A nossa família somos nós todos. Os que vivem cá em casa e os que nos visitam e convivem e brindam à vida. A família são os que estão próximos de nós e os que festejam connosco a vida de todos. A família são os que nasceram de nós, os que adoptamos e os que queremos que estejam próximos.
Um livro que saiu recentemente tenta desvalorizar a solidariedade entre seres humanos. Os seus autores sugerem segregação. Querem que se façam distinções e que se afaste do convívio familiar ou se trate pela psiquiatria quem não é sexualmente como eles. Ou como eles acham que todos devem ser. Crescemos convencidos de que já não era assim. Que a diferença era respeitada. Já não percebíamos e não passávamos cartão aos imbecis que ainda usam a designação "maricas" para aludir a quem não é como eles: os machos latinos orgulhosos dos seus cascos.
João Costa, neste seu MANIFESTO PELAS IDENTIDADES E FAMÍLIAS, PORTUGAL PLURAL está mais preocupado com a solidariedade. Ninguém deve ser excluído. A ninguém deve ser negada instrução e cultura. A arte pode dar uma ajuda. A arte feita com honestidade intelectual e que convoca a surpresa pode sugerir caminhos. A apologia da diferença, integrada na geografia da tradição e na busca da alegria pode ajudar na nossa luta por uma sociedade melhor. Uma vida decente e feliz é o que se deseja para toda a gente.
Muito obrigado, João Costa. Foi um gosto ouvi-lo e conversar consigo, nesta sessão Muito Cá de Casa, na Casa Da Cultura | Setúbal, em que também assistimos ao regresso de Rosa Azevedo a estes trabalhos. Até breve.
Fotografias: Fernando Pinho.