quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O que fazer, quando o lodo alastra?

André Ventura no discurso comemorativo do 25 de novembro: 'como dizia Jaime Neves sobre a guerra do ultramar, era mesmo assim. Quando nos mandavam limpar, nós limpávamos tudo‘ e, apontando para as bancadas da esquerda, ameaça: ‘já começámos, vamos continuar’, 
Os deputados fascistas rejubilaram, como sempre. O festim durou o tempo que os energúmenos quiseram. O presidente em exercício na Assembleia da República nada obstou. No seu entender a apologia do crime de extermínio pode acontecer. 


Muito recentemente, Aguiar Branco, convidado de Ricardo Araújo Pereira no seu programa de domingo à noite, relativizou as atitudes do partido fascista. Atirou para ali com exemplos ocorridos anteriormente com outros deputados, de outras legislaturas, dos outros partidos, misturando tudo, como se as atitudes ali tomadas anteriormente fossem comparáveis às enormidades dos fascistas actualmente em exercício naquela casa agora transformada em taberna rasca. Ricardo não ripostou. Aguiar Branco ficou livre de exercer o disparate. Ricardo fez as perguntas que lhe sopravam ao ouvido, ou que tinha anotado no papel, e seguiu em frente como se nada fosse.


Percebemos isto: tudo pode ser dito, redito e apregoado. Estamos em roda livre contra a esquerda. Grande parte dos deputados fascistas que agora se sentam no parlamento vieram do partido de Aguiar Branco. Percebe-se o entendimento entre eles. Montenegro usa a mentira como operação de marketing. É um fala-barato sem trambelho e sem vergonha. Ministros e ministras tatibitates mantém-se em funções e são elogiados e aplaudidos como ajustadores eficientes. A incompetência é atirada para trás das costas. O mal vem de trás. A culpa é dos outros, dos que não pensam como eles. Esta gente lamentável percebe que o vento sopra a seu favor por todo o lado. Os idiotas que neles votam elogiam e aplaudem nas tabernas instaladas  nos buracos onde convivem. Esta gente que vota nesta gente é sempre contra tudo. Nada os satisfaz. Só mesmo o crime ameaçador e a estupidez mais inconsequente se enquadram nos seus perfis. O que fazer, quando o lodo alastra?


Imagem: cartoon de André Carrilho para o DN. 2020.

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