domingo, 15 de setembro de 2024

Os verdadeiros artistas

O primeiro-ministro Montengro quer ouvir gente da cultura. Sem hesitações chama três grandes figuras da sua área cultural privada: a grande artista plástica Vasconcelos, o grande pianista Massena e o grande empresário Covões. A escolha não tem nada a ver com complexos ideológicos, mas é sempre melhor escolhermos quem está próximo, ou não?

Três grandes figuras da cultura que irão reivindicar apoio aos seus excelsos projectos culturais. Três grande figuras da cultura portuguesa muito bem apetrechados intelectualmente vão defender a sua cultura portuguesa. A cultura portuguesa deve imenso a estas grandes figuras da cultura portuguesa. Nem se imaginam outras personalidades em representação das artes portuguesas e das suas gentes.

Montenegro revela assim a sua grande cultura e conhecimento da expressão cultural em Portugal. A próxima ronda das conversas informais deveria incluir Toy, Ágata e Emanuel. E depois é ir saber os nomes e moradas dos escultores de rotundas e dos artistas com jeitinho para o desenho. Força. Vamos "projectar Portugal"... para o abismo.

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A nossa família somos nós todos. Os que vivem cá em casa e os que nos visitam e convivem e brindam à vida. A família são os que estão próximos de nós e os que festejam connosco a vida de todos. A família são os que nasceram de nós, os que adoptamos e os que queremos que estejam próximos.

Um livro que saiu recentemente tenta desvalorizar a solidariedade entre seres humanos. Os seus autores sugerem segregação. Querem que se façam distinções e que se afaste do convívio familiar ou se trate pela psiquiatria quem não é sexualmente como eles. Ou como eles acham que todos devem ser. Crescemos convencidos de que já não era assim. Que a diferença era respeitada. Já não percebíamos e não passávamos cartão aos imbecis que ainda usam a designação "maricas" para aludir a quem não é como eles: os machos latinos orgulhosos dos seus cascos.
João Costa, neste seu MANIFESTO PELAS IDENTIDADES E FAMÍLIAS, PORTUGAL PLURAL está mais preocupado com a solidariedade. Ninguém deve ser excluído. A ninguém deve ser negada instrução e cultura. A arte pode dar uma ajuda. A arte feita com honestidade intelectual e que convoca a surpresa pode sugerir caminhos. A apologia da diferença, integrada na geografia da tradição e na busca da alegria pode ajudar na nossa luta por uma sociedade melhor. Uma vida decente e feliz é o que se deseja para toda a gente.
Muito obrigado, João Costa. Foi um gosto ouvi-lo e conversar consigo, nesta sessão Muito Cá de Casa, na Casa Da Cultura | Setúbal, em que também assistimos ao regresso de Rosa Azevedo a estes trabalhos. Até breve.
Fotografias: Fernando Pinho.

Do preconceito ideológico

"Montenegro defende, nas comemorações dos nos 45 anos do SNS, que saúde não se gere com preconceitos ideológicos, e considera que o SNS é uma das conquistas mais importantes da democracia", diz a Agência Lusa. Montenegro é líder de um partido que votou contra o SNS, juntamente com o outro partido que faz coligação neste governo que só aplica ideologia... de direita. Montenegro é um tatibitate que só diz inanidades ideológicas. Deixariam de ser inanidades se ele assumisse que tudo o que está a fazer é ideologicamente de direita. Da direita ideologicamente mais à direita que vive das inanidades ideológicas. Nuno Melo é um vivo representante dessas premissas. O ministro da educação é outro. E a ministra da saúde não é classificável. Este governo transforma os seus preconceitos em aplicação ideológica, mas fá-lo assobiando para o lado, ou atribuindo culpas a quem já não está na sala.

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sábado, 14 de setembro de 2024

A querença de Olivença

Espero que Nuno Melo não convença Montenegro a declarar guerra a Espanha por causa da reconquista de Olivença. Eu gostava de ir a Madrid nesta altura. Queria ir descansado. Mas com esta gente maluca no governo nunca se sabe. Melo já mostrava sinais preocupantes. Agora confirma-se: está maluco. Não se pode interná-lo?!

