sexta-feira, 29 de setembro de 2006
Fernando Luís Sampaio | Miquel Barceló
Cada um tem a sua diferença as mesmas
perguntas de sempre, as mesmas palavras
que desalinhavam do sorriso
o último beijo, restos, impropérios
comuns à passagem do tempo.
Que mais posso prometer?
Ao ficar a ver esta paisagem as dúvidas
sobre a permanência de alguém na vida
de outro causam embaraço
e desejos de uma vida feliz sem
remetente num aerograma selado com
o lacre da indiferença.
Cada um está por si. Nos bares, no metro,
no terrífico incêndio de não amar.
O aniz escarchado, a cerveja, a vodka
prometem uma abrupta mudança
nos planos e mais falsas ainda soam
as verdades.
Como aprendeste, fácil só a merda.
Fernando Luís Sampaio Texto
Miquel Barceló Imagem
quinta-feira, 28 de setembro de 2006
Na hora agá
Herman José vai voltar. O programa a que empresta o nome, e que se vai arrastando semanalmente aos domingos, acaba em Dezembro. Herman cumpre, com o novo programa, um sonho de infância: tinha uma ideia para este título - Hora H - desde os 12 anos. O rei do humor em Portugal regressa com nova corte: "Gostava que servisse para descobrir novos talentos". Veio mesmo na hora agá.
Herman morreu! Viva Herman!
JTD
Figurações públicas
Cavaco vai passear por Oviedo para dar as últimas no território vizinho.
O príncipes espanhóis acompanharão a comitiva portuguesa no percurso.
A recente notícia de que Letícia está de esperanças, vai aguçar a curiosidade popular - o povo vai sair à rua em saudação ao futuro principezinho. Até parece que tudo foi concebido por um luso departamento de marketing: o nosso Presidente ganhará assim maior exposição. É certo que se arriscam comentários tipo "Quem será aquele senhor magro que está ao lado da nossa princesa?", mas dá para fazer retrato para o jornal. Seria elegante propor que a criatura que se desenvolve no ventre da simpática Letícia fosse desde já designado Cidadão Honorário da República Portuguesa. Há motivos que o justificam.
JTD
O príncipes espanhóis acompanharão a comitiva portuguesa no percurso.
A recente notícia de que Letícia está de esperanças, vai aguçar a curiosidade popular - o povo vai sair à rua em saudação ao futuro principezinho. Até parece que tudo foi concebido por um luso departamento de marketing: o nosso Presidente ganhará assim maior exposição. É certo que se arriscam comentários tipo "Quem será aquele senhor magro que está ao lado da nossa princesa?", mas dá para fazer retrato para o jornal. Seria elegante propor que a criatura que se desenvolve no ventre da simpática Letícia fosse desde já designado Cidadão Honorário da República Portuguesa. Há motivos que o justificam.
JTD
quarta-feira, 27 de setembro de 2006
As lebres e a tartaruga
Portugal foi ultrapassado por países cheios de pressa. Querem andar na mecha. Vai daí e... pimba, três lugares abaixo na tabela. O que vai ser de nós com estes chicos-espertos que insistem em ser mais civilizados do que a malta, que já cá anda há centenas de anos? Ainda por cima, com empresários privados tão comprometidos, tão comprometidos com o desenvolvimento, que atribuem as culpas destes percalços ao despesismo público. Públicos e privados, estamos coincidentes numa coisa: não andamos, nem desandamos.
JTD
JTD
Palavras de patriarca
O Cardeal não faz campanha contra. O problema não é religioso, diz.
Mas pelo caminho lá vai lamentando os males do aborto clandestino e do outro: o que a despenalização permite.
Para ilustrar as católicas ideias sobre o assunto aludiu a hipotéticos direitos do feto. Em tempos de regressão dos tais direitos para os já nascidos, que razão assiste à razão do Cardeal?
JTD
Mas pelo caminho lá vai lamentando os males do aborto clandestino e do outro: o que a despenalização permite.
Para ilustrar as católicas ideias sobre o assunto aludiu a hipotéticos direitos do feto. Em tempos de regressão dos tais direitos para os já nascidos, que razão assiste à razão do Cardeal?
JTD
terça-feira, 26 de setembro de 2006
Tanta luz, em Lisboa
Há luz boa em Lisboa, diz o programa da propaganda.
