sexta-feira, 30 de junho de 2006
Carioca
Chico Buarque anda aí de novo. Agora com um novo trabalho musical. Hoje ele é capa (com entrevista dentro) dos dois diários que habitualmente me acompanham ao pequeno-almoço. Saborosas entrevistas conduzidas por Jorge Mourinha (Público) e João Miguel Tavares (DN).
Depois de oito anos sem botar os pés em estúdio, aparece com um lote de registos em que a urbanidade é o motivo para este regresso. O Rio de Janeiro habita este disco faixa-a-faixa.
Buarque é um homem de cidades. Viu a banda passar no Rio, foi para São Paulo, esteve em Roma, Budapeste dá-lhe razões para escrever, viaja, pelo mundo e pela literatura, é reconhecido como escritor, e agora vem lembrar-nos que ainda não largou a arte de entoar os sons.
Quem já ouviu diz que merece ouvidos abertos. Acredito. Vou ali à Fnac ver se já por lá anda, a banda do Chico.
JTD
quinta-feira, 29 de junho de 2006
Grunhos aos molhos (mais uma)
O presidente da Câmara de Viseu e da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Fernando Ruas, incitou anteontem a população da cidade a "correr à pedrada" os inspectores do Ministério do Ambiente, na sequência de uma queixa do presidente da Junta de Freguesia de Silgueiros.
O autarca nega que tenha sido literal na sua afirmação.
(Notícia do Público)
Não é literal. Os grunhos agora, pela voz do seu representante máximo, recorrem ao uso de metáforas para ilustrar as suas nobres acções. E que metáforas...
JTD
O autarca nega que tenha sido literal na sua afirmação.
(Notícia do Público)
Não é literal. Os grunhos agora, pela voz do seu representante máximo, recorrem ao uso de metáforas para ilustrar as suas nobres acções. E que metáforas...
JTD
terça-feira, 27 de junho de 2006
Ouro puro
A maré da excelência das programações não passou só pelo CCB. Também Pinamonti está de parabéns com as escolhas para o seu São Carlos. Para além das récitas já referidas no post anterior, temos a continuação da experiência Wagneriana com "Die Walkure". Mas também Mozart com "Cosi fan tutti", Stravinski com "Oedipus Rex", Rossini com "L'Italiana in Algeri", Verdi com "Macbeth", Piazzola com "Maria de Buenos Aires", e mais Vivaldi, Schonberg, enfim, um luxo de temporada que começa em Novembro com Mozart, ainda em plenas comemorações.
Sei, de fonte segura, que algumas destas récitas vão repetir a experiência de "O Ouro do reno", sendo transmitidas em ecran gigante para o exterior. Oportunidade de se assistir a espectáculos soberbos a custo zero. Bons tempos se avizinham, digo eu.
JTD
sábado, 24 de junho de 2006
Mega programação
Eu não disse (no dia 3 de Janeiro) que a escolha de António Mega Ferreira para o CCB era do caraças?
Já viram bem a programação apresentada na passada quarta-feira?
Lá iremos com mais detalhe, mas para já fica aqui a minha demonstração de contentamento.
Vou rever as performances de Bill T. Jones. Vou ouvir o genial Keith Jarret. Vou privar com a obra de Paul Bowles. Estarei entre os que não querem perder as récitas de "Wozzeck", de Alban Berg e de "Dido e Eneias", de Henry Purcell, em produções conjuntas com o Teatro Nacional São Carlos. Mas acima de tudo vou andar atento às datas. Uma colheita desta qualidade não deve dar azo a descuidos. É que colheitas destas não nos passam pelos sentidos todos os anos.
JTD
Imagem Bill T. Jones, publicada em Lois Greenfield
Leais lavradores do Douro
Boa tarde. Como é fim-de-semana apetece-me falar de vinho. Porque é fim-de-semana, sim. Estes dias de descanso permitem-nos provas mais substanciais. É geralmente o que faço. Não é que não beba nos dias de trabalho. Não é isso. Mas nos dias em que tenho outras obrigações consumo ainda com mais moderação do que nos dias que destino para o lazer. E hoje apetece-me falar de vinho. Ninguém me encomendou o sermão, mas é que descobri um vinho muito apreciável naquela classificação da relação qualidade-preço. Não sou grande entusiasta de vinho de pacote. Ou antes, não era. É que surgiu um produto nas estantes dos supermercados que me fez perder complexos. Chama-se "Cheda", e é produzido por Lavradores de feitoria / Vinhos de Quinta S.A., do Douro. É um vinho com juventude, frutado, com muito razoável equilíbrio, que permite um bom acompanhamento de qualquer refeição. As embalagens existentes para comercialização comportam três litradas e custam sete euros e noventa cêntimos. O que, convenhamos, não é nada caro.
