quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Liberdade, querida e suspirada...

Ninguém gosta de ser remetido para o lugar da obediência acéfala. Há quem ocupe esse lugar para ter um lugar. Há quem o faça por medo. E depois há quem perca o medo. Ninguém quer ser reprimido. É contranatura. As ditaduras reprimem. Não gostam de pessoas que resistem. Não gostam de pessoas. As ditaduras apreciam apenas os seus próprios egos. Os seus próprios irreais anseios. As suas vaidades. As ditaduras matam. Os ditadores mandam matar. A liberdade está morta na China, terra que nunca a conheceu. Há lá pessoas que a querem conhecer. Prazer em conhecer-vos.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Resumo da matéria dada


Vivi no último fim-de-semana momentos de convívio com a memória das melhores vivências. Participei na sexta-feira na apresentação do livro "Passagens, com Manuel António Pina", na excelente livraria Travessa, no Principe Real, em Lisboa, e no domingo, na Casa da Cultura, em Setúbal, aconteceu algo de mágico e absolutamente extraordinário: o lançamento da nova edição do álbum "Com as minhas tamanquinhas", de José Afonso, com uma exposição de João Azevedo adicionada ao acontecimento. Estamos portanto perante três grandes figuras da cultura portuguesa e universal em convívio com quem teve o privilégio de ali estar, naqueles ambientes de exigência e saber. 



As palavras de Rui Vieira Nery, José Pacheco Pereira e Jorge Abegão foram lições de gabarito elevado. Os depoimentos de B Fachada e os ajustes históricos de Adelino Gomes permitiram-nos perceber ainda melhor a intemporalidade da obra de José Afonso. 
A moderação jornalistica de Nuno Galopim, profissional e integrada na naquela atmosfera, foi exemplar.

Entre estes dois momentos de excepção, ainda tive a prazenteira tarefa, no sábado, de estender a curadoria da exposição do João à sua montagem e apresentação final (muito obrigado Ana Nogueira e Fernando Pinho pela preciosa colaboração), e muito obrigado Rosa Azevedo e Ariana Buter pela confiança que me permitiram mostrar mais uma vez o extraordinário trabalho de João de Azevedo.



E, perdoem-me este desabafo pessoal, foi muito bom voltar a estar com o Pedro Afonso (a distância ditou que não nos tivéssemos ainda encontrado desde o funeral do Pai), com a Zélia e com a Joana Afonso. Estar com quem esteve mais perto de José Afonso instala-nos a sensação de estarmos ainda mais perto dele. Foi com gente bem viva que estivemos ali. É muito bom estar com gente que está viva e com os olhos bem abertos. E a mente. Como diria Manuel António Pina: Ainda não é o fim, nem o princípio do mundo. Calma, é apenas um pouco tarde.

(Esta sessão foi gravada e passará na Antena 1 no próximo dia 8 de dezembro).

domingo, 27 de novembro de 2022


A exposição de João de Azevedo abre hoje, às 18 horas, no Espaço João Paulo Cotrim, da Casa da Cultura, Setúbal. Estas são as palavras que juntei para a apresentação da mostra. Até já.

Em Maio de 2015 João de Azevedo expunha pela primeira vez o trabalho que desenvolveu à volta da capa do álbum de José Afonso Com as minhas tamanquinhas, na Casa da Cultura, Setúbal.

José Afonso escreveu e cantou músicas novas. Mudou o mundo da música portuguesa. Para a divulgação do seu trabalho gravado convidou competentes designers para vestir os LPs que ía lançando para nosso prazer e sorte. José Santa Bárbara foi o mais chamado. Mas outros lembro: José Brandão, Alberto Lopes e  João de Azevedo também foram convocados. Em Abril de 2017 ocupámos as paredes da Casa da Cultura com uma grande exposição sobre o trabalho gáfico na obra de José Afonso. Chamou-se à mostra Mas quem vencer esta meta que diga se a linha é recta. Estiveram presentes os autores mencionados. João de Azevedo também, ºé claro. Conheci em 2013. Só lhe atribuia o pormenor de ter feito a capa do disco Com as minhas tamanquinhas. Percebi que é um homem cheio de mundo. Convidei-o para desenvolver a ideia iniciada nas Tamanquinhas, com o sentido de fazer uma exposição na Galeria da Casa da Cultura. Aceitou o convite e entusiasmou-se. O resultado foi uma exposição transbordante de alegria e emoção. 