Se calhar, fez-se uma luz boa, que é boa porque esconde o que está mal: as ruas de Lisboa. Que estão sujas, sem luz.
Lisboa gosta da luz que a abraça ao fim da tarde. Essa é a luz de Lisboa.
Mas esta também é boa, a Luzboa.
JTD
Se calhar, fez-se uma luz boa, que é boa porque esconde o que está mal: as ruas de Lisboa. Que estão sujas, sem luz.
Lisboa gosta da luz que a abraça ao fim da tarde. Essa é a luz de Lisboa.
Mas esta também é boa, a Luzboa.
JTD
segunda-feira, 25 de setembro de 2006
Afonso Malão no S. Luiz
Afonso Malão vai tocar hoje, às 18 horas, no Teatro Municipal S. Luiz - Jardim de Inverno - na entrega do Prémio Schréder, integrado na Bienal LUZBOA 2006.
Serão executadas composições do seu trabalho gravado "Fados para Piano", de Alexandre Rey Colaço.
Entrada livre.
Serão executadas composições do seu trabalho gravado "Fados para Piano", de Alexandre Rey Colaço.
Entrada livre.
sexta-feira, 22 de setembro de 2006
É só para avisar
Alberto Pimenta vai estar hoje na "Câmara Clara" da Paula Moura Pinheiro. Vão falar de Arte e erotismo. Na televisão. Na 2:. Lá para as dez e meia da noite. Pelo que se conhece do professor Pimenta, o programa promete.
Eu avisei...
JTD
Eu avisei...
JTD
Os vampiros
Claro que há perguntas a fazer aos queques que confraternizaram no Beato.
Para além do mau exemplo que dão nas empresas que gerem (conhecemos as condições em que por lá se trabalha, não é verdade?), tenho curiosidade em perceber como resolveriam eles as deslocações de pessoas dos seus empregos para os subsídios e para as reformas antecipadas. É fixe fazer perguntas quando não é preciso responder. Enquanto tiveram a faca e o emprego na mão, empregaram até fartar os amigos e os amigos dos amigos. Tudo fizeram para salvar o lombo, sem passar cartão a ninguém. O autismo de que padecem, não lhes permitiu perceber o que estava a mais. Agora querem moralizar, deixando aos outros, aos excedentes, o que sobrou da farra. Eles comem tudo e não deixam nada. Houve alguém que cantou isto em outro tempo. Há quem insista em comer tudo.
JTD
Para além do mau exemplo que dão nas empresas que gerem (conhecemos as condições em que por lá se trabalha, não é verdade?), tenho curiosidade em perceber como resolveriam eles as deslocações de pessoas dos seus empregos para os subsídios e para as reformas antecipadas. É fixe fazer perguntas quando não é preciso responder. Enquanto tiveram a faca e o emprego na mão, empregaram até fartar os amigos e os amigos dos amigos. Tudo fizeram para salvar o lombo, sem passar cartão a ninguém. O autismo de que padecem, não lhes permitiu perceber o que estava a mais. Agora querem moralizar, deixando aos outros, aos excedentes, o que sobrou da farra. Eles comem tudo e não deixam nada. Houve alguém que cantou isto em outro tempo. Há quem insista em comer tudo.
JTD
Em treinos...
O treinador de Cavaco quer treinar o país. A sua equipa já entrou em estágio e as tácticas estão lançadas. Percebemos, pelas suas palavras, que o Presidente é excelente e o governo é suficiente.
Se calhar suficiente menos, já que não sabe como se desenvencilhar de duzentos mil funcionários públicos. Foi o que saltou cá para fora depois daquele encontro entre tanta gente tão inteligente. Um dos participantes, o gestor Carrapatoso, em entrevista à RTP 1, afiança que andam por aí entre cento e cinquenta a duzentos mil funcionários a mais. A diferença numérica é coisa pouca. Muito poucochinho mesmo comparado com os benefícios que traria à nação tão depurativa medida. É curioso verificar que para este grupo de salvadores da pátria tudo são números. Mesmo quando se trata de pessoas.