A primeira vez que tive contacto com estes Lavradores de feitoria, em garrafa, foi no restaurante 1º de Maio, por sugestão do meu amigo Santos, então homem do leme daquela famosa casa de pasto. Agora, este pacote, não envergonha a marca. Até o design da embalagem é digno de boa nota.
Não ostentando as medalhas do estágio em madeira, é um vinho que merece ser provado.
Façam-no e digam qualquer coisa. Bom fim-de semana.
JTD
sexta-feira, 23 de junho de 2006
Ai anda por aí anda...
A EDP contratou um novo assessor jurídico.
O actual presidente executivo da empresa, António Mexia, foi o responsável pela contratação.
O tal contratado vai ganhar aproximadamente dez mil euros por mês.
E quem é o contratado? Pedro Santana Lopes.
Nem mais. Ele anda por aí, à procura. E toda a gente sabe que quem procura sempre encontra.
Acho que isto é mesmo verdade. Parece mentira, mas não é.
Continuamos a pagar a grunhos só porque ocuparam lugares públicos. Que sina...
JTD
O actual presidente executivo da empresa, António Mexia, foi o responsável pela contratação.
O tal contratado vai ganhar aproximadamente dez mil euros por mês.
E quem é o contratado? Pedro Santana Lopes.
Nem mais. Ele anda por aí, à procura. E toda a gente sabe que quem procura sempre encontra.
Acho que isto é mesmo verdade. Parece mentira, mas não é.
Continuamos a pagar a grunhos só porque ocuparam lugares públicos. Que sina...
JTD
Águas correntes
De Rui Manuel Amaral, editor de literatura da revista aguasfurtadas, recebemos este apelo à sua divulgação.
Com muito gosto o fazemos.
A aguasfurtadas, revista de literatura, música e artes visuais acaba de lançar o seu número nove. Com textos de Inês Lourenço, Tiago Gomes, Rui Lage, Pedro Ribeiro, Marcelo Rizzi, Adrienne Rich, Virginia Woolf, Filipe Guerra, entre muitos outros, para além de trabalhos inéditos de
vários fotógrafos e artistas plásticos, e ainda de um CD com obras de Alexandre Delgado, Ruben Andrade, Dimitris Andrikopoulos e do grupo de jazz Espécie de Trio.
Este número nove será apresentado no próximo dia 6 de Julho, a partir das 21h30, nos Espaços JUP (Rua Miguel Bombarda, 187), no Porto, com a realização de um espectáculo que incluirá as actuações dos projectos Mana Calórica e Las Tequillas. Haverá ainda outros motivos de interesse que estão a ser meticulosamente preparados pela equipa de coordenação da revista.
Uma revista que até dá música, que mais querem?
Já vai no número nove. Muitos mais virão. Assim esperamos.
JTD
Com muito gosto o fazemos.
A aguasfurtadas, revista de literatura, música e artes visuais acaba de lançar o seu número nove. Com textos de Inês Lourenço, Tiago Gomes, Rui Lage, Pedro Ribeiro, Marcelo Rizzi, Adrienne Rich, Virginia Woolf, Filipe Guerra, entre muitos outros, para além de trabalhos inéditos de
vários fotógrafos e artistas plásticos, e ainda de um CD com obras de Alexandre Delgado, Ruben Andrade, Dimitris Andrikopoulos e do grupo de jazz Espécie de Trio.
Este número nove será apresentado no próximo dia 6 de Julho, a partir das 21h30, nos Espaços JUP (Rua Miguel Bombarda, 187), no Porto, com a realização de um espectáculo que incluirá as actuações dos projectos Mana Calórica e Las Tequillas. Haverá ainda outros motivos de interesse que estão a ser meticulosamente preparados pela equipa de coordenação da revista.
Uma revista que até dá música, que mais querem?
Já vai no número nove. Muitos mais virão. Assim esperamos.