Ficámos muito amigos. Muitos outros trabalhos se desenvolveram. A sua morte foi um choque dificil de suportar. Estas iniciativas tentam corrigir a interrupção e procuram recordar um homem único. Um ser humano com o sentido da solidariedade instalado na pele. Temos saudades do João, por isso queremos estar aqui com ele.


Em 1976 saiu o álbum Com as Minhas Tamanquinhas. É o trabalho mais directamente político de José Afonso. Andam por lá denúncias, ironias, gozos tremendos.  Estes desenhos de João de Azevedo documentam essas preocupações e desejos, agora que estas músicas únicas e intemporais voltam a circular nos pratos dos gira-discos, nos leitores de CDs, nas plataformas musicais, nos nossos sentidos.  Muito obrigado, João de Azevedo. Muito obrigado, José Afonso. 

 

Fotografia: João de Azevedo e José Afonso em Roma, e capa do álbum Com as Minhas Tamanquinhas.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2022

José Ruy

Expôs na Casa da Cultura - Setúbal, em fevereiro/março de 2014. Antes tivemos conversas sem fim em muitas ocasiões. Esta fotografia foi tirada por mim numa dessas conversas aqui no meu atelier. Na altura escrevi um texto para a Folha de sala que repito agora, em sua homenagem. Morreu na quarta-feira passada, e eu só agora dei por isso. Estou triste. Muito triste. Muito obrigado, senhor José Ruy.

Começou por tirar o curso de desenhador litógrafo, na António Arroio. Estreou-se nos desenhos para impressão gráfica aos nove anos, no suplemento A Abelha, da revista Colecção de Aventuras. Publicou a sua primeira história aos quadrinhos com catorze anos. Nunca mais parou. O Papagaio recebeu os seus primeiros traços a sério. Depois, outros desenhos foram povoando as mais diversas edições impressas. Fez capas de livros, ilustrações de novelas e as famosas histórias aos quadradinhos. 

Trabalhou para o Mosquito, O Gafanhoto, O Camarada, Cavaleiro Andante, Jornal da BD, Tintin, Spirou, selecções BD, Mundo Feminino, Almanaque Alentejano, Almanaque do Algarve, Humanidade, Selecções de Mecânica Popular, Mama Suma, Diário de Notícias, entre muitos outros.
Tem publicados dezenas de trabalhos de banda desenhada. Deu a conhecer histórias da História de Portugal e do Mundo. É um incansável divulgador desta actividade, percorrendo escolas e organismos culturais. Também experimentou a realização de documentários, sendo esta uma actividade paralela ao trabalho que desenvolve, igualmente raiada de autenticidade comunicacional. Comunicar é o ofício de José Ruy. Escolheu os desenhos para o fazer. Os desenhos são a sua voz.

As nossas tamanquinhas



Nova exposição de João de Azevedo na Casa Da Cultura | Setúbal. Motivo: próximo lançamento de mais uma reedição de um álbum de José Afonso. João de Azevedo desenhou a capa de COM AS MINHAS TAMANQUINHAS, trabalho que vai estar disponível, em nova edição, a partir do próximo fim-de-semana. O título da exposição aborda o desafio que fiz ao João de desenvolver a ideia da capa do disco. Ele primeiro emocionou-se, mas depois entusiasmou-se. Nesta exposição vão estar ainda alguns desses desenhos e outros motivados por outros fazeres, e vai estar observável até ao fim do ano. Abre domingo, no espaço João Paulo Cotrim. Convidados.

