terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Explosivas opiniões

O programa da RTP 1, "P´rós e contras". moderado por Fátima Campos Ferreira, debateu ontem o desassossego causado pela publicação das caricaturas de Maomé num jornal dinamarquês. Os cartoonistas António e Luís Afonso, estiveram de serviço em defesa dos deus colegas atacados por blasfémia, mas também da sensatez e da livre aplicação das ideias. Foi giro perceber que quem melhor defende a liberdade de expressão são os que são acusados de intolerância. Também é giro verificar que os representantes dos ofendidos que vão a estes debates são sempre muito compreensivos e tolerantes. Parece que não vão lá fazer nada. Os defensores da violência, que está a alastrar, nunca são os que dão a cara. preferem partir a cara aos outros,
Colocada esta questão, o líder dos islâmicos portugueses, ou lá o que é, pronuncia-se contra as reacções violentas, apesar de ele próprio defender a proibição da publicação dos desenhos. Já o bispo representante da igreja católica (cordato e educado como convém) confrontado com as opiniões de António e de outros cartoonistas ouvidos em diferido, em que põem em causa as atitudes autistas acerca da pedofilia e da contracepção, assim como a exigência de um tratamento especial por parte da Igreja, responde que falar de tudo isso são abstracções e que se há crimes de pedofilía cometidos por padres, como crimes que são, devem ser julgados em tribunal. Isso é óbvio, mas foi interessante perceber que a igreja católica é uma abstracção que lava as mãos de tudo o que não lhe interessa tomar posição.
Pensando bem, é assim mesmo que deve ser. Ainda bem que não mandaram para ali um defensor do islamismo radical, capaz de partir aquilo tudo, ou mesmo fazer-se rebentar com um cinto de explosivos à cintura. Aqueles estúdios ainda foram caros. Assim como o Luís Afonso, o António e os outros opinadores fazem cá falta.
Em democracia é importante a opinião de todos.
Nem todos podem dizer o mesmo.
JTD