terça-feira, 19 de março de 2024

Deambulatório

EM MADRID ME PERCO II | Sempre que viajo é para descobrir o que não tinha percebido até aí. Tentar conhecer o que ainda não me tinha passado pelos óculos. O momento da surpresa, da descoberta, é para mim uma alegria e um prazer. Conheço o trabalho de Antoni Tàpies desde que comecei a olhar para a Arte como objecto de conhecimento do mundo que me interessa. Ainda estudante, juntei grados trocos para comprar um livro seu de formato bastante fora do normal. Foi o livro maior e mais caro que comprei até hoje. Entretanto fui juntando à biblioteca pessoal muitos outros livros e catálogos sobre a sua obra. Já vi muitos trabalhos de Tàpies por esse mundo. Participei na abertura de uma sua exposição no CCB, no principio deste século. Nessa abertura, estive mesmo muito perto dele e ouvi comentários seus aos trabalhos expostos. Não, não é postura de socialite. Desprezo isso. É vontade de ouvir quem tem coisas para dizer. Esse hábito ainda não perdi. 

Quando percebi a existência de uma sua exposição retrospectiva agora em Madrid, coloquei-a no roteiro desta viagem. Fui entretanto informado de que era esta a sua maior retrospectiva de sempre. Logo, era previsível que iria encontrar ali trabalhos que nunca tinha visto ao vivo, e, talvez, nem mesmo em material impresso. Aconteceu. Este deambulatório por Madrid, e particularmente pelo "Reina Sofia", foi uma surpresa polvilhada de alegria e bem estar intelectual. Fico com vontade de voltar sempre a estes lugares onde a felicidade tem momentos altos.

As imagens que ilustram este deambular são as que me apeteceu colocar aqui. Captei-as com o iPhone e editei-as com a intenção de as mostrar com a melhor resolução possível para este espaço. Algumas pinturas são minhas amigas há muito. Outras não conhecia de todo. Aqui estão, sem regras de apresentação pessoais. Estar tão perto de algo que foi feito por alguém que tanto admiramos provoca emoção e orgulho. Perdoem-me a ousadia do desabafo. Foi tão bom estar ali. 



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segunda-feira, 18 de março de 2024

Deambulatório

EM MADRID ME PERCO - I | A viagem foi para perceber o que seria este Madri Design Festival. A iniciativa povoou vários locais da capital do reino. Mas a rendição aconteceu no Matadero, local único e de grande vitalidade cultural. Impressionante mesmo. No Matadero tudo acontece. Aconteceu grande matança no passado. Mas agora a matança é outra: matamos um tempo muito bem passado entre a observação de exposições surpreendentes, performances teatrais de grande ousadia, literatura de insubmissões arriscadas. É sublime percebermos que um dos espaços é baptizado de Fernando Arrabal, o escritor antifascista, corrido por Franco e que ficou até hoje em França. Sublime ternura, sublinho. 

O design exposto surpreende pela originalidade respeitadora das origens. Ou seja, olhamos para o lado e inventamos outra coisa. É o mundo dos designers. Respeita-se um passado que se esquece de seguida. Vamos respeitar a diferença para fazer ainda mais diferente. Estas peças aqui expostas — cartazes, livros, móveis, objectos vários — estão em festa. Percebemos o convívio e a zanga. Percebemos as influências e as originalidades. Também há coisas que não percebemos. Mas, temos que perceber tudo na vida? 

Madrid continua a ser aquele lugar encantador que me fascisna desde a primeira hora em que lá pernoitei. Madrid é uma cidade espantosa de dia e de noite. 

madriddesignfestival.lafabrica.com/

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domingo, 17 de março de 2024

As vontades de Nuno Júdice

Toda a poesia celebra o amor. Concordamos? Talvez não. Mas a poesia de Nuno Júdice não anda muito longe dessa vontade. Escreveu as palavras que definem a vontade de amar nas páginas que publicou. Gosto da poesia de Júdice porque usa as palavras sem medo de interpretar sentimentos. E gostava de Nuno Júdice. Da sua simpatia pessoal, que também faz justiça à vontade de estar bem com os outros e com a vida. Muito obrigado, Nuno Júdice.

sábado, 16 de março de 2024

Receituário

 Antes que se seja tarde. Vamos sendo avisados. Ditaduras, nunca mais.

