O fadista Nuno da Câmara Pereira, verdadeiro herdeiro do trono português, cedeu às fraquezas da república, e alistou-se na coligação PSD/CDS ao Parlamento Europeu. É a figura número dezasseis. Há quem pense que é o mais custoso da colecção.
quinta-feira, 29 de abril de 2004
quarta-feira, 28 de abril de 2004
reBlogue
Um pimbalhão dá sempre mais hipismo ao desfile
De acordo com o Portugal Diário, Alberto João Jardim disse hoje que "a Madeira poderia viver independente" e "não seria um país miserável", apoiando a sua convicção num estudo económico-financeiro que o governo regional encomendou.
Aguarda-se que José Manuel Durão Barroso encomende idêntico estudo para apurar quanto pouparia o continente com a independência da Madeira.
Claro que tudo isto é um tremendo erro.
Portugal perder Alberto João seria o mesmo que a TVI perder Manuela Moura Guedes, ou a maioria da Câmara de Setúbal perder o cantor Toy.
Um pimbalhão dá sempre mais hipismo ao desfile.
Júlio Queiros Sadinos
De acordo com o Portugal Diário, Alberto João Jardim disse hoje que "a Madeira poderia viver independente" e "não seria um país miserável", apoiando a sua convicção num estudo económico-financeiro que o governo regional encomendou.
Aguarda-se que José Manuel Durão Barroso encomende idêntico estudo para apurar quanto pouparia o continente com a independência da Madeira.
Claro que tudo isto é um tremendo erro.
Portugal perder Alberto João seria o mesmo que a TVI perder Manuela Moura Guedes, ou a maioria da Câmara de Setúbal perder o cantor Toy.
Um pimbalhão dá sempre mais hipismo ao desfile.
Júlio Queiros Sadinos
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Endereço errado
António Ribeiro Ferreira comprava armas a mil paus. Teresa de Sousa era voz da AOC (“uma espinha encravada na garganta do dr. Cunhal”). José Manuel Fernandes escrevia textos sobre as maravilhas da Albânia, na “Voz do Povo”. Durão Barroso roubava mobília ao Conselho Directivo da Faculdade de Direito. E agora, a gente que os ature mais as suas diatribes contra a esquerda e o seu passado tenebroso. Andaram a divertir-se quando eram cachopos e depois ainda vêm cobrar a factura.
Daniel Oliveira Barnabé
António Ribeiro Ferreira comprava armas a mil paus. Teresa de Sousa era voz da AOC (“uma espinha encravada na garganta do dr. Cunhal”). José Manuel Fernandes escrevia textos sobre as maravilhas da Albânia, na “Voz do Povo”. Durão Barroso roubava mobília ao Conselho Directivo da Faculdade de Direito. E agora, a gente que os ature mais as suas diatribes contra a esquerda e o seu passado tenebroso. Andaram a divertir-se quando eram cachopos e depois ainda vêm cobrar a factura.
Daniel Oliveira Barnabé
Gastão
O Grande Prémio de Poesia da APE/CTT acaba de ser atribuído ao poeta e ensaísta Gastão Cruz, que recentemente publicou "Rua de Portugal" na Assírio e Alvim. Trata-se de uma justíssima recompensa que apetece saudar com particular entusiasmo. Porque na distinção de um livro o que está em causa é a vida de alguém que desde sempre dedicou à poesia uma atenção especial, e em particular à poesia moderna e contemporânea (embora Gastão Cruz tenha estado sempre em permanente diálogo com os poetas clássicos, sobretudo com Luís de Camões, Sá de Miranda ou Camilo Pessanha). Donde, o Gastão surge como poeta, com uma obra exemplar de sobriedade e rigor, mas também como um acompanhante ensaístico da sua geração, como alguém que deu uma imensa atenção a poetas anteriores (saliente-se Carlos de Oliveira, referência dominante, ou Eugénio de Andrade, Ruy Belo ou Herberto Helder), e nos últimos tempos, dada a ligação que teve com o universo do teatro, como um verdadeiro animador cultural (escolar e não só), através da organização frequente de sessões de leitura de poesia em que uma outra forma de pensar e dizer se tem vindo a impor.