JTD
quinta-feira, 22 de junho de 2006
Ainda o prémio Pessoa
Ainda Luís Miguel Cintra:
O teatro não é uma arte individual, é uma arte colectiva. No teatro não se pode trabalhar sozinho. E ainda bem. O teatro ensina a viver. A viver com os outros e para os outros. Dura pouco. O teatro é efémero, eu sei, e não pode traduzir-se em propriedade ou património. Mas não é mais efémero do que a própria vida dos homens, e é, como actividade colectiva, um lugar importante de encontro da sociedade consigo mesma e assim trabalha para a História.
Cintra não esqueceu, nesta intervenção, quem com ele trabalhou ao longo deste tempo em que o teatro, o cinema, a ópera e tanta viagem pelo mundo desconhecido da criação, o fizeram como homem e artista. Muito nome se cruzou nesse enriquecimento. Jorge Silva Melo, que com ele fundou a Cornucópia, Cristina Reis, claro, Glicínia Quartin, Gastâo Cruz, Ruy Belo, Sophia de Mello Breyner, Manuel de Oliveira, João César Monteiro, Paulo Rocha, José Alvaro Morais, Pedro Costa, João Paulo Santos, Luiza Neto Jorge, enfim, um ramo de gente de primeiríssima qualidade, que com o que sabem fazer, fazem melhores os nossos dias. Parabéns a Luís Miguel Cintra, pelo prémio e pelo excelente discurso.
JTD
O teatro não é uma arte individual, é uma arte colectiva. No teatro não se pode trabalhar sozinho. E ainda bem. O teatro ensina a viver. A viver com os outros e para os outros. Dura pouco. O teatro é efémero, eu sei, e não pode traduzir-se em propriedade ou património. Mas não é mais efémero do que a própria vida dos homens, e é, como actividade colectiva, um lugar importante de encontro da sociedade consigo mesma e assim trabalha para a História.
Cintra não esqueceu, nesta intervenção, quem com ele trabalhou ao longo deste tempo em que o teatro, o cinema, a ópera e tanta viagem pelo mundo desconhecido da criação, o fizeram como homem e artista. Muito nome se cruzou nesse enriquecimento. Jorge Silva Melo, que com ele fundou a Cornucópia, Cristina Reis, claro, Glicínia Quartin, Gastâo Cruz, Ruy Belo, Sophia de Mello Breyner, Manuel de Oliveira, João César Monteiro, Paulo Rocha, José Alvaro Morais, Pedro Costa, João Paulo Santos, Luiza Neto Jorge, enfim, um ramo de gente de primeiríssima qualidade, que com o que sabem fazer, fazem melhores os nossos dias. Parabéns a Luís Miguel Cintra, pelo prémio e pelo excelente discurso.
JTD
quarta-feira, 21 de junho de 2006
Ser mais igual aos outros
Luís Miguel Cintra botou palavra na altura em que recebeu o Prémio Pessoa 2005.
Um discurso importantíssimo que, pelo pendor humanístico que contém, deveria ser distribuído por instituições educativas já que abarca valores que era urgente lembrar ao povo.
Simplesmente brilhante este texto, que aqui forneço em reduzido naco, mas que pode ser lido na íntegra na edição do passado sábado do Expresso.
"Não foi de facto para ser distinguido ou admirado que escolhi esta actividade, o teatro, foi precisamente pelo contrário, para ser mais igual aos outros, para viver mais com eles, para estar mais perto deles, em situação de igualdade, de jogo, a conversar, a pensar em grupo, a conviver, foi, se quiserem, para continuar a fazer em adulto aquilo que fazemos em crianças, para continuar a brincar, contra toda a solidão e longe de qualquer competição. Tem sido por isso e para isso que me tenho dedicado a esse trabalho. E não fácil.Não é o que a sociedade em que vivemos permite ou estimula ou prevê. Tudo se passa agora menos generosamente, com concursos, carreiras, fama, vontade de passar à frente do outro, hierarquizações, prémios."
Leiam o texto todo, a sério, vale mesmo a pena.
Na cerimónia em que aceitou o prémio, Cintra tinha a seu lado o Presidente da República.
Há quem descreva o ar de Cavaco como que de enfado. Se calhar não percebeu nada.
JTD
segunda-feira, 19 de junho de 2006
O sol quando nasce... nasce
Hoje encontrei o meu amigo Helder Moura Pereira na FNAC do Chiado.
Falámos sobre essa militância que o alegra de descobrir a melhor literatura nos livros do mundo, e de a dar a conhecer no seu blogue.
