quarta-feira, 28 de março de 2007

Em todas as esquinas e rotundas

A freirinha das aparições de Fátima também vai ter um espaço museológico. Quem para aí estiver virado, pode dar uma salto ao convento onde a irmã Lúcia passou boa parte dos seus anos de vida em animada clausura. Se Salazar deixou as embalagens de Restaurador Olex, papelada amarelecida e outra tralha pessoal, o que terá deixado a vidente das aparições? Pacotes vazios de bolachas Maria? Embalagens de depilação para o buço? Uma colecção de santinhos lustrosos? Os museus estão na moda. Mesmo quando não há muito para pôr lá dentro, qualquer coisa se há-de arranjar. Todos nós temos algo que, num qualquer momento das nossas vidas, nos marcou: uns sapatos viajados, um fato usado numa cerimónia inesquecível, uma caixa vazia de preservativos que nos recorda momentos de agradável aconchego, enfim, cangalhada não falta, se procurarmos bem. Todos podemos ter o nosso museu, um dia. Se calhar corre o risco de ficar aberto só um dia, precisamente. Um museu efémero, como os já estafados quinze minutos de fama. O que é que alguém vai fazer a um museu de Salazar ou Lúcia, para além da prestação de uma sentida homenagem? É de Culto que falamos, quando falamos de casas-museus destas tristes figuras. A irmãzinha parece que já anda a fazer milagres. Já há registos de santidades várias. De Salazar ainda não se deu por nada. Mas haja esperança. Ele anda aí. Um dia vai voltar em doses generosas. Um Salazar em cada esquina? Força. E a irmã Lúcia, vai para as rotundas?