Senhor Cinema


A sua vida foram as fitas. Foi figura grada do cinema feito em Portugal, como realizador e como produtor. Produziu muito. Realizou muito. E bem. Penso que foi o único realizador que colocou José Afonso em desempenho, como actor, durante uns breves minutos. Falei uma única a vez com ele, na presença de José Afonso. Mas segui o seu trabalho como se fosse muito cá de casa. E gostava muito dele.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Poema do alegre desespero


Compreende-se que lá para o ano três mil e tal

ninguém se lembre de certo Fernão barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital,

ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.

Compreende-se.

E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto (o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império) com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil, 
e o Estrabão, o Artaxerpes, e o Xenofonte, 
e o Heraclito, e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, 
e a retirada dos dez mil, 
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras, que conquistavam o Lácio e perdiam o Épiro, e conquistavam o Épiro e perdiam o Lácio,
e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos Cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogénio.

Compreende-se.

Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinzas e pó.

Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.

E o nosso sofrimento para que serviu afinal?

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Prazer, camaradas


Passa hoje, na RTP 2. O meu querido amigo João de Azevedo participou neste filme.

A fita é assinada por José Filipe Costa. É uma revisitação. A sexualidade, e a falta dela, é mote. A imagem promocional em que o João entra em atitude de contador de uma sua história, ofício de que tanto gostava e praticava sem omissões, instalou-me uma lágrima mesmo aqui ao canto do olho esquerdo. Que saudades do João. Que vontade de ver o filme. E que tristeza sinto por ele já não estar aqui.
Não percam. É hoje à noite, no único canal cá do burgo que vale a pena frequentar.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Falar do Pina


Vamos falar de Manuel António Pina a partir de um livro que fala dele, com gente que gostava muito dele. E quem não gosta do Pina? Dou um exemplo: eu, que nunca estive com ele, gosto muito dele. A imaginação, o humor, o apurado sentido critico deixam-nos uma extensa vontade de o conhecer melhor. Conhecer a poesia, a crónica, a decência. A Rita Basílio coordenou este trabalho que está a abarrotar de fotografias. Dei a ideia para a capa e o Óscar deu uma perninha no design. Depois a Rita convidou-me para falar com ela sobre o Pina, na sessão de lançamento que vai ser na bonita livraria da Travessa, ali no Principe Real. Ali estarei, com muito gosto.

Para esquecer


“O Qatar não respeita os direitos humanos. Mas, enfim, esqueçamos isto”, diz Marcelo Rebelo de Sousa, presidente do país Portugal. 

O parlamento aprovou a ida do Presidente. Enfim, esqueçamos os 6500 mortos, vítimas de trabalho escravo, nas obras dos estádios; as agressões e impedimentos às mulheres; os crimes contra a dignidade mínima dos cidadãos. A malta quer é bola, diversão e fanatismo. E não é todos os dias que se celebra o futebol e o desporto por cima de milhares de cadáveres. Enfim, é obra.

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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Tamanquinhas e outras estórias


João de Azevedo vai voltar à Casa Da Cultura | Setúbal. O motivo prende-se com o próximo lançamento de mais um álbum de José Afonso. João de Azevedo fez a capa de COM AS MINHAS TAMANQUINHAS, trabalho que vai ser apresentado em nova edição no fim da semana. O título da exposição aborda o desafio que fiz ao João de desenvolver a ideia da capa do disco. Ele fez vinte trabalhos. Nesta exposição vão estar ainda alguns desses e mais alguns feitos posteriormente. A exposição vai estar por cá até ao fim do ano. Abre domingo, no espaço João Paulo Cotrim. Apareçam.

domingo, 20 de novembro de 2022

Vergonha alheia


Para que os milionários do pontapé na bola possam exercer a sua actividade, e para que milhares de amantes deste desporto possam assistir confortavelmente aos desafios, 6500 pessoas morreram durante as obras de construção dos estádios. Isto é normal? Não, não é. 

