Clara Andermatt no Teatro Camões. Vamos ver e ouvir. E sentir.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Parabéns
PHILIP GLASS 88 | Abriu-me as orelhas para outras músicas. Músicas que ele alinha como ninguém. Abriu caminhos. Sabe ouvir, voltar a ouvir, repetir e dar de novo. Sabe abrir as pautas a outras experiências. Tenho por este homem uma admiração que não se exprime num simples texto de circunstância. Mas a circunstância é esta: Philip Glass faz hoje oitenta e oito anos. Parabéns, senhor músico/compositor. É um gosto ouvi-lo. Sempre!
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Marianne Faithfull
Ouvi-a ao vivo uma única vez, quando esteve em Lisboa e deu concerto no Coliseu. Confirmei o meu grande gosto em ouvi-la. Continuei até hoje. "Easy Come Easy Go" e "Dangerous Acquaintances" fazem parte da minha busca auditiva frequente. Voz diferente e belíssima. Era uma mulher única. Foi bom ouvi-la. Vai ser bom voltar a ouvi-la.
América great again
Donald Trump tem uma visão de grandeza estranha. Limitada. Percebem-se mesmo muitas semelhanças com Putin. Um e outro tentam privar os seus súbditos de contactos com o exterior. O que faz essa gente que vive fora do seu quintal não interessa para nada. Temos tudo aqui, repetem sem descanso. Putin tem sucesso. Envenena e mata quem lhe faz frente. Trump não deverá atingir tanta grandeza.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Relatório e Contas 2025
Musk propõe que 75% dos funcionários públicos vá para casa. Esta anulação de empregos é chocante. Mas provavelmente corresponde aos cortes já avançados na actividade das instituições. Já os apoios do estado americano aos sinistros projectos do "homem mais rico do mundo" vão avançar. É assim: Tudo a andar daqui para fora que o dinheirinho faz falta para o que (nos) interessa. Tudo está a ser reduzido a números. As pessoas são números, para Trump e Musk, estes fascistas repugnantes que ocupam a Casa Branca. Os apoios aos mais necessitados foram anulados. As minorias mais fragilizadas passaram a ser apenas números, mas ainda por cima sem valor. Não há por ali a chamada compaixão cristã, seja lá isso o que for, apesar de Trump já ter percebido que afinal não é ele a mais famosa figura da actualidade, mas sim Jesus Cristo. Ele está logo a seguir a Cristo, que é quem o unge. Foi Deus que o colocou ali para aplicar a vontade cristã. A arrogância desta gente é ridícula mas é para ser levada a sério. Estas criaturas reles e desmioladas vão partir tudo.
O que está a acontecer é claro: Trump é o imperador sagrado do mundo, Musk o seu quase fiel acólito, e depois há a família deles, os milionários americanos que os cercam e os leais servidores que limpam o chão por onde eles passam. O que resta são números com pouco valor. Os que não são de lá, põem-se a andar dali para fora. Os que nasceram lá ou os estrangeiros que se conseguem safar vão ficando. Se o resto do mundo não perceber que é isto que obviamente está a acontecer ainda vamos acabar muito mal. O nacionalismo, a vulgarização das ofensas a quem é diferente colhe apoio junto de uma população estúpida e ignorante. Claro que os efeitos desta arrogância fascista lhes vai entrar pela porta, mas já será tarde. A América é para os americanos apenas. Para os que gostam de Trump, que é um novo messias. Os outros, os que têm alguma coisa na cabeça, bem podem resistir. É o que lhes resta. Oxalá consigam correr com a besta.
terça-feira, 28 de janeiro de 2025
O holandês voador
Isto tem mesmo muita graça, pensará o palonço holandês. Já os amanuenses portugueses não parecem estar na mesma comédia: riso mais amarelo é impossível. O que estará a acontecer que puxa assim tanta gargalhada?!
