segunda-feira, 11 de março de 2013

SEM RUMO | Confesso que nunca pensei viver uma situação como esta que nos consome os dias e devora a existência. Em vez de uma evolução sustentada, foi inventada uma maneira de sermos reduzidos a peças de um processo de manutenção da selvajaria endinheirada. Ainda por cima sem grandes tropeções: agora é o povo que escolhe a sua própria extorsão. Nada de violentas ditaduras. Partidos do sistema acolhem o apoio popular propagandeando justiceiras regras neoliberais. O povo acredita que não há outro caminho e vota como se estivesse a tirar o pai da forca. Estes palermas do partido de Cavaco convenceram a populaça da sua boa vontade para vencer os problemas. Problemas que estavam anteriormente a ser resolvidos de uma  forma excessiva. Violenta mesmo. As privações infringidas às pessoas já estavam a ultrapassar todos os limites. Com eles, os bonzinhos, que choram com a vida difícil dos pobrezinhos, tudo iria ser diferente. Logo eles, os honestos homens de negócios, banqueiros e outros filantropos, que tudo fizeram pela instauração do capitalismo popular em Portugal. Tão queridos. Nunca pensei que tantos acreditassem na conversa destes vendedores de ferramentas usadas. Nunca imaginei ver alguém como Relvas, Passos e outros negociantes de ocasião ocuparem o poder com o à-vontade de quem sabe o que é governar. Mas também nunca pensei que, chegados aos corredores do poder, fossem tão inábeis e incompetentes. Sim, já não se pode dizer que esta gente sabe o que anda a fazer. Eles queriam fazer. Queriam entregar tudo aos seus. Mas estas experiências trazem sempre algo de novo. A crise internacional trocou-lhes as voltas. Afinal não basta cortar como se não houvesse amanhã. É esta a maneira destes sabujos fazerem política, mas às vezes as situações exigem mais dos políticos. É aí que eles não sabem o que fazer. As hesitações sucedem-se. As privatizações não são só entregar a loja do lado ao vizinho da outra rua. Cortar na vida das pessoas não é aceitável. Não nascemos para sofrer, nascemos para viver. Cavaco espreitou com as habituais banalidades irreais em apoio aos seus rapazes. Confirmou o seu entendimento da política: nada de esforços, nada de chatices, os amigos são para as ocasiões. Cumpre-se o sonho de Sá Carneiro:  Há primeiro-ministro laranja e há Presidente da mesma cor. Podem limpar as mãos à parede.