Fomos hoje despedirmo-nos de Quaresma Rosa. Homem da dinamização cultural. Fundador do Circulo Cultural de Setúbal e envolvido em todos os colectivos que animaram a cidade no último meio século. Estava em todo o lado. Ía a todas. Atento e apaixonado pela história da sua cidade. Era um amigo. Muito gentil e sereno. Bom homem. Recentemente procurava-me para me oferecer recortes e folhetos com notícias e entrevistas que me fizeram ou mencionaram o meu nome e trabalho. Fiquei espantado. Eu não tinha nada daquilo. "Faz mais sentido isto estar consigo", dizia-me. Percebi que guardava tudo o que lhe poderia interessar. Fiquei honrado por fazer parte desses objectos de interesse. Foi muito bom conviver com o António Quaresma Rosa. Muito obrigado por tudo, meu amigo.
segunda-feira, 30 de maio de 2022
domingo, 29 de maio de 2022
Plantadores de ideias
O meu amigo Luis Cardoso falou hoje na página 2, da 2, sobre a resistência timorense e sobre o seu mais recente livro: O Plantador de Abóboras, editado na abysmo pelo meu amigo João Paulo Cotrim. A conversa foi esclarecedora. Um gosto, como diria Sandra Sousa, que é a jornalista que melhor faz perguntas por ali. Foi mesmo um grande gosto ouvi-los.
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Irene Pimentel em Setúbal
O LIVRO - Esta obra analisa o modo como o regime ditatorial português do Estado Novo e a sua polícia política contaram com portugueses para denunciar outros, de que forma os recrutaram e porque aceitaram muitos colaborar com a polícia, prejudicando e destruindo vidas. Revela também que muitos se candidataram a informador da PIDE/DGS junto da tutela do Ministério do Interior ou de outros organismos do Estado, mas também que muitos menos foram aceites por essa polícia para o serem. Com recurso a exemplos, demonstra de que maneira uma cultura de denúncia abalou o sentido ético em Portugal, marcando a sua História de forma trágica.
IRENE FLUNSER PIMENTEL é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, mestre em História Contemporânea (séc. XX) e doutorada em História Institucional e Política Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Elaborou diversos estudos sobre o Estado Novo, o período da II Guerra Mundial, a situação das mulheres e a polícia política durante a ditadura de Salazar e Caetano, e, mais recentemente sobre o período de transição para a Democracia. É investigadora do Instituto de História Contemporânea (FCSH da UNL), tendo terminado um projecto de Pós-Doutoramento, aprovado pela FCT, intitulado "O processo de justiça política relativamente à PIDE/DGS na transição para a democracia em Portugal".
É autora de diversos livros, entre os quais se destacam: "História das Organizações Femininas do Estado Novo" (2000), "Judeus em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial" (2006), "A História da PIDE" (2007), "Espiões em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial" (2013) e "O Caso da PIDE/DGS" (2017). É co-autora de "Salazar, Portugal e o Holocausto" (2013) e de "Mulheres Portuguesas" (2015).
Foi reconhecida com diversos prémios e distinções, nomeadamente o Prémio Carolina Michaelis, 1999, Prémio Adérito Sedas Nunes, 2007, Prémio Pessoa, 2007, Prémio Seeds of Science, categoria "Ciências Sociais e Humanas", 2009. É Chevalière de la Légion d'honneur francesa.
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Luís Carmelo
quarta-feira, 18 de maio de 2022
Morte tem cinco letras
Mas o Luís Afonso pegou nas letras todas do alfabeto e escreveu um livro que põe a morte a dançar. Digo eu, que ainda não li o livro mas, pelo que conheço do Luís, deve ser isso que acontece naquelas páginas.
Vai ser um encontro de amigos, este encontro na Barraca. O João Paulo Cotrim não vai mas vai, como é óbvio. O António de Castro Caeiro vai explicar tudo. A Inês Fonseca Santos e o José Anjos vão ler alguns dos delírios do Luís Afonso. E eu também vou lá. Ouvi-los e dar
um abraço
ao Luís. Um fim de tarde de morte, é o que é.segunda-feira, 16 de maio de 2022
Um gato aos pulos
Conheci o Fernando Sobral quando ele animava entusiasmado o seu Pulo do Gato. Falámos de blogues. Falámos da necessidade de comunicar. Falávamos muito.