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sexta-feira, 15 de março de 2024

Contra o vento

Este texto do Miguel Esteves Cardoso saiu no Público, no dia seguinte ao anúncio da eleição de 48 criaturas estranhas para a Assembleia da República. Já leram? Não? Então leiam.
Bom fim-de-semana. Livre de fascistas e de quem os apoiar, se for possível.

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quinta-feira, 14 de março de 2024

Receituário

REDESENHAR O MUNDO | O título desta edição do MADRID DESIGN FESTIVAL 2024, diz (quase) tudo. Quem cria deve ter a cabeça no ar, salvo seja, como se costuma dizer. Deve observar e sentir o seu tempo e o espaço onde se encontra com o mundo. Quem cria tem de perceber o mundo.
Não acredito em artistas regionais de paróquia. Comportamentos corporativos de capela causam-me brotoeja. Não acredito no "é nosso é bom, ponto final". Madrid percebeu muito cedo que os artistas, os agentes de cultura, devem pisar o chão do mundo. É o cosmopolitismo que faz crescer as cidades. E as cabeças das pessoas também, já agora. Lembram-se da Movida madrilena e de Tierno Gálvan? "Madrid me mata".

É por estes canais que respiro. E transpiro. É com esta gente que gosto de estar. Quem estiver por perto apareça. Vale a pena. Aprende-se sempre, quando se viaja pelo mundo dos que querem mudar o mundo.
Acrescento aqui um pedaço do texto promocional:
"A sétima edição do Madrid Design Festival voltará a converter a cidade num referente desta disciplina, com um vasto programa de atividades protagonizadas por designers, especialistas e profissionais do setor. Os encontros de criação alternativos, a força unificadora do design, o diálogo e o intercâmbio entre profissionais, empresas e instituições são os pilares desta nova edição.

Sob o lema comum às anteriores edições – Redesenhar o mundo -, o festival tem como propósito reivindicar o design como uma ferramenta capaz de promover o diálogo e de oferecer uma nova abordagem dos problemas e das circunstâncias que definem o nosso dia-a-dia, proporcionando novas soluções, através do diálogo do design com disciplinas como a ciência, a moda, a música, a arte e o artesanato, mas também abordando questões que atingem e afetam a nossa sociedade, como o despovoamento ou a solidão entre os jovens."

madriddesignfestival.lafabrica.com/

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MARIELLE FRANCO foi assassinada por denunciar a violência policial contra as populações mais frágeis. Foi no dia 14 de março de 2018. Era socióloga e exercia um cargo político como vereadora no Rio de Janeiro. Feminista, activista de esquerda, foi considerada alvo a abater pelos fascistas bolsonaristas.

Os bolsonaristas agora têm um deputado em Portugal eleito pelo "bom povo" da direita alarve. Os neofascistas estão a tentar dar conta disto tudo. Por cá já conseguiram colocar nas cadeiras do parlamento 48 idiotas inúteis. Cá ainda não mataram ninguém, entram no jogo do humilde ofendido: fazem-se de vítimas do sistema inventando ataques que mais ninguém vê. Tentaram esse milagre até ao fim da campanha. Agora, uma chusma de cretinos e cretinas vai tornar o trabalho parlamentar para lamentar. Vamos assistir ao que nunca imaginámos ser possível acontecer. Combateremos os imbecis que vão inundar São Bento. Sempre.

Marielle Franco lutou contra os idiotas reaccionários e sem pingo de vergonha que minam o sistema brasileiro. Tiveram um presidente troglodita que fez o que pode para denegrir as instituições. Um labrego sem escrúpulos. Foi gente assim que matou Marielle. Gente má, sem remorsos por ter matado. Marielle Franco merece ser recordada. Devemos homenagear quem tem a coragem de denunciar a brutalidade contra a inteligência. Queremos viver em democracia com liberdade plena. Os novos fascistas são gente reles. São como os velhos fascistas.