O Helder disse-me que vai publicar em breve um novo livro. E essa é uma excelente notícia.
Falaremos do livro e do Helder logo que a Assírio & Alvim nos dê o privilégio de podermos contactar com a boa poesia feita em Portugal.
Afinal não é só de futebol que vivem os portugueses.
JTD
Falámos sobre essa militância que o alegra de descobrir a melhor literatura nos livros do mundo, e de a dar a conhecer no seu blogue.
O Helder disse-me que vai publicar em breve um novo livro. E essa é uma excelente notícia.
Falaremos do livro e do Helder logo que a Assírio & Alvim nos dê o privilégio de podermos contactar com a boa poesia feita em Portugal.
Afinal não é só de futebol que vivem os portugueses.
JTD
domingo, 18 de junho de 2006
A imputabilidade dos grunhos
O nosso observador António Augusto, em comentário ao post de Raquel Rainho, fala de algo para além do abate das árvores. Diz:
Independentemente da insensibilidade dos autarcas (da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia), tenho muitas dúvidas sobre a legalidade dessa transferência.
Pois, como é do conhecimento público, as escolas Conde Ferreira foram construídas em todos os concelhos deste país - com dinheiros privados - e entregues ao estado com uma única finalidade: a de serem utilizadas como escolas.
Até aceito que esta tipologia esteja desajustada das necessidades actuais, mas deveriam continuar a ser dinamizadas como locais ligados à educação e ensino. De outra forma está a ser traída a vontade do doador!
Os políticos têm de conhecer a lei.
Para além do desprezo pela natureza, há uma evidente falta de respeito pelas normas instituídas. Ou será ignorância? Seja como for é lamentável que tudo isto se passe nas barbas dos eleitores, que comemorando a democracia, lá vão votando alegremente no chamado Poder Local democrático.
Será que, se durante as campanhas eleitorais os políticos anunciassem medidas destas, seriam igualmente eleitos? Duvido. Mas o que é certo é que disparates deste continuam a assombrar os dias das nossas vidas, sem que os culpados sejam chamados à responsabilidade.
A Democracia, sendo o regime políticamente mais tolerante, ainda não é a perfeição. Permite que os grunhos não sejam imputáveis.
JTD
Independentemente da insensibilidade dos autarcas (da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia), tenho muitas dúvidas sobre a legalidade dessa transferência.
Pois, como é do conhecimento público, as escolas Conde Ferreira foram construídas em todos os concelhos deste país - com dinheiros privados - e entregues ao estado com uma única finalidade: a de serem utilizadas como escolas.
Até aceito que esta tipologia esteja desajustada das necessidades actuais, mas deveriam continuar a ser dinamizadas como locais ligados à educação e ensino. De outra forma está a ser traída a vontade do doador!
Os políticos têm de conhecer a lei.
Para além do desprezo pela natureza, há uma evidente falta de respeito pelas normas instituídas. Ou será ignorância? Seja como for é lamentável que tudo isto se passe nas barbas dos eleitores, que comemorando a democracia, lá vão votando alegremente no chamado Poder Local democrático.
Será que, se durante as campanhas eleitorais os políticos anunciassem medidas destas, seriam igualmente eleitos? Duvido. Mas o que é certo é que disparates deste continuam a assombrar os dias das nossas vidas, sem que os culpados sejam chamados à responsabilidade.
A Democracia, sendo o regime políticamente mais tolerante, ainda não é a perfeição. Permite que os grunhos não sejam imputáveis.
JTD
sexta-feira, 16 de junho de 2006
Grunhos aos molhos
A Junta de freguesia de S. Julião, de Setúbal, está a recuperar o edifício onde funcionava a escola Conde Ferreira, para aí instalar os seus serviços.
Para que não tenhamos dúvidas escarrapacharam nas paredes um painel onde essa benfeitoria é anunciada.
A primeira iniciativa tomada para o embelezamento da sua nova casa, foi o arrancamento das frondosas árvores que desde que me conheço enfeitavam o espaço frontal.
Autarcas que não gostam de árvores?! Hum, é de desconfiar.
Quando chegará o dia em que a cidade que me viu nascer se vê livre de grunhos desta espécie?
Já tarda.
RR
Para que não tenhamos dúvidas escarrapacharam nas paredes um painel onde essa benfeitoria é anunciada.
A primeira iniciativa tomada para o embelezamento da sua nova casa, foi o arrancamento das frondosas árvores que desde que me conheço enfeitavam o espaço frontal.