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CECÍLIA BARREIRA | A Cecília Barreira pertence às memórias do tempo que norteou a minha curiosidade pela produção intelectual que surgiu logo depois da revolução de Abril. Ela aparecia ligada a estruturas culturais de grande qualidade como interveniente activa. Até aparece como colaboradora na ficha técnica do trabalho de José Afonso "Com as minhas tamanquinhas". Senti sempre que estava próxima sem nunca a ter conhecido pessoalmente. Pessoas como a Cecília marcam o tempo que viveram. Foi um tempo bom, que ainda não acabou. Fazer vibrar a actividade cultural é a melhor maneira de continuar com a Cecília Barreira. E obrigado por tudo, minha cara senhora.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

E a Arte cresceu com ela

Rebecca Horn morreu no passado dia seis. Foi uma artista única, que tratou a expressão artística sempre com a necessidade de procurar a surpresa. É Inquietante, esta beleza. É surpreendente, esta aplicação das matérias. Aplicação que anula friezas e aquece olhares. Há aqui um bom ambiente. Há aqui Arte. A Arte também se faz com rigor técnico, para além da honestidade intelectual.  

Receituário

O novo Centro de Arte Moderna

É com muito prazer que abrimos as portas do CAM no dia 21 de setembro e convidamos todas as pessoas a descobrir o nosso edifício redesenhado e o novo jardim, através de um programa entusiasmante de exposições e Live Arts.
A Festa de Abertura nos dias 21 e 22 de setembro é, simultaneamente, uma celebração e uma amostra do que está para vir.
Foi programada para ser uma manifestação da alegria, e do poder, de partilhar experiências em conjunto.
Durante dois dias, no edifício e no jardim, vamos acolher conversas, performances e concertos, de artistas nacionais e internacionais, de diferentes contextos e disciplinas. A festa é organizada em colaboração com a Filho Único.

Festa de Abertura

21 – 22 de setembro

É com muita alegria que abrimos as portas do CAM e convidamos todas as pessoas a descobrir o nosso edifício redesenhado e o novo jardim, através de um programa entusiasmante de exposições e Live Arts.

No sábado, Benjamin Weil e Kengo Kuma estarão à conversa para desvendar a noção de Engawa que identifica o novo CAM, e uma performance recentemente encomendada a Jota Mombaça encontra inspiração nas águas correntes do jardim, prosseguindo a sua investigação em torno das performances radicais dos “afundamentos”. Prestem também atenção às «tatuagens artísticas» temporárias concebidas por Wasted Rita.

A festa de abertura é organizada em colaboração com a Filho Único, um coletivo lisboeta reconhecido como catalisador da mais autêntica cena de dança da cidade. A noite é pensada como uma viagem em três atos: do jazz místico de Nala Sinephro às batidas eletrónicas de Nidia, com raízes na África Lusófona e nos subúrbios de Lisboa, passando pela jungle music futurista de Tim Reaper.

O domingo é dedicado à Temporada Japonesa, com uma conversa em torno da obra de Fernando Lemos, que conta com a participação do conceituado antropólogo Ryuta Imafuku, bem como uma performance conjunta da poeta Ryoko Sekiguchi e do compositor e Dj Samon Takahashi.

O fim de semana termina com as sonoridades da compositora pioneira da música eletrónica Éliane Radigue. Apresentamos peças da sua série OCCAM OCEAN, composta por fascinantes obras instrumentais, no contexto da exposição de Leonor Antunes.

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quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Contra a boçalidade fascista

Não tenho nada a ver com a vida dos outros. Mas, como em Portugal prefiro sempre a esquerda à direita, e prefiro a inteligência à boçalidade, também em outras geografias prefiro maior exigência. Kamala provou no debate que é melhor que Trump. Dúvidas? Vejamos:

Os Estados Unidos da América são um país de contrastes. Têm o melhor, que eu consumo com entusiasmo há anos, e têm o pior, que é a extrema-direita apelidada de "tee party" e que se alia aos piores comportamentos da sociedade. A direita americana é desprezível. E a esquerda, é flor que se cheire? A esquerda americana é o que é. É possível ser melhor? Claro. E essa esquerda existe, mas não queiram que na Casa Branca se cante a Internacional — canção que eu adoro e que canto, e que me emociona cada vez que a oiço e canto — e que se marche ao som de "Les Partisans". Estamos em outro patamar de aplicação da política. As coisas são como são.

Mas em que terra vive esta gente que não sabe ter opinião que diferencie uma mulher inteligente e com apreço pela cultura de um boçal inclassificável que faz a apologia da ignorância e que pratica a mentira mais desbragada? Um fascista nojento que adora despedir e tratar mal quem não o ache o "maior da cantadeira". Um imbecil sem trambelho. Em Portugal tem o apoio do fascista Ventura. Os líderes portugueses que não sabem para onde tombar bebem o mesmo chá. Não há motivos para se entender e tornar relativo o "pensamento" da extrema-direita.

Eu percebo as hesitações e as inquietações, mas não percebo. Ou não quero perceber, digamos assim. E prefiro assim. Sempre me permite ter algum respeito por quem assim pensa, apesar de ser gente que pensa mal, na minha opinião. Há diferenças? Há sempre. O mundo não é a preto e branco, como gostariam alguns que fosse. O mundo é de todas as cores. E as pessoas também.

