domingo, 11 de março de 2007
Italiano para principiantes
Assisti às "Valquírias", de Wagner, na semana passada, muito bem sentado num camarote do São Carlos. A surpresa que a encenação me provocou, apesar de no Verão passado ter lá estado para ver a primeira das quatro partes que compõem "O Anel", levou-me a voltar, ontem, sábado, para uma segunda sessão ao ar livre. É verdade. Ir à ópera é caro? Não. Graças a uma ideia de Paolo Pinamonti, director do teatro, pôde-se assistir à grande cavalgada wagneriana no Largo de São Carlos, olhando para um ecran gigante, instalado na frente do teatro, completamente à borla. O ambiente é deslumbrante. Único. As pessoas que ali se deslocam revelam um emocionante contentamento. É bom partilhar essa alegria com gente que ali se instala pelo simples prazer de assistir a um trabalho de excelência. No final, os cantores-actores vêm agradecer os aplausos do público da esplanada. houve dificuldade em extinguir tamanha salva de palmas. Comovente.
Agora, há outro problema. Parece que não está seguro o lugar do italiano Pinamonti à frente do São Carlos. O João Gonçalves fala do busílis da questão no seu Portugal dos pequeninos. Partilho das suas preocupações. Existem más vontades e vontade de protagonismo nos dirigentes da Cultura. A gente sabe que os problemas da Cultura são sempre metidos no saco das despesas, como se de um rol de mercearia se tratasse. Oxalá não aconteça o pior. Quanto às opiniões do professor Marcelo, o João acha que ainda há quem as leve a sério?
Oxalá que todos nos enganemos, e que o dr. Paolo Pinamonti fique por muito e bom tempo a ter ideias para o único teatro de ópera em Portugal. No dia em que isso acontecer, tirarei o meu chapéu ao secretário de estado da cultura. Ou será que a vénia (pensando melhor: no caso da colecção Berardo, por exemplo), deve ser feita ao primeiro-ministro?