sábado, 30 de novembro de 2024
FERNANDO PESSOA morreu no dia 30 de novembro de 1935. Passados oitenta e nove anos, continua por aí com a sua obra. Foi o poeta que melhor percebeu quase tudo o que aconteceu no seu tempo. Melhor dito: percebeu o passado, o presente e tentou perceber o futuro. Ou fez tudo o que tinha ao seu alcance para o perceber, vá. Escreveu o que sentia. E nós vamos percebendo o que ele escreveu como entendermos melhor porque, como ele escreveu: "sentir, sinta quem lê".
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Vergonha, ou falta dela?
Os deputados do partido fascista com assento no parlamento de Portugal protagonizaram hoje uma das mais tristes acções de que há memória. Não nos devem causar admiração estas atitudes, mas ao tornarem-se corriqueiras colocam o partido fascista constantemente na ribalta. O fascista-chefe não sai dos monitores televisivos. O energúmeno não respeita nada nem ninguém. Os ajustes populistas são gasolina para as chamas atiçadas. E os imbecis que neles votaram estão em festa. Esta gente sabe o que faz. Montenegro tenta imitá-los, "endireitando" cada vez mais o rol de promessas também lamentavelmente populistas. Mas o mal está feito. Os fregueses eleitorais seguem o fascista original. O parlamento em Portugal está uma vergonha. A democracia está de rastos.
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Línguas traiçoeiras
O presidente ucraniano trata (foneticamente) o presidente eleito dos "states" como "Trampa". Eu ouvi e li nas legendas. Ponham-se a pau. Ouçam o homem. E pronto, achei uma certa graça. Não muita, mas a suficiente para esbanjar umas gargalhadas. Estes gajos às vezes acertam.
Esta gente é para levar a sério?
Esta espécie de galheteiro sem conteúdo veio ontem para as televisões — todas, como se viessem comunicar algo de muito grave — trautear banalidades sem ponta por onde se lhe pegue. O infelizmente primeiro-ministro leu a papeleta para não se enganar muito, porque o improviso convoca sempre o disparate. Assim, o disparate é mais controlado.
Estas alminhas estão convencidas que são a salvação para um mal que só existe nas suas cabecinhas trapalhonas, mas que eles acham que existe e é um perigo eminente. E em vez de trabalharem no sentido de manterem as entidades de segurança a tratar desses assuntos específicos, discretamente, como se faz em democracia e em Estado de direito, querem convencer-nos de que são eles próprios os polícias de serviço. Com um tom grave que só visto, o presidente do Conselho de ministros inventa problemas e apresenta a solução mesmo ali: está na papeleta que lê e que foi a conclusão a que chegou depois de ter conversado com as outras peças do galheteiro. Tentam assim preencher mais páginas do catecismo do partido fascista que se senta à direita mais à direita do parlamento, com a intenção de conquistarem mercado eleitoral. Só pensam nisso. São absurdamente ridículos. Mas vão dar cabo disto tudo, se não forem parados a tempo.
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
O que fazer, quando o lodo alastra?
André Ventura no discurso comemorativo do 25 de novembro: 'como dizia Jaime Neves sobre a guerra do ultramar, era mesmo assim. Quando nos mandavam limpar, nós limpávamos tudo‘ e, apontando para as bancadas da esquerda, ameaça: ‘já começámos, vamos continuar’,
Os deputados fascistas rejubilaram, como sempre. O festim durou o tempo que os energúmenos quiseram. O presidente em exercício na Assembleia da República nada obstou. No seu entender a apologia do crime de extermínio pode acontecer.
Muito recentemente, Aguiar Branco, convidado de Ricardo Araújo Pereira no seu programa de domingo à noite, relativizou as atitudes do partido fascista. Atirou para ali com exemplos ocorridos anteriormente com outros deputados, de outras legislaturas, dos outros partidos, misturando tudo, como se as atitudes ali tomadas anteriormente fossem comparáveis às enormidades dos fascistas actualmente em exercício naquela casa agora transformada em taberna rasca. Ricardo não ripostou. Aguiar Branco ficou livre de exercer o disparate. Ricardo fez as perguntas que lhe sopravam ao ouvido, ou que tinha anotado no papel, e seguiu em frente como se nada fosse.
Percebemos isto: tudo pode ser dito, redito e apregoado. Estamos em roda livre contra a esquerda. Grande parte dos deputados fascistas que agora se sentam no parlamento vieram do partido de Aguiar Branco. Percebe-se o entendimento entre eles. Montenegro usa a mentira como operação de marketing. É um fala-barato sem trambelho e sem vergonha. Ministros e ministras tatibitates mantém-se em funções e são elogiados e aplaudidos como ajustadores eficientes. A incompetência é atirada para trás das costas. O mal vem de trás. A culpa é dos outros, dos que não pensam como eles. Esta gente lamentável percebe que o vento sopra a seu favor por todo o lado. Os idiotas que neles votam elogiam e aplaudem nas tabernas instaladas nos buracos onde convivem. Esta gente que vota nesta gente é sempre contra tudo. Nada os satisfaz. Só mesmo o crime ameaçador e a estupidez mais inconsequente se enquadram nos seus perfis. O que fazer, quando o lodo alastra?