JTD
Se calhar suficiente menos, já que não sabe como se desenvencilhar de duzentos mil funcionários públicos. Foi o que saltou cá para fora depois daquele encontro entre tanta gente tão inteligente. Um dos participantes, o gestor Carrapatoso, em entrevista à RTP 1, afiança que andam por aí entre cento e cinquenta a duzentos mil funcionários a mais. A diferença numérica é coisa pouca. Muito poucochinho mesmo comparado com os benefícios que traria à nação tão depurativa medida. É curioso verificar que para este grupo de salvadores da pátria tudo são números. Mesmo quando se trata de pessoas.
JTD
quarta-feira, 20 de setembro de 2006
O estado da arte
Paulo Portas, no programa da SIC-N, tem momentos de interesse.
Ontem houve vários desses momentos. Foi brilhante a sua explicação sobre a recente polémica papal.
Portas, claro está, acha que o Papa tem razão. Óptimo, vamos lá a ver porquê: o Papa, está escrito, não concorda que os modelos políticos do ocidente sejam perfeitos no médio oriente. Isto está preto no branco em livro publicado com edição em Português. Portas considera que com isto Raztinger prova que as declarações na universidade alemã estão justificadas. O Papa é um homem de paz e não levantaria um dedo que colocasse em risco o diálogo entre civilizações. O Papa foi um intelectual a falar para os seus pares. Está certo. Até aqui não tenho dúvidas.
Mas depois a gente lembra-se do Portas ministro. Do enfado das suas declarações a justificar a guerra de libertação do Iraque naquela base do "vejam lá se percebem". Do seu contentamento ao lado do secretário de estado da defesa norte-americano. Das veementes justificações sobre a implantação da democracia naquelas bandas. Da inevitabilidade do bélico gesto.
Pareceu-me que era a mesma pessoa, mas se calhar estou enganado.
Ninguém pode defender uma coisa quando à civil pensa outra.
Aquele não era o Paulo Portas que reuniu nas salas onde se decidiram os embarques de soldados para o conflito.
Pois, aquele era outro Portas.
O senhor que ontem falava com Clara de Sousa nem gravata usava...
JTD
Ontem houve vários desses momentos. Foi brilhante a sua explicação sobre a recente polémica papal.
Portas, claro está, acha que o Papa tem razão. Óptimo, vamos lá a ver porquê: o Papa, está escrito, não concorda que os modelos políticos do ocidente sejam perfeitos no médio oriente. Isto está preto no branco em livro publicado com edição em Português. Portas considera que com isto Raztinger prova que as declarações na universidade alemã estão justificadas. O Papa é um homem de paz e não levantaria um dedo que colocasse em risco o diálogo entre civilizações. O Papa foi um intelectual a falar para os seus pares. Está certo. Até aqui não tenho dúvidas.
Mas depois a gente lembra-se do Portas ministro. Do enfado das suas declarações a justificar a guerra de libertação do Iraque naquela base do "vejam lá se percebem". Do seu contentamento ao lado do secretário de estado da defesa norte-americano. Das veementes justificações sobre a implantação da democracia naquelas bandas. Da inevitabilidade do bélico gesto.
Pareceu-me que era a mesma pessoa, mas se calhar estou enganado.
Ninguém pode defender uma coisa quando à civil pensa outra.
Aquele não era o Paulo Portas que reuniu nas salas onde se decidiram os embarques de soldados para o conflito.
Pois, aquele era outro Portas.
O senhor que ontem falava com Clara de Sousa nem gravata usava...
JTD
Há fumo na procuradoría
Já há procurador. Será que vamos dar pela sua existência? Chegaremos a saber para que serve?
JTD
JTD
Mas alguém está interessado em saber?
"A seu tempo saberão (de mim)".
Luís Nobre Guedes em declarações à imprensa.
JTD
Luís Nobre Guedes em declarações à imprensa.
JTD
terça-feira, 19 de setembro de 2006
Secreta escolha
Um senhor do PSD não diz nada porque não se comentam encontros com o Presidente ou com o primeiro-ministro. O PS estará com certeza próximo do segredo graças ao lugar que ocupa o seu líder. O número um do BE quer que o procurador devolva prestígio à instituição. O PCP entende que é do ministério público que deve sair. O chefe do CDS-PP encontra, na forma da escolha, motivos para estar satisfeito. Os Verdes não acham nada porque ninguém os ouviu. Agora é esperar por Cavaco. Esperemos que continue a não se enganar nem a ter dúvidas. Até pode ser que opte pela opinião de um conhecido juiz-desembargador que defende não vir mal nenhum ao mundo a não nomeação da referida figura de Estado. Nada sai cá para fora. Assim é que é, valentes! Perante tanto enleio, será que um PGR é assim como uma espécie de chefe de uma sociedade secreta?