Eduardo Prado Coelho Quarta-feira, 28 de Abril de 2004 Público
Eduardo Prado Coelho Quarta-feira, 28 de Abril de 2004 Público
segunda-feira, 26 de abril de 2004
reBlogue
Três dias depois
Nasci no dia 28 de Abril de 1974, três dias depois da Revolução (ou, como se diz agora, para não aborrecer ninguém, da Evolução) dos Cravos. Por isso, a minha experiência do 25 de Abril é exactamente igual à da generalidade das pessoas de direita que viveram naquela época: não mexi uma palha para que a Revolução se desse, não a desejei e não estava minimamente convencido de que fosse necessária.
Tal como o 25 de Abril, também eu celebrarei este ano o 30º aniversário. Diz-me o sr. Ministro da Presidência que os 30 anos são a idade da maturidade e que, por causa disso, a Revolução deixará cair o “r”. Eu, que tenho a fama de ser imaturo (entre outras), não quero perder esta oportunidade de mostrar que já sou um homenzinho, e decidi deixar cair também o meu próprio “r” inicial. Podem começar a tratar-me por Icardo.
Ricardo de Araújo Pereira em texto publicado no Barnabé
Nasci no dia 28 de Abril de 1974, três dias depois da Revolução (ou, como se diz agora, para não aborrecer ninguém, da Evolução) dos Cravos. Por isso, a minha experiência do 25 de Abril é exactamente igual à da generalidade das pessoas de direita que viveram naquela época: não mexi uma palha para que a Revolução se desse, não a desejei e não estava minimamente convencido de que fosse necessária.
Tal como o 25 de Abril, também eu celebrarei este ano o 30º aniversário. Diz-me o sr. Ministro da Presidência que os 30 anos são a idade da maturidade e que, por causa disso, a Revolução deixará cair o “r”. Eu, que tenho a fama de ser imaturo (entre outras), não quero perder esta oportunidade de mostrar que já sou um homenzinho, e decidi deixar cair também o meu próprio “r” inicial. Podem começar a tratar-me por Icardo.
Ricardo de Araújo Pereira em texto publicado no Barnabé
(R)evolução
Parece apenas mais um texto para alimentar a polémica. Não é. É outra forma de abordar o tema, fazendo ligações com outros comportamentos humanos. Aqui fica a conclusão:
- Em relação há polémica revolução/evolução, o debate torna-se mais claro à luz desta problemática. É evidente que houve no início uma revolução a que se seguiu uma evolução. Neste ponto Morais Sarmento tem razão. Mas é também manifesto que existe uma dimensão performativa na palavra "revolução" que permite dizer "eu faço uma revolução na minha vida". A revolução é da ordem do fazer. Quanto à "evolução", ela é mais algo que se enuncia deste modo: "há uma evolução na minha vida" - é algo que se descreve, que se verifica, que se deixa acontecer, mas que pertence às estratégias fatais que nos envolvem. A revolução é sempre de uma visibilidade exuberante: descentra as existências, cria voragens e precipícios, acelera a história e o coração. A evolução é invisível (daí que seja preciso uma campanha publicitária para a tornar visível), passa numa espécie de sonambulismo criador mas retraído, fica antes do sujeito, empurra-o para a história que se faz inconscientemente nas suas próprias mãos.
Da revolução poder-se-á dizer o que Michel Leiris escreveu desdobrando a palavra por dentro: "Révolution: solution de tous rêves?". A palavra "revolução" sonha, a palavra "evolução" caminha sem energia nem imaginário. Falar na Revolução de Abril é procurar manter o performativo da paixão. Aragon escreveu: "a mulher é o futuro do homem".