Nas conferências de imprensa foram deliberadamente esquecidas as perguntas sobre os atentados aos direitos humanos, num sítio onde a agressão é permanente. Alguns apoiantes tornam a coisa relativa esclarecendo que não têm dado por execuções. Ficam para depois dos jogos? Isto é normal? Não, não é. O treinador português que dirige a selecção do Irão, perante uma pergunta de um jornalista britânico que o interroga sobre a maneira como são tratadas as mulheres naquele país, responde com esta pérola: quanto é que me paga para eu responder a essa pergunta?, passando depois para a ironia de gosto duvidoso. Isto é normal? Não, não é. Um fulano que designam como embaixador do futebol diz que a homossexualidade é "doença mental", e acrescenta que as regras ali são as deles e têm de ser cumpridas. Isto é normal? Não, não é. Também não é normal que o Estado português se desloque em peso em apoio à selecção. Nem é normal que o secretário-geral da ONU se tenha deslocado àquele inferno para assistir às cerimónias de abertura. Abertura exuberante que se apresentou em grande exibição do poder financeiro. Piroseira e gastos sem precedentes. Uma baboseira sem tino, nem vergonha. Isto é normal? Sim, é. Esta gente é assim. Parolos criminosos sem vergonha porque não sabem o que isso é. 

Este mundial de futebol deveria estar a ser rejeitado por quem gosta de facto de futebol e de desporto. Não tenho qualquer orgulho em ver pessoas da minha terra a jogar por lá. Nem em ver os responsáveis políticos do meu país em apoio àquela luxuosa choldra. Não vale tudo. Isto é vergonhoso.

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Mário Matos Ribeiro

Fundou, com Eduarda Abbondanza, a Moda-Lisboa. Teve ideias e concretizou-as. Tentou aproximar-se da perfeição. A ignorância visual incomodava-o. Era professor de design de moda, curador, dirigiu iniciativas estéticas. A exigência moldava-lhe a existência. Ainda bem que viveu no nosso tempo. Muito obrigado, Mário Matos Ribeiro.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

O ódio veste farda


A SIC passou uma excelente reportagem sobre o assunto, logo depois do noticiário das oito. Pedro Coelho liderou este trabalho notável. Percebemos que as atitudes estão no comando. Percebemos que o ódio lidera as polícias.

Andam pela PSP e pela GNR. Andam pelas redes sociais em missão de ódio. Espalham a infâmia e a difamação. São agressivos. São manipuladores de informação. São racistas e xenófobos. Agridem fisicamente quem classificam como diferentes. Cometem crimes. Percebemos que o fascista Ventura se aproveita destes movimentos para crescer. O ódio é fermento que faz crescer os fascistas. Os racistas combatem-se; não se respeitam. Racismo é crime. O crime não se respeita.

Oiçam o Arménio e deixem-se de merdas


Em entrevista ao programa Hora da Verdade, do PÚBLICO-Rádio Renascença, Arménio Carlos afirma que não gosta de ver o seu partido queimar-se em "lume brando" por não considerar que houve — houve mesmo — invasão da Ucrânia pela Rússia. E desafia o partido a “corrigir” a sua posição para conseguir ir em frente com o que tem para dizer e fazer pelos cidadãos e pelo futuro do país. O antigo secretário-geral da CGTP diz ainda que aguarda do novo secretário-geral, Paulo Raimundo, atitude rápida. Antes que seja tarde, digo eu.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Saramago 100


Nasceu neste dia o escritor José Saramago. A melhor maneira de o homenagear é lendo-o. Leio-o desde "Manual de Pintura e Caligrafia". Mais tarde parei. Retomei as leituras com outras lentes. Mantenho as mesmas opiniões sobre umas coisas, mas sobre outras não. Os livros são os mesmos. As cabeças vão procurando caminhos. Às vezes mudam. É a vida. É mesmo assim. Não é, senhor José Saramago?

terça-feira, 15 de novembro de 2022

A voz dos assassinos



Temos um criminoso asqueroso, aclamado por alminhas estranhas, a tentar destruir o nosso mundo tal como o conhecemos. Não, não são Biden nem a NATO os culpados de tudo o que não nos deixa crescer. É a vontade de hegemonia deste criminoso e de todos os que consideram a Rússia o sol que nos ilumina. Não pode haver "mas" aqui. O culpado não é Biden, nem é a NATO. É este filho da puta, ponto. Um grande filho da puta. Ele e os tatebitates que o rodeiam.

