quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Da contemporaneidade e de outras palavras


Still(H)e(a)ven
é um projecto on going construído durante residências artísticas em Góis, Lisboa, Setúbal, Montemor-o-Novo (oficinas do convento), Arraiolos (Cortex frontal) e La Gomera (casa Tagumerche)

Durante este trabalho, desenvolvido ao longo de 2 anos, debrucei-me sobre um género que penso ter caído em desuso na arte contemporânea, mas que permanece enraizado na nossa memória.
Desde o início o objectivo deste trabalho foi sempre levantar questões sobre a contemporaneidade através dos objectos que consumimos, através de uma espécie de “Pegada Humana” de um certo tempo, de uma certa geração.
Still(H)e(a)ven é a desconstrução da palavra Stilleven; palavra holandesa utilizada para denominar uma corrente artística muito popular durante os séc. XVI e XVII, em Português: Natureza-morta. Desde então, até aos dias de hoje, diferentes artistas se debruçaram sobre este género. Embora não seja possível observar a figura humana neste quadros, eles acabam por ter grande valor antropológico, na medida em que nos permitem reflectir como evoluíram os objectos que utilizamos ou damos importância, ao longo do tempo.
Still + Heaven
Still é uma palavra etimologicamente inglesa, normalmente utilizada como adjectivo (aquilo que não muda), mas também utilizada para se referir a uma fotografia retirada de um filme (frame).
Se por um lado uma fotografia ou um fotograma cristalizam uma imagem no tempo, tornando-a assim perene, por outro a inevitabilidade do avançar do tempo e da mudança dos hábitos humanos acaba por realçar a efemeridade das coisas.
É nesta ideia de Heaven (céu / paraíso) que muitas vezes nos perdemos, Será que somos nós que possuímos estes objectos ou serão eles que nos possuem e representam?
Monstruário #1
Projecção de video (sala de projecção contígua ao Espaço Ilustração)
Duração: 29:32 (em loop)
Filmado na Casa da cultura de Setúbal durante o estado de emergência, este trabalho constrói-se em torno de uma reflexão sobre o presente numa era pandemia.
O vídeo é composto por 4 partes diferentes que se contagiam e acabam por se fundir num objecto fílmico contínuo. Mostruário#1 é um trabalho colaborativo executado pelos 4 membros fundadores do Colectivo.
Samir Noorali – A pensar em ti
Graça Ochoa – A Sós
Inês Oliveira – There´s no place Besides home
Sérgio Braz d´Almeida – Natureza Morta c/ manta de sobrevivência
O Monstro Colectivo nasceu no início de 2020, assumindo-se como uma plataforma de suporte à criação sustentável e contínua de objectos artísticos, com foco no cruzamento de linguagens, na partilha de ideias e experiências, o Monstro Colectivo surge da necessidade duma rede de apoio mútuo no acto de criação, produção e circulação de projectos, num exercício de contaminação cultural a partir de Setúbal.
[Sérgio Braz d'Almeida]