Mantenho a ideia de que a arte deve surpreender pela atitude. As imagens não anulam as palavras. As palavras fazem falta. O discurso lúcido é fundamental. A habilidade não me seduz. O bonitinho desagrada-me. Os artistas que me fascinam são os que me surpreendem. Os que esburacam, sujam as mãos, arriscam, vão à procura do que ainda não conhecem sem medo de errar. Tento aprender com eles, sempre, mas sem o recurso à influência. Fujo disso. O que está feito, está feito, ponto. Olho para o lado e sigo em frente. A inteligência artificial está a permitir e a estimular o atropelo. O plágio e até a cópia descarada. Isso tem que ser contrariado. Combatido. As soluções fáceis não emocionam. Não são soluções, são o erro que é preciso contrariar. O que me alegra é a surpresa que se envolve em autenticidade. A procura da originalidade dá trabalho, mas traz mais felicidade. Nesta proposta vou incluir laivos de pintura, muito desenho, algum design gráfico, a grande literatura, a música que se tornou intemporal, o necessário design expositivo e muita curiosidade intelectual. Estou curioso, confesso. E entusiasmado. Vamos lá a ver o que isto vai dar.
Estou em fase de alinhar as ideias que fui desenvolvendo ao longo deste tempo, desde que iniciei o trabalho para mostrar na estimulante cidade de Montpellier, uma grande cidade de França, dirigida pelo autarca modelo
Michaël Delafosse. Mas sobre Delafosse e a cidade que tem a sorte de o ter como presidente falarei numa das sessões incluídas neste projeto. O que vou mostrar na galeria da Biblioteca Camões, em Lisboa, parte da proposta que animou o vigésimo aniversário da Casa Amadis, associação cultural portuguesa, dirigida pelo meu amigo Tito Livio Santos Mota, e sediada em Montpellier. A exposição lá foi em Abril de 2023. Agora, em Lisboa, tudo vai ser diferente no conteúdo, mas o conceito mantém-se:
AS PALAVRAS é o título da exposição e vai ser mote para as várias conversas que vamos manter na galeria da Biblioteca instalada no palácio situado no Largo do Calhariz.
São muitos os convocados: José Afonso, claro, mas também Luís de Camões, Fernando Pessoa, Mark Rothko, Thomas Bernhard, Antoni Tàpies, João Paulo Cotrim, entre outros mágicos das imagens e das palavras.
Mas conversar mesmo em tons vivos vai ser com Viriato Teles, Fernando Cabral Martins, António Cabrita, Ana Nogueira, Fernando Luís Sampaio e Jorge Abegão.
É muito bom ter como amigos gente assim. Gente que é gente e sabe coisas. Muitas coisas.
Enviarei muito em breve programa completo com nomes, datas e horas de todas as sessões. Entretanto tomem nota:
A abertura é dia 6 de fevereiro às 18h30. Até lá.
AS PALAVRAS
Matérias transformadas
por José Teófilo Duarte.
Galeria da Biblioteca Camões.
Largo do Calhariz, 17. Lisboa.
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