Imagem: cartoon de André Carrilho para o DN. 2020.
Vento Forte, no Variedades
Os Artistas Unidos continuam sem casa. Vão trabalhando em outros ateliers desenvolvendo esta ideia de teatro que o nosso querido Jorge Silva Melo criou.
terça-feira, 26 de novembro de 2024
André Carrilho em Setúbal
É um dos mais internacionais cartoonistas. O seu trabalho aparece muitas vezes a ilustrar as capas de publicações de referência mundial. Um dos mais respeitados artistas da actualidade.
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Memória
Lembro-me da alegria de abril. Lembro-me da vontade de olhar para a frente, sem medo e sem apreensões. Lembro-me da imposição da vulgaridade em novembro. É preciso? Quero lá saber. Quero sonhar com as possibilidades de abril e esquecer a vulgaridade. Odeio a vulgaridade e o imobilismo. "Não me obriguem a vir para a rua gritar". Lembro-me de José Afonso. Sempre!
domingo, 24 de novembro de 2024
Como é que vocês se sujeitavam a isso?
Este texto — notável — da Rita Pimenta, publicado hoje na revista "ímpar", incluída no Público, é uma denúncia de algo que conhecemos desde pequeninos. Em muitos casos porque ouvimos falar (sortudos), mas muitos de nós vivemos estas experiências por perto. E a violência doméstica continua como se o tempo tivesse parado. A humilhação e a agressão continuam e matam. Era uma normalidade permitida porque "sempre foi assim". Tradições. O Sérgio acrescenta numa canção:
"Sempre foi assim
Dizem Sempre foi assim
Sempre foi assim
Mas está a ser diferente".
sábado, 23 de novembro de 2024
Conversas na Festa da Ilustração
CONVERSAR, CONVERSAR, CONVERSAR SEMPRE | Foi hoje, sábado, dia 23 deste mês de novembro, à tarde. Falámos de Trump e dos avanços da obscuridade. Tentámos perceber o que está a acontecer. Provavelmente vamos continuar a discutir o presente e a pôr em causa o futuro. Continuaremos. É a falar quer a gente se entende. Da discussão nasce a luz. Procuramos a luz, por assim dizer.
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
A vaidade é uma virtude?
O homem das vacinas — única actividade em que se lhe reconhece algum mérito — não se cansa de fazer política, coisa que mal conhece, e que apenas utiliza para lhe satisfazer o ego.
Ego que cresce a cada dia. Diz atoardas como se fosse Ministro da Defesa, Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas ou mesmo Comandante Supremo das ditas. Vê navios russos por todo o lado e, em vez de tratar disso com os seus superiores, julga-se superior a tudo e propõe estratégias nas televisões. O homem que humilha os seus homens em público, e que só pensa em ir para o palácio de Belém humilhar quem não pensa como ele, é um perigoso justiceiro de trazer por casa. A extrema-direita já tem candidato. A direita, representada pelo Ministro da Defesa neste encontro num bar de uma esquina de Lisboa, parece estar a render-se ao fascínio do Narciso. Se não for fascínio é o quê? Trata-se da defesa de um país num bar de esquina? Não teria sido melhor terem marcado encontro na cafetaria do Ministério da Defesa?
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
SuperTrump
UMA VISÃO DO MUNDO | Não há aqui enganos ou dúvidas. Quem votou em Trump sabe o que deseja para o mundo. Trump prometeu autoridade sem democracia. Anunciou ajustes racistas sem pingo de compreensão solidária. Protecção à sua maneira, sem discussão ou diálogo. Prometeu ser o que era quando fazia televisão, onde a sua atitude preferida foi despedir pessoas. E as pessoas que lá iam adoravam ser despedidas por Trump. Trump é sexista, misógino, machista, predador sexual, homofóbico, xenófobo, vigarista financeiro, escroque encartado. Mas, para os seus eleitores, estes defeitos são elogios. Deve ser a "liberdade" que esta gentalha da extrema-direita exalta.
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Santa paciência
A gente já sabe que estas cenas das "misses" são uma parolice sexista sem trambelho. Também sabemos que Portugal costuma fazer-se representar muito bem em parolices sem trambelho. É uma benção que nos protege.
Mas desta vez a protecção atingiu níveis de parvoíce com papel passado. A rapariga que representa essa baboseira nacional apareceu num desses eventos manhosos que se fazem "lá fora" como se fosse aquela santinha de deus que um menino e duas meninas dizem ter~lhes aparecido em cima de uma azinheira em maio de 1917. A moça foi vestida por um artesão que responde por Ventura (não, não é esse espécime que estão a imaginar), e apareceu ornamentada por todos os apetrechos que a fé lhe exige. Diz que por cá somos todos assim e tal e que assim é que deve ser. Querem-nos todos parvos.