quinta-feira, 30 de outubro de 2025

O novo normal

Já tudo é possível acontecer nos dias de "oige". A tutela manda cortar nas despesas dos hospitais, o bastonário da Ordem dos Médicos denuncia e indigna-se com os evidentes cortes propostos, mas o empresário de negócios ilícitos que agora é primeiro-ministro diz que isso não está a acontecer. São ajustes para que tudo fique melhor ainda.

Claro que os ajustes estão a correr bem e a ministra está muito bem no cargo. Quem é que ainda não percebeu que a ideia é transformar doentes do serviçao público em clientes dos serviços de saúde e seguros privados? Os empresários que vão ver impostos reduzidos para as suas empresas aplaudem de pé na primeira fila. É preciso acabar com a ideia de que só as pequenas e médias empresas é que precisam de apoio. Vamos apoiar os ricos, os donos disto tudo que precisam de mais atividade económica. Portugal tem de apoiar os ricos, exactamente como no tempo do corruptor criminoso Salazar. A pequenez e a mediania pertencem ao passado. O ajustador de impostos que prestou serviços a grandes empresas, mas que agora é honestíssimo e patriota e líder do partido fascista com nome de detergente, continua de acordo com tudo, mas vota contra o Orçamento para disfarçar e para assim manter a chama sempre acesa de ajustador-mor. Os idiotas que votam e os comentadores trogloditas que vão para as televisões defender aquelas ideias inomináveis, saem na apologia de premissas extremistas, agora já sem pingo de vergonha na tronga da cara. Já se defende Salazar e ataca o 25 de Abril, que, dizem, "falhou em toda a linha". Uma falha existe de facto, mas como proibir a mentira e a estupidez, atributos destes arautos do outro tempo que crescem como erva daninha? O presidente da Assembleia da República considera o insulto opinião. O Parlamento, casa da democracia, parece um circo decadente, com sessenta fascistas em permanente insulto e ameaça. O primeiro-ministro é um troca-tintas. O Estado está dominado pela direita e pela extrema-direita, que se acomodam em eficaz aconchego ideológico. É o novo normal.
Os verdadeiros democratas, progressistas, que se assumem de esquerda porque ser de esquerda não é vergonha nenhuma (muito pelo contrário: é reagir a esta choldra reaccionária), só têm que resistir. Em toda a linha.


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Receituário

 TURISMO, PARA QUE TE QUERO? | Para vivermos à grande e à francesa? Ou para alguém viver à grande? Este livro poderá ser uma oportunidade para percebermos alguma coisa. 



quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Nacionalistas às diireitas


Chiça! Era preciso responder com oito bandeiras nacionais aos três salazares do outro? A disputa já não é entre esquerda e direita. Agora é entre nacionalistas e mais nacionalistas ainda. Que falta de pachorra para esta choldra. Ridículos.

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terça-feira, 28 de outubro de 2025

A esquerda na gaveta

Voto sempre à esquerda. Concordo e alinho em acordos de alianças à esquerda. Sempre à esquerda. Na possibilidade de termos um candidato salazarista na segunda volta, sinto-me confuso com tanta candidatura da minha área. Mas há um candidato que agora veio dizer que não quer ficar nessa gaveta. De facto é chato meter-se a esquerda na gaveta quando faz tanta falta fora do armário. 
 
Faz falta assumirmos as nossas ideias de esquerda, que são sempre muito melhores do que as incongruências mentais das direitas: da extrema e da clássica. A esquerda é plural, eu sei, e isso é bom, mas alguém que julgávamos minimamente de esquerda querer parecer conservador, progressista e betinho caviar ao mesmo tempo, não faz o género de quem está, como eu, preocupado com o avanço brutal dos racistas/fascistas chefiados pelo candidato labrego. Olhe, António José Seguro, até o almirante sem navio já disse que o candidato fascista lhe fazia lembrar o Hitler. Querem ver que agora o almirante quer ser guardado na gaveta da esquerda? Não, o António José não é o voto seguro da esquerda. É ele que não o quer. E eu não gosto de contrariar ninguém. 
 

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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Björn Andrésen

Morreu Björn Andrésen, o "rapaz mais bonito do mundo". Tinha setenta anos e não teve uma vida muito bonita. Foi Visconti que, com "Morte em Veneza", espalhou a notícia. Filme notável. A beleza deste actor de poucas fitas transformou-se em fenómeno mundial. Mas a sua vida foi assistida por pouca beleza. Tudo correu mal. Foi vítima da efervescência da beleza física. Ficou provado que a beleza não é tudo. Mas este actor de poucos actos reagiu aos atropelos com humildade e decência. E isso merece o nosso respeito.