Uma vez até o convidei para vir falar ao Muito Cá de Casa, na Casa Da Cultura | Setúbal. Veio com o Rui Cardoso Martins. A Rosa Azevedo deu as voltas à conversa. Foi um acontecimento único, na área da lucidez e do raciocínio apurado. Falámos de tudo e mais um par de pulos. Pulávamos quando conversávamos, apesar de o Fernando não ser gajo para dar grandes saltos. Era discreto e modesto. Em excesso, porque o talento que arrecadava tomava asas ao mais pequeno sopro. O Fernando Sobral foi das melhores pessoas que conheci na vida. Tive esse privilégio. Tenho tido o privilégio de conhecer os melhores. O meu pai dizia vezes sem conta: tenho os melhores amigos. Porquê!? Porque são os meus amigos. Escolhi-os. Escolheram-me. O Fernando está inscrito nesse registo. Escolhemo-nos e agora, os que por aqui vamos ficar mais um tempo, sofremos com este fim. Esta terça-feira vamos despedir-nos do Fernando. Dói tanto.
sábado, 14 de maio de 2022
Fernando Sobral
Custa a acreditar. Mais um amigo que nos deixa. Morreu o Fernando. Tínhamos planos para um futuro próximo — eu com ele e com o João Paulo (Cotrim). O João partiu primeiro deixando-nos a todos em choque. Falei ao telefone com o Fernando sobre esse fim abrupto. Sabia que ele também estava doente, com problemas grandes, mas com resolução. Não chegámos a tratar da sua participação na Festa da Ilustração - Setúbal, que vai honrar o João Paulo. Resta-nos o trabalho de grande qualidade, sofisticado e intenso que nos deixa para frequentarmos - livros, crónicas, escritas várias e surpreendentes. Mas fico triste, muito triste, por não podermos continuar a nossa conversa anterior. Que tempo tão triste, este.
Fotografia: Guta de Carvalho
quinta-feira, 12 de maio de 2022
Mulheres Saramaguianas
Iniciativa integrada no Programa Oficial do Centenário do Nascimento de José Saramago, numa parceria entre a Fundação José Saramago e o Centro Português de Serigrafia, com a curadoria artística de Ana Matos e coordenação do projecto e curadoria literária de Carlos Reis.
Trata-se de uma edição especial de serigrafias e gravuras inéditas de artistas portugueses, acompanhadas de textos, também eles inéditos, de escritoras de língua portuguesa, com tiragem limitada.Seis artistas visuais desafiados a interpretar personagens femininas do universo de José Saramago, indo além da leitura do texto e do mero propósito da sua ilustração. Distintos foram os caminhos e representações que surgiram, num cruzamento de gerações, de sensibilidades e de territórios artísticos, que convocaram também eles a uma nova interpretação literária pela parte de seis escritoras de língua portuguesa.
Iniciativa integrada no Programa Oficial do Centenário do Nascimento de José Saramago, numa parceria entre a Fundação José Saramago e o Centro Português de Serigrafia, com a curadoria artística de Ana Matos e coordenação do projecto e curadoria literária de Carlos Reis.
Trata-se de uma edição especial de serigrafias e gravuras inéditas de artistas portugueses, acompanhadas de textos, também eles inéditos, de escritoras de língua portuguesa, com tiragem limitada.
Seis artistas visuais desafiados a interpretar personagens femininas do universo de José Saramago, indo além da leitura do texto e do mero propósito da sua ilustração. Distintos foram os caminhos e representações que surgiram, num cruzamento de gerações, de sensibilidades e de territórios artísticos, que convocaram também eles a uma nova interpretação literária pela parte de seis escritoras de língua portuguesa.