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terça-feira, 12 de março de 2024

Romualdo

O Romualdo morreu. Foi um artista de grande elevação intelectual. Habitava a vida cultural lisboeta no tempo da renovação artística da cidade. Lisboa cresceu, tornou-se uma cidade europeia, cosmopolita. Foram artistas assim que puseram a cidade no mapa da decência cultural. Romualdo vivia agora em Setúbal. Fez uma exposição do seu trabalho recente em fevereiro de 2022. Na altura escrevi uma nota que partilho agora:

Maria João Frade esclarece os enleios desta exposição em palavras escritas para a folha de sala. Texto assertivo em que confessa que "andou aos papéis" para fazer esta exposição de Romualdo agora mostrável na Casa da Avenida. Há muito que falava à Maria João na mostra que Romualdo fez lá na Casa num ano qualquer das nossas vidas que se perdeu na minha memória do tempo. Impressionaram-me aquelas texturas, e recordava-as nas conversas convocando a memória para esses testemunhos visuais tão impressivos. Mas, agora, como documento, no segundo andar da galeria, uma projecção vídeo refresca-nos a memória. Deslumbra-nos. 


Impressionou-me no autor aquela observação dos papéis velhos como vontade de envolvimento artístico. O rigor e o extremo equilíbrio que executam aqueles desequilíbrios que transformam o lixo em luxo aguçaram-me os sentidos e a curiosidade em ver outras coisas. O resultado da investigação de Romualdo revela-nos sofisticação cultural e uma consequente curiosidade intelectual permanente. 

A exposição que agora nos é mostrada é uma confirmação de talentos, mas também uma surpresa. Surpreende aquela necessidade de afastamento da realidade social da Arte. Mas afastamento não é indiferença. A necessidade de observar o mundo tal como ele é anuncia a permanente insatisfação do artista, mas a representação transforma realidades e inverte destinos. Tudo se transforma. Ou deve. A ironia pode ser um bom contributo para essa transformação. A técnica dá uma preciosa ajuda. Romualdo conhece bem as leis da física. E sabe o papel que a Arte tem na contagem do tempo dos materiais. O que aqui nos mostra é o resultado dessa criteriosa e densa investigação. Parte do caos para organizar a desordem. E a desordem existe ali empacotada em armários imaginados pelo artista e sugeridos à nossa interpretação. 

É muito bom rever trabalhos deste artista tão singular. Eu, assumo, senti-me em festa. Esta exposição é uma festa para os sentidos. 

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AS VIDAS DA NOSSA VIDA | Faço anos hoje, dia 12. O meu amigo João Paulo Cotrim completaria mais um ano de vida amanhã, dia 13. E o meu amigo António Mega Ferreira faria 75 anos lá mais para o fim do mês, no dia 25. Nascemos os três em março.

Eu ainda aqui estou, eles já cá não estão. Não sei viver sem amigos. Recordo-os porque tenho saudades deles. Eles estarão na nossa memória enquanto nós por aqui andarmos. Foi bom vivermos no mesmo tempo e no mesmo espaço durante o tempo que nos foi possível.
Felizmente muitos ainda estamos vivos. Estamos alguns aqui nos retratos. Há muitos mais retratos com outros amigos. E há amigos que não têm retratos comigo. É sempre bom ter gente amiga por perto. Temos saudades dos que já não estão entre nós. Nada será como dantes. Mas a vida continua. Até já.

Na primeira fotografia está o José Sarmento Matos, também já desaparecido, eu, o António Mega e o Fernando Luís Sampaio, que está vivo e recomenda-se.
Na segunda fotografia estou eu, o António Araújo, o João Paulo e o Bruno Portela. O António Araújo e o Bruno também estão por aí e não param de surpreender. 
Na terceira fotografia, para além de mim e do João Paulo está o João Silva e o Jorge Silva. 

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segunda-feira, 11 de março de 2024

Agora a sério...

