domingo, 25 de abril de 2004

Liberdade

O discurso do 25 de Abril não fica completo sem se falar de José Afonso. Parece-me óbvio. Ele foi a voz que se insurgiu com mensagens cifradas, de pendor surrealista. Contudo a linguagem poética é de uma qualidade tal, que não se fica pelo panfleto. Nunca foi esse o caminho de Zeca; O dogma, a palavra fácil, não são o chão que pisa.
Foi uma voz dos inconformados. De todos os que lutam pelo que é mais universal e cosmopolita.
No dia de hoje, apetece-me passar para aqui, um poema incluido no trabalho "Coro dos Tribunais", que refere a longa noite de resistência, de clandestinidade, mas também do amor e da esperança.

A PRESENÇA DAS FORMIGAS

A presença das formigas
Nesta oficina caseira
A regra de três composta
Às tantas da madrugada
Maria que eu tanto prezo
E por modéstia me ama
A longa noite de insónia
Às voltas na mesma cama
Liberdade liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida

JTD