BLIMUNDA
José de Guimarães
GRACINDA MAU-TEMPO
Miguel Januário
JOANA CARDA
Graça Morais
MARIA SARA
Ana Romãozinho
MORTE
Manuel João Vieira
quarta-feira, 11 de maio de 2022
A prioridade da morte
A guerra não está instalada apenas na Ucrânia. O flagelo dos naufrágios no mediterrâneo são outra guerra. África está minada. E há mais: Israel continua na senda do extermínio de palestinianos. Os jornalistas são notícia quando morrem. Sireen Abu Akleh estava a trabalhar. A informar. Foi morta durante um ataque dos racistas israelitas. Este conflito é de uma gravidade quase desumana. Estes desentendimentos não deveriam de fazer sentido no nosso tempo. Mas parece que não se vê um fim à vista. É duro. É triste.
domingo, 8 de maio de 2022
Parece que é o neoliberalismo
Aquela palhaçada — os palhaços que me perdoem — muito tecnológica e muito liberal que arrecada milhões ao erário público português, quer arrecadar mais ainda e já convenceu os reaccionários regionais brasileiros a cederem uns milhões de reais. Para já acumulam em local e subsídio. Depois logo se vê. Viva o liberalismo parolo do salve-se quem puder. Hão-de acumular tanto que um dia não sabem onde meter tanto unicórnio. Eu logo vos digo onde deviam meter os unicórnios, mas agora não tenho vagar.facebook
Recordar alguém a quem devemos muito
Ultimamente não se ouvia falar de Elisa Damião. Muitos já não se lembrarão dela. Da mulher inspiradora e defensora da vontade das mulheres. Foi uma das mulheres portuguesas que mais me impressionaram nessa luta pela igualdade e pela dignidade num mundo que no seu tempo de acção era ainda mais comandado por homens do que hoje. É da postura digna e corajosa que me lembro. Muito obrigado, Elisa Damião.
quarta-feira, 4 de maio de 2022
Bufos à portuguesa
Irene Pimentel vai conversar comigo, na Casa Da Cultura | Setúbal, sobre o seu mais recente livro INFORMADORES DA PIDE, UMA TRAGÉDIA PORTUGUESA. Esta conversa acontece próximo da data em que os fascistas portugueses celebram a ascenção do ditador Salazar ao poder absoluto. Não vamos celebrar, como é óbvio. Vamos lembrar que o ditador não está esquecido e que o seu legado tem de ser combatido, agora que temos doze fascistas no parlamento. Os informadores da PIDE que povoaram os locais onde os portugueses resistiram foram uma vergonha nacional. Os fascistas/racistas que agora povoam a Casa da Democracia também nos envergonham. São a nossa vergonha mundial.
SINOPSE - Esta obra analisa o modo como o regime ditatorial português do Estado Novo e a sua polícia política contaram com portugueses para denunciar outros, de que forma os recrutaram e porque aceitaram muitos colaborar com a polícia, prejudicando e destruindo vidas. Revela também que muitos se candidataram a informador da PIDE/DGS junto da tutela do Ministério do Interior ou de outros organismos do Estado, mas também que muitos menos foram aceites por essa polícia para o serem. Com recurso a exemplos, demonstra de que maneira uma cultura de denúncia abalou o sentido ético em Portugal, marcando a sua História de forma trágica.
domingo, 1 de maio de 2022
Anda ver, Maio nasceu
Cantigas do Maio é o grande álbum da música portuguesa. É mais um dos trabalhos de José Afonso a sair agora, nesta fase das reedições. A sua edição em vinil, cd e plataformas digitais deveria estar a ser festejada como grande acontecimento nas nossas vidas. Aqui em casa está. José Afonso está sempre presente. É privilégio nosso termos vivido no seu tempo.
As novas edições exibem as capas concebidas inicialmente para a Orpheu. E que bem que estão. Cantigas do Maio tem direcção de imagem de José Santa-Bárbara.
Apreensões justificadas
O Miguel deixou-nos há dez anos. Foi um grande privilégio ter convivido com ele. A saudade não se esbate. A vontade de o recordar acentua-se. Hoje festejava mais um aniversário. Isso não vai acontecer. Mas recordamos a sua alegria de viver e de estar com os outros. Foi um homem excepcional. Foi um privilégio conhecê-lo, repito.
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