JTD
JTD
segunda-feira, 18 de setembro de 2006
Deus nos valha
Tudo, hoje em dia, tem tendência em tornar-se um problema de comunicação. Os decisores influentes têm que ter isso em conta. E cada caso é um caso, lá está: Bush declarar que prefere comer carne de porco a discutir os conflitos mundiais é uma coisa; Ratzinger escolher um imperador bizantino, em declarações incendiárias (mesmo que retiradas do contexto), para ilustrar uma palestra, é outra. É que aos raciocínios do homem da Casa Branca a gente dá um desconto. Mas o Papa é homem de pensamento. Infinitamente mais inteligente. Daí a desilusão.
JTD
JTD
domingo, 17 de setembro de 2006
José Sommer Ribeiro
Morreu José Sommer Ribeiro. Foi o grande impulsionador do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
Mais recentemente agarrou os destinos da fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva. Foi aí que o conheci. Fui convocado para tratar da imagem da exposição "A Poética do Traço - Gravuras do Atelier 17". Desde o primeiro momento estabeleceu-se entre nós um verdadeiro entendimento. Falámos da vida deste atelier de gravura parisiense. De Hayter, o grande dinamizador e do seu convívio com os grandes artistas da época: Picasso, Kandinsky, Miró, Max Ernst e muitos outros. Encetámos o trabalho. Eu e a minha equipa envolvemo-nos com afinco para que a publicação/catálogo e todos os outros materiais de promoção fossem desenvolvidos com a qualidade que o projecto merecia. Ele gostou do resultado final. Agradeceu-me várias vezes.
- Eu é que agradeço, meu amigo.
JTD
Mais recentemente agarrou os destinos da fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva. Foi aí que o conheci. Fui convocado para tratar da imagem da exposição "A Poética do Traço - Gravuras do Atelier 17". Desde o primeiro momento estabeleceu-se entre nós um verdadeiro entendimento. Falámos da vida deste atelier de gravura parisiense. De Hayter, o grande dinamizador e do seu convívio com os grandes artistas da época: Picasso, Kandinsky, Miró, Max Ernst e muitos outros. Encetámos o trabalho. Eu e a minha equipa envolvemo-nos com afinco para que a publicação/catálogo e todos os outros materiais de promoção fossem desenvolvidos com a qualidade que o projecto merecia. Ele gostou do resultado final. Agradeceu-me várias vezes.
- Eu é que agradeço, meu amigo.
JTD
Sol de pouca dura
Já folheei o novíssimo semanário. Um jornal fresco e diferente, dizia a promoção. Não dei por nada. O meu semanário de fim-de-semana vai continuar a ser aquele que preparo na banca de jornais aos sábados de manhã: um "cocktail" que reúne o EXPRESSO, o PÚBLICO e o DIÁRIO DE NOTÍCIAS.
O SOL? Talvez umas visitas online. A versão impressa dispenso.
JTD
O SOL? Talvez umas visitas online. A versão impressa dispenso.
JTD
Os incendiários
Não é de respeito que falamos quando falamos de religião: é de tolerância. Bento XVI pode muito bem não respeitar o que é almejado por todas as outras religiões, mas tem obrigação de saber quando as ofende. As suas palavras não são desabafos de ocasião. O raciocínio bizantino gerador da polémica não é coisa de pouca monta. Ratzinger sabe muito e deve saber o que diz. Logo o que sabe não deve ser exposto levianamente. Provavelmente não foi. Isso é que é preocupante. Andou João Paulo II de credo na boca a pôr água na fervura, para agora vir este papa deitar achas para a fogueira. Condenamos a intolerância quando referimos os atentados em Nova Iorque. É a falta de tolerância que incendeia o Mundo.
JTD
JTD
sexta-feira, 15 de setembro de 2006
Governamentais benzeduras
Assisti à cena, pelas televisões, causando-me perplexidade. Fernanda Câncio abordou a situação na sua habitual crónica no DN de hoje.
