sexta-feira, 21 de junho de 2024

VELHO CIRCO, NOVO CIRCO

É entrar, senhoras e senhores, meninas e meninos. O novo circo chegou. A anterior gerência deixou tudo esburacado, mas os novos malabaristas, ilusionistas, domadores e palhaços limparam tudo e deram outra cor a este novíssimo circo. Uma cor mais garrida a uma postura na arena mais alegre. A pista está limpa, graças ao esforço desta gerência exemplar. Números novos todos os dias? Nada disso, os números de sempre mas com nova vida, vá. Que o público gosta é de circo novo e com feras. E ao vivo, que o povo gosta de ver a cara e as vestimentas dos malabaristas e dos palhaços. Tudo brilha e rebrilha. Tudo preparado para a adaptação à nova telenovela eleitoral televisiva. Que o melhor está para vir. O novo circo veio para ficar. Coaching diário. Sessões sucessivas de surpreendentes números de ilusionismo. Circo e feras. É entrar, senhoras e senhores, meninas e meninos. O novo circo chegou.

Homenagem

O ACTOR MORREU | Morreu Donald Sutherland. Tenebroso, terno, Irritante, talentoso. Um actor que entrava em cena só porque existia. Um actor. Foi bom viver no seu tempo.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

José Afonso ao vivo no Coliseu

A FNAC resolveu promover nove discos em vinil que estavam fora de circulação. Alguns gravados antes, outros depois de Abril. Chamaram à iniciativa "Sempre!". E que boa iniciativa. Pretendem assim premiar e celebrar a intemporalidade. Convidaram nove artistas da actualidade, e em actividade, para fazerem a escolha promocional dos nove discos a divulgar. Concordo particularmente com Ana Lua Caiano. A linhas tantas diz isto, na brochura que assinala a coisa:

"A música é, entre outras coisas, um puzzle orgânico entre palavras e melodia. E José Afonso domina esse puzzle com uma mestria incrível: cada nota e sílaba que José Afonso canta parece funcionar como uma célula que só pode estar no sítio onde está e em mais nenhum sítio".
Tão verdadeiro. Tão assertivo. Tão bom.
O triplo álbum "José Afonso ao vivo no Coliseu" já está à venda. Ao ouvi-lo, percebemos o que Ana Lua percebeu e percebemos ainda a onda de solidariedade e também de intemporalidade que inundava a existência deste artista único que escolheu o nome artístico de José Afonso.
Muito obrigado, Ana Lua Caiano. E parabéns pelo teu bom gosto, e também pelas tuas já confirmadíssimas qualidades musicais e intelectuais.














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terça-feira, 18 de junho de 2024

E o prémio vai para... Paulo Buchinho

A imagem visual na imprensa é importante. Designers e ilustradores fazem o que podem para que o que procuramos nos jornais nos apeteça frequentar. Pessoalmente não consigo passar os óculos por papéis mal apresentados. Olho para jornais desde pequeno e comecei a exigir quando quis fazer parte do clube dos que fazem acontecer a imagem. Paulo Buchinho está metido num sarilho. Agora faz parte dos ilustradores com visibilidade muito observada na imprensa que se sabe vestir. Vestir bem. E pertencer à associação dos bem vestidos, bem paginados, é uma responsabilidade. Agora não nos pode desiludir. Para ele não deverá ser difícil. Talento mora com ele. É uma espécie de estilista de ideias ilustradas. E o estilo que ele tem. Estas cenas desenhadas são a sua vida. E a gente gosta que assim seja. Parabéns, Paulo.

Fonte: Studio Noel.

Uma mulher em cena



Anouk Aimée morreu hoje. Tinha 92 anos. Parecia imortal. Há tanta gente que parecia imortal e depois a gente vê que o é mesmo. Era uma mulher muito bonita, diz toda a gente. Mas isso chega? Anouk Aimée não era "biombo de sala" como na definição depreciativa de mulher sugerida na música de José Afonso. Anouk Aimée tinha talento de sobra para uma actriz do seu tempo e deste. Anouk Aimée foi o que quis ser: actriz e grande mulher. Mulher fantástica. Mulher. Ah, sim, e também era muito bonita.

