quinta-feira, 29 de setembro de 2011



SABORES DE OUTONO | Fotografias concebidas para um livro com o título que esta exposição recupera. A publicação integra receitas culinárias da autoria de Mercês Araújo. Impossibilidades várias têm adiado a edição. Ficam para já as imagens. E ficam assim como uma espécie de homenagem a Mercês Araújo, grastrónoma, viajante e mulher de muita coragem. Quem a conhece sabe do que falo. Quem não conhece terá que aguardar pelo livro. A festa é hoje a partir das sete horas da tarde.
DDLX | Design | Comunicação | Lisboa
Rua do Carmo, 31, 5º D. Baixa-Chiado. Lisboa


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quarta-feira, 28 de setembro de 2011



RECEITUÁRIO | Tem início hoje. Termina em finais de Novembro.
A programação é excelente. Está aqui.
Até lá.

terça-feira, 27 de setembro de 2011



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segunda-feira, 26 de setembro de 2011



DESÍGNIOS | Este senhor é fantástico. Um grande vulto do pensamento cristão. Que grande contributo para a compreensão da realidade. Mistura tudo no mesmo saco. Diz ele que "ninguém sai da política com as mãos limpas", e que, por isso mesmo, "a Igreja não deve praticar política directa". É melhor que assim seja. É que onde a Igreja se tem metido, nem sempre tem saído com as mãos imaculadas. E nem estou a falar das mais conhecidas práticas pedófilas e outros abusos de cariz sexual praticados pelos seus acólitos profissionais.
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DEAMBULATÓRIO | A circulação de opiniões continua a ser livre. Mas há quem ache que agora as coisas estão tão bem encaminhadas que os outros, os que não acham bem isso, se deveriam calar. O Tomás Vasques, no Hoje há conquilhas, aborda a coisa e esclarece ao que anda. O José Simões, no Der Terrorist, fala de quem cala para consentir. E eu estou aqui a puxar para o lado deles, dos que não se querem calar. Feitios.

domingo, 25 de setembro de 2011



QUE DIREMOS? | Nos últimos dias pus-me a ler poesia. Reli este poema que Sophia escreveu em outros tempos e confirmei que há coisas que não mudam. A grande poesia acerta muitas vezes.

Nestes últimos tempos é certo a esquerda fez erros
Caiu em desmandos confusões praticou injustiças

Mas que diremos da longa tenebrosa e perita
Degradação das coisas que a direita pratica?

Que diremos do lixo do seu luxo - de seu
Viscoso gozo da nata da vida - que diremos
De sua feroz ganância e fria possessão?

Que diremos de sua sábia e tácita injustiça
Que diremos de seus conluios e negócios
E do utilitário uso dos seus ócios?

Que diremos de suas máscaras álibis e pretextos
De suas fintas labirintos e contextos?

Nestes últimos tempos é certo a esquerda muita vez
Desfigurou as linhas do seu rosto

Mas que diremos da meticulosa eficaz expedita
Degradação da vida que a direita pratica?

Sophia de Mello Breyner
Fotografia de Eduardo Gageiro
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sábado, 24 de setembro de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O SORRISO DO PRESIDENTE | "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante". Há por aí quem muito se amofine com esta declaração presidencial proferida nos Açores. Não entendo a indignação. Todos sabemos que Cavaco Silva é um excelente fazedor de imagens. A metáfora está em constante ebulição na literária cabeça do Presidente. É claro que as declarações nos Açores são uma premonição para os bons dias que já se avizinham. As vacas somos nós, sorrindo ao futuro que a prestimosa governação nos garantirá. Um verdejante pasto espera-nos. Ah pois, queriam o quê?! Bife?
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TRIBUNAL MENOR | Cá para mim andam a tratar-nos como se tivéssemos todos três anos. Oliveira e Costa e Dias Loureiro foram absolvidos dos crimes de gestão danosa por um tribunal vocacionado para julgar quem anda à paulada e a dar milho estragado aos pombos no Largo Camões. Provavelmente os juízes perguntaram: os meninos bateram em alguém? Ao que o petiz Loureiro retorquiu: nem pensar, senhor doutor juíz. Só estávamos a brincar às mercearias, e este menino pôs duas pedrinhas a mais no bolso. Muito bem, responde o jurista, para a próxima dividam as pedrinhas como irmãos. Mas, senhor doutor juíz, não pode ser metade-metade? Pergunta o menino Costa. Aí, o homem de leis desconfiou e mandou investigar os locais onde os meninos Costa e Loureiro escondiam as pedrinhas lá no quarto. Quem disse que a Justiça não funciona?
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JÚLIO RESENDE
| Homenagem.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011



JÚLIO RESENDE | Homenagem.


