Este é o meu pai, aqui desenhado por um senhor desenhador que assina: J. S. Neto. O desenho é de 1949, o meu pai tinha 29 anos e eu ainda não era projecto. O meu pai chamava-se José Jacinto Duarte e foi um bom homem.
Ensinou-me muitas coisas que ainda hoje sei e outras que já esqueci, mas lembro-me de ele me as ter ensinado. Mas claro que me lembro de muita coisa mesmo: gostar de saborear boa comida, beber um copo ou dois à refeição, ler jornais diariamente — ele lia dois: O Século e o Diário de Notícias — ir para o campo ou para a praia nos dias de descanso, e depois mais aquelas coisas que toda a gente aprende com os pais: o respeitinho pelos mais velhos e por quem sabe coisas, e saber estar com os outros com elevação sem ser subserviente.
Não sei se absorvi tudo. Tenho-me esforçado por fazê-lo. Mas, esta é a verdade: há muita coisa que fui fazendo à minha maneira. A gente passa a vida a inventar coisas.