas. Vocês vão ver.
Marcelo vai convidar todos os chefes de Estado africanos de expressão portuguesa para os 50 anos do 25 de Abril
QUE CASA SOU? | João Concha ilustra, pinta, edita e publica livros e ilustrações, faz coisas que servem para ser olhadas, lidas, observadas com prazer. Estes trabalhos visuais de grandes dimensões que agora nos permite observar têm escondidos armários com gavetas a abarrotar, outras vazias, e têm molduras antigas e carpetes muito pisadas. Tudo isto está entre as paredes desta casa que lhe provoca a interrogação do título que escolheu para esta exposição no Espaço/galeria da Casa da Cultura, Setúbal.
Que casa somos? Que casa queremos? Para que queremos casa? Para vivermos, ou para simplesmente mantermos lá dentro o que temos que guardar para usar cá fora no dia-a-dia? Há casas que abrem para dentro e outras que abrem para fora. Somos a casa que fazemos. A casa é a nosso rosto e o nosso corpo todo. A nossa vida está toda ali guardada. Quem já "desfez" casas de parentes falecidos sabe o quanto é difícil lidar com esses fins. Vidas inteiras nos segredos daquelas paredes. Mas deixemos a tristeza. Estas casas são alegres. Percebe-se o contentamento do fazer. Parecem convidar-nos a entrar.
João Concha teve a ideia de procurar a sua casa em riscos, cores, planos moldados pela sua vontade de encontrar a maneira de estar lá bem. Procurou um conforto, digamos. Será que o encontrou?
No próximo dia 8 de julho vamos estar com ele na abertura da sua exposição em Setúbal. E mais tarde iremos conversar sobre tudo isto. Convidados.
Álvaro Siza Vieira completa hoje 90 anos. Um arquitecto excepcional que marcou a paisagem de muitos lugares em todo o mundo. Marcou pela inteligência da resolução e pela vontade de equilibrar funcionalidades. Álvaro Siza não muda paisagens: acrescenta conteúdos funcionais respeitando o lugar envolvente. O projecto da Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Setúbal é um bom exemplo. Há uma árvore que assistiu ao desenvolvimento do projecto em seu redor. Nem um toque sofreu. O respeito pela natureza é evidente. A vontade de envolvimento na paisagem, sem ornamentos ou piroseiras decorativas, marcam a obra deste galardoado arquitecto. Este projecto em Setúbal é uma pérola. Tive o gosto de trabalhar com ele em dois projectos. Gosto e honra. E foi também um prazer estar em contacto com ele. Hoje faz 90 anos. Muitos parabéns, caro mestre.
Hoje é o André Gago que vai conversar com o João Francisco na biblioteca da Sociedade Nacional de Belas Artes. Lá estaremos. Até já.
Falar de fotografia com fotógrafos, é a ideia. E é já esta quarta-feira, às seis e meia da tarde, na NO FRAME, em Campo de Ourique. Até lá.
Afinal a fotografia foi inventada muito antes do tempo em que é inscrita na História. Leonardo da Vinci foi fotografado, com a sua modelo Mona Lisa, três séculos antes da data que se atribui ao primeiro registo fotográfico. Surpresa extra: Marcelo já tinha inventado as selfies. Esta é a prova. E ainda há quem tenha dúvidas e tenha pedido esclarecimento de veracidade da primeira fotografia ao Polígrafo SIC. Há gente muito desconfiada.
O primeiro-ministro fez escala na Hungria para assistir a um jogo da bola e dar um abraço a Mourinho. Também abraçou o líder da extrema-direita e actual presidente húngaro. Marcelo diz que tudo na boa. Justifica a cena como se da coisa mais natural da vida se tratasse. A malta da bola entende-se. Claro que é a coisa mais natural do mundo desviar-se um avião do Estado para ir ver a bola. É normal: os aviões do Estado devem servir os estadistas. Mas para ir abraçar o mete-nojo do Mourinho?! E assistir a um jogo ao lado de um delinquente político? Depois de tanta balbúrdia por causa de comportamentos lamentáveis, se calhar devia de haver mais cuidado na escolha das viagens. E dos abraços. Digo eu, que não vou em futebóis.
RUI CUNHA | Soube agora pelo André Gago que morreu o Rui Cunha. Estive com ele pela última vez numa festa em casa do André. Falámos do passado em que nos conhecemos, de vinhos, de fotografia e da vida boa no campo. Era um excelente fotógrafo e um amante militante da natureza. Eu gostava muito do Rui. É muito triste perceber este fim. Foi bom conhecer-te. Muito obrigado, Rui Cunha.
Carmo Afonso é, na minha opinião, uma das pessoas que melhor opinião têm na imprensa que se publica em Portugal. No Público de ontem saiu este seu texto que opina sobre as homenagens de pesar pela morte de alguém que obviamente não as merece. Os mortos não são todos iguais. Exactamente porque os vivos também não. É ler.
Claro que vou até ali dar um abraço à Inês, ao Sérgio, ao Henrique e ao André. Os livros deles já bebi, e os vinhos da Leonor (de Freitas) também. Vou lá conversar sobre isso. É tão bom conversar. Os livros ajudam muito.
É já amanhã, quinta-feira, que o João Francisco Vilhena vai conversar com o André Letria sobre isto, aquilo e mais aquilo ali. O João e o André são meus amigos. Já falei muito com eles. E garanto que eles sabem conversar. É por isso que vou lá conversar com eles. É muito bom conversar. Aprende-se sempre.