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Design comunicação

DA SÉRIE GRANDES CAPAS
Quo vadis, teologia?
Teologia em transformação? Esta imagem promete.
Como não tenho nada a ver com a vida dos outros fico por aqui.
Pela imagem, que também pode ser conteúdo.

https://www.idea.de/

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Insistimos

"Ventura demarca-se de Abril e defende "três salazares" para reerguer Portugal". Título da LUSA.
Aconteceu na Madeira, já depois da inenarrável entrevista à apática Clara de Sousa, nas SICs.
 
Esta é a estratégia para as eleições presidenciais. Ventura deve-se ter lembrado daquele concurso televisivo em que o estratega fascista Jaime Nogueira Pinto defendeu o ditador, como "melhor português de sempre", lembram-se? Salazar venceu o concurso. Ventura quer integrar esse público televisivo do "fado, futebol, Fátima e eu quero é o meu", no território eleitoral. O anátema está lançado: Negar Abril, elogiar o ditador criminoso Salazar. Os idiotas que elegem estes biltres estão longe de imaginar o lodo em que se enterram. Ou se calhar não: um idiota vive encostado à vil e insana estupidez sem dar por nada, e só acorda quando a coisa lhe corre mal a ele. Isto iria correr muito mal para os idiotas que votarem nos fascistas (agora já podemos chamar os bois pelos nomes, não podemos?), mas o pior é que nós também não ficaríamos nada bem. À ameaça do escroque fascista nós só podemos responder: fascismo nunca mais. 25 de Abril, SEMPRE!
 
O Vasco Gargalo percebeu tudo e fez o desenho. Este cartoon é dele:
 
 
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DA SÉRIE GRANDES CAPAS
O caminho cilindrado para o fornecimento comercial da Paz.
A era dos liberais interesseiros.
Empresários de sucesso: os grandes amigos do povo.
 

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DA SÉRIE GRANDES CAPAS
A era dos charlatães. Colocar Ventura no lugar de Farage.
Pomada do mesmo frasco.
Pode um vendedor de banha da cobra ser estadista?
 

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DA SÉRIE GRANDES CAPAS
A arquitectura deve abrir portas, ou simplesmente controlar entradas?
 

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sábado, 25 de outubro de 2025

Os políticos não são todos iguais


Nos primeiros dias de dezembro de 2015, Mariana Mortágua veio com Jorge Costa a uma sessão Muito Cá de Casa, na Casa da Cultura. Eles estavam a negociar com o governo de António Costa alguma razoabilidade para o futuro executivo. Vasco Pulido Valente chamou a esse entendimento "geringonça", designação que o pessoal adoptou trocando as voltas à ironia reaccionária e revelando sentido de humor.

O que aconteceu a seguir ainda está muito presente na memória de toda a gente. Um Presidente que ansiava colocar os seus no poder fez "trinta por um linha": absorveu, sorveu e absolveu como se o parlamento fosse uma coletividade inviável. Resultado: um empresário de negócios baixos é primeiro-ministro e a extrema-direita cresceu como erva daninha. Mariana Mortágua esteve sempre presente, nunca virando a cara às consequências. Foi politicamente exemplar no Caso que BES/Salgado, despertando até elogios internacionais insuspeitos. Recentemente embarcou com muita gente na famosa flotilha, em apoio ao povo palestiniano. Um bando de escroques — Governo e fascistas portugueses incluídos — tentaram humilhar a sua participação na acção solidária. Nunca o ataque a uma pessoa atingiu tanta indignidade. A misoginia atingiu o cume da indecência. Mariana Mortágua, depois de pensar bem no assunto, resolveu não se candidatar de novo à liderança do Bloco de Esquerda. Decisão pessoal. Penso que neste partido, essa ideia de que a liderança é culpada de todos os males, como se a política fosse um desafio de futebol, não é prática corrente. Os motivos para a decepção eleitoral são muitos, mas nunca de atribuição a uma única pessoa. Esses sucessos pessoais pertencem a outras áreas políticas, onde as carreiras pessoais são determinantes. Na esquerda os esforços são coletivos. E Mariana Mortágua não se vai embora, nem vai andar por aí, como o outro palonço da Figueira da Foz. Vai ficar aqui, com toda a gente que esteve com ela. A ameaça fascista está aí. O líder do partido que os reúne parece que disse ontem numa entrevista que "isto nem vai lá com 3 salazares". Já não é falta de vergonha, refresco que esta gente não bebe, é reconhecimento e admiração por um ditador criminoso. Esta gente é perigosa. Não se respeitam fascistas - combatem-se. Mariana Mortágua vai estar com todos nós, os que não queremos voltar ao passado.  O futuro será de liberdade e democracia. É nossa obrigação garantir que assim seja. Força, Mariana. Como diz o Sérgio: "Ficar parado? Antes o poço da morte que tal sorte".

