terça-feira, 31 de agosto de 2004

Setembro

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Gosto de Setembro. Parece que a tontice de Agosto se vai esfumando. O ar fica mais denso e é tempo de outras exigências. De outras consistências. Apetece-me ver o "Setembro" de Woody Allen. É o que vou fazer. Até amanhã.
RR

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

A voz dos pacientes do BlogOperatório

DIVINDADES
De homossexualidade e preconceitos (sob o nome de Deus como álibi!)

Recentemente, uma célebre animadora de rádio dos EUA afirmou que a
homossexualidade era uma perversão: «É o que diz a Bíblia no livro do
Levítico, capítulo 18, versículo 22: "Tu não te deitarás com um homem como
te deitarias com uma mulher: seria uma abominação". A Bíblia refere assim
a questão. Ponto final», afirmou ela.

Alguns dias mais tarde, um ouvinte dirigiu-lhe uma carta aberta que dizia:
«Obrigado por colocar tanto fervor na educação das pessoas pela Lei de Deus.
Aprendo muito ouvindo o seu programa e procuro que as pessoas à minha
volta a escutem também. No entanto, eu preciso de alguns conselhos quanto a
outras leis bíblicas.
1.
Por exemplo, eu gostaria de vender a minha filha como serva, tal como nos é
indicado no Livro do êxodo, capítulo 21, versículo 7. Na sua opinião, qual
seria o melhor preço?
2.
O Levítico também, no capítulo 25, versículo 44, ensina que posso  possuir
escravos, homens ou mulheres, na condição que eles sejam  comprados em
nações vizinhas. Um amigo meu afirma que isto é aplicável aos mexicanos,
mas não aos canadianos. Poderia a senhora esclarecer-me sobre este ponto?
Por que é que eu não posso possuir escravos canadianos?
3.
Tenho um vizinho que trabalha ao sábado. O Livro do êxodo, capítulo 25,
versículo 2, diz claramente que ele deve ser condenado à morte.
Sou obrigado a matá-lo eu mesmo? Poderia a senhora sossegar-me de alguma
forma  neste tipo de situação constrangedora?
4.
Outra coisa: o Levítico, capítulo 21, versículo 18, diz que não podemos
aproximar-nos do altar de Deus se tivermos problemas de visão. Eu preciso de
óculos para ler. A minha acuidade visual teria de ser de 100%?
Seria possível rever esta exigência no sentido de baixarem o limite?
5.
Um último conselho. O meu tio nâo respeita o que diz o Levítico, capítulo
19, versículo 19, plantando dois tipos de culturas diferentes no mesmo
campo, da mesma forma que a sua esposa usa roupas feitas de diferentes
tecidos: algodão e polyester. Além disso, ele passa os seus dias a maldizer
e a blasfemar. Será necessário ir até ao fim do processo embaraçoso que é
reunir todos os habitantes da aldeia para lapidar o meu tio e a minha tia,
como prescrito no Levítico, capítulo 24, versículos 10 a 16? Não se poderia
antes queimá-los vivos após uma simples reunião familiar privada, como se
faz com aqueles que dormem com parentes próximos, tal como aparece
indicado no livro sagrado, capítulo 20, versículo 14?

Confio plenamente na sua ajuda. »
FGR

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

O regresso

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Aí estamos nós. Cheios de espuma. As férias acabaram. Apesar de tudo tivemos saudades. Vamos matá-las.

A fotografia é de Sebastião Salgado.

quinta-feira, 5 de agosto de 2004

Henri Cartier-Bresson

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Captou o repentino safanão.
Capturou o "momento decisivo".
Era fotógrafo. Confirmou, com a fotografia, seu ofício, que as coisas simples são as autênticas.
As suas fotografias são testemunhos que nos garantem que é no dia-a-dia que está a perenidade.
Mais uma morte, nestes dias negros.
JTD

quarta-feira, 4 de agosto de 2004

ENCERRADO PARA DESCANSO DO PESSOAL

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Nós aqui no "operatório" vamos entrar de férias.
Contribuiremos para o insucesso do verão algarvio, já que nenhum de nós tenciona pôr lá os pés.
Pedimos desculpa pela atitude patrioticamente incorrecta, mas preferimos limpar a vista com outras paisagens.
Voltaremos dia vinte e três com a moleirinha mais arejada. Assim esperamos.
Até lá.
Boas Férias para os fregueses que também vão agora descansar. Para os outros, bom trabalho. E, olhem, melhores dias virão, depois do Verão.

Pintura de Edward Hopper

terça-feira, 3 de agosto de 2004

Tàpies


Antoni Tàpies
Creu I R, 1975
165.5 x 162.5 cm
Técnica mista em madeira

segunda-feira, 2 de agosto de 2004

Zeca 75

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Hoje era dia de dar os parabéns ao Zeca. Não fosse aquela doença tramada e ele ainda aí estaria, com a lucidez e inteligência que todos lhe reconhecíamos. O que pensaria ele deste tempo de desilusões às direitas?
No meu trajecto diário para o meu atelier, encontrei a irmã do Zeca. Em frente aos armazéns do Chiado. Não a via desde o funeral do irmão. Estava ao telemóvel. Tive com ela encontros esporádicos, em Setúbal, quando ela ia visitar a família. Não me senti, portanto, com coragem para a abordagem. Mas fiquei contente com a coincidência. É como se tivesse estado mais perto do Zeca. Pieguice? O caraças. Tenho dos encontros com José Afonso a saudade que se tem dos bons momentos da nossa vida. Obrigado Zeca.

PS: Nuno Pacheco assina hoje no PÚBLICO um excelente texto sobre os 75 anos do Zeca.
JTD

domingo, 1 de agosto de 2004

Agora é tarde

Continuando, com outro texto de Zeca.
Voltaremos amanhã, dia 2 de agosto, para recordar de novo.

O Pássaro foi-se
Um riso branco flectindo
na luz
Como um peixe diurno
fez-se mais triste.

Agora é tarde, o véu desfez-se