As sondagens valem o que valem, diz-se sempre. Pois valem o que valem. Mas cada vez devem valer menos. Percebemos que as sondagens fornecem-nos as vontades dos seus fazedores. Era preciso colocar os santos da direita nos altares do poder. Era preciso derrubar o governo eleito. Chamem os poderosos procuradores. Chamem as polícias. E agora chamem os arautos da desgraça. Vamos alardear a injúria. Vamos espalhar a mentira. Chamem o Ventura. Chamem os saltibancos do Chega. Vamos adivinhar o futuro. Tragam a bola de cristal das sondagens. Perguntem lá o que pensa aquela velhota. E agora perguntem ao puto da geração mais bem preparada de sempre. Ele vota nos neofascistas? Botem no gráfico. A velhota vota no Cavaco? Eh, pá, não é no Cavaco, ponham aí Passos Coelho. Também não? Ah, pois, tá bem, é naquele novo do PPD, como é que ele se chama? É o coiso, pronto.
Pronto, já foi. Tinham razão: os putos votaram nos fachos. Mas os velhos não. Olha, afinal o coiso do PPD não teve tantos votos como nós esperávamos. Afinal, mesmo com alianças forçadas com os do ex-CDS e com o marialva lélé da cuca, o coiso do PPD e mais eles todos juntos só ficaram com mais dois deputados. Agora vão formar governo. Vai ser lindo de se ver e sentir. O fascista xenófobo e racista já começou a bater na ideia da igualdade de género. Os trabalhadores da cultura já estão em risco. Essa merda serve para alguma coisa? Os pobres que neles votaram já têm prometido um futuro ainda mais incerto. Querem saúde? Querem aumentos? Aprendam a safar-se. Aguentem-se. Mas o povo quer mudança. Quer dar o salto para a outra margem depois de derrubarem a ponte. Vai ser um salto do caraças.

Agora a sério... Os debates posteriores aos resultados trouxeram aos monitores televisivos os fala-barato do costume, mas também algumas pessoas que ornamentam o verbo com decência. O inenarrável José Manuel Fernandes, do site ultra-conservador Observador, destila ódio quando fala do PCP. Não vamos aqui recordar o passado deste comentador da direita mais à direita. Mas o que ele diz de um partido que ele combateu, pelo lado da esquerda mais radical que havia, é de bradar ao céu dos pardais, que é a barriga dos gatos. Diz que o PCP (partido que lutou contra o fascismo, digo eu), queria uma ditadura em 1974. E que o Chega quer uma democracia. Fantástico, não é?! Não esclareceu em que moldes, mas lá foi vomitando aquele ódio que de tão intensamente expresso, mais parece opereta de cordel. Carmo Afonso esclareceu-o e rebateu as enormidades que o homem brota daquela bocarra: o PCP não só é um partido da democracia, que fez parte da sua construção, como é fundamental à democracia actualmente. José Manuel Fernandes é um dos fundadores de um jornal que tenta mirrar o espaço da esquerda em Portugal. Claro que sabe o que aconteceu em 1974, ele estava lá, do lado dos que queriam de facto uma ditadura, mas agora parece que quer fazer esquecer tudo e ser o santo padroeiro dos betinhos direitolas. Percebe-se. A incoerência nunca pode ser coerente, excepto quando é Ventura a praticar a modalidade. Vamos assistir a uma definitiva normalização do Chega. O que fazer agora, que a tropa fandanga se prepara para dançar a dança sinistra do neoliberalismo e do justicialismo pantomineiro? É lutar contra eles. Sempre!

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domingo, 10 de março de 2024

Eleições 2024

Todos os dirigentes políticos falam em grande vitória da democracia devido à redução da abstenção. Coitados. Estava na cara que essa alteração se devia ao crescimento de um partido claramente antidemocrático. Eu ouvi, hoje, na rua, um grupo de ciclistas em circulação, gritar para as pessoas que estavam numa fila para votar: votem no Chega! Os grunhos fizeram campanha até ao fim. Os grunhos querem restrições. Querem sangue. Os porcos já andam de bicicleta, isso já tínhamos percebido, e eu confirmei-o hoje no terreno. Isto vai piorar. Quem pensava que a pandemia foi um tempo mau, vai assistir a momentos de uma gravidade sem precedentes. A chegada da direita ao poder é uma péssima notícia. A luta contra estes trogloditas começa amanhã.