Maria Quintans

Tão bom, Maria Quintans. Muito obrigado, Maria Quintans. Até sempre, Maria Quintans.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Fascistas não

FASCISTAS NÃO | Ainda não percebemos onde pode chegar a extrema-direita em Portugal. Ventura chegou-se à frente, vindo do PPD/PSD. Ousou a linguagem sem vergonha característica dos novos fascistas. Foi eleito para o parlamento e esteve sozinho a vociferar e a esbracejar sem que o indecoro o incomodasse. São assim, os fascistas: barulhentos e malcriados. Trump, Bolsonaro e Ventura frequentam essa escola rasca.

Também há os que se moderam. Percebem a tempo que os exageros podem desagradar aos seus incautos seguidores. Continuam com aquela postura psicótica, mas com estudos. Marine Le Pen e Meloni não faltaram a essas aulas de etiqueta. Mas os princípios estão lá, e esta gente não descansa enquanto não os aplica. Nathalie Tocci alertou-nos para o equívoco em entrevista ao Público: "A ilusão de que Meloni se moderou porque o poder modera é um disparate absoluto". E diz mais: "Se analisarmos todas as dimensões do que seria uma definição comunmente aceite do que um fascista faria ou quereria fazer no século XXI, ela, literalmente encaixaria em todas". Rob Riemen, autor do famoso " O Eterno Retorno do Fascismo" também chamou a nossa atenção para este busilis: "Actualmente, negamo-nos a ver o retorno do fascismo. Dizem-me que do que eu falo é dos perigos do populismo. Não é nada disso. O populismo é como os mosquitos, um pouco irritantes. O perigo real é mesmo o retorno do fascismo. O fascismo é o cultivo político de nossos piores sentimentos irracionais: o ressentimento, o ódio, a xenofobia, o desejo de poder e o medo. Não deveríamos confundir conceitos. Devemos chamar o fascismo pelo nome”.

Ora, é a apologia da ligeireza que trama a realidade. Percebemos que o CDS/PP já não existe, e que nas últimas eleições uma chusma de gente sem trambelho até ali alinhada com o PPD/PSD juntou-se ao partido fascista, mas ainda não sabemos se já sairam de lá todos. A aproximação dos ditos sociais democratas ao rebanho de Ventura está a dar-se de mansinho. O inenarrável candidato do partido fascista que agora concorreu às europeias foi embaixador no tempo do governo de Passos Coelho no Egipto. Imagine-se como estivemos representados por lá. Ninguém dá por estes chalupas quando estão em exercício porque eles não exercitam nada. Quando se levantam da sua confortável cadeira e têm que dizer ao que vêm, percebe-se tudo. São uns tontos em delírio. Moderam-se, mas pouco. Fingem a bonomia. Uns alinham por Putin, outros por um raio que os parta. No parlamento europeu existem três grupelhos fascistas que juntos dão em sinistro grupo de malfeitores.

Estou longe de insinuar que Montenegro e os seus montenegrinhos são fascistas, mas as medidas anunciadas — populistas e muitas sem possibilidade de aplicação — são propaladas para agradar ao fascista do Chega. O delírio justicialista junta-se à propaganda vazia. A vontade de dizer umas coisas, que anunciam o fazer de outras, levam-nos a cair no ridículo. Por exemplo: a tentativa de alterar de novo o logo do governo, simplificando-o um dia e retirando a simplificação no outro, voltando ao estúpido "emblema" do dia da primeira medida, é de uma inocência visual — ou mental, mesmo, porque o que se olha salta na cabeça — que mete dó. Claro que fizeram bem em mudar o logo que o anterior governo preferiu — tanta sofisticação incomodava os parolos que agora circulam pelos ministérios —, mas o amadorismo que imprimem em tudo o que fazem parece coisa de pároco de paróquia dos arabaldes, deus me perdoe. Ou deus lhes perdoe, vá, que eu não tenho fé para rezar por eles.