Autarcas que não gostam de árvores?! Hum, é de desconfiar.
Quando chegará o dia em que a cidade que me viu nascer se vê livre de grunhos desta espécie?
Já tarda.
RR
quarta-feira, 14 de junho de 2006
Boda Deslumbrante
Mais uma peça em que me é confiada a estética e as imagens promocionais.
A partir de texto de Luisa Costa Gomes, “A Vingança de Antero ou Boda Deslumbrante“, é um espectáculo que expondo as personagens participantes num casamento, tendo em comum as regras estabelecidas por este tipo de convenções, acabam amarrados a condicionalismos que estabelecem os limites, em principio inultrapassáveis mas que em conflito com as razões que o dia-a-dia dita acabam por provocar o conflito.
Direcção de Carlos Curto.
Estreia amanhã, às 21,30, e ficará ali, pelo Teatro de Bolso, por mais uns tempos.
Apareçam por lá.
JTD
terça-feira, 13 de junho de 2006
segunda-feira, 12 de junho de 2006
Uma simples flor campestre...
Esta fotografia do Chapa provovou acesas opiniões no seu blogue. A razão é simples: a fotografia é notável em tudo o que tem de anulação do real provocado. O azulejo como agente que reprime a Natureza. A Natureza como metáfora da libertação. A vida para além da beleza instituída pelo Homem. Não existem formas de anular os caprichos da Natureza. A vida, na sua inspiradora teimosia, tudo transforma.
Imagem da inquietação: uma plantinha, uma simples flor campestre irrompe contra a força da inteligência humana e do cinzento cimento. Que boa notícia traz esta imagem.
JTD
Futebolândia
E não é que todos os comentadores se tornaram comentadores desportivos! A Futebolândia já tem "pensamento único", que escorre da televisão, dos jornais, dos blogues, das cabeças como se viesse da Cornucópia da Abundância. Estamos em plena "felicidade" pelo Esférico. Saltem muito, é o que vos desejo. A sério, saltem, saltem, pode vir daí uma desorganização das ideias que seja salutar à Pátria. Duvido, mas não excluo nenhum milagre. José Pacheco Pereira.
Como não tenho palavras para definir o fenómeno, recorri à vizinhança. Pacheco Pereira não vai em futebóis.
Não se trata de anti-futebolismo primário. O exagero é que já cansa.
JTD
Como não tenho palavras para definir o fenómeno, recorri à vizinhança. Pacheco Pereira não vai em futebóis.
Não se trata de anti-futebolismo primário. O exagero é que já cansa.
JTD
domingo, 11 de junho de 2006
O Sol quando nasce...
Helder Moura Pereira vasculha com paciência de monge o que poeticamente se vai por aí produzindo. Com assinalável frequência fornece-nos resultados dessa insistência. Já não dispenso a visitinha diária ao blogue que anima. Só para que não pensem que o que digo não passa de delírio, atrevo-me a mostrar aqui a última planta que o Helder dispôs no seu canteiro.
JTD
É o ódio, só pode ser o ódio –
disseram-me que não mereço
as dores de parto de minha mãe.
Tivesse eu um deus e resolvia
isto de uma penada, assim agarro
num livro da minha biblioteca
básica e vou para o parque.
Está fresco no parque. Há de tudo
no parque, preservativos,
cisnes e patos mansos, namorados,
pessoas como eu que lêem
livros, ou passeiam o cão,
ou pensam que a vida é bela
tanto como a vida é feia.
Ah, que orgulho, mereço o ódio,
é muito melhor do que não merecer
nada, e é por isso, contente
por alguém me odiar com a força
do amor, que começo a folhear
o livro com um sorriso na boca.
Os dedos cortados pela folha
fina, página com imp. no canto
superior direito, e o teu poema
mais abaixo, um poema emotivo
que nunca chegou a viver. Olhando
o céu: o dia escurece, finges que deixas
o livro esquecido no parque
e avanças para o corpo do ódio
Anne Francis-Claude (n. Bristol, 1969)
JTD
É o ódio, só pode ser o ódio –
disseram-me que não mereço
as dores de parto de minha mãe.
Tivesse eu um deus e resolvia
isto de uma penada, assim agarro
num livro da minha biblioteca
básica e vou para o parque.
Está fresco no parque. Há de tudo
no parque, preservativos,
cisnes e patos mansos, namorados,
pessoas como eu que lêem
livros, ou passeiam o cão,
ou pensam que a vida é bela
tanto como a vida é feia.