Eduardo Prado Coelho Público
- Em relação há polémica revolução/evolução, o debate torna-se mais claro à luz desta problemática. É evidente que houve no início uma revolução a que se seguiu uma evolução. Neste ponto Morais Sarmento tem razão. Mas é também manifesto que existe uma dimensão performativa na palavra "revolução" que permite dizer "eu faço uma revolução na minha vida". A revolução é da ordem do fazer. Quanto à "evolução", ela é mais algo que se enuncia deste modo: "há uma evolução na minha vida" - é algo que se descreve, que se verifica, que se deixa acontecer, mas que pertence às estratégias fatais que nos envolvem. A revolução é sempre de uma visibilidade exuberante: descentra as existências, cria voragens e precipícios, acelera a história e o coração. A evolução é invisível (daí que seja preciso uma campanha publicitária para a tornar visível), passa numa espécie de sonambulismo criador mas retraído, fica antes do sujeito, empurra-o para a história que se faz inconscientemente nas suas próprias mãos.
Da revolução poder-se-á dizer o que Michel Leiris escreveu desdobrando a palavra por dentro: "Révolution: solution de tous rêves?". A palavra "revolução" sonha, a palavra "evolução" caminha sem energia nem imaginário. Falar na Revolução de Abril é procurar manter o performativo da paixão. Aragon escreveu: "a mulher é o futuro do homem".
Eduardo Prado Coelho Público
domingo, 25 de abril de 2004
Liberdade
O discurso do 25 de Abril não fica completo sem se falar de José Afonso. Parece-me óbvio. Ele foi a voz que se insurgiu com mensagens cifradas, de pendor surrealista. Contudo a linguagem poética é de uma qualidade tal, que não se fica pelo panfleto. Nunca foi esse o caminho de Zeca; O dogma, a palavra fácil, não são o chão que pisa.
Foi uma voz dos inconformados. De todos os que lutam pelo que é mais universal e cosmopolita.
No dia de hoje, apetece-me passar para aqui, um poema incluido no trabalho "Coro dos Tribunais", que refere a longa noite de resistência, de clandestinidade, mas também do amor e da esperança.
A PRESENÇA DAS FORMIGAS
A presença das formigas
Nesta oficina caseira
A regra de três composta
Às tantas da madrugada
Maria que eu tanto prezo
E por modéstia me ama
A longa noite de insónia
Às voltas na mesma cama
Liberdade liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida
JTD
Foi uma voz dos inconformados. De todos os que lutam pelo que é mais universal e cosmopolita.
No dia de hoje, apetece-me passar para aqui, um poema incluido no trabalho "Coro dos Tribunais", que refere a longa noite de resistência, de clandestinidade, mas também do amor e da esperança.
A PRESENÇA DAS FORMIGAS
A presença das formigas
Nesta oficina caseira
A regra de três composta
Às tantas da madrugada
Maria que eu tanto prezo
E por modéstia me ama
A longa noite de insónia
Às voltas na mesma cama
Liberdade liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida
JTD
Vivam
Vivam, apenas
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes.
Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.
Mas não queiram convencer os cardos
a transformar os espinhos
em rosas e canções.
E principalmente não pensem na morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
que só são belos
quando se desenham na terra em flores.
Vivam, apenas.
A morte é para os mortos!
José Gomes Ferreira. Viver sempre também cansa. 1931
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes.
Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.
Mas não queiram convencer os cardos
a transformar os espinhos
em rosas e canções.
E principalmente não pensem na morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
que só são belos
quando se desenham na terra em flores.
Vivam, apenas.
A morte é para os mortos!
José Gomes Ferreira. Viver sempre também cansa. 1931
sexta-feira, 23 de abril de 2004
Perguntar não ofende
Terá sido nestas premissas que o nosso governo se baseou para falar em "Evolução", em vez de "Revolução"?
"More revolutions have succeeded in their first assault than, once
successful,
have been brought to a standstill and held there. Revolution is not a
permanent state, it must not develop into a lasting state. The full spate of
revolution must be guided into the secure bed of evolution."