domingo, 16 de junho de 2024

A Maria Quintans

Morreu a Maria Quintans. Eu gostava tanto dela... Era uma mulher incrível e escrevia poesia assim:

a todos os nomes que do pânico nascem dou um corno
para ficar atrás da porta e
um chumbo de mercúrio para a morte
a todos os poetas dou uma mãe — a minha mãe — arrancada aos
ombros do meu desgosto
a todos os homens dou o meu sangue inundado de eternidades
provocatórias
uma ruptura na garganta onde todos os dedos se espalham.
Maria Quintans. Se me empurrares eu vou. Assírio & Alvim

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Resumo da matéria dada

PRIMEIRA OBRA | O título é irónico. O filme é testemunho de uma vida a fazer imagens. Rui Simões fez uma breve apresentação e saiu da sala. Não quer ver o filme mais vezes. Ficavam sempre sugeridas alterações. A obra de Arte é assim que se constrói. Nunca está acabada.

Mas este filme fecha em si uma ideia de documentário. É uma ficção que conta a vida de alguém atento à realidade e que quer acrescentar a sua visão do mundo. O mundo de Rui Simões é o nosso mundo. Pelo menos o meu é. O mundo das políticas que estão a crescer na Europa e no mundo é o mundo dos outros, dos que não tem a nossa visão. Dos que querem impôr vidas aos outros.
As pessoas que tiveram o bom gosto de assistir a esta projecção, na sala José Afonso da Casa Da Cultura | Setúbal, irromperam num prolongado aplauso quando o filmne chegou ao fim. Depois foi a vez de conversarmos com o realizador que teve a simpatia de participar no debate.
Foi tão bom estar ali, percebendo que este filme nos vai acompanhar ao longo da nossa vida. Estamos ali, naquelas imagens, naquela música, naqueles ambientes únicos. Dizia-me um participante no final: "que privilégio, que noite boa". Foi, foi uma noite boa. Muito obrigado, Rui Simões. E até breve.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Receituário

RUI SIMÕES EM SETÚBAL | Rui Simões vai estar em Setúbal para conversar sobre o seu primeiro filme de ficção. O aclamado e premiado autor de DEUS, PÁTRIA, AUTORIDADE e BOM POVO PORTUGUÊS, e de outros excelentes documentários que marcaram a história do cinema cá da terra, vai dar-nos o grato privilégio de percebermos melhor o que o move. O que faz este homem enrolar tanta e tão boa fita. Honra e privilégio estarmos com ele à conversa. É já amanhã à noite.

Até já.

terça-feira, 11 de junho de 2024

Receituário

RUI SIMÕES NA SALA JOSÉ AFONSO | Rui Simões, o realizador do extraordinário DEUS, PÁTRIA, AUTORIDADE, e de muitos outros documentos únicos, que fez a sua primeira longa metragem aos 80 anos, vai estar a conversar comigo na sala José Afonso, da Casa Da Cultura | Setúbal.

Mas antes vamos ver o seu mais recente trabalho. Precisamente a tal longa metragem, a que ele deu o sugestivo título de PRIMEIRA OBRA. A entrada é gratuita, mas é preciso chegar a horas — 21:00 em ponto —, ou reservar para os contactos inscritos aqui no cartaz da cena.
É uma honra e um privilégio assistir à projecção deste filme e conversar com o seu realizador. Não acham?

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Alcindo Monteiro não pode ser esquecido

Alcindo Monteiro foi assassinado por nazi/fascistas na noite de 10 de junho de 1995. Foi encontrado sem sentidos na rua Garrett, depois de agressões violentas. Tinha 27 anos. Os criminosos pertenciam aos grupos nazis que existiam na altura. O PNR (agora Ergue-te), dirigia o crime racista em Portugal. 

Tanto tempo passado, assistimos hoje à tentativa de legitimização do racismo por parte de 50 deputados fascistas no parlamento. O discurso de ódio é agora tentado de maneira institucional. O repugnante líder desse grupo racista com assento parlamentar acrescenta legitimidade a ataques racistas, como se viu recentemente com o que aconteceu no Porto.

O antirracismo tem que ser praticado todos os dias. Estamos fartos do "Eu até não sou racista, mas...". O crime deve ser combatido. Racismo é crime. Um racista é um sociopata, um criminoso em potência.

Somos todos diferentes. E então? Sejamos decentes. É pedir muito, grunhos do Chega?