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Com as minhas tamanquinhas


A campanha eleitoral que deu nisto, foi completamente diferente da campanha eleitoral que deu naquilo que aconteceu nas últimas eleições. Assistimos a uma campanha mais agressiva, no mau sentido, devido à intervenção troglodita do troglodita do partido neofascista Chega. Ontem, dia de reflexão, abordei aqui a intervenção musical de apoio ao troglodita por parte do troglodita Quim Barreiros. Contei uma história que desvincula Quim Barreiros de José Afonso, já que cada vez que se fala das tontices do boçal das cantigas idiotas, vem logo a imprensa "séria" associá-lo a José Afonso, por causa da sua participação no álbum "Com as minhas tamanquinhas". Contei aqui o que José Afonso me contou: ele pediu à produção alguém que tocasse aquele instrumento como ele queria que fosse tocado, só isso. A produção foi buscar Quim Barreiros porque ele dominava o instrumento de maneira que, para o que José Afonso pedia, servia. Acontece que, Quim Barreiros, pantomineiro como sempre, disse um dia que "o Zeca lhe ligou às 3 da manhã para ir gravar". Foi aqui esclarecido que quem ligou foi Moreno Pinto, excelente técnico de som que percebeu que poderia ser o pantomineiro a dar som ao instrumento. 

Pois bem: a minha aversão àquilo a que Quim Barreiros chama música popular é enorme. Esse sons provocam-me uma irritação brutal. Assistir a ataques a José Afonso por ter convidado Barreiros puxa-me o vómito. José Afonso nada tem a ver com Barreiros. Está a milhas da compreensão cultural do que entende por música Quim Barreiros e todos os imbecis que emitem sons misóginos, sexistas e imbecis. Acontece que fui insolentemente atacado por uma chusma de "distraídos" que confundem atitude com má educação. É a pouca educação democrática, que não conhece opções culturais, a revelar uma efectiva má educação. Ter atitude não é má educação, muito pelo contrário. 

O álbum "Com as minhas tamanquinhas", de José Afonso, é o trabalho mais directamente político do genial autor. A política é importante. Quem não tem opções políticas, nem preocupações sociais, e que apenas se preocupa com a facturação, só se exprime culturalmente através do humor rasca e da brejeirice imbecil. Não há maneira de nos exprimirmos com seriedade se não levarmos a sério o que é sério. O partido que pediu a Barreiros para tocar e cantar bacoradas da boca para fora é contra o sistema democrático. Falam de uma limpeza para debaixo do tapete. Esse partido neofascista está minado de gente repugnante. Só tem gente repugnante, neofascistas encartados mesmo, como o homem que foi fundador da associação terrorista MDLP. Um artista deve ser um cidadão atento. Quim Barreiros não deve ser tão parvo como parece. Faz-se de parvo para ganhar dinheiro? Mas, precisava assim tanto do dinheiro dos neofascistas? Não creio. Esta música é culturalmente repugnante. Estão bem uns para os outros.  Quim Barreiros é um deles.

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Receituário

NUNCA TE ESQUEÇAS QUE ÉS UM TRABALHADOR | Esta exposição abre no dia 22, no Iscte. O que vamos ver é uma importante selecção de objectos que representam profissões e suas práticas. Cartazes de época, estatuetas, documentos vários que documentam ambientes de trabalho de antes e de depois de Abril. Todo este material pertence ao Arquivo Ephemera e arquivos associados. E, claro está, é José Pacheco Pereira o orientador da exposição e autor do texto que justifica isto tudo.

A imagem promocional fomos nós — DDLX — que concebemos, e é desenvolvida a partir da imagem de um cartaz da Intersindical de 1975. O cartaz representa um apelo aos jovens então em exercício no serviço militar. É uma belíssima imagem que recuperamos para os dias de hoje, para "lembrar ao povo e contar aos jovens". Onde é que eu já ouvi isto?!
A mostra é soberba e repleta de interesse. Espevitem a vossa curiosidade intelectual e apareçam por lá. Eu vou aqui lembrando.