Ah, que orgulho, mereço o ódio,
é muito melhor do que não merecer
nada, e é por isso, contente
por alguém me odiar com a força
do amor, que começo a folhear
o livro com um sorriso na boca.
Os dedos cortados pela folha
fina, página com imp. no canto
superior direito, e o teu poema
mais abaixo, um poema emotivo
que nunca chegou a viver. Olhando
o céu: o dia escurece, finges que deixas
o livro esquecido no parque
e avanças para o corpo do ódio
Anne Francis-Claude (n. Bristol, 1969)
sexta-feira, 9 de junho de 2006
Franz Ferdinand | Darts of pleasure
Este video é genial mesmo. Na quarta foi o SBSR, onde foram os Editos, dEUS, The Cult, Keane(O concerto mais aborrecido de sempre) e Franz Ferdinand. Ainda estou meio surdo.
GD
Os resistentes
Foi na FNAC-Chiado, ontem ao principio da noite.
Debatia-se um trabalho em dvd, da responsabilidade de Joaquim Vieira, sobre a vida de Álvaro Cunhal. Chamados a opinar: José Pacheco Pereira, Odete Santos e João Madeira. Joaquim Vieira moderou. Começou-se pelo fim. O funeral e os motivos de tanta emoção. Pacheco Pereira, senhor de vasta informação sobre a matéria, falou-nos do dirigente político com as características daquele tempo que soube gerir uma ímpar actividade de resistente. Não definiu os contornos do carisma motivador da impressionante manifestação de pesar.
Odete Santos falou do seu conhecimento da participação de Cunhal na vida colectiva do partido. Intervenção mais apaixonada, mas sem excessos.
João Madeira, investigador da história do PCP, deu a sua visão desse terreno. Chamou o rigor. Foi rigoroso.
Já mais para o final foi convidado a intervir Jaime Serra. Membro do PCP desde os tempos difíceis e camarada muito próximo de Cunhal. Visão apaixonadíssima e amarga. Compreende-se. Os tempos são outros. Serra lamentou o sub-título do dvd - Um resistente - por acha-lo redutor. Os comunistas foram resistentes porque era o que podiam ser naquele tempo. Mas o que de facto queriam era mudar a sociedade. Disse o velho dirigente. Claro que podemos dizer que resistir já contribui para essa tentativa. Mas adiante. Resolvi intervir pegando nesta opinião. É a actividade de resistente anti-fascista a marca mais simpática de Álvaro Cunhal e dos comunistas. Considero até que é por aí que vem o tal carisma. É a coragem resistente que revela o lado mais humano. Se calhar, as acções clandestinas, sempre associadas ao mistério que sugerem, provocam um fascínio que fazem a transição para o carisma. O mistério sempre andou por perto na vida do dirigente comunista. A obra literária era um mistério. Assim como misteriosa foi sempre a sua vida pessoal. Com toda a legitimidade, note-se, mas é um facto. Os desenvolvimentos conhecidos já na última etapa da sua vida é revelador. Pacheco Pereira concorda e avança com a sua opinião sobre a personalidade e a sua construção. Para ele existe uma construção desse mistério. Isso deve ser dito sem complexos. O PCP tem que deixar de tratar o seu líder histórico como um santo. Os santos não fazem história, vão directamente para os altares. Odete Santos discordou. Cunhal rejeitou sempre o culto da personalidade, logo nunca premeditaria nada que se relacionasse com a sua personagem. Errado. Pensar nele não lhe tira qualquer valor. Os excessos de humildade não fornecem grandes resultados. Cunhal pensou nele próprio. Conheceu museus, aprofundou conhecimentos artísticos, correu mundo. Que mal há nisso? Nenhum. É muito mais lamentável a falta de curiosidade intelectual por parte de políticos. Essa curiosidade nunca abandonou Álvaro Cunhal. Esteve com ele até ao fim. É também isso que o torna uma personagem fascinante.
JTD
Desenho de Álvaro Cunhal
quinta-feira, 8 de junho de 2006
Cuidado com eles
Ontem houve festa rija na baixa lisboeta.
Um sindicato profissional cujos dirigentes já manifestaram em tempos os propósitos racistas, convocou um desfile contra as medidas governamentais que lhes tolhem privilégios.