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domingo, 9 de junho de 2024

Nova Europa

Na generalidade, a extrema-direita não fez assim tanto estrago como se chegou a imaginar. Mas em França fez. Macron atira a toalha ao chão. O resultado poderá ser o pior.

Os fascistas portugueses não atingiram objectivos almejados, mas o que atingiram irrita. O chalupa que atiraram para a arena seria sempre eleito, mas Ventura queria tudo. Queria ganhar. Ora, a vitória ficou longe. Mas, tal como Le Pen em França, Meloni ganha em Itália. E, na Alemanha, os extremos direitistas têm muitos apoiantes simpatizantes de um passado que os deveria envergonhar, mas não. Exibe-se a xenofobia, o racismo, a homofobia e outras fobias, sem que a vergonha incomode. A nossa irritação poderá crescer se o criminoso de extrema-direita do outro lado do Atlético, perdão: do Atlântico, ganhar as eleições. Esta gente a crescer arrepia.

Saúdo os candidatos da esquerda, eleitos e não eleitos. E agora é prepararmo-nos para enfrentar esta gente da direita e extrema-direita toda. É importante que não cresçam. É importante dar-lhes luta. É importante vencê-los. Não passarão.

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Saudade

O Nuno morreu há nove anos. Saudade.

NUNO MELO | Conheci o Nuno há muitos anos. Trabalhámos juntos em três peças. Encontrava-o regularmente. No Chiado. No Bairro Alto. Gostava de o ver trabalhar. Gostei muito de o ver em O Barão, de Edgar Pera. Foi um actor com A grande. Vivia aquilo. Não imaginava outra vida. Agora partiu. Quando os amigos partem os dias ficam mais tristes. Cinzentos. Negros.
Muito obrigado, Nuno. Aplaudo-te de pé.

Contra a abstenção?

Eu até acho que a malta deve votar. Gerações de antifascistas lutaram para que essa possibilidade fosse realidade. Mas se a redução da abstenção servir para o crescimento dos fascistas na Europa — como aconteceu nas últimas eleições em Portugal—, o melhor mesmo é os cretinos fascistas ficarem em casa. Quem pensa ir votar no Chega é melhor ficar em casa. Ou então fiquem na taberna, que é a sede natural do partido fascista. Ou vão para um raio que os parta a todos, vá.

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Camões

OS LUSÍADAS SOMOS NÓS | Camões foi um grande poeta. Prova disso? Ainda hoje se lê com surpresa. Não inventou a Língua Portuguesa, mas colocou-a no mapa. Muitos outros poetas vieram depois, mas foi ele que abriu o livro de todos os verbos e metáforas. Nasceu já lá vão quinhentos anos. Mas os poemas estão aí, vivos e actuantes. Actuais. Parece que foram escritos ontem à tardinha. Os Lusíadas somos nós todos.

sábado, 8 de junho de 2024

José Sarmento de Matos

O meu amigo José Sarmento de Matos. Merecidas todas as homenagens na cidade que tanto amou e a que dedicou tanta energia intelectual e física. Saudade.
Muito obrigado, Zé Matos.

«Como todos os ofícios que decorrem de uma genuína vocação, José foi olisipógrafo a tempo inteiro com uma paixão que, pelo menos ao longo dos últimos trinta anos, nunca deixou de crescer e frutificar: cada vez mais sábio e cada vez mais apaixonado, viveu esse imenso amor com uma juvenil alegria que espelhava a energia azul, entre rio e céu, do corpo mesmo de Lisboa.» É assim que a historiadora Raquel Henriques da Silva descreve o historiador que se destacou pela sua investigação do património da cidade, nascido em Lisboa, a 8 de junho de 1946.