-- Adolf Hitler (Discurso aos Governadores do Reich, 6 de Julho de 1933)
"For as soon as the party had taken over power, and this new condition of
affairs was consolidated, I looked upon it as a matter of course that the
Revolution should be transformed into an evolution."
-- Adolf Hitler (Discurso no Reichstag, 30 de Janeiro de 1937)
Não levem a mal. Perguntar não ofende.
"More revolutions have succeeded in their first assault than, once
successful,
have been brought to a standstill and held there. Revolution is not a
permanent state, it must not develop into a lasting state. The full spate of
revolution must be guided into the secure bed of evolution."
-- Adolf Hitler (Discurso aos Governadores do Reich, 6 de Julho de 1933)
"For as soon as the party had taken over power, and this new condition of
affairs was consolidated, I looked upon it as a matter of course that the
Revolution should be transformed into an evolution."
-- Adolf Hitler (Discurso no Reichstag, 30 de Janeiro de 1937)
Não levem a mal. Perguntar não ofende.
quarta-feira, 21 de abril de 2004
O guarda Portas
A NATO diz que os submarinos de Paulo Portas não fazem falta nenhuma.
Portas diz que não; fazem falta, sim senhor. O governo é soberano e sabe muito bem o que faz.
Eu, pessoalmente, já me sinto mais segura. Com os submarinos colocados na costa Atlântica, ficamos mais protegidos da armada americana.
É melhor assim, com amigos destes, nunca se sabe...
É que aqui, já houve mouros.
JFC>
Um conforto moderno
Um conforto moderno
Jaz neste orfanato
Que dizer do meu inferno?
Que dizer do meu olfacto?
Mais de três mil metros
Andei eu a passo
Já tenho o siso mais certo
Já sei aquilo que faço
O que é preciso é ter jeito
Neste bom recato
Que dizer do meu inferno?
Que dizer do meu olfacto?
José Afonso Escrito na prisão de Caxias
Jaz neste orfanato
Que dizer do meu inferno?
Que dizer do meu olfacto?
Mais de três mil metros
Andei eu a passo
Já tenho o siso mais certo
Já sei aquilo que faço
O que é preciso é ter jeito
Neste bom recato
Que dizer do meu inferno?
Que dizer do meu olfacto?
José Afonso Escrito na prisão de Caxias
terça-feira, 20 de abril de 2004
Ingerências
Durão Barroso criticou as primeiras medidas tomadas por Zapatero como primeiro-ministro de Espanha.
Há quem diga que o actual primeiro-ministro português já foi ministro dos negócios estrangeiros.
Eu não me lembro. Acho mesmo que isso não é possível. Como é que um antigo responsável pela diplomacia de um país, diz agora tanto disparate? Não, não é possível, mesmo.
JFC
Há quem diga que o actual primeiro-ministro português já foi ministro dos negócios estrangeiros.
Eu não me lembro. Acho mesmo que isso não é possível. Como é que um antigo responsável pela diplomacia de um país, diz agora tanto disparate? Não, não é possível, mesmo.
JFC
domingo, 18 de abril de 2004
Quem bloga...
Há diversos tipos de blogue, e com as mais variadas intenções.
Há os que servem para contar a vidinha, apenas interessando aos amigos pessoais. São úteis e apreciáveis para quem quer revelar ideias e sentimentos a amigos colocados em múltiplos lugares do planeta.
Há os divulgadores. Actuando em áreas específicas e ligando quem actua nessas áreas.
Há os de participação social, com preocupações mais próximas da cidadania.
Há os que revelam actividades pessoais, com opiniões políticas ou filosóficas ou literárias ou até de crítica social.
Há os humorísticos. Como o GATO FEDORENTO.
Nem todos têm participação dos leitores. Em alguns, não faz sentido, noutros faz.
SADINOS ou BARNABÈ, apesar das diferenças, foram criados para a participação. O mais intensa possível.
Os ABRUPTO, AVIZ ou CAUSA NOSSA, por exemplo, existem para que os seus mentores exprimam opiniões de um forma imediata e continuada. Os seus post’s são posteriormente, e com muita frequência, citados na imprensa. Aqui não faz sentido a participação “popular”.