O primeiro-ministro compareceu à cerimónia de inauguração de uma escola pública, com direito a padre e consequentes rituais católicos. O cura debitou o discurso proselítico e alinhou as respectivas benzeduras. Qual a atitude a tomar por um alto representante de um Estado laico? Ficar de mãos atadas. Essa seria a melhor forma de respeitar a laicidade do Estado. José Sócrates, se calhar vítima de um abrupto embaraço, desatou as mãos e vá de desenhar a cruz no peito. Adianta Fernanda Câncio: "Quer releve de convicção quer de uma noção voluntarista de gentileza, o gesto ignora a distinção entre a esfera privada da vida de um chefe de Governo e a encenação pública da sua presença oficial, relegando a separação entre Igreja e Estado para as questões irrelevantes. É pena: cumprir assim a "tradição" é "limitar-se" a falhar a modernidade."
Perfeitamente de acordo. Mas acrescento mais estas interrogações: o que fazia o representante de uma confissão religiosa na cerimónia? Quem o solicitou? O Ministério da Educação? A direcção da escola? A autarquia? Quem encomendou o sermão?
JTD
O primeiro-ministro compareceu à cerimónia de inauguração de uma escola pública, com direito a padre e consequentes rituais católicos. O cura debitou o discurso proselítico e alinhou as respectivas benzeduras. Qual a atitude a tomar por um alto representante de um Estado laico? Ficar de mãos atadas. Essa seria a melhor forma de respeitar a laicidade do Estado. José Sócrates, se calhar vítima de um abrupto embaraço, desatou as mãos e vá de desenhar a cruz no peito. Adianta Fernanda Câncio: "Quer releve de convicção quer de uma noção voluntarista de gentileza, o gesto ignora a distinção entre a esfera privada da vida de um chefe de Governo e a encenação pública da sua presença oficial, relegando a separação entre Igreja e Estado para as questões irrelevantes. É pena: cumprir assim a "tradição" é "limitar-se" a falhar a modernidade."
Perfeitamente de acordo. Mas acrescento mais estas interrogações: o que fazia o representante de uma confissão religiosa na cerimónia? Quem o solicitou? O Ministério da Educação? A direcção da escola? A autarquia? Quem encomendou o sermão?
JTD
quinta-feira, 14 de setembro de 2006
América, a latina
Já se gastaram sobre o assunto litros de tinta e já se premiram repetidas teclas. Chávez, o Presidente eleito da Venezuela não confia em mais ninguém que consiga levar o país a bom porto. Daí a intenção de não largar o leme nem à lei das urnas. Para tal o melhor remédio é acabar com elas: urnas ao mar e todos os poderes para o homem do leme. Veremos se o Presidente eleito conseguirá fazer a transição pacífica para ditador. Espero que não. E espero também que a esquerda saiba nadar e não aceite as boias de salvação, que não serão de salvação para mais ninguém senão para Chávez e os seus intentos.
Do lado de cá, temos a alusão às colombianas FARC na Festa do Avante. Mais a defesa desta associação criminosa por parte de responsáveis políticos. Triste realidade, a deste mundo, quando os perigos ainda espreitam. E de todos os lados.
JTD
quarta-feira, 13 de setembro de 2006
É uma jóia de uma pessoa
Setúbal - A super-presidente da câmara já tomou posse. Vem nos jornais que vai dominar em absoluto. Ou seja, a maioria dos pelouros são da sua responsabilidade. Só agora tomei conhecimento de uma declaração que foi título de primeira página de um jornal sadino, justificando assim as razões que lhe dão atributos para poder assumir o cargo: "Nunca fiz mal a ninguém", diz a cândida autarca. Com declarações deste alto gabarito político, podemos esperar, bem sentados, grandes resoluções políticas. E podem ficar descansados os que apoiaram a candidatura: os construtores civis e incivis, os especuladores imobiliários, as empresas de fornecimento directo, os inúmeros avençados de confiança política, entre todos, mas todos mesmo os que pisam o solo da cidade do Sado. É que a senhora presidente não faz mal a ninguém.
JTD
JTD
E quem conta um conto...
Cavaco diz não ser um político. Tem razão: o Presidente é mais um homem de boa vontade que gosta de consensos desde que seja ele a decidi-los. Enquanto se sentou na cadeira de S. Bento nunca perguntou nada a ninguém. É natural: sabia o que fazia. Agora quer que os outros, os que às vezes se enganam, se entendam subscrevendo pactos. Cavaco acredita que a governação pode ser um conto de fadas. Desde que seja ele a contar o conto.