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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Álvaro Laborinho Lúcio

O Duarte Victor recorda na sua página aqui da geringonça um convívio que tivemos com Álvaro Laborinho Lúcio. Já aqui o disse, mas repito, agora a propósito da morte de Laborinho Lúcio: a peça O "Juiz da Beira", de Gil Vicente, foi a minha primeira incursão em teatro como autor de imagens. O Duarte encenou, eu desenhei a imagem geral, cenários e figurinos, e a dramaturgia foi assinada pelo Mariano da Palma Gonçalves. 

Na estreia da peça apareceu por lá Laborinho Lúcio, na altura responsável pelo Centro de Estudos Judiciários de que foi criador. E agora a história da noite que me impressionou. Mariano fez um texto de apresentação do seu trabalho incluído no catálogo/BD que concebi. Na estreia da peça houve debate. Mariano dá o mote lendo frases do seu texto. No título dizia: Grande é a semelhança entre o Juiz e o Actor. Estranha afirmação? Estavam na sala alguns formandos do citado Centro de Estudos Judiciários, movidos com certeza pela curiosidade de estar lá o seu mestre. Um deles salta de imediato em defesa do rigor, da inteligência, da capacidade de abstração e mais não sei o quê que tem que ter um juiz, ao contrário do actor, que basta decorar texto. Laborinho Lúcio, o mestre, naquele tom de voz que lhe conhecíamos, desmente o pupilo e entra em defesa de Mariano Gonçalves. Para ele o juiz e o actor são bons no que fazem se souberem captar as realidades em que se inserem como seres vivos e atentos. As semelhanças são evidentes. Uma lição aos rapazes fora dos muros da antiga prisão do Limoeiro, que era onde funcionava o Centro de Estudos Judiciários. Para nós foi uma lição de cultura da justiça, se assim lhe podemos chamar.
Encontrei Laborinho Lúcio mais tarde. Era amigo do João Paulo Cotrim e chegámos a dar ao badalo na saudosa "Mimosa do Camões". Um dia falei-lhe deste episódio. Recordava-se perfeitamente. Acrescente-se que mais tarde escreveu ficção de notável qualidade. Foi um homem da Justiça e da Cultura, não necessariamente por esta ordem. Foi um homem bom. Muito simpático e de trato afável e simples, como costumam ser os grande seres humanos. Muito obrigado, professor Álvaro Laborinho Lúcio. Foi bom viver no seu tempo.



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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

João Queiroz


Morreu o artista-filósofo. Não são todos? Inovou sem abandonar matrizes iniciais, leccionou, influenciou. A sua pintura interpretava observações, percepções que se transformavam em outras realidades. E não é assim que deve ser? Morreu, mas a obra está aí. Bem viva. Obrigado, João Queiroz.

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terça-feira, 21 de outubro de 2025

Ainda a cena das proibições ditadas pelas religiões

O uso da burca é uma aberração ditada por homens autorizados a praticar a religião. As mulheres não têm direito a nada. A acção dos talibã no Afeganistão esclarece todas as dúvidas. Mas há manifestações de mulheres de apoio aos talibã. Claro que as manifestações contra levam à lapidação: acção ditada pelos livros sagrados que os iluminam, e que um juiz português acha a coisa mais normal do mundo, Lembram-se?

Todas as proibições ditadas são aberrações. Todas. No chamado ocidente, as mulheres não são propriamente o género preferido da tão atenta extrema-direita que sugere todas as restrições. Finalmente vamos deixar de ver praças e avenidas inundadas de mulheres de burca. Mas já que estamos com o ferro de engomar na mão... E as restrições — clausuras, e outras proibições várias — às mulheres que são "profissionais" da fé? E às outras, as que ajudam à missa e tratam dos pormenores de higienização e protocolo? E as restrições criminosas das testemunhas de Jeová, sempre às voltas com as proibições de transfusões de sangue? E a pedofilia que norteia as pias cabecinhas dos padres católicos, e até de bispos e cardeais próximos de Papas? E a perversão pedófila dos "irmãos" que dirigem as testemunhas de Jeová nos EUA? E a sujeição e obediência absolutas ao homem que as mulheres testemunhas de Jeová prometem no casamento? E os protestantes chalupas? E os adventistas tontos? E, e, e...
 
