E VIVER, NÃO É PRECISO? | Confesso que nunca pensei dizer isto: estou farto de turistas. Tropeçamos neles como se de pedras de calçada soltas se tratassem. Na zona onde trabalho diariamente, pululam entre a normal curiosidade e a anormal falta de respeito por quem lhes aparece pela frente. Já fui atropelado por um viajante alemão que se indignou por eu existir naquele preciso momento em que ele necessitava contra tudo e contra todos de entrar numa daquelas igrejas que estão frente uma à outra no Chiado. Dito isto, e relembrando que nunca pensei dizê-lo, acrescento então uma pergunta: para que querem outro aeroporto? Para meter mais gente na cidade? Aonde?
Precisamos de políticos que tenham a coragem de dizer: Não há mais aeroportos para ninguém. Quem quer cá vir que se ponha na bicha. Se não puder vir em maio vem em setembro. Se não puder em setembro vá para diabo que o carregue. Digo eu, que gosto de ir matar a curiosidade na terra dos outros, mas que detesto andar em demandas por um lugar numa esplanada. Lá fora, como cá dentro, a questão é a mesma: navegar é preciso, mas viver também, ao contrário do que diz a canção. Peço desculpa aos que discordam, mas esta é a minha sincera opinião. Que se lixe o novo aeroporto.