Tudo isto é legítimo e louvável. Mas tudo tem um senão. Tal como em outras áreas da cidadania, também aqui se cometem, por vezes, excessos.
É com a intenção de tornar estas coisas razoáveis, que se procede a alguma “fiscalização” de opiniões menos respeitadoras de outras participações. Não concordo em chamar a isso censura. A nossa liberdade termina onde começa a dos outros. Nem todos estaremos dispostos a suportar ofensas pessoais sem sentido, vindas de militantes anonimatos.
No BLOGOPERATÓRIO também não permitimos comentários. Quem quer cá vir vem, quem não quer não vem. A intenção não é actuar socialmente, mas sim permitir a divulgação do que gostamos e do que nos preocupa, sempre com a ideia de partilha.
O SADINOS tem a sua utilidade neste constante frequentar por parte dos habitantes da cidade de Setúbal.
Mas como em tudo há os limites do bom senso. A crítica frontal e assumida é, na minha opinião, um excelente exercício de participação. O insulto e a insinuação gratuitas, não têm qualquer outro interesse que não seja o de retirar credibilidade aos projectos.
JTD
Há os que servem para contar a vidinha, apenas interessando aos amigos pessoais. São úteis e apreciáveis para quem quer revelar ideias e sentimentos a amigos colocados em múltiplos lugares do planeta.
Há os divulgadores. Actuando em áreas específicas e ligando quem actua nessas áreas.
Há os de participação social, com preocupações mais próximas da cidadania.
Há os que revelam actividades pessoais, com opiniões políticas ou filosóficas ou literárias ou até de crítica social.
Há os humorísticos. Como o GATO FEDORENTO.
Nem todos têm participação dos leitores. Em alguns, não faz sentido, noutros faz.
SADINOS ou BARNABÈ, apesar das diferenças, foram criados para a participação. O mais intensa possível.
Os ABRUPTO, AVIZ ou CAUSA NOSSA, por exemplo, existem para que os seus mentores exprimam opiniões de um forma imediata e continuada. Os seus post’s são posteriormente, e com muita frequência, citados na imprensa. Aqui não faz sentido a participação “popular”.
Tudo isto é legítimo e louvável. Mas tudo tem um senão. Tal como em outras áreas da cidadania, também aqui se cometem, por vezes, excessos.
É com a intenção de tornar estas coisas razoáveis, que se procede a alguma “fiscalização” de opiniões menos respeitadoras de outras participações. Não concordo em chamar a isso censura. A nossa liberdade termina onde começa a dos outros. Nem todos estaremos dispostos a suportar ofensas pessoais sem sentido, vindas de militantes anonimatos.
No BLOGOPERATÓRIO também não permitimos comentários. Quem quer cá vir vem, quem não quer não vem. A intenção não é actuar socialmente, mas sim permitir a divulgação do que gostamos e do que nos preocupa, sempre com a ideia de partilha.
O SADINOS tem a sua utilidade neste constante frequentar por parte dos habitantes da cidade de Setúbal.
Mas como em tudo há os limites do bom senso. A crítica frontal e assumida é, na minha opinião, um excelente exercício de participação. O insulto e a insinuação gratuitas, não têm qualquer outro interesse que não seja o de retirar credibilidade aos projectos.
JTD
quarta-feira, 14 de abril de 2004
Aprovada a morte de Amina por lapidação
O Supremo Tribunal da Nigéria ratificou a condenação à morte de Amina por lapidação. Apenas adiaram a sentença em virtude de ainda estar a amamentar o seu filho. Depois será enterrada até ao pescoço e, em seguida, apedrejada, a menos que um dilúvio de e-mails repudiando a condenação faça com que as autoridades nigerianas voltem atrás na decisão. Através de uma campanha de assinaturas como esta salvou-se uma outra mulher na mesma situação. Não se perde nada, mas ganha-se no sentido humanitário. Não duvidem e façam-no por favor. Safira também será lapidada porque teve um filho depois de divorciada. A Amnistia Internacional pediu apoio através da sua página web.