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sábado, 9 de março de 2024

Reflexão


É sempre a mesma coisa. Quim Barreiros é foleiro a olho, mas é sempre associado a José Afonso para que a reabilitação aconteça. Conferi esta ideia em notícia no Expresso online. Permitam-me que conte o que aconteceu. A participação de Barreiros em trabalho de José Afonso deu-se na gravação de um som de acordeão para o álbum "Com as minhas tamanquinhas", gravado em 1975. José Afonso pediu à produção alguém que tocasse o instrumento com a destreza popular que a canção exigia. Quim Barreiros era um jovem que frequentava as festas populares das aldeias e lugarejos. A brejeirice era mote. Mas José Afonso não conhecia nem apreciava tal coisa. Sabia que ele sabia sanfonar aquela geringonça que pendurava nos ombros e que manuseava com evidente habilidade. 

Quim Barreiros "cresceu". Muito. Tornou-se muito popular e passou a "alimentar" os convívios estudantis. O ressurgimento das miseráveis praxes tornaram-no herói desejado. Claro que só "cresceu" em popularidade balofa. Culturalmente mirrou, se é que alguma vez foi crescido. E de que maneira. Acabou em animador do partido neofascista da moda. Agora, quando o forem ouvir, lembrem-se de que para além de cantar trampa, tem trampa na cabeça. Alguém, com condições para pensar, pode imaginar votar num partido de gente com trampa e ódio na cabeça?

[Mantenho o comentário, mas retiro a fotografia. Aquilo estava a meter-me muita impressão. A imagem do Barreiros alarve é repugnante].

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sexta-feira, 8 de março de 2024

Estrela Novais


Estamos a morrer muito. Agora foi a actriz Estrela Novais que partiu. Vi-a e ouvi-a em peça de Bernardo Santareno no Festival de Teatro de Setúbal, em 1979.

A representação desta actriz única marcou-me profundamente. Ainda hoje me lembro das imagens dessa peça (“Restos”, integrada na trilogia "Os Marginais e a Revolução", com “A Confissão”, “Monsanto” e “Vida Breve em Três Fotografias”) como se me tivessem passado pelos óculos ontem à tarde. Emoção e impressão que se mantém até hoje. Claro qua a vi muitas vezes mais, em representações do Seiva Trupe, mas esta primeira vez alertou-me para a actriz que ela foi e para o teatro de Bernardo Santareno. Agradeço agora aos dois. É bom viver no tempo de gente assim tão grande.

Mulheres de Sempre!

Insistir na igualdade ainda é preciso. Recentemente, uma jovem mulher, deputada do partido neofascista com permanência no Parlamento, assumiu e defendeu que as mulheres têm todo o direito em serem "apenas" mulheres, donas de casa, para cuidarem dos filhos e do marido. Algo que parece defesa de um direito razoável, não o é. É a vontade de regresso ao passado.

A expressão é muito antiga e já se pensava ridícula e ultrapassada: o lugar da mulher é na cozinha. A jovem deputada, que só o é porque houve mulheres que lutaram para que mulheres entrassem na política e no Parlamento, deveria ponderar o que diz antes de vomitar ódio e bojardas machistas. Mas as coisas são mesmo assim: ninguém pode julgar uma jovem deputada por ser parva, mas quando essa jovem está em lugar de decisão e defende retrocessos civilizacionais, devemos denunciar essas atitudes. No próximo domingo, uma mulher que vote no partido neofascista ou é parva ou faz-se.