Senhor Música


Até parece que nasceu num fosso de orquestra. Ou dentro de um piano. Sabemos que dirigiu pela primeira vez aos sete anos. Hoje faz oitenta. Quando tinha dez foi com a família da Argentina, onde nasceu, para Israel. Mais recentemente escreveu um livro para os "espíritos curiosos que tenham o desejo de descobrir os paralelos entre a música e a vida". Deu-lhe como título "Está Tudo Ligado" e como subtítulo "O Poder da Música". Toda a sua vida tem sido dedicada à Música. E à decência. Por exemplo: não percebe o conflito israelo-árabe. Eu também não. Faz concertos com músicos dos dois lados. Sem acrimónias. Músico genial movido por bons princípios de cidadania.

Parabéns, senhor Daniel Barenboin. 

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domingo, 13 de novembro de 2022

Pintar o interior das coisas









Em viagem pela Finlândia, e em incursão pela incrível biblioteca Oodi, em Helsínkia, descobri um artista extraordinário: Reino Hietanen. 

Nasceu por lá, em 1934, e morreu em 2014. Como não o conheci antes, foi como se me fosse apresentado naquele momento em que folheei um dos seus catálogos. Depois fui tentar perceber mais. Vi e tentei ler — o idioma lá da terra domina a maior parte das edições, como é óbvio. Salvaram-me a curiosidade alguns relatos em inglês — tudo o que havia sobre o seu trabalho. Estamos perante um pintor e desenhador de primeiro plano. Um gestualismo controlado por uma vontade de representação que alinha nas melhores intenções de representação visual.  Eu, que sentia a Finlândia como província nos arredores do mundo — só Alvar Aalto se chegava à frente da minha curiosidade intelectual — percebi que não é só a arquitectura que distingue aquele país admirável. Vou conhecer melhor Reino Hietanen. E recomendo-o.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Encontro na Floresta

Foi um encontro de amigos, isto que aconteceu entre as seis da tarde e a hora de irmos jantar. Entrámos pela Floresta, guiados pela Ana, percorrendo os caminhos que atravessam a imaginação.

Deu para falar de tudo o que nos rodeia: o que nos agrada e o que nos agride. Os "esclarecimentos" sobre tudo isto estão escarrapachados na brochura que serve de folha de sala. Foi reeditada a publicação que engendrámos para a exposição de abril na Casa Da Cultura | Setúbal. Agora, em Lisboa, a exposição é diferente. O design expositivo dita as regras de apresentação no espaço. A Floresta é outra. Não é sempre assim?




A FLORESTA DE L
ANA NOGUEIRA
Novembro 2022/fevereiro2023
DDLX Atelier. Lisboa

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Gal


Fomos felizes, com ela, e sabíamos disso. Tem sido bom viver neste tempo de gigantes. Muito obrigado, Gal Costa.

Floresta de L





A exposição está montada. Quinze trabalhos de Ana Nogueira, de esdrúxulo formato, recebem-nos em ambiente de mistério. O atelier está lindíssimo. Gostamos de trabalhar aqui. Até já.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Um Ventura em cada esquina


