GENTE DE FORA CÁ DENTRO | É como vos digo. Vale a pena ouvir gente que quer estar conosco. Gente de fora que vem para cá comemorar Abril e a Liberdade. Aprendemos uns com os outros. Vamos aprender. Vamos conversar, recordar, rir, olhar para os outros. Os outros que são como nós. Gostamos de viver em liberdade. Todos juntos. Até já.
quinta-feira, 25 de abril de 2024
PRÓXIMO DA NOITE
À ventania de Pedro Chorão
quarta-feira, 24 de abril de 2024
terça-feira, 23 de abril de 2024
ESTAMOS JUNTOS | Não podemos faltar. Vamos dizer aos fascistas que não passarão. Bom dia da Liberdade para todos.
domingo, 21 de abril de 2024
Indispensável
PINTURA DE PEDRO CHORÃO EM SETÚBAL | É um grande privilégio para a cidade receber uma exposição de Pedro Chorão na data em que se comemoram os 50 anos da revolução. É a segunda vez que este artista único expõe em Setúbal. Em setembro de 2019 mostrou, na galeria da Casa Da Cultura, trabalhos em papel que povoaram aquelas paredes com o rigor e inteligência que só assistem aos grandes artistas. As imagens que aqui estão são dessa ocasião.
Agora são telas de grande formato que preenchem os espaços da Casa. Convidei a artista visual e professora Ana Nogueira para explicar na Folha de Sala o que vê quando observa o trabalho de Pedro Chorão. Chamou ao seu texto "Próximo da Noite". Texto surpreendente na descrição dos ambientes sugeridos nas telas. Parece que há música ali. E há.
Eu estou a olhar para os quadros e ainda nem sei o que dizer. O espanto absorve-me, mas já tenho título para o texto: "O que dizer, quando o que se vê diz tanto".
E pronto, na próxima quinta-feira, dia 25, vamos descer a avenida em alegria por Abril e depois vamos rumar a Setúbal para estarmos com Pedro Chorão e o seu trabalho recente. Abril também vai estar aqui. Sempre!
PEDRO CHORÃO
PINTURA
Abril/Maio. 2024
Abertura: 25 de Abril. 19 horas
Casa da Cultura | Setúbal. Galeria e Espaço João Paulo Cotrim
sábado, 20 de abril de 2024
Tiago Rodrigues: na medida do impossível
"Catarina e a beleza de matar fascistas" é um marco na cultura teatral contemporânea. Corre mundo, e ainda bem. O surgimento de novos fascistas, agora já sem botas cardadas, mas sim muito arranjadinhos, com roupas de marca e muito bem preparados — Os melhor preparados de sempre, dizem os especialistas e analistas de serviço — desperta-nos para atitudes de rejeição dessa nova ordem, mas encontra-nos no território de uma estranha razoabilidade, onde tudo nos é apresentado como normalizável. Não é. Não pode ser. O final da peça é uma surpresa que se entranha de imediato.
Em "Na medida do impossível" estamos no centro do conflito. São relatos amargos e tristes, mas que tentam encontrar a esperança. Tiago Rodrigues é um mestre desta nossa maneira de olharmos o mundo. Nós achamos que estamos atentos, mas ele vai mais além. Mergulha em todas as impossibilidades. Todos os atropelos à existência são interpretados aqui de uma maneira tão lúcida que nos faz olhar com maior compreensão para o que ainda não tínhamos percebido, absorvendo-nos num imenso manto de derrota. Ficamos surpreendidos com as situações limite. Muitas definitivas. O sofrimento e a morte devido a guerras insistem em existir para gáudio dos novos imperadores.
"Catarina e a beleza de matar fascistas" e "Na medida do impossível" são peças sobre o triunfo de um aparente imobilismo que nos quer encontrar derrotados e tristes. Mas Tiago insiste em alertar-nos. Só podemos agradecer-lhe.