Só reparo na parva do Chega porque já fedem estas atitudes imbecis, mas a ideia aqui é lembrar as mulheres que combateram essas atitudes. Foram muitas. Foram corajosas. Coloco aqui fotografais de algumas que me impressionaram pelas suas atitudes. São estas mulheres que fazem o mundo avançar. É preciso recordá-las para que o que combateram não se volte a impôr. Assistimos hoje a essa vontade. A direita unida está predisposta a fazer recuar tudo. Estas mulheres combateram o conservadorismo direitista. Foram mulheres do seu tempo, que são exemplo para as mulheres de hoje. Essas que estão a construir o amanhã. Vivam elas.

quarta-feira, 6 de março de 2024

António-Pedro Vasconcelos

Morreu António-Pedro Vasconcelos. Fez filmes. Escreveu livros. Viveu. Viveu bem. Gostava disso. Conheci mal o homem. Cruzámo-nos em lançamentos, vernissages e casamentos. Um dia foi ao meu atelier (na imagem, feita por mim, à socapa, vendo-se ao fundo o José Falcão em conversa com o João Paulo Cotrim) à abertura de uma exposição do João de Azevedo, de quem era amigo. Foi interventivo e coerente. Gosto de gente assim. Gente que faz arriscando. Foi bom viver no seu tempo. Muito Obrigado, António-Pedro.

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AD, Chega: a mesma luta

Tudo farão para chegar ao pote, como dizia Passos Coelho. Parece que há mesmo acordos secretos entre os "sociais-democratas" e o partido unipessoal neofascista. A ideia é partir isto tudo. Cinquenta anos depois das conquistas iniciadas com o 25 de Abril, a direita, aliada à extrema-direita, vai tudo fazer para reverter direitos, privatizar até mais não e bloquear o acesso dos de baixo a uma vida melhor. Vejam o que está a acontecer na Argentina, exemplo maior do que nos espera se a AD, o Chega e a IL chegarem ao tão ambicionado pote.

Carmo Afonso não se cansa de avisar. No público de hoje esclarece mais uns pormenores.

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terça-feira, 5 de março de 2024

O direito a termos direitos

O parlamento francês colocou na lei o direito de as mulheres decidirem sobre o seu corpo. É o primeiro país do mundo a fazê-lo. Recordamos de imediato Simone Veil (na imagem), mulher de coragem e de grande estatura intelectual que enfrentou a corja de machistas no poder. Simone Veil sofreu na pele a agressão nazi. Foi presa, torturada, tentaram eliminá-la fisicamente, como aconteceu à sua família. Já ministra, lutou pela dignidade das mulheres e de todos os que sofriam. Enfrentou sempre machistas, racistas e outros fascistas. Teve que aturar "bocas" negacionistas do holocausto vindas da bocarra imunda do pai de Marine Le Pen, na altura o líder dos neofascistas franceses. Le Pen e os neofascistas são os grandes derrotados desta atitude do parlamento. 

Isto acontece numa altura em que, aqui em Portugal, o inenarrável Paulo Núncio, figura de cima da AD, fala em reverter a lei que reconhece que as mulheres é que mandam no seu corpo. Quer repressão, castigo, não prevenção. O neofascista Ventura, mais que provável aliado da inenarrável Aliança direitista se chegarmos a ter de viver essa desgraça de governo, pede apenas repressão e ajustes justicialistas básicos, sem qualquer consideração pelos avanços civilizacionais. Quem deve mandar no nosso corpo é a religião deles e as cabecinhas imbecis dos juízes e dos polícias reaccionários. Tudo a toque de caixa, é o que se quer. Prevenção é regabofe. Estes imbecis não têm qualquer respeito pelos outros, pelos que pensam diferente e que querem viver bem com o seu corpo. Com a Lei da morte assistida passou-se a mesma coisa. Eles é que mandam. Há um deus que lhes diz que deve ser assim. Só deus pode castigar e matar, com a ajuda dos políticos retrógados e dos seus braços armados: polícias sem cérebro que actuam como verdadeiros criminosos. Como nos livramos desta gente? Votando contra eles. 

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segunda-feira, 4 de março de 2024

Retrógados e machistas em doses substanciais

Se fossem só esses os defeitos dos trogloditas da AD, ainda assim não poderíamos ficar descansados. Ser parvalhão machista já é defeito de monta. Acontece que ser machista nos dias que correm, já não corre a favor dos marialvas que dirigem a coligação da direita (mal) unida. Ouvir o inenarrável Paulo Núncio, o fadista marialva do PPM, o indescritível Luís Filipe Menezes, ou o excelso patriota Durão Barroso vomitarem desprezo pela existência feminina ou em defesa da família que eles definem como tradicional, é revoltante. Já não se aguenta tanta estupidez misógina, que se manifesta numa grande falta de vergonha na cara.
É por isso que quando ouvi o salta-pocinhas Santana Lopes dizer que os outros é que não têm vergonha, a gargalhada soltou-se-me em bandeiras despregadas. Olhem quem: o mais palonço dos ex-futuros dirigentes da agremiação reaccionária e machista.
A vergonha não os assiste. A noção do ridículo também não.

