REBOLIÇO PAPAL | As notícias sobre a aclamação papal sucedem-se. É normal. A tomada de posse de um Chefe de Estado é sempre um acontecimento. Mas noto alguns exageros. A comitiva de jornalistas da RTP, por exemplo, em época de contenção financeira, é um evidente excesso. Fátima Campos Ferreira anda eufórica. A senhora faz entusiasmados relatos em directo. A entrevista com o Cardeal Patriarca de Lisboa sobre os preliminares na capela Sistina foram uma notável lição de jornalismo de costumes. Também Cavaco exagerou na dose. Endereçou felicitações em nome de "todos" os portugueses. Todos? Quem o autorizou, senhor Presidente? Não vivemos num Estado laico? Então porquê tanta alegria institucional? Por que carga de água temos todos que cumprimentar um cardeal colaboracionista de ditaduras, homofóbico, misógino e defensor de conceitos civilizacionais passadistas? Estes abusos incomodam. Respeitar a festarola? Claro. Mas não contem com toda a gente para a dança. Respeitem quem não vai em fantasias. É o mínimo.