Também acho que não se deve dar importância a este cretino. Esta proposta é de bradar aos céus. Ridícula. Esta personagem é ridícula. Todos o sabemos. Mas será que convence os idiotas que nele votam? Sim, convence. Esta gentalha anda com sede de justicialismo. Ainda se lembram da premissa "Um Salazar em cada esquina". Agora devem rezar para que um Ventura os surpreenda em todo o lado. Já falta pouco para que comecem a dizer mesmo como querem aplicar estes ajustamentos. A delação e a repressão mais agressivas são linha política aceitável para estes energúmenos. Serão eles a decidir quem é o prevaricador, é claro. Para além do ridículo, o que esta pretensão sugere é tenebroso. A sede de submeterem os mais fracos às suas lógicas ajustadoras insere-se na lógica das políticas repressivas que estes fascistas pretendem impor. Esta gente não é só perigosa politicamente. É má. Gente má que quer minar a sociedade. Já falam em aplicar "correcções" repressivas sem vergonha na cara. Não têm medo de ser ridículos. Sabem para quem falam.

domingo, 6 de novembro de 2022

Binau


Figura marcante do Jazz em Portugal. Figura que viveu no nosso tempo e nos brindou com o seu talento. É bom viver no tempo de gente que nos faz crescer bem. Obrigado, senhor Bernardo Moreira.

sábado, 5 de novembro de 2022

Soma agreste


É uma das minhas músicas de sempre. Intemporal, como tudo o que José Afonso fez. Genial. A grande música por quem a mudou. O seu combate contra a mediocridade que nos continua a agredir os ouvidos e a mente foi longo mas eficaz. Depois disto, nunca mais fui capaz de ouvir cançonetas de mal-ouvir e esquecer. Não faz sentido tentar perceber o mofo e a estupidez. José Afonso ajudou-me a crescer culturalmente. E a esquecer o que nos faz mirrar. A combater mesmo, o que não deixa crescer os sentidos.
Bom fim-de-semana, com boa música.
Esta música está incluída no álbum VENHAM MAIS CINCO, recentemente reeditado. A interpretação visual é do Eurico Coelho.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Ai, Timor


Vitor Gonçalves fez as perguntas. Ramos Horta foi respondendo sinceramente, segundo a sua consciência: "Ximenes Belo continua a ser um herói". " Os crimes prescreveram", logo, se ele vier ter com o presidente de Timor ele dirá: "precisa de alguma coisa?" Esta entrevista é chocante. Eu sei que o "nosso" Marcelo também relativizou o exercício da pedofilia: "Quatrocentos crimes não causam preocupação". Mas este cromo que agora governa Timor foi mais longe. O perdão para um criminoso a monte é total. "Será bem vindo a Timor", diz. Ramos Horta não diz coisa com coisa, mas é presidente de um país. Estamos a assistir à normalização de políticos cretinos no exercício do poder e à apologia da parvoíce como meio de acção. Tempos tristes e insuportáveis.

Receituário


Ana Nogueira expôs na galeria da Casa Da Cultura | Setúbal em abril deste ano. Exposição marcante na programação da Casa. Agora, parte substancial dessa mostra vai transitar para Lisboa, para o espaço da DDLX. Abre na próxima quinta-feira, dia 10, a partir das 18 horas. Apareçam, para olhar, ver, conversar, beber um copo e trincar umas comedorias.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Discurso do filho da puta


Deixemos Alberto Pimenta e o seu excelente poema. Falamos de um filho da puta real. Um não-discurso tenta legitimar a violência dos trogloditas que estão nas ruas em acção de boicote. Os filhos da puta mais básicos desprezam as regras democráticas. O grande filho da puta aproveita a delinquência para manter a aura de liderança que nunca mereceu.

Em cada esquina um toy

Deixei de ir ao Intermarché. Confesso que isso me causa um problema: os sacos de lixo Apta — marca da casa — são os melhores do mercado. Mas aparecer-me um Toy em cada esquina tira-me do sério. A criatura é repugnante: canta mal, o que trauteia é muito foleiro, tem mau ar e é intrusivo e chatarrão. Causa-me brotoeja senti-lo por perto. Mesmo assim em imagem, porque não imagino tê-lo pela frente em gargarejos estridentes de causar surdez. Eu sei que é só um "reclame" manhoso de supermercado, mas o exagero incomoda-me. Agride-me, mesmo.