Por favor, façam circular esta mensagem.
Vão lapidar outra mulher na Nigéria e desta vez reuniram-se poucas assinaturas:
Não custa nada: Basta entrar no site (link abaixo) e assinar. A carta já está feita.
Amnistia Internacional
Vamos apoiar reenviando essa mensagem a todos os seus contactos?
Como diz a mensagem, realmente não nos custa nada, e para Amina pode significar a VIDA!!!
Por favor, façam circular esta mensagem.
Vão lapidar outra mulher na Nigéria e desta vez reuniram-se poucas assinaturas:
Não custa nada: Basta entrar no site (link abaixo) e assinar. A carta já está feita.
Amnistia Internacional
Vamos apoiar reenviando essa mensagem a todos os seus contactos?
Como diz a mensagem, realmente não nos custa nada, e para Amina pode significar a VIDA!!!
Memórias de Adriano
Descobri, agora mesmo, um sítio onde se escondia o Adriano Correia de Oliveira. Foi boa, a descoberta. Isabel Correia de Oliveira é a mentora, e todos podem dar o seu contributo.
Lembro-me de uma frase de Adriano, escrita no trabalho que fez em conjunto com Manuel da Fonseca - "Que nunca Mais":
"Que nunca mais os meninos nasçam em bairros de lata, gostem de faltar à escola e aprendam ofícios de estalo e safanão"
JTD
terça-feira, 13 de abril de 2004
Maré alta
Experimentem ler este texto de Sérgio Godinho esquecendo a melodia. Eu não consigo.
É nitidamente letra para ser musicada. Ou então, foram feitas em simultâneo; letra e música.
Conclusão: O processo criativo coube ao seu autor. Nós ficámos com uma grande canção. É preciso aprender a nadar, não é? Lá isso é!
MARÉ ALTA
Aprende a nadar, companheiro
Aprende a nadar, companheiro
Que a maré se vai levantar
Que a maré se vai levantar
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Maré alta
Maré alta
Maré alta
Os sobreviventes>, Sérgio Godinho, gravado no Strawberry studio, Chateau d'Herouville - França,
em Abril de 1971
JTD>
Dou?
CANÇÂO
Tinha um cravo no meu balcão;
veio um rapaz e pediu-mo:
— mãe, dou-lho ou não?
Sentada, bordava um lenço de mão;
veio um rapaz e pediu-mo:
— mãe, dou-lho ou não?
Dei um cravo e dei um lenço,
só não dei o coração;
mas se o rapaz mo pedir:
— mãe, dou-lho ou não?
Eugénio de Andrade
segunda-feira, 12 de abril de 2004
Júlio Pomar | João Lobo Antunes
Júlio Pomar e João Lobo Antunes falaram com Maria João Avilez na SIC.
Bonita entrevista. Lobo Antunes guardou o bisturi e falou de Arte com a visão de um cirurgião permanente. Não dos hospitais, mas da vida de todos os dias. Um arguto observador da obra do pintor.
A obra analisada foi o conjunto de desenhos feitos para "Guerra e Paz" de Tolstoi. Pomar encantou, como sempre, com o desfile de metáforas com que povoa o seu discurso.
Em tempos, numa conversa com Helena Vaz da Silva, Júlio Pomar respondeu acerca de como se explica um quadro, como acontece:
"Tropeço na palavra explicação. Gostaria de dizer que deixei de procurar explicações. Ou gostaria de ter deixado? O mais das vezes explicar uma coisa é fazê-la render a curto prazo, é fechá-la e deixá-la. Mais me apaixona ver o que passa por ela, o que com ela parece ter relação, do que estar a impor o fim que é a explicação. A levar a água ao meu moinho. Sou um sedentário e gostaria que o meu moinho fosse nómada".