Vamos ver Trump pelas costas, ok? É isso que interessa para já.

A banalidade do mal


Neste dia, mas em anos diferentes, o mal aconteceu. Fascistas e todo o tipo de fundamentalistas destroem para construir o seu mundo perfeitinho: sem excrescências humanas e com as regras deles. É a perfeição dos mal intencionados.

A normalização da extrema-direita é isso mesmo: o "aperfeiçoamento" neoliberal da economia e a eliminação dos "maus comportamentos". Normalizar estas atitudes é um risco. É perigoso. Merece combate. É urgente o combate a esta gente sem princípios nem escrúpulos.
A Banalidade do mal, que Hannah Arendt tão bem descreveu, é a estimulação de estranhas vulgarizações.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

O estado da família

A Rosa Azevedo e eu vamos estar à conversa com João Costa, autor da publicação: MANIFESTO PELAS IDENTIDADES E FAMÍLIAS, PORTUGAL PLURAL. A família somos nós, e somos nós que a construímos.

Sinopse do livro:
"Identidades. No plural. Somos as relações que construímos." Os movimentos conservadores reemergiram em Portugal, para defenderem, explícita e implicitamente, retrocessos em matérias como os direitos das mulheres e a constituição de famílias. Este livro é um Manifesto de defesa da liberdade, da diversidade e dos direitos fundamentais, contra tais movimentos. Aqui se desvendam as falácias do suposto ataque à “família tradicional”, sustentadas pelo medo da diferença, pelo mau uso dos valores do cristianismo e pelo regresso a um silenciamento que oprime os que mais lutaram pelos seus direitos. João Costa, o autor deste Manifesto, propõe a descoberta e valorização de todos os cidadãos através da educação e da arte, com vista à criação de uma cultura de defesa de todas as vidas – a única via para construir um Portugal verdadeiramente plural e, por conseguinte mais evoluído, mais rico e mais forte".
O encontro é no próximo sábado à noite.
Até lá.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Design de comunicação

Da série Grandes Primeiras Páginas: Libération.

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sábado, 7 de setembro de 2024

Eleições, para que vos quero

Macron decidiu em menos de um fósforo convocar eleições. As eleições aconteceram e a esquerda unida venceu com larga maioria. A esquerda quando se une é qualquer coisa. Mas Macron passou pelo acto eleitoral como cão por vinha vindimada e convidou quem lhe apeteceu para formar governo. Isto é: escolheu alguém da sua área política borrifando-se no tal acto eleitoral. Notável.

Agora, a aprovação do governo passa pelo apoio da extrema-direita de Marine Le Pen. Isto é: volta tudo ao principio. A ligeireza que povoa as cabecinhas dos decisores mundiais está a um nível que se aproxima do ego pessoal dos ditos decisores.
Se esta moda de se convocarem eleições por dá cá aquela palha pega, ainda vamos ter eleições de seis em seis meses em todo o lado. A irresponsabilidade pega-se. O "nosso" Montenegro sabe disso. Só pensa nisso. esperemos que lhe cague o cão no caminho.

Abril no mundo

Reto Monico e Joaquim Vieira conhecem muito bem os meandros da diplomacia de antes e depois de Abril. Conhecem interpretações e causas que motivam os embaixadores estrangeiros e conversaram sobre os relacionamentos com os políticos no activo naquela altura. Denis Knobel, embaixador da Suiça em Portugal, conhece a linguagem e as atitudes por dentro e revelou-nos o que pode ser revelado. Simpatia e conhecimento em convívio comunicativo.

Foi bom estar ali, nesta agradável noite, na Casa Da Cultura | Setúbal. Muito obrigado a todos: aos que motivaram a conversa e a toda a gente que veio ouvir e conversar com eles.
Fotografias de Ana Nogueira.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

É preciso saber não gostar

Num país em que não dizer muito bem de tudo é ir fazendo uma colecção de inimigos, ele tinha a coragem de dizer mal e não poupar ninguém. Sabia que, para saber gostar, é preciso saber não gostar.
José Manuel dos Santos, no Público

Esta definição do meu amigo José Manuel dos Santos parece retirada de uma conversa que tive com o Augusto M. Seabra, num almoço que praticámos e em que falámos do imobilismo e do amiguismo que sempre andou por aí. Os amigos adeptos do amiguismo militante protegem-se uns aos outros como se fosse essa a solução. Quem só quer dizer bem não gosta de nada. É impossível gostar de música de feira e de José Afonso. Não é possível gostar de Mário de Carvalho e de José Rodrigues dos Santos. O imobilismo iletrado nunca fez bem a ninguém. Muito obrigado, Caro Augusto M. Seabra. Muito obrigado por tudo. Vai mesmo fazer muita falta.