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Auschwitz
domingo, 26 de janeiro de 2025
Ana Nogueira
LEMBRAR O FUTURO | A Ana está hoje, neste dia 26 de janeiro, a comemorar mais um ano de vida. É pela arte que faz pela vida. Pela imagem. É professora e artista visual. Sou o curador desta exposição que aqui divulgo em primeira abordagem. O trabalho a apresentar em março, na galeria da Biblioteca Camões, mostra preocupações passadas e anseios futuros. Mostra uma ideia de percurso. Sou suspeito, gosto do trabalho da Ana, mas também gosto muito dela para além dos desenhos que ela faz nos variados suportes que inventa. Estes desenhos são riscos e texturas com vidas dentro. Sou suspeito, repito, mas gosto mesmo muito do trabalho de Ana Nogueira nesta fase de indecisão e progresso. Gosto desta companhia: das surpresas e das discordâncias. Dos desenhos e das palavras que disparam. Lembro-me de como Fernando Pessoa definia as expressões do amor. E lembro-me do poema do João Paulo (Cotrim): Sabe a pólvora
o teu beijo
quando o disparo foi de vida
pequena morte?
Também me lembro de José Afonso (lembro-me sempre do Zeca):
Liberdade
Liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte.
Quero-te mais do que à vida.
Parabéns por este dia e pelos trabalhos feitos no passado que nos acenam no presente. Lá vem de novo Fernando Pessoa, desta vez na mente emprestada a Bernardo Soares (Livro do Desassossego):
Até já.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
O nome deste senhor parece uma predestinação. Moisés Espírito Santo foi sociólogo e um dos mais respeitados professores.
As malas dos outros, o deputado larápio e o amigo dele
Imagem: Irmãos Metralhas, Disney
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Investido para matar
A besta excedeu-se. A população americana que votou na besta acha agora que a besta se excedeu, diz uma sondagem à boca da tomada de posse da besta.
À senhora que lhe pediu misericórdia pelas pessoas que a besta ofendeu na tomada de posse, foi exigido pela besta um pedido de desculpas. A besta sentiu-se ofendida e não tolera discordâncias. A senhora, bispa de Washigton, teve a ousadia de enfrentar a besta. Esta coragem é necessária. Os políticos europeus têm que ousar discordar do que está a ser decretado. É que a besta quadrada que esteve na Casa Branca da outra vez, é agora menos quadrada. Agora sente-se instigada por oligarcas sem escrúpulos que querem dominar o mundo e arredores. Agora há ideologia. Quem votou na besta até pode achar que há ali excessos. Mas, não se percebia que ía ser assim? Quem votou não percebeu o que estava a fazer? A besta excede-se, sempre. Este criminoso encartado desta vez não foi imprevisível, foi igual a si próprio. Quando for imprevisível é que os cretinos sem trambelho que votaram nele vão ver como "elas lhes mordem". "O mundo está a mudar", disse o líder do partido fascista português antes de partir para a tomada de posse da besta. Esta vontade do fascista é ameaça. Estes energúmenos eram os palhaços de serviço. Já não são. São perigosos. Temos que levar a sério os candidatos a bestas de todos os cantos do mundo. E combatê-los.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Escola superior, escolha superior
O edifício desta escola — Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Setúbal — foi projectado por arquitectura superior. Foi Álvaro Siza que desenhou esta singular construção que é uma pérola da arquitectura escolar. Um encanto para o olhar e um caso sério em funcionalidade. O arquitecto tratou de tudo: projectou o edifício, desenhou os móveis e até desenvolveu imagem corporativa.
Passados mais uns anos, em 2005, fui contactado para desenhar um livro comemorativo dos 30 anos da Escola. O conhecimento que tinha daquele ambiente permitiu-me aceitar o desafio com muito agrado. Sugeri a utilização dos desenhos de Siza, e documentar actualizações com imagens a recolher por Fernando Pinho. A excelência mantinha-se. A publicação comemorou os trinta anos da Escola, na minha opinião com elevada dignidade. Todos fizemos por isso. Revivo esta memória no ano em que se assinalam os 40 anos de existência desta escola que se instala num edifício que é uma pérola da arquitectura no mundo. Parabéns aos fazedores.
I attended Trump’s inauguration yesterday. Here are my thoughts.
Há lucidez e decência nos Estados Unidos da América. Bernie Sanders é uma dessas vozes que denuncia a insolência atrevida do actual presidente. Há um criminoso à frente do país mais influente do mundo. Há um insolente ao serviço dos milionários americanos. A mentira anada à solta. O crime está a ser recompensado.
terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Psicologia para tótós
Ou quando a linguagem corporal vai mais além. Ventura em Portugal faz o mesmo gesto. Musk faz o que entende e já não tem vergonha em assumir gestos comprometedores. É tudo farinha amassada no mesmo alguidar infecto. Sim, esta gente está em delírio. Os fascistas já dizem ao que vêm. O que achávamos ridículo é agora assustador. Esta gente é eleita por gente ridícula como eles. São muitos e revêm-se nestes cretinos. Trump parecia Hitler a anunciar ajustes e a humilhar tudo e todos os que vêm do passado. A América vai começar agora. Estamos no início de uma ofensiva fascista sem precedentes. Os mais ricos querem o poder político efectivo. O capitalismo continua selvagem, mas já quer tocar piano e falar francês. O mundo vai ver como é...
