Quando eu era rapaz, professores haviam que só nos ensinavam o que nos fazia tanta falta como a fome. Debitávamos todas as linhas, estações e apeadeiros dos comboios de aquém e além mar. Os meios de transporte eram vedetas naquela aprendizagem do faz-de-conta. Um dia, tentando embarcar noutros voos, preparei um avião, na aula de trabalhos manuais, que exibia um símbolo que logo percebi não ser do agrado do mestre: lembrei-me de colocar nas asas do aeroplano uma estrela vermelha. A minha inocência, resultante da informação obtida em jornais que paravam lá por casa (Diário de Notícias e O Século), expôs-me a longos interrogatórios. O meu pai esteve perto de ir parar a sítios que não se recomendam nem aos mais reles adversários. Isto passou-se.
Hoje, quando vejo pais em agressões a professores, e mais os lamentos dos professores que bem ou mal tentam dar a volta à pouca educação dos petizes (mais mal do que bem, em muitos casos), lembro-me deste episódio. Acho que dá para perceber esta merda toda. Que só mostra laivos de mudança quando as moscas se zangam. Os putos é que se tramam.