quarta-feira, 24 de julho de 2024

A vantagem das imperfeições

A democracia está longe de ser perfeita: Os totalitarismos são a perfeição. 

Quando Mussolini quis tomar conta de Itália, encontrou uma palavra de ordem que definia bem a bondade da busca da perfeição: "Com amor se possível, com a força se necessário".  Aquilo misturou-se tudo e os ditadores passaram a ser amados pelo seu povo. Amados à força, é claro, mas o povo não dá por nada. Meloni percebeu o mestre e avança confiante. O futuro é dela. 

O líder agride, mente, viola? E então, não é julgado e preso? Nada disso. É homem. É esperto. É como nós gostaríamos de ser. Agora fala-se muito da eficácia dos equilíbrios. Se Trump ganha é uma guerra civil na América, se ganharem os democratas a guerra é mundial, logo, deixá-los eleger Trump. Afinal são todos iguais. 

Kamala é arrasada pela misoginia militante que já nem disfarça. Trump até é um político arguto, capaz de acabar com as guerras com um telefonema. Trump é um político corajoso, diz gente que diz não ser de direita, nem do centro, nem da esquerda. Orbán é um político hábil. Ainda havemos de ver por aí quem ache que Ventura é um político corajoso porque é malcriado.  Ah, pois, isso até já acontece. São os agentes da razoabilidade primária. São pela razão. Só isso. 

Aconteceu algo extraordinário: uma imensa razão abraçou-os e não os larga. Estão ungidos. Possessos. Foram bronzeados pelo sol que canta e os ilumina lá do alto. Sim, o sol canta. E os crocodilos voam. Removemos montanhas. Desbravamos mato e cavamos rios. Tudo é possível quando temos razão. E damos banho ao cão.

Imagem: Cartoon de André Carrilho/DN

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