Houve quem se manifestasse com fotografia de Marcelo Caetano ao peito, lembrando o tempo em que a porrada era dada a eito e as regras eram eles que as faziam.
Têm saudades desses tempos.
Nós não.
JTD
Um sindicato profissional cujos dirigentes já manifestaram em tempos os propósitos racistas, convocou um desfile contra as medidas governamentais que lhes tolhem privilégios.
Houve quem se manifestasse com fotografia de Marcelo Caetano ao peito, lembrando o tempo em que a porrada era dada a eito e as regras eram eles que as faziam.
Têm saudades desses tempos.
Nós não.
JTD
Os novos monstros
Cavaco está a dar os primeiros passos pelo seu trilho conservador.
Na casinha posta à sua disposição, em Belém, tem um quartinho onde esconde os seus monstrinhos opiniosos. Foi lá que se escondeu para decidir sobre a lei da paridade.
Os monstrinhos, avessos a essas modernices das oportunidades para as mulheres na política, tiraram dos seus sacos sebentos as suas opiniões rançosas e forneceram-nas assim mesmo: sebentas e rançosas. Cavaco gostou das opiniões dos seus monstros fedorentos e decidiu: Não há cá paridades coisa nenhuma.
Os cortesãos do costume fizeram a esperada vénea.
Os do costume apenas? Não. Eis que surge um novo e azougado apoiante das causas dos monstrinhos. Jerónimo e seus fiéis também foram ao baú de surpresas que têm escondido e tiraram de lá a sua serôdia opiniãozinha sobre o assunto.
Há quem diga mesmo que a nova palavra de ordem no recém assumido partido conservador é: Odete para a cozinha, já!
Será?
JTD
Na casinha posta à sua disposição, em Belém, tem um quartinho onde esconde os seus monstrinhos opiniosos. Foi lá que se escondeu para decidir sobre a lei da paridade.
Os monstrinhos, avessos a essas modernices das oportunidades para as mulheres na política, tiraram dos seus sacos sebentos as suas opiniões rançosas e forneceram-nas assim mesmo: sebentas e rançosas. Cavaco gostou das opiniões dos seus monstros fedorentos e decidiu: Não há cá paridades coisa nenhuma.
Os cortesãos do costume fizeram a esperada vénea.
Os do costume apenas? Não. Eis que surge um novo e azougado apoiante das causas dos monstrinhos. Jerónimo e seus fiéis também foram ao baú de surpresas que têm escondido e tiraram de lá a sua serôdia opiniãozinha sobre o assunto.
Há quem diga mesmo que a nova palavra de ordem no recém assumido partido conservador é: Odete para a cozinha, já!
Será?
JTD
quarta-feira, 7 de junho de 2006
António Dacosta em Serralves
O Museu de Arte Contemporânea de Serralves exibe uma exposição de pintura de António Dacosta, patente até dia 9 de Julho.
António Dacosta nasceu em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, em 1914. Em finais da década de 30, tornou-se um dos fundadores do movimento surrealista português. Em 1947, recebe uma bolsa do governo francês e instala-se em Paris, onde trabalha como crítico de arte, escrevendo sobre artistas como Miró, Klee e Picabia. Três anos depois, Dacosta deixa de pintar e só regressa à pintura duas décadas depois. Só nos finais dos anos 70 é que o pintor se instala, novamente, num atelier. Começando a pintar quadros de grandes dimensões.
Um grande pintor em exposição de relevo. Em minha opinião o grande pintor da sua geração. Vale a viagem ao Porto.
JTD
segunda-feira, 5 de junho de 2006
Alvarez na Gulbenkian
domingo, 4 de junho de 2006
quinta-feira, 1 de junho de 2006
Paul Auster tem prémio
O escritor americano foi o distinguido deste ano com o Prémio Príncipe das Astúrias.
Paul Auster, que está em Sintra a tratar da rodagem do seu próximo filme, não sabia sequer da nomeação.
Os editores fizeram tudo sem que nada fosse soprado aos seus ouvidos. Surpresa completa.
É merecido este prémio. Auster é autor com obra de monta nos terrenos literários americano e europeu.
Livros de referência que vivamente recomendo: A Trilogia de Nova Iorque, O Livro das Ilusões, Palácio da Lua e Leviathan.
O filme que agora está a fazer em Sintra sai das páginas de O Livro das Ilusões.
O real e o imagiário, em alegre desafio do nosso dia-a-dia, conquistaram um importante galardão.
JTD
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