Assisti às representações destes dois monumentos culturais em tempos diferentes, como é evidente. Na passada sexta-feira fui à Culturgest. Mulheres e homens de grande qualidade artística e intelectual subiram a este palco de denúncia e revolta. "Um murro no estômago", dizia-me um amigo à saída. Com razão. Mas saímos dali mais crescidos. Com mais vontade ainda de percebermos o que nos está a acontecer. E reagirmos. Não nos peçam para frequentarmos espectáculos manhosos dos Emanueis, Clementes, Toys ou Carreiras. Mais murros na cabeça não, por favor.
Na medida do impossível
Encenação e texto
Tiago Rodrigues
Interpretação
Adrien Barazzone, Beatriz Brás, Baptiste Coustenoble, Natacha Koutchoumov
Música ao vivo
Gabriel Ferrandini
Tradução
Thomas Resendes
Cenografia
Laurent Junod, Wendy Tokuoka, Laura Fleury
Composição musical
Gabriel Ferrandini
Luz
Rui Monteiro
Som
Pedro Costa
Colaboração artística, figurinos
Magda Bizarro
Assistente de direção
Lisa Como
Produção
Comédia de Genebra
Coprodução
Teatro Nacional D. Maria II – Lisboa, Odéon-Théâtre de l'Europe, Piccolo Teatro – Milão, Équinoxe – Scène nationale de Châteauroux, CSS Teatro stabile di innovazione del FVG – Udine, Festival d’Automne à Paris, Théâtre national de Bretagne – Rennes, Maillon – Théâtre de Strasbourg scène européenne, CDN Orléans / Centre-Val de Loire, La Coursive – scène nationale de La Rochelle
Colaboração
Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Médicos sem Fronteiras
A montanha pariu um monstro
Não dá para perceber. Não dá para respeitar. Não dá para tolerar. Um governo com maioria é derrubado, provocando uma crise política. Vamos para eleições, e muda tudo. Forma-se outro governo que vai no sentido oposto ao do governo derrubado, mas com exactamente o mesmo número de deputados a apoiá-lo do que o do partido maior da oposição. Cresce uma força política que roça a delinquência. Força essa que aliada ao novo governo pode mudar tudo provocando medidas políticas delinquentes. Os grunhos saem dos buracos em delírio. Parece que assim é que é. Vamos voltar ao passado. Mulheres podem ir para onde quiserem, mas de preferência para as lidas do lar. Pessoas sexualmente diferentes dos grunhos devem voltar para o armário. As medidas anunciadas que tanto animaram os debates é melhor serem esquecidas. Vamos voltar à normalidade da direita: polícias para a rua para arrear no cidadão. Políticos para o parlamento para aliviarem os atropelos ao capitalismo desenfreado. Quem ganha mais quer ganhar mais ainda. Vamos nessa.
As conclusões agora reveladas mostram o sarilho provocado pela extremosa Justiça. Nada se confirma, tudo foi um embuste. Tudo isto aconteceu por mor de um "descuidado" parágrafo que uma senhora da Justiça escreveu, diz-se. Foi? Se calhar foi mesmo o parágrafo, mas a senhora não se enganou. Não houve aqui descuido nenhum. Desta vez a montanha não pariu um rato. Pariu um monstro. Vamos estar em confronto com um passado que pensávamos mais arredado do pensamento das pessoas. Estávamos enganados. Os monstros andavam escondidos nas histórias contadas passadas antes de 25 de abril de 1974. Agora andam aí de novo sem vergonha na cara. Dizem o que querem e fazem-se ouvir. Estão 50 fascistas no parlamento, fora os que ainda não sairam das gavetas infectas.
