quarta-feira, 31 de agosto de 2022

A vida é feita de pequenos nadas


Sérgio Godinho faz hoje anos. Tantos anos a dar-nos tanta música boa. Tantos pequenos nadas transformados em momentos de excepção.

Parabéns
, Sérgio. E muito obrigado.

Agosto ao gosto de toda a gente


O MUNDO ÀS AVESSAS | O agosto tonto já não é o que era. Tonto na mesma mas com tristezas reais. Morreu gente importante, que faz falta: a escritora Ana Luísa Amaral, o estilista Issey Miyake, o artista visual Sempé, o militar de Abril Almeida Bruno e o activista Homero Cardoso, fundador da primeira etapa da editora Assírio e Alvim e da Associação José Afonso. Também Gorbachov deixou de estar entre os vivos. Isto enquanto o seu compatriota criminoso Putin continua matando e destruindo na senda de alargamento do seu poder. Salman Rushdie não morreu, mas quase. Foi atacado por um tarado fundamentalista miserável. Nas Américas um outro tarado que chegou a presidente daquilo cospe inanidades daquela bocarra cheia de ódio e vingança. Isto em permanente campanha eleitoral.
Por cá a direita também se une e bolsa as atoardas do costume. Estão a ficar todos parecidos. Com a chegada do partido facista à Assembleia da República a coisa extremou-se. Montenegro tornou ainda mais negro o seu discurso de ódio e ambição. Passos Coelho saiu do buraco onde tem estado escondido apenas para se mostrar. Faz cá tanta falta como a fome. E Marcelo foi àquela parvoíce dos putos do seu partido a que chamam universidade dizer que a família não se abandona, mesmo quando não se recomenda. O homem da Iniciativa Liberal continua na obsessão de tornar tudo a pagantes. Quem tem unhas que toque viola. Quem não tem vá pedir esmola.
Enfim, a morte fez das suas, mas a vida não parou. Cá estamos para aguentar as tropelias desta gente sem qualidades. Desta gente que põe o umbigo acima de tudo o que mexe. Os que morreram estão conosco. Foram exemplos e permitiram que vivêssemos melhor. Os facistas, liberalistas e outros sinistros parasitas terão de contar com a nossa persistência em sermos felizes. Sem eles, contra eles. Sempre.

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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

 


terça-feira, 2 de agosto de 2022

José Afonso 93


Publiquei este texto em 2 de agosto de 2018. Adaptei-o agora para assinalar mais um aniversário de José Afonso. A sua música e o seu exemplo continuam aí. Nunca será esquecido.

José Afonso nasceu há 93 anos. Morreu com 57 em 1987. Assinalo sempre estas duas datas porque acho importante salientar a existência de um português que viveu com os pés neste mundo. Desde cedo que tentei encontrar também um mundo onde me sentisse bem. José Afonso apontou-me um caminho — Respeito pelo que existe, exigência na observação, solidariedade na acção. Mudou o mundo da cultura em Portugal. Passámos a ter orgulho na cultura portuguesa a partir dele. Dele e de Fernando Pessoa, que era poeta da sua estima. O melhor de Portugal passou a estar a par do que ele fazia. Transformou melodias populares em grandes músicas. Reinventou sonoridades. Manteve atitudes. Teve ideias e praticou-as. Foi corajoso. José Afonso não foi um cantor popular, lamento não estar de acordo com os classificadores opinadores. João de Freitas Branco inscrevia-o nas mais altas definições, ameaçando perder o respeito pelos tais classificadores. Eu acho que José Afonso se inscreve em outras definições, de facto. O experimentalismo e a procura de novas sonoridades fazem mais jus às preocupações do autor. Ouço José Afonso —  muitas vezes — e associo-o mais aos desenvolvimentos performativos de Laurie Anderson, do que aos desempenhos ditos populares. Outros exemplos poderia procurar, mas guardo a conversa para uma ideia que me persegue: um dia discutir isto com autores contemporâneos. Tentei fazê-lo no passado. Desafiei Carlos Martins e Filipe Raposo para o debate. Eles aceitaram o desafio, mas tinham a agenda preenchida. Para 2024, ano em que se comemoram os cinquenta anos da conquista da liberdade, não vai falhar. Vou tentar juntar ao grupo Rui Vieira Nery e vai ser num Muito cá de casa na Casa Da Cultura | Setúbal. Foi bom termos tido José Afonso entre nós. Foi melhor ainda tê-lo conhecido. E continua a ser muito bom ouvi-lo. 

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