É fundamental ler Carmo Afonso. Sempre. 

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domingo, 3 de março de 2024

Os filhos de Putin

Putin avança em várias frentes. Putin desfila sozinho na Rússia imperial, mas com o apoio de toda a extrema-direita mundial e mais dos imbecis trogloditas que comandam a Venezuela e a Coreia do Norte — Lula, no Brasil, também só diz merda —, que lhe chamam, orgulhosos: "camarada Putin". Um criminoso violento: machista, sexista, homofóbico, recebe apoio de quem acha que é de esquerda. Ou há quem o ache, é mais assim. Caríssimos camaradas: demarquem-se desta gente lamentável. Falamos de gente que manda matar. Falamos de gente que não respeita a diferença nem o ser humano como pessoa que quer viver em paz. A paz não se atinge com a rendição. A paz atinge-se com o respeito pelo outro. Pelo outro que pensa diferente. Quem ataca para ter mais poder não merece o respeito de ninguém. Putin é um escroque reaccionário de extrema-direita.

sábado, 2 de março de 2024

Reflexão


GENTE SEM QUALIDADES | A Direita está em grande delírio. Os tiros no pé sucedem-se. Gente que pode ir para ministérios nega as alterações climáticas, quer o regresso da criminalização da interrupção da gravidez não desejada, sugere milicias contra uma insegurança que não existe, desdobra-se em declarações trogloditas muito próximas dos vómitos da extrema-direita. Mas quem vai votar nesta gente do antigamente, cinquenta anos depois da data que nos forneceu um sistema que nos permite acreditar em muita coisa menos nesta gente?

sexta-feira, 1 de março de 2024

Receituário

DE ABRIL A NOVEMBRO EM MARÇO | O que é que aconteceu durante aqueles dois anos tão intensos? Maria Inácia Rezola, presidente das Comemorações dos 50 anos da data libertadora, vai apresentar a sessão. Quem escreveu o livro foi a Irene Pimentel, que sabe do que fala quando escreve. O Lançamento é a 7 de Março. Ouvir estas mulheres é bom. Ler o livro é fundamental. Até já, Irene.

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quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

O que é feito de si, Frederico?


Este imbecil, que violou e matou. Este predador repugnante, que foi condenado e fugiu para parte incerta, só agora é que foi impedido de exercer o sacerdócio. Vinte e seis anos em fuga. Foi o Papa que reparou que este cretino andava à solta e nada tinha sido feito para não envergonhar a Igreja Católica. Tão tarde. Tão revoltante. Tão distraídas, as superiores autoridades das capelinhas.

Fonte: Agência Lusa

O réptil

UM ASSASSINO QUE SE ORGULHA DE O SER | UM GRANDE FILHO DA PUTA.

"Rússia também tem armas para atingir o Ocidente"

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu hoje que a Rússia tem armas capazes de alcançar alvos no Ocidente, ao discursar perante a Assembleia Federal em Moscovo. 

Fonte: Lusa

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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Os farsolas


"Montenegro promete a reformados que se demite se cortar um cêntimo nas pensões", diz o DN de hoje. Não fala em aumentos substantivos, como o seu ex-companheiro de partido André Ventura. "Os maiores de sempre", diz o farsola. Montenegro também diz que não se vai aliar ao partido neofascista: "não é não", diz. Mas a comunicação social continua a não dar muita importância ao subtítulo das afirmações de Montenegro: "porque não vai ser preciso". O farsola neofascista diz que sem ele não há governo de direita em Portugal. Em que ficamos? Vai ser preciso ou não? Farsolas, todos os direitolas. 

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