E a senhora que provocou isto tudo não se demite?
sexta-feira, 19 de abril de 2024
Receituário
Está tudo a acontecer. Celebra-se a Liberdade. Liberdade de pensar, falar, adquirir conhecimento sem censura. Proibir é proibido. Conhecer é fundamental.
quarta-feira, 17 de abril de 2024
Notícias do buraco
OLHA O PASSARÃO | Passos Coelho segue as pisadas de Trump. O que importa é ele, o próprio, quem vier a seguir que feche a porta. É a ira do ressabiado. Passos não perdoa à esquerda aquele arredamento do poder. O pote ficou longe. Agora, com Montenegro, a coisa está a correr mal. Já podiam estar contentes e confiantes, caso o actual líder do PPD/PSD experimentasse um aconchego com o javardolas fascista. Com 50 energúmenos no parlamento aliados aos nossos só podia correr bem. Cordões sanitários? Que merda é essa? É limpinho que entre os deputados do partido de Passos/Montenegro ainda há muitos energúmenos que apoiariam a javardice. Basta olharmos para os "social-democratas" eleitos na anterior legislatura, transladados agora e eleitos pelo partido fascista. Esqueceram a social-democracia. Aliás, nunca foram social-democratas. Mal perceberam que ali não tinham hipótese de lucro político, viraram-se para o partido do grunho falante. O grunho não vai largar o rebanho de que se afastou. Ele só pensa em fazer crescer o partido fascista. Passos Coelho é um político extremamente calculista. Muito mais inteligente do que Ventura, vive na tentação de meter o fascista no bolso ou eliminá-lo. A sede de protagonismo político cega-o. Alinha com quem for preciso para saltar para o estrado da pouca-vergonha. Agora o que é preciso é cavalgar esta onda em que a democracia permite que se apreciem fascistas. O "povo de direita" quer liberdade. Queixam-se em páginas de livros e em outros mediatismos. Não lhes falta quem os faça ouvir, mas queixam-se na mesma. Querem liberdade para o povo de direita. O que será isso? Não se percebe: quem é que lhes tira a liberdade, a eles, que querem o impensável e dizem-no já sem que a vergonha os iniba? As mulheres devem ser o que a bíblia sagrada decreta. Vão para as cozinhas porque só elas sabem servir maridos e prole. Ainda iremos assistir ao regresso do chefe da família do Estado Novo: ela manda em casa, mas quem manda nela sou eu. Meninas de cor-de-rosa, meninos de azul. Tradição é tradição, Vamos lá acabar com essas modernices hippies e esquerdistas O lugar da mulher é na lida da casa. O homem tem mais que fazer. Tem responsabilidades que exigem esforço e saber masculino. Faz sempre falta um homem em casa. Para quê? Olhem, para mandar nas mulheres. Há lidas que não são para os homens. Exemplo? Acham bem que uma mulher assista a um jogo de futebol pela televisão, com uma gamela de tremoços em frente, cigarro na boca e cervejolas por todo o lado? Alguém lava melhor a loiça do que uma mulher? E gostam de ver um homem a passar a ferro, hã?! Bem, as mulheres tirarem a carta, até não está mal pensado. Elas têm muito mais jeito para irem buscar os putos, perdão, os meninos à escola.
terça-feira, 16 de abril de 2024
Eles estavam cá
Como viveram a revolução os estrangeiros que estavam a trabalhar ou a estudar em Portugal?
segunda-feira, 15 de abril de 2024
50 anos de liberdade - Design de comunicação (3)
BOCAGE - BODONI | Foi já no ano de 1994. A liberdade e a democracia já contavam vinte anos. Resolvi inventar uma relação de amizade entre Bocage e Bodoni. Propus a ideia para que se integrasse nas Festas Bocageanas que se realizam sempre em Setembro. O Departamento Cultural da Câmara aceitou e deu todo o apoio. A coisa fez-se.
domingo, 14 de abril de 2024
sábado, 13 de abril de 2024
Eles andam aí
"Actualmente, negamo-nos a ver o retorno do fascismo. Dizem-me que do que eu falo é dos perigos do populismo. Não é nada disso. O populismo é como os mosquitos, um pouco irritantes. O perigo real é mesmo o retorno do fascismo. O fascismo é o cultivo político de nossos piores sentimentos irracionais: o ressentimento, o ódio, a xenofobia, o desejo de poder e o medo. Não deveríamos confundir conceitos. Devemos chamar o fascismo pelo nome”.
