domingo, 11 de abril de 2004

Não canto porque sonho


Titulo de um poema de Eugénio de Andrade, que Fausto musicou e cantou em parceria com José Afonso no seu trabalho "P'ró que der e vier", gravado em Madrid e em Lisboa, entre Abril e Outubro de 1974, com produção de Adriano Correia de Oliveira e José Niza. É um bom disco de Fausto, com a marca do tempo que então se vivia. O poema de Eugénio, a composição de Fausto e a interpretação em diálogo com Zeca, fazem desta canção uma referência na música da época. Fiquemos com o texto. JTD

Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
o teu sorriso puro,
a tua graça animal.

Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
o mesmo bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinho.

Canto porque o amor me apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
por vê-los nus e suados