Agora, passados mais de vinte anos, diz que o que mais lhe interessa é subir a escada do ateliê e pintar. Pinta várias peças em simultâneo. Diz que são elas, as telas, que o conduzem. Piscam-lhe o olho e ele limita-se a obedecer. Foi Pomar que disse um dia que "Um quadro já lá tem tudo, o pintor limita-se a descobrir essa verdade".
Foi bom conversar com eles.
JTD
domingo, 11 de abril de 2004
Não canto porque sonho
Titulo de um poema de Eugénio de Andrade, que Fausto musicou e cantou em parceria com José Afonso no seu trabalho "P'ró que der e vier", gravado em Madrid e em Lisboa, entre Abril e Outubro de 1974, com produção de Adriano Correia de Oliveira e José Niza. É um bom disco de Fausto, com a marca do tempo que então se vivia. O poema de Eugénio, a composição de Fausto e a interpretação em diálogo com Zeca, fazem desta canção uma referência na música da época. Fiquemos com o texto. JTD
Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
o teu sorriso puro,
a tua graça animal.
Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
o mesmo bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinho.
Canto porque o amor me apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
por vê-los nus e suados
sábado, 10 de abril de 2004
Em Abril, memórias mil
Não me comove o já serôdio abrilismo de pacotilha. O 25 de Abril foi há trinta anos, e os meus amigos de mais ou menos essa idade, não souberam o que era o fascismo, e ainda bem.
Também não me emociono com os "saudosos" anos de implantação da República. Ainda não existia como criatura e os relatos soam como algo muito longe. O bem que estes históricos acontecimentos nos fizeram é imenso. São bens adquiridos, por nós utilizados como vulgar electrodoméstico. Mas vale a pena recordar o melhor, o que ficou depois da poeira.
Vamos fazê-lo aqui durante o mês de Abril.
Começamos com José Afonso, poeta. Um poema não musicado, escrito em Março de 1981. JTD
TU MORRES TODOS OS DIAS
Tu morres todos os dias
libertando telefonemas
diante da minha mágoa
exposta à ira dos dias
levo-te cravos vermelhos
flores recentes da estação
Morres e vais caminhando
sobre uma estrada de fumo
o lume que nos sustenta
Já não cheira não tem vida
À vezes vens-me à lembrança
descalça ao longo da praia
Vivo terrores de madraço
Com dívidas acumuladas
Seguindo de perto o tráfego
Saberei um dia amar-te
Tu morres tu pontificas
eu respiro a tua sombra
Ai repouso do guerreiro
Sobre o abismo repousas
quarta-feira, 7 de abril de 2004
Picasso e a guerra
Picasso tem direito, no início da ocupação, como muitos outros, a uma visita da gestapo, que lhe vasculha o atelier.
Um oficial nazi, ao ver sobre uma mesa uma fotografia de Guernica, interroga-o:
- Foi o senhor que fez isto?
Resposta de Picasso:
- Não, foram vocês.
Titulo: Picasso por Picasso
Organização: Paul Désalmand
Tradução: Mário Dias Correia
Capa: Fotografia de Man Ray
Edição: Contexto
O provincianismo português
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subornização inconsciente e feliz.
O sindroma provinciano compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; e, na esfera mental superior, a incapacidade de ironia.
Se há característico que imediatamente distinga o provincianismo, é a admiração pelos grandes meios. Um parisiense não admira Paris; gosta de Paris. Como há-de admirar aquilo que é parte dele? Ninguém se admira a si mesmo, salvo um paranóico com o delírio das grandezas.
Fernando Pessoa, Textos de crítica e de Intervenção
O sindroma provinciano compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; e, na esfera mental superior, a incapacidade de ironia.
Se há característico que imediatamente distinga o provincianismo, é a admiração pelos grandes meios. Um parisiense não admira Paris; gosta de Paris. Como há-de admirar aquilo que é parte dele? Ninguém se admira a si mesmo, salvo um paranóico com o delírio das grandezas.
Fernando Pessoa, Textos de crítica e de Intervenção
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