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Repulsa
O CRIME COMPENSA | Um criminoso encartado é empossado como imperador. As indelicadezas são ameaças. A boçalidade irrealista está no poder. O discurso de tomada de posse é inacreditável. Fanfarronice ameaçadora em delírio. Teme-se o pior.
Atitude
CARTOON (INTERVENÇÃO) | Barry Blitt é o autor da capa da The New Yorker que aqui brilha desde ontem. Hoje, dia da consagração dos grunhos ricos na Casa Branca, Barry interpretou o acontecimento desta maneira. O mundo aos pés dos capitalistas radicais. Começa hoje mais uma agressiva etapa das suas actividades. Somos todos proletários. Muitos estamos revoltados. Outros nem por isso. Votaram neles. Os lambe-botas de agora são os que votam nesta gente inclassificável. Até quando?
domingo, 19 de janeiro de 2025
Design de comunicação
Da série Grandes Capas. The New Yorker. "Two’s a Crowd”. Elon Musk takes center stage. Art: Barry Blitt.
Receituário
Tudo começa com uma imagem. João Francisco Vilhena traz à conversa gente das artes que assim revelam impressões causadas por imagens que lhes passaram pelas órbitas. A imagem é importante porque nos ilustra sentimentos, estimula a curiosidade, emociona, esclarece. Uma imagem pode ser Arte, mas também pode ser apenas informação ou apelo. A imagem é importante porque nos interpela ou incomoda. Mas também regista existências. Foi Susan Sontag que disse: "Tudo existe para acabar numa fotografia".
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Os radicais
Luís Montenegro é um homem muito antigo. Ainda acha que é no meio que está a virtude. Acha que ele e o seu partido é que estão no lugar certo, na virtude. Luís Montenegro e Carlos Moedas consideram extremista tudo o que mexe fora da sua confortável carpete. Toda a gente que se manifestou contra a xenofobia e o racismo é radical, na opinião do primeiro-ministro. Alexandra Leitão é uma perigosa radical para o centrista Moedas, desde que foi anunciada a candidatura da socialista à liderança da autarquia de Lisboa. Montenegro e Moedas não esclarecem a recente saída de militantes do seu partido para o partido fascista de Ventura. Mas essas escolhas radicais de direita de gente tão próxima esclarecem os aconchegos preferidos de Luís Montenegro e Carlos Moedas. Deputadas e deputados do PPD/PSD vão de armas e bagagens para o partido fascista nas calmas. Sem qualquer esclarecimento de divergência política. A radicalidade das observações é básica e sem consistência ideológica. Estamos perante políticos perigosos que se radicalizam cada vez que abrem a boca no sentido de dizerem coisas políticas. Dizem sempre coisas perigosamente parvas.
Todos os filmes são sobre mundos estranhos
Morreu David Lynch. Tanta fita a interpretar a mente humana dos vilões e suas vítimas. Tanta beleza estética e emocional. Tanta ideia original. Tanto valor artístico. Muito obrigado, senhor Lynch.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Elefante impaciente propõe...
Esta iniciativa é uma proposta da chancela ELEFANTE IMPACIENTE (estuário publicações), e pretende ilustrar esta ideia: o que acontece ao pachorrento elefante e à sua reconhecida paciência quando colocado numa lustrosa loja de loiças? Perde-a, não é verdade? O que acontecerá a seguir não será do agrado de todos, mas é o que se associa melhor à natureza do animal.
terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Foi assim
Lançamento de LINHAS DE TENSÃO, de Daniel Tércio, na sala Bernardo sassetti, do teatro São Luiz. Com José Gil, Luís Pavão, Ana Godinho e Daniel Tércio. José Gil classificou este trabalho de Tércio como "o primeiro livro de Ecosofia publicado em Portugal". Foi qualquer coisa de extraordinário. Debater, conversar é importante. Sempre.