Lembramos #NesteDia José Sarmento de Matos.
Fotografia: António Pedro Ferreira/Expresso

Chatear o Camões

São outros Camões. Camões foi um poeta extraordinário que polvilhou com sofisticação a língua portuguesa. Chamar a este palavrar que utilizamos para comunicar entre nós a "língua de Camões" não é de todo desajustado. João Francisco Vilhena sabe construir retratos. Imagina situações e sabe onde encontrar os ambientes e as peças a fotografar. Os "Camões" que agora vai levar a Coimbra são os nossos retratos. Os retratos de quem tem a língua portuguesa como sua pátria, como pretendia Fernando Pessoa, outro poeta que acrescentou sofisticação, mas também cosmopolitismo e pensamento a este nosso badalar.
A exposição abre dia 10 de junho. Dizem que é o dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas. A data está bem escolhida para se comemorar o melhor de nós. Sem racismo, xenofobia ou nacionalismos estúpidos.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Propaganda intensa

Dizem que não é eleitoralismo. Afirmam que são mesmo assim: governam com grande intensidade. Chamam intensidade à chamada para a ribalta de decisões já tomadas, e de outras que não passam no parlamento. Medidas para encher o olho. Queixam-se. Inventam bodes expiatórios. Queriam governar à queima-roupa. Disparam em todas as direcções. Proclamam o bloqueio. Acusam o PS de se aliar ao partido fascista esquecendo que toda a esquerda está unida e vota contra as chamadas medidas intensas. A esquerda votou contra e não podia fazer outra coisa. O partido fascista absteve-se.
As intensas decisões de direita tomadas pelo governo de direita, que incluem mutilações intensas — SNS, e aparente controlo da imigração, por exemplo — não podem ter aprovação pelos deputados da esquerda. A esquerda vota na esquerda. O que é que não perceberam? Claro que perceberam tudo. Não são assim tão parvos como parecem. Mas interessa espalhar a ideia de bloqueio. Só falta convocarem o famoso slogan cavaquista.
A Europa precisa de mais representantes da esquerda no parlamento europeu. A direita e o seu extremo não fazem falta nenhuma em lado nenhum.

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MÃE CORAGEM de Bertolt Brecht
Encenação António Pires
8 e 9 junho [sábado e domingo]. 19:00
Texto Bertolt Brecht
Com poemas de José Saramago
Tradução Ilse Losa
Encenação António Pires
Com Maria João Luís e Carolina Campanela,
Carolina Serrão, Cassiano Carneiro, Cláudio da Silva, Duarte Guimarães, Francisco Vistas, Hugo Mestre Amaro, Jaime Baeta, João Barbosa, João Sá Nogueira, João Veloso, Mário Sousa, Ricardo Aibéo, Sofia Marques
Canções cantadas pelo Coro Participativo
Acordeão Flávio Bolieiro
Música Miguel Sá Pessoa e João Sampayo
Preparação e arranjo coral Paulo Brandão
Cenografia João Mendes Ribeiro
Figurinos Luísa Pacheco
Desenho de luz Rui Seabra
Desenho de som Paulo Abelho
Consultor musical Hugo Silva
Costureira Rosário Balbi
Construção de cenário Fábio Paulo
Operação de luz Alexandre Jerónimo
Operação de som António Oliveira
Assistente de encenação Artur Cunha e Sá
Assistente à direção de cena Afonso Luz
Assistente de figurinos Catarina Lima
Estagiárias de guarda-roupa Sol Piloto, Larissa Angeli
Ilustração Joana Vilaverde
Fotografia de cena Jaime Freitas
Spot de vídeo Tiago Inuit
Direção de produção Helena Maia
Coordenação de produção Federica Fiasca
Administração de produção Ana Bordalo
Comunicação Maria João Moura
Produtor Alexandre Oliveira
Produção Ar de Filmes /Teatro do Bairro 2024

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quinta-feira, 6 de junho de 2024

Há música e literatura nos Capuchos

O Festival de Música dos Capuchos é uma ideia de José Adelino Tacanho, que o programou e organizou até à sua morte prematura. Sempre que frequento um dos concertos desta iniciativa lembro-me dele: da sua energia contagiante, da vontade de fazer e de dar a conhecer. José Adelino Tacanho foi um ser singular que ficará ligado ao festival enquanto o Festival durar. 

A fotografia que junto a este palavreado mostra José Adelino Tacanho na apresentação da 14ª edição do Festival, em 1994. Entre outros participantes figura Michael Nyman. Assisti pela primeira vez a um concerto de Nyman neste "Capuchos". Surpresa e espanto.

