Foi um recital de uma poesia que está a sair do papel, agora, e que parece ter sido feita para ser dita, agora já a seguir, em voz alta. António Simão apresentou-a e deu-lhe uma direcção. Inês Pereira e Raquel Montenegro deram-lhe vida, outra vida, diga-se.
Esta poesia permite linguagens porque tem atitude. Permite interpretação, mas tem em si a consistência dessa atitude. E essa atitude está carregada de sentimentos que são os de quem pensa a actualidade e reage. Maria Brás Ferreira e Patrícia Lino põem em primeiros papéis estes trabalhos reveladores de uma frescura inicial que se adensa à primeira leitura pela intensidade que se agarra a cada frase. Esta poesia tem uma boa respiração e é bem respirada e bem dita, e em voz alta, como o fizeram tão bem as actrizes Inês Pereira e Raquel Montenegro. Parabéns Inês, Raquel, António e Artistas Unidos. Aguardo a vossa próxima leitura encenada na Casa Da Cultura | Setúbal. Esperemos que muito mais gente perceba o que se está a passar com a novíssima poesia portuguesa e com a maneira de a dizer. Até já.