sábado, 29 de junho de 2024

Viva o galo de Barcelos


Estava a ouvir Luís Marques Mendes na sua monótona e desinteressante alocução televisiva semanal, e a tentar perceber porque razão nunca concordo com o homem. Tudo ali é transformado em transtornada gabarolice.


Marques Mendes, tal e qual como acontecia com o seu antecessor Rebelo de Sousa, só olha para os acontecimentos conferindo-lhes estratégia. Chamam a essa prosápia "interesse nacional", mas na verdade não é nada disso. É só interesses pessoais e carreiras políticas que estão em causa. O homem explica: ganhámos todos com a ida de António Costa para Bruxelas. E diz nomes e moradas de toda a gente ganhadora. Costa, claro, mas também Montenegro que assim chega ao poder mais cedo, e se não fosse o parágrafo da procuradora não se sabe se lá chegaria. Pedro Nuno Santos, que assim também chega mais cedo à liderança do seu partido. Ventura, que assim elegeu cinquenta energúmenos — esta classificação é minha, é claro —, para o parlamento. O país Portugal que com um português no topo fica a rebentar de orgulho, e mais não sei quem, que segundo o optimista opinador fica em melhor situação política e com a carreira garantida.

Resumindo: um governo com maioria absoluta cai. Fica instalada a incerteza. Os fascistas crescem na Assembleia da República. Um governo de parolos toma posse. A esquerda fica a bater com a cabeça na parede, mas a criaturinha acha que é uma vitória de toda a gente. Para estes manhosos a política é um jogo sem regras. Só as regras do interesse pessoal contam. Nada tenho contra Costa, muito pelo contrário. Como disse Catarina Martins no debate com Sebastião Bugalho: "Sei que António Costa não é Durão Barroso". Mas estes aconchegos engendrados por gente politicamente sem classificação incomodam-me.
A política é mais do que isso, senhor comentador com ambições. A política é a melhor maneira de resolvermos problemas das pessoas. E só os políticos que estão para aí virados merecem o nosso respeito, digo eu, que não tenho respeito nenhum por muitos dos envolvidos na dita vitória nacional.
As vossas carreiras políticas pessoais que se lixem.