AINDA O CARTAZ PALERMA E RACISTA | O autor do cartaz racista diz que chamar racista ao cartaz é exagerado. O parolo que lidera o partido fascista diz o mesmo. Para eles tudo é possível, desde que se pratique o racismo dizendo que não há racismo nessa prática. É opinião. É Arte, diz o autor. O homem acha-se artista, vejam só.
Estes cartazes já foram exibidos em muitas manifestações. Quem os exibe são professores em luta. António Costa já tinha chamado a atenção para a violência dos frustes desenhos: "ninguém gosta de se ver com um lápis espetado no olho", disse em entrevista. Agora aludiu ao racismo também evidente. Todos os sindicatos se afastaram do violento protesto. Então quem patrocinou aquilo? Quem pagou as impressões gráficas? Foi o autor? O professor que assina a autoria diz, cinicamente, que o desenho representa um porco fofinho. É um miminho para o primeiro-ministro, acrescentou em modo vedeta do momento em entrevistas constantes para as televisões. Parece estar a fazer concorrência ao parolo fascista do Chega. O autor daquela coisa acha-se artista, e acha que pode apelar à violência porque isso é liberdade artística. Lápis espetados nos olhos já usou nos cartazes contra o ministro João Costa. Mas a esse não acrescentou focinho de porco.
Conclusão: focinho de porco é só para quem não é branco. Os outros todos podem levar simplesmente com lápis a furar os olhos. É a liberdade artística de quem é rapadinho de ideias.
O cartaz da moda foi já rejeitado pelos sindicalistas respeitáveis e também pelos outros - os idiotas. Só mesmo o parolo do Chega, apesar de se afastar da manifestação de imbecilidade, diz que aquilo não é racista e subscreve a ideia sem problemas, o imbecil. O costume. O cartaz é estupidamente racista e o seu autor, se diz que não o é, é porque não percebe o que anda ali a fazer. É professor, dizem as notícias. Lamenta-se. O desenho é atribuído a um Pedro Brito que não é, obviamente, o ilustrador de gabarito que conhecemos. O Pedro resolveu esclarecer tudo, depois de ter sido associado à autoria daquele esterco racista e xenófobo. Claro que quem conhece o Pedro e a sua obra nunca teve qualquer dúvida. O Pedro Brito é um excelente artista. O seu nome está associado a muito bom trabalho na ilustração e na realização de cinema de animação. Resolveu comunicar o seu incómodo provocado por esta associação à alarvidade do seu homónimo. Eu partilho o seu esclarecimento. Pode alguém andar muito distraído.
facebookE VIVER, NÃO É PRECISO? | Confesso que nunca pensei dizer isto: estou farto de turistas. Tropeçamos neles como se de pedras de calçada soltas se tratassem. Na zona onde trabalho diariamente, pululam entre a normal curiosidade e a anormal falta de respeito por quem lhes aparece pela frente. Já fui atropelado por um viajante alemão que se indignou por eu existir naquele preciso momento em que ele necessitava contra tudo e contra todos de entrar numa daquelas igrejas que estão frente uma à outra no Chiado. Dito isto, e relembrando que nunca pensei dizê-lo, acrescento então uma pergunta: para que querem outro aeroporto? Para meter mais gente na cidade? Aonde?
Salman Rushdie deu uma entrevista a Ana Daniela Soares, Transmitida no programa Todas as Palavras, a passar na RTP3. De entre tudo o que de muito importante disse, destaco a alusão à importância das palavras que ficam depois das ocorrências. Reis, presidentes, milionários podem praticar a soberba e a extrema vaidade, mas são as palavras dos escritores que ficam para contar essas veleidades assustadoras ou ridículas. É a literatura que aperfeiçoa a realidade, como sugeria Buckowski.
ARTISTAS UNIDOS | E é já esta quinta-feira, dia 8 de Junho, que estreia ADAM de Frances Poet!, às 19h00 no Teatro da Politécnica.
Hoje comemora-se não sei bem o quê. Ah, sim, é mais um alerta. Venha ele. Livremo-nos do plástico sempre que possível. Usemos vidro e papel. Reciclemos. Sempre. Pelo bom ambiente. Pelos bons ares.
É como se nos deixassem ficar durante uma noite num museu. Modelos saem do escuro. Despem-se. Experimentam expôr-se aos artistas em posições delicadas. Observam. São observados. Os artistas adormeceram. De repente surge alguém. Um guarda? Um visitante mais distraído? Não se percebe. Os corpos despidos circulam. Enleiam-se. Existe entre estas paredes uma nítida apologia da intimidade feminina. A artista que fotografa regista a proteção. O aconchego. O conforto desta nudez tão pura e inquietante. O fascínio que a visualização destes ambientes transmite provoca melancolia. Nostalgia das pinturas e das esculturas de outras vidas? Talvez. Mas surpresa também. Apetece-nos dizer: tocar não se pode. Mas percebemos que a tentação exista. Queremos perceber o que estamos a ver. Agrada-nos esta companhia. Parece que já "lemos” isto em qualquer lado. A Literatura explica tanta coisa que olhamos e que não percebíamos até aí. Estas imagens são metáforas visuais para lermos e reflectirmos. Está tudo na Literatura. Esta exposição da Mariana Castro também. E dava um livro. Dos bons.