Três dias depois
Nasci no dia 28 de Abril de 1974, três dias depois da Revolução (ou, como se diz agora, para não aborrecer ninguém, da Evolução) dos Cravos. Por isso, a minha experiência do 25 de Abril é exactamente igual à da generalidade das pessoas de direita que viveram naquela época: não mexi uma palha para que a Revolução se desse, não a desejei e não estava minimamente convencido de que fosse necessária.
Tal como o 25 de Abril, também eu celebrarei este ano o 30º aniversário. Diz-me o sr. Ministro da Presidência que os 30 anos são a idade da maturidade e que, por causa disso, a Revolução deixará cair o “r”. Eu, que tenho a fama de ser imaturo (entre outras), não quero perder esta oportunidade de mostrar que já sou um homenzinho, e decidi deixar cair também o meu próprio “r” inicial. Podem começar a tratar-me por Icardo.
Ricardo de Araújo Pereira em texto publicado no Barnabé