Este ano é homenageado António Mega Ferreira. Merecido. Para além de melómano era um entusiasta deste acontecimento. Para a homenagem foi produzido um pequeno livrinho que inclui textos dele escolhidos por amigos. Tive o grato privilégio de participar concebendo graficamente o objecto. Perdoem-me esta nota tão pessoal, mas é que tive o prazer de conviver com José Adelino Tacanho e com António Mega Ferreira. Agora recordo-os com a saudade a reavivar-me a memória. É bom conviver com seres humanos com energia criativa e vontade de a partilhar. Muito obrigado aos dois, é o que me apetece dizer. A nossa vida não seria a mesma se certos encontros não se tivessem dado. 

O que está por lá a acontecer pode ser percebido aqui: https://festivalcapuchos.com/category/sobre/concertos/

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Ben Vautier

Chegou a cultivar o paradoxo. Escreveu "tudo é arte", mas também "a arte é supérfula". Escreveu centenas de frases. A palavra foi fundamental na arte de Ben. O humor conquistou os apreciadores do seu trabalho. Estas inscrições tornavam-se reflexões que estimulavam confusões. A arte, que é tudo, não tem que apontar soluções. A Arte também não serve para nada, e é por isso que é tudo. Não há soluções genéricas. Cada um encontra as suas. Ou nunca encontra coisa nenhuma. Onde está o problema de não acertarmos? O que nos distingue é muito mais do que o que nos une. Daí a nossa insistente vontade de nos associarmos uns aos outros em grupos de opinião, crítica e vontade de fazer coisas. A diversidade faz avançar tudo. O seguidismo cego e obtuso mata.

Ben morreu um dia depois da morte de sua mulher. Morreu de amor. Aquela ausência não o deixou continuar a ditar palavras de esperança ou derrota. "Fico por aqui", poderia ser a sua última inscrição. A Morte entrou no seu vocabulário. A morte é assim mesmo: definitiva. Fica a Arte de Ben. Foi bom termos vivido no seu tempo. Eu gostava muito dele.

Ben Vautier. Muro das Palavras (1995). Blois, França.

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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Mentir não é solução

Imagem: Lusa








Montenegro, o primeiro-ministro, demarca-se das ideias xenófobas e racistas do demagogo populista Ventura, mas prefere os caminhos enviesados das leis que apenas ajustam quem é mais fraco. É afunilada esta legalização, que assim promove a imigração clandestina. Ventura não está satisfeito. A sua sede de ódio quer ir mais longe. Proclama a sua insatisfação com o rosto carregado de gravidade, rodeado de gente com o ódio estampado na cara. Estão tristes, estes tristes. São uns trastes.

A direita odeia quem precisa de apoio. Prefere dar migalhas, como esmolas na missa. Solidariedade com quem sofre e tenta ter uma vida melhor não é expressão do seu dicionário. As pessoas que aqui querem viver devem viver com dignidade. Sobreviver apenas não é suficiente. Os imigrantes limitam-se a querer viver em paz. Montenegro faz bem em recusar-se a associar quem quer trabalhar e viver em paz à criminalidade. Mas não ajudou nada a desfazer essa ideia mentirosa do mentiroso compulsivo Ventura. A extrema-direita é que é criminosa. Sempre foi e será. Não omita os factos, senhor primeiro-ministro. Encare a realidade e seja honesto. Tapar o óbvio com uma peneira não é solução. Mentir não é solução. 

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terça-feira, 4 de junho de 2024

Chatear o Camões

A Casa da Moeda encomendou a medalha comemorativa a José Aurélio. José Aurélio não é um escultor especializado em rotundas. Não faz plágios. Nem se plagia a si próprio. Procura a originalidade sempre que investiga e concebe. Tem um discurso artístico consistente. Não faz decorações bacocas. Também não se lhe conhecem ligeirezas de olhar e esquecer. É por isto tudo que não se percebe a razão de ter feito isto. E também não se percebe como é que isto é aprovado. 

Este meu reparo não se integra nas declarações imbecis que só percebem custos e acham que a intervenção artistica devia ser abolida das nossas vidas. Observo e opino. Gostaria de não ter dito o que acima disse, mas acontece que há coisas que me agridem, e não deviam. Opinião dita e ainda redita: esta medalha não tem pilhéria nenhuma. Parabéns a Luis Vaz de Camões, que merecia muito mais.

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