sexta-feira, 1 de março de 2013

MARKETING E CINISMO | Somos governados por um grupo descontraído. Gente que dorme bem, que enfrenta quem os contesta, que abraça a vida sempre com um sorriso. Passos saudou o bom gosto dos manifestantes que entoaram Grândola, Vila Morena enquanto discursava na Assembleia da República. Nas deslocações que faz, dirige-se aos manifestantes que apenas desejam vê-lo pelas costas, com ar de quem quer entrar em razoável diálogo. Álvaro de Vancouver também experimentou a graça. Eles fingem não saber que as manifestações são isso mesmo: maneiras que as pessoas encontram para se manifestarem contra eles. Para os confrontarem em debates estão os representantes dos manifestantes na AR. Mas eles insistem em enfrentar tudo e todos com "compreensão" e "condescendência". Estas atitudes não são dialogantes, nem compreensivas, nem coisa nenhuma. São arrogância e desdém. Passos disse mesmo que as manifestações de descontentamento são moda passageira. Portas garantiu, em visita a Espanha, que Grândola é canção bem vinda. Também Gaspar elogiou logo as primeiras manifestações. Até parecia que o melhor povo do mundo tinha saído à rua em seu apoio. Poderemos chamar a tudo isto cinismo político, falta de vergonha ou coisas bem piores. Todos os impropérios são bem vindos. Faz-nos bem ao fígado. Mas estas atitudes estão todas previstas pelos estrategas da direita. Relativizar a contestação recupera a imagem de compreensão. É bom que a contestação não se relativize. É bom que a estratégia lhes saia furada. Dia 2 vamos dizer-lhes isso: não andamos aqui a brincar, rapazinhos. Desandem. Estamos fartos de vocês.