O governo Marcelo/Montenegro está a tentar um regresso ao passado mais obscuro. A inábil ministra da administração interna não sabe o que fazer, nem o que depois dizer perante situações de extrema gravidade. Sai de cena, regressa ao holofotes para vociferar inanidades, elogiando o nosso "rico povo" que combateu as ameaças dos elementos, e volta para detrás da cortina. Foi dito no início que percebia imenso de segurança e de relacionamentos com as forças de segurança. Era o máximo. É o que se vê.
O ministro da educação borrifa-se na educação. Transforma o ministério numa espécie de organização promotora de jogos florais. Primeiro são premiados os directores, que são quem manda na escola, depois os professores, que são quem obedece aos directores e manda nos alunos, que só devem obedecer. Mas os bons, os mais rápidos, os que merecem quadro de honra. As ideias de educação do senhor ministro são um elogio a Nuno Crato — o mais obscuro ministro que pisou o soalho do ministério — e aos seus indescritíveis métodos. Os mestre-escola voltarão.
A dupla Marcelo/Montenegro revela a face mais nítida do que pode ser um governo de direita. Falamos de arrogância vacilante, entrecortado cinismo e vibrante incompetência. A negociação do orçamento é um happening permanente. Montenegro diz o dito por não dito com um à-vontade performativo, acompanhado de uma linguagem corporal que só engana quem quer ser enganado. Postura quase circense. Parece o palhaço rico aos estalos com o resto da companhia. A exibição da pouca vergonha é prospecto promocional. Circo dos arrabaldes. Governar é uma palhaçada. A ideia é acarinhar (como dizia o outro) o "rico povo" (como diz a outra) que votou no partido fascista, como se quem vota em fascistas merecesse carinho. Carinho merece quem votou na democracia política que apoia as pessoas e os seus direitos. Fascistas nunca mais.