JTD
JTD
segunda-feira, 11 de setembro de 2006
Problemas de audição
Usando o seu pseudónimo de Bento XVI, Ratzinger alertou para um problema que afecta o mundo: "Está surdo a Deus".
E eu a pensar que era Deus que estava distraído, daí o silêncio. Afinal o problema está em nós. Estamos de orelhas moucas. Se calhar a resposta para tanta surdez está no cartoon de Bandeira, no DN: "é das bombas".
JTD
E eu a pensar que era Deus que estava distraído, daí o silêncio. Afinal o problema está em nós. Estamos de orelhas moucas. Se calhar a resposta para tanta surdez está no cartoon de Bandeira, no DN: "é das bombas".
JTD
domingo, 10 de setembro de 2006
WTC 11/9
Estava a pouca distância do WTC quando os aviões mudaram a rota. Tinha andado por lá na véspera. Assisti às primeiras reacções nas ruas. Ouvi as notícias em rádios de automóveis que paravam para disponibilizar a informação. Reparei na rapariga que ligava, desesperada, para o namorado que não respondia. Comovi-me com o seu pranto quando percebeu o que lhe tinha acontecido. Cruzei-me com as testemunhas mais próximas cobertas pela poeira da derrocada: autênticas estátuas caminhantes em incrédulo desalento. Ninguém estava a perceber muito bem o que tinha acabado de suceder. Alinhávamos hipóteses: ataque terrorista ganhou logo terreno. E agora? Tinha voo de regresso marcado para esse dia. Esquece: é esperar e estar atento. Comprar jornais, ir para Central Park perceber a vida da cidade para além da morte, voltar ao hotel, ver noticiários televisivos: "está o Bush na televisão", nada de novo, caminhar por Times Square. Muita gente na rua. Conversamos. Somos todos novaiorquinos. A vida volta com revolta. Entretanto vamos percebendo comportamentos. Por exemplo: Bush preferiu pairar nas alturas durante horas. Se calhar não estava a perceber nada. E tinha medo. É legítimo.
Regresso passado cinco dias. Era domingo. Foi bom regressar, mas vou querer voltar a Nova Iorque. Ainda não aconteceu.
Já em Portugal, há uma estação de televisão que me elege "o primeiro português regressado". Houve entrevista. Cantores pimba em antecipação. Quem me manda meter com foleiros? Não gostei. Arrependi-me, mas pronto.
Agora passaram cinco anos. Percebemos que Bush não percebeu nada. E parece que agora é que começa o debate a sério sobre as consequências do atentado. Depois de graves consequências provocadas. Pode ser que um dia a gente perceba. Pelo menos percebemos muita coisa antes de Bush. Mas isso não é nada bom.
JTD
Imagem cbsnews
sexta-feira, 8 de setembro de 2006
Anne Sofie Von Abba
Confesso que gosto mesmo muito de Anne Sofie Von Otter. Conservo os trabalhos em cd que a senhora vai gravando, vou-os colocando no leitor com frequência de grande fã e sonho com um concerto ao vivo. Anne Sofie (Perdoem-me este ar de intimidade, mas sabe-me bem) juntou-se em tempos a Elvis Costello e saiu trabalho bonito: afastou o registo de mezzo-soprano, imprimindo-lhe um tom coloquial, misturando a sua voz com a de Costello. Gostei, a sério. Claro que também gosto muito de Elvis Costello. Achei portanto um casamento perfeito. Não sou fundamentalista, dou-me bem com experimentações e acho saudável o convívio entre estilos e áreas. Eis que surge agora outro trabalho dos chamados "ligeiros". Tem por título "I let the music speak" e é totalmente habitado por êxitos do grupo sueco Abba. Está tudo estragado. Se por momentos a superioridade vocal de Von Otter nos faz esquecer as origens dos temas, em outras faixas estamos em plena audição de musicas de festival da canção, com todos os seus enleios. Ela vai estar na Gulbenkian no dia 4 de Outubro. Vai apresentar este trabalho. Ainda não é desta que a vou ver ao vivo. Paciência, melhores dias virão.