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Visão da liberdade

A revista Visão está a convidar artistas para ilustrarem a Liberdade. A secção chama-se "Visão da Liberdade" e cada ilustrador mostra ali o seu olhar da coisa. 

Esta semana a Visão chamou o Gonçalo Duarte para desenhar e dizer de sua justiça. A magnifica participação do GD tem atitude, como era de esperar. A mim não me surpreende muito porque vejo o GD desenhar desde pequenino, mas adiante. Aqui está o que se espera dos ilustradores que olham para o mundo e percebem como ele está. Surpresa, originalidade e acima de tudo atitude é o que deve nortear quem pensa e trabalha com honestidade intelectual. 

Esta ilustração do Gonçalo vai ser incluída na mostra ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA da Festa da Ilustração - Setúbal. 

Viva a Festa.

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quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Ouvir falar da revolução de Abril pela voz dos de fora

Reto Monico investigou correspondências entre representantes politicos de outras geografias em Portugal. As histórias são surpreendentes e fascinantes. O historiador resolveu contá-las a falantes de três idiomas: francês, português e italiano. São três edições com adaptações específicas a cada tipo de entendedor. Ora, quem falar cada uma destas línguas está à vontade para vir até cá, à Casa Da Cultura | Setúbal. Também falaremos do livro "Nas bocas do mundo", que aborda notícias sobre o PREC na imprensa internacional, e que Reto Monico e Joaquim Vieira conceberam. Estas edições serão debatidas e estarão disponíveis para venda. É já esta sexta-feira, à noite. Até lá.




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terça-feira, 3 de setembro de 2024

Com as calças do meu pai sou eu um homem

Era o que a minha avó dizia ironizando com os aproveitamentos que a minha mãe fazia das roupagens sobrantes do meu pai. A TAP foi comprada por privados com o dinheiro da caixa da empresa. Isto é: com o dinheiro que não é meu até compro o aeroporto Luiz de Camões mesmo antes de existir. Compro tudo. Sou um valentão.

Dito isto: depois deste negócio do tipo jogo "monopólio" Maria Luís Albuquerque, que permitiu como governante a operação, ainda é candidata ao lugar na Europa? E Pinto Luz, que assobiou para o lado, ainda é ministro por mais tempo?
Mas, o amiguismo parolo e o facilitismo neoliberal vão vencer sempre? Montenegro vai insistir na amizade provinciana e serôdia?
Estamos na Europa, estúpidos. Sejam crescidos. Enxerguem-se.

Design de comunicação

Da série Grandes Capas. The New Yorker.

Art: Kikuo Johnson’s “A Mother’s Work”. 

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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Novo mundo velho

Nazis vencem eleições numa determinada zona da Alemanha. É a primeira vez que os nazis são preferidos na Alemanha desde Hitler. A extrema-direita dos nossos dias continua a convencer gente má: racista, sexista, justicialista primária. Não são os erros da democracia que motivam esta gente má. Esta gente é sempre contra tudo. Nada está bem para quem quer que tudo corra mal. Os nazi/fascistas andam aí. Não são justiceiros. São simplesmente filhos-da-puta: os que votam e os que são eleitos. Filhos-da-puta.

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domingo, 1 de setembro de 2024

Setembro

 

SETEMBROS NEGROS E COM TODAS AS CORES | Gosto de Setembro. Gosto de regressos. É em Setembro que se retomam trabalhos, que se entra na rotina que nos surpreende todos os dias. Mas é em setembro que nos relembramos sempre o que de muito mau pode acontecer ao ser humano. Setembro é um mês fantástico. Alegre e triste. Um tempo em que a generosidade se vê ameaçada pela intolerância. 

Quando Pinochet tomou o poder no Chile,  contra um governo eleito, dirigido pro Salvador Allende, eu não estava lá, mas aquilo doeu-nos a todos. Quando os aviões esbarraram contra as torres gémeas, em Nova Iorque, eu estava lá, e só não me doeu mais por pouco. Mas tudo isto nos dói, e de que maneira, mesmo quando a diferença geográfica nos parece afastar da realidade agressiva e criminosa. O mundo é uma pequena esfera onde nos vamos encontrando e desencontrando. Todos achamos que estamos a fazer o melhor para o mundo, quando temos atitudes. Mas há quem tenha más atitudes, que tentam tolher o que para nós são motivos para existir. O mundo muda com estas coisas que lhe acontecem. As boas e as más. Nem sempre mudamos para melhor. Mas a vida é o que é. Assim, com muitos trambolhões pelo caminho. E com a vontade de o mudar para melhor.