As proibições cristãs são do melhor que há: corrigem, anulam má-criações e praticam a caridade. Vivam elas. Um São Josemaría Escrivá de Balaguer em cada esquina é que era bom. 
Agora mesmo a sério: bom era que a extrema-direita fascista, o governo que aturamos, e os parolos que os seguem deixassem de ser parvos. 
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segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Design de comunicação

Da série Grandes Capas.  
AS DELÍCIAS DO OUTONO.
Cover Story: Harry Bliss’s “Cannonball”
By Françoise MoulyArt by Harry Bliss.
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Mal banalizado

 

Mais de 2.800 pais pediram ajuda por violência dos filhos nos últimos três anos
Fonte: Agência Lusa 
 
SERÁ MESMO QUE ESTA GENTE ACHA QUE "ISTO" SÓ LÁ VAI À PORRADA? | 
Há quem leve a sério e aplique na prática a "atitude" de Dom Afonso Henriques. Bem, o fundador desta tão apregoada ditosa pátria amada, pode até não ter chegado a real roupa ao pelo da mãe dele, mas estes casos que a Lusa revela são reais. Os portugueses dos brandos costumes, que são simpáticos com os turistas, que não são racistas (segundo os racistas), que adoram líderes carismáticos para pensarem em vez deles, que vão a pé a Fátima para agradecerem qualquer coisa que não sabem bem o que é, mas vão, cheios de fé e humildade, que procuram o sexo fácil porque assim é mais fácil, mas que depois esclarecem tudo a um sujeito que está num confessionário com montes de pecados às costas, mas que lá resolve aquele problema com umas orações. São estes portugueses que depois reclamam uma velha ideia portuguesa: se fosse eu a mandar, isto não estava assim. Ou o Salazar, ou aquele que anda aí agora?
 
Serão esses portugueses que depois batem nas mulheres quando o benfica perde, violam, agridem e até matam porque a sopa estava fria, ou a escaldar, ou com sal a mais: É esta gente que agride emigrantes que os servem, e manda-os para as suas terras porque isto é mesmo assim? E serão este justiceiros de ocasião que abandonam os pais no fim da vida porque não os querem aturar mais? 
 
Acho que não conheço pessoalmente estes portugueses de bem — eles classificam-se assim —, mas percebo que o ódio que os abraça se está a instalar na sociedade portuguesa com toda a propriedade. Percebem-se estas atitudes quando se anda por aí. As pessoas que sempre foram agressivas estão agora ainda mais e já o demonstram abertamente. Não há vergonha em revelarem o ódio ao outro. Passar esse ódio para o exercício da sua "justiça" pelas suas próprias mãos transforma esses portugueses nuns valentes que não têm medo de nada. Quem pensa que isto não está tudo ligado, está redondamente enganado. Reconhecer a banalidade do mal traz mais mal. Olhar para o lado como se nada se estivesse a passar é pactuar com o mal.
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domingo, 19 de outubro de 2025

A Festa continua

 É PRECISO FAZER UM DESENHO, MESMO | As iniciativas que ocorreram no sábado e no domingo revelaram o crescente interesse pela Ilustração em Portugal e no mundo. Primeiro foi a apresentação do livro de Nuno Saraiva e Adélia Carvalho MÁRIO E O COMBOIO DA LIBERDADE, na Gráfica - Centro de Criação Artística. Depois descemos à Galeria do Onze para ouvirmos a excelente apresentação de Jorge Silva da exposição ZÉ, SEMPRE O MESMO. 

O domingo foi para assistirmos à brilhante visita guiada de Evanthia Tsantila e Luís Tibério à maravilhosa exposição da Evanthia na galeria do Museu de Setúbal/Convento de Jesus. Perdoem-me a nota pessoal: o meu primeiro professor de desenho, no AR.CO, surgiu como se — para mim — de uma aparição se tratasse. Manuel da Costa Cabral é amigo da Evanthia e do Luís Tibério e foi lá satistazer a sua curiosidade artística e demonstrar a amizade. Foi tão bom estar com ele ali. Excelência e emoção fazem-nos sempre tão bem.

Obrigado, Evanthia e Luís. Um abraço, Manuel da Costa Cabral. E muito obrigado a todos, pelo vosso bom gosto, seja lá isso o que for.

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