sábado, 1 de março de 2025

O grande estupor

O que se passou ontem trouxe-me de imediato à memória o excelente filme de Chaplin "O Grande Ditador", naquela cena em que Hynkel recebe Napaloni com a expressa intenção de o confrontar com a evidência de quem tem mais poder. Todas as terras do mundo — raras ou corriquieras — devem pertencer ao merceeiro que quer ser o dono de todos os negócios na terra.

Trump, a besta que ocupa a casa assombrada que é branca por fora e revestida de um arrepiante mau-gosto por dentro, chamou o presidente ucraniano especificamente para o humilhar em directo nas televisões de todo o mundo. A diplomacia deixou de ser o que era. Passou a ser uma mercearia onde são chamados e descompostos em directo quem o merceeiro define como caloteiros. A descompostura em directo vem dos tempos em que Trump tinha um programa de televisão em que exibia a alegria de despedir pessoas. Agora faz isso num país. Tem agentes criminosos para o fazer: Vance e Musk são os executores. Estes estupores são uma ameaça cada vez mais terrível. A transformação da casa assombrada em programa televisivo diário vai trazer-nos surpresas assustadoras. Será que esta interrupção descarada da decência e da vida de milhões de pessoas vai durar muito mais tempo? É que isto tudo é mesmo muito mau.



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