JTD
quinta-feira, 7 de setembro de 2006
Imperiais chatices
Japoneses suspiram de alívio. As notícias revelam um povo satisfeito por ter nascido um rapazinho com dois quilos e meio. Parece que está destinado, antes de pensar o que quer que seja, a ser imperador do Japão. Até aqui só haviam meninas no palácio dos príncipes e a imperial lei não permite cá miúdas em cargo de tão representativa responsabilidade. O primeiro-ministro, simpático, até já estava a fazer um arranjinho para mudar a lei no sentido da aclamação, em caso de falta de varâo, de uma menina imperatriz. Não foi preciso. Tudo acabou em bem. Ainda se vive com esta mentalidade lá para as bandas do sol nascente. Uma republicazinha não dava mais jeito? Pelo menos evitava problemas destes.
JTD
JTD
quarta-feira, 6 de setembro de 2006
Estimáveis livros
Foram muito utilizadas no tempo em que os livros eram objecto de culto.
Quem gostava de livros tratava-os com especiais cuidados. As capas de pele então usadas, com imagens gravadas representando escritores, protegiam as delicadas publicações dos males que as ameaçavam. Actualmente não estão muito na moda. Os livros hoje em dia têm capas reforçadas com potentes plastificações. Mas para quem ainda os quer proteger mais não confiando cegamente nessas evoluções das técnicas gráficas, fica aqui o alerta: elas existem. Já sem as carantonhas de Eça ou Camões em pose de grandes escritores, mas existem. Com outro design, é certo, muito minimalista, mas lindas. Estão à venda na O Carmo e a Trindade, uma elegante loja que insiste em fazer em Portugal belíssimos objectos de pele e seus sucedâneos. A ideia é liderada pela designer Judite Cília e fica no Largo da Trindade, mesmo em frente à entrada principal do teatro com o mesmo nome. Um pormenor: qualquer artigo vendido na casa tem assistência gratuita. Tudo isto é garantido. Sou cliente vai para duas dezenas de anos e não me queixo. Muito pelo contrário, aplaudo.
JTD
terça-feira, 5 de setembro de 2006
Twombly | Fernando Pessoa
segunda-feira, 4 de setembro de 2006
Setembro
Já estamos em Setembro. O melhor mês do calendário.
É tempo de voltarmos ao regular exercício das actividades de cidadãos. Ao dia-a-dia a sério.
O período mais ou menos destinado para a tontice terminou.
Atenção: não há prolongamento.
JTD
Imagem Howard Hodgkin The Body in the Library, 1998-2003 artnet
domingo, 3 de setembro de 2006
Não me comprometam
Miguel Vale de Almeida faz aqui uma excelente abordagem à nova vaga de figuras públicas.
Provavelmente, Miguel, estas criaturas ainda nos acusam de inveja. Inveja de quê? De ser parvo?
JTD
Provavelmente, Miguel, estas criaturas ainda nos acusam de inveja. Inveja de quê? De ser parvo?
JTD
sexta-feira, 1 de setembro de 2006
Um idiota é um idiota
Este debate não se passou numa série de humor. Os Estados Unidos começam a discutir com preocupação se o seu presidente é realmente um idiota. Quando se chega a este ponto...
Esta introdução abre um interessante texto do Daniel Oliveira.
Recomendo um desvio até lá.
JTD
Esta introdução abre um interessante texto do Daniel Oliveira.
Recomendo um desvio até lá.
JTD
Independência controlada
Ao princípio gostava daquela irreverência. Mesmo sendo um jornal de direita (sempre foi), era contra Cavaco. E contra Cavaco todos os santos ajudavam. Cavaco representava o pato-bravismo que florescia. O jornal de MEC e Portas era anti-pato-bravismo. Um pouco snob, é certo. E então? que mal tem isso contra a babuseira armada ao elegante? Tudo mudou muito. Há muito que não o comprava nem lia. Pelos vistos aconteceu o mesmo a muito boa gente. O jornal fechou. O jornalismo continua: mais independente, menos independente, mas cá anda.
Há projectos importantíssimos em determinada época, que o deixam de ser logo a seguir. É pena? Não, é a vida.
JTD
Há projectos importantíssimos em determinada época, que o deixam de ser logo a seguir. É pena? Não, é a vida.
JTD
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