[Rob Riemen, ensaísta, filósofo e diretor do Nexus Institute]
Rob Riemen é um pensador que nos alerta para este perigo. Li o seu "Eterno retorno do fascismo" e nunca mais me calei. Recentemente deu esta entrevista. Insiste no que o preocupa. O homem sabe o que diz. Tem razão. Estamos em tempo de combate ao fascismo. Não há outro nome a dar a isto.
Os fascistas saíram dos buracos. Andam aí e já sem vergonha. Lançam livros até há pouco tempo impensáveis, formam movimentos de uma "ética" deplorável que anseiam por incutir nos incautos, falam abertamente sem medo do ridículo. Eles percebem que há muitos ridículos como eles que podem constituir normas de poder ridículas, que depois de aplicadas passam a ser criminosas. Os fascistas não prestam. Vivem da tentativa de instalação do medo. Só pensam em tolher, nunca a fazer crescer.
Não passarão
Era evidente. Aquela sentença não fazia sentido nenhum. Condenar alguém que denuncia um criminoso é um absurdo. Quem condenou não se enganou. Fez o que lhe baila na cabeça. Os tempos sopram a favor desta gente. É bom perceber que ainda sopram bons ventos. Combater a extrema-direita racista, xenófoba, sexista, fascista, é uma obrigação. Os fascistas não se normalizam. Não são normais. Os fascistas combatem-se. Sempre.
sexta-feira, 12 de abril de 2024
Falar de quem fez Abril
Não foram os militares que fizeram (sozinhos) a revolução. A revolução aconteceu porque a população acrescentou vontades e atitudes. E também houve quem interpretasse esse tempo com textos (históricos e jornalísticos) e imagens. Este ano em que o 25 de abril faz cinquenta anos, vamos recordar quem melhor descreveu o que se passou acrescentando opinião e atitude. Um dos mais notáveis opinadores desse tempo portugês foi João Abel Manta. Os seus cartoons são história. Abel Manta interpretou como ninguém o período fascista de Salazar e depois a vontade das pessoas de fazer futuro. A exposição que está no palácio Anjos é antológica. Grandiosa. Vamos falar da exposição e do catálogo. Mais de trezentas páginas de documentação artística banhadas de excelente grafismo.
quarta-feira, 10 de abril de 2024
A bem da ração
Fotografias de Óscar Silva.
terça-feira, 9 de abril de 2024
A pés juntos
Juro a pés juntos que não queria comentar o livro manhoso que este estropício apresentou. Mas a clientela rançosa que ali se amontoou para o ouvir dizer inanidades, mais as inanidades que ele disse, e mais a cobertura que teve, levam-me a vazar para aqui aquela frase do filme "O Testa de Ferro", em que Woody Allen enfrenta um colectivo de juízes. Lembram-se do que ele diz ao altivo júri que o julga e condena? — Vão-se todos foder!
É isto.
facebooksegunda-feira, 8 de abril de 2024
Falar de abril
Este ciclo de conversas sobre os 50 anos do 25 de abril pretende abordar o que de mais relevante se fez antes e depois, numa perspectiva de reconhecimento da qualidade da intervenção dos protagonistas desses tempo, que é também o de agora. João Brites foi o primeiro convidado. Conversou com Luana Gonçalves, estudante e entusiasta das coisas teatrais. João Brites, resistente ao fascismo, exilado, e depois grande praticante da liberdade de fazer teatro de grande qualidade, deu uma brilhante aula de cidadania. Luana aprendeu com a lição de Brites, e ensinou-nos outros envolvimentos e percepções. Esta sessão foi mesmo um espanto.