quinta-feira, 20 de março de 2025

As árvores morrem de pé

 

Esta frase foi título de uma peça que marcou o teatro em Portugal, mas pode muito bem aplicar-se às peças que Vitor Ribeiro vai mostrar no MAEDS - Museu de Arqueologia e Etnologia do Distrito de Setúbal. Chamou à mostra PEDRA NUA.

Vitor Ribeiro molda na pedra àrvores robustas que nos sugerem uma natureza reinventada. Estas árvores não caem nem que as tentem derrubar. São objectos consistentes na sua condição física, mas também intelectualmente. São fortes como pedra, se me permitem a ironia. Se as rodearmos e procurarmos bem até podem dar sombra, mas não é para isso que são esculpidas estes pedregulhos pesados e rijos. As preocupações do escultor prendem-se com os atropelos ambientais que nos ameaçam. Estas árvores não são árvores. Então, o que são? A arte não imita a natureza; melhora a nossa noção de realidade. Informa-nos e forma-nos. Estes objectos estéticos alertam-nos para o que está para vir. São outras árvores que Vitor Ribeiro encontrou na sua imaginação. São modelos sem existência. Expostas num museu que mostra arqueologia, mostram algo que já não existe. São pedras de uma arqueologia inventada. A natureza sem árvores seria um problema. As árvores de Vitor Ribeiro, mostradas neste sábado, Dia Internacional das Florestas e Dia Mundial da Árvore, revelam essa preocupação e acrescentam uma floresta de prazer ao nosso olhar.

A exposição abre no próximo sábado, dia 22, às quatro horas da tarde, e eu vou lá confirmar tudo isto que estou para aqui a dizer.

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