sábado, 15 de março de 2025

Era uma vez um regime fascista que caiu em 25 de Abril de 1974


Foi um fim de tarde muito bonito. Encontrámo-nos na sala José Afonso, da Casa da Cultura, Setúbal, para falarmos do livro A CAMINHO DO 25 DE ABRIL, de Luísa Tiago de Oliveira. Sérgio Campos Matos fez uma apresentação brilhante, analisando os factos que Luísa Tiago de Oliveira refere no livro. Luìsa Tiago de Oliveira revelou o que a motivou para encetar a empreitada, referindo Carlos Almada Contreiras como referência. 

Almada Contreiras foi recordado neste encontro por camaradas seus. Ferreira da Silva e Luís Costa Correia estiveram presentes e contaram a sua história de Abril, com pormenores da preparação do golpe revolucionário. Estes dois militares de Abril nasceram em Setúbal e já tinham estado nesta sala por ocasião da comemoração que aqui fizemos dos quarenta anos do 25 de Abril. Almada Contreiras esteve nessa sessão e contou como escolheu "Grândola" para senha e apresentou-me o seu camarada Luís Costa Correia como o militar que no dia 25 foi ocupar a sede da PIDE, na António Maria Cardoso. Reencontrei Costa Correia no funeral de Contreiras, e agora em Setúbal de novo. Recordámos agora de novo o orgulho de termos três homens ligados à cidade na preparação da acção que mudou as nossas vidas. Almada Contreiras escolheu "Grândola, Vila Morena" para senha e comandou as operações militares que levaram à ocupação das instalações da polícia secreta fascista. Costa Correia foi o operacional designado para o feito. Ferreira da Silva fez oposição à ditadura desde que foi para a vida militar. Três homens ligados a Setúbal que são um orgulho para a cidade. 

Como digo logo no inicio deste meu desabafo, este foi um fim de tarde muito bonito. Foi dos momentos mais bonitos que vivi na Casa da Cultura. Não sou nada de bairrismos, patriotismos ou nacionalismos serôdios, mas não resisti em pedir ao meu amigo Fernando Pinho para fazer um registo em que me coloco orgulhoso ao lado do meu conterrâneo que tratou de ir acabar com a imundice fascista que se alojava na rua António Maria Cardoso. Foi um fim de tarde bonito. Muito bonito. Parafraseando Tiago Rodrigues, esta é uma maneira de sentirmos a beleza de matar fascistas. Metaforicamente falando, mas com aquela sensação de estarmos a fazer qualquer coisa que contribui para o combate à ignorância e à estupidez. Os fascistas ignorantes são estúpidos. Os que não são estúpidos são requintados biltres. É combatê-los. Sempre!

Nota: José Pacheco Pereira não esteve presente para poder participar nas cerimónias fúnebres de Miguel Macedo, falecido inesperadamente.