quarta-feira, 20 de setembro de 2006

O estado da arte

Paulo Portas, no programa da SIC-N, tem momentos de interesse.
Ontem houve vários desses momentos. Foi brilhante a sua explicação sobre a recente polémica papal.
Portas, claro está, acha que o Papa tem razão. Óptimo, vamos lá a ver porquê: o Papa, está escrito, não concorda que os modelos políticos do ocidente sejam perfeitos no médio oriente. Isto está preto no branco em livro publicado com edição em Português. Portas considera que com isto Raztinger prova que as declarações na universidade alemã estão justificadas. O Papa é um homem de paz e não levantaria um dedo que colocasse em risco o diálogo entre civilizações. O Papa foi um intelectual a falar para os seus pares. Está certo. Até aqui não tenho dúvidas.
Mas depois a gente lembra-se do Portas ministro. Do enfado das suas declarações a justificar a guerra de libertação do Iraque naquela base do "vejam lá se percebem". Do seu contentamento ao lado do secretário de estado da defesa norte-americano. Das veementes justificações sobre a implantação da democracia naquelas bandas. Da inevitabilidade do bélico gesto.
Pareceu-me que era a mesma pessoa, mas se calhar estou enganado.
Ninguém pode defender uma coisa quando à civil pensa outra.
Aquele não era o Paulo Portas que reuniu nas salas onde se decidiram os embarques de soldados para o conflito.
Pois, aquele era outro Portas.
O senhor que ontem falava com Clara de Sousa nem gravata usava...
JTD