JÚLIO RESENDE | Dizer que foi um dos grandes pintores portugueses é pouco. Foi um grande pintor do mundo. Um cidadão que compreendeu bem o seu tempo. Deixa obra e exemplo. Muito obrigado, mestre Júlio.
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PÚBLICOS FINANCIAMENTOS | Alberto João Jardim vai, muito provavelmente, ganhar de novo as eleições. A máquina está muito bem montada e oleada e não permite mijas fora do penico. Mas aconteça o que acontecer, ganhe o soba com maioria absoluta ou fique no patamar imediatamente abaixo, as coisas nunca mais serão como até aqui. Agora está toda a gente de olho nos caciques apalhaçados que "governaram democraticamente" a ilha. Jardim vai arrastar-se por mais um mandato sem chama nem fundos para fazer a tão apregoada e dispendiosa "obra". O bailinho alastrou aos estrados do comentário televisivo. Ligamos o aparelho e parece que entrámos num clássico táxi lisboeta. Afinal são todos iguais. Todos roubam. Uma imensidão de delinquentes. Comentadores alaranjados que ainda não têm vergonha na cara por defenderem o seu comparsa, falam em injustiça para com tão brilhante e longa carreira política. A longevidade é um posto, mesmo quando é o banditismo a ditar atitudes. E o cimento é obra de monta. É de facto uma injustiça, esta impunidade que assiste ao soba do rochedo.
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terça-feira, 20 de setembro de 2011



CANTO DA BABILÓNIA | Pedro Osório fez esta música. Integra um trabalho a que chamou Cantos da Babilónia. Diz que Pedro Osório está muito doente. Esta divulgação é para lhe dar força. Mas sem favores. É que a música é mesmo muito bonita.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

OS CAMALEÕES NÃO VIAJAM EM ECONÓMICA | O que se está a passar com as contas da Madeira começa a raiar a demência. Marcelo Rebelo de Sousa, no seu comício da TVI, faz um esforço danado para justificar as trafulhices de Alberto João Jardim. As declarações do deputado madeirense Guilherme Silva são de bradar aos céus. As investidas eleitoralistas do soba do Funchal inscrevem-se em registo de banditismo simples e aproximam-se de diagnóstico clínico a necessitar de intervenção imediata. Isto não é política. É delinquência pura. Não será matéria a ser tratada pelo Ministério Público?!
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domingo, 18 de setembro de 2011



PRÉMIO | Cristina Rodriguez e Artur Guerra receberam o prémio de Literatura Casa da América Latina/BANIF 2001. O motivo da distinção foi a tradução que fizeram do excelente romance "2666" de Bolaño, noticiava ontem o Expresso. Prémio merecido. Parabéns aos meus amigos Cristina e Artur.
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sábado, 17 de setembro de 2011

IRREGULARIDADES GRAVES | Passos Coelho teve que se pronunciar sobre a coisa à saída do encontro com a criaturinha que governa França. A situação atingiu contornos internacionais. Agora não há volta a dar. O dr. Passos diz que a situação madeirense é irregularidade grave sem compreensão. E adianta que já está a tomar medidas para que nada de semelhante aconteça no futuro. No futuro, dr. Passos? Mas olhe que o passado ainda nos cai cima.
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EXTINÇÕES| A Cinemateca vai ser extinta. Francisco José Viegas, assistido pela razoabilidade, diz que isto é ridículo. Será que vamos assistir à primeira demissão no Governo do dr. Passos?
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

BURACÃO | O buraco nas contas da Madeira é inexplicável. Tudo leva a crer que vamos todos ter de pagar a loucura gastadora de Alberto João Jardim. O "desenvolvimento" que implementou na ilha vai custar-nos os olhos da cara. O que faltará para que esta criatura seja julgada como vulgar delinquente?
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RICHARD HAMILTON | Homenagem.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011



RECEITUÁRIO | Esta exposição é um divertimento. Um urso e um coelho que são uma espécie de heróis para adultos que fingem ser putos. O que a gente se diverte na observação das tropelias dos dois bichos. Bem, mas eu não digo mais nada. João Paulo Cotrim, em texto a propósito da coisa, diz a linhas tantas: Levantam questões acerca da cultura popular, da cultura visual, do gosto e do desgosto, dos modos como vemos e damos a ver. E conversamos ou silenciamos cada um desses assuntos. Se nasceram do percurso quotidiano e diarístico de Manuel San Payo, pouco demorou a pularem nas redes, transfigurando-se em criaturas sociais, figuras públicas. Para cada situação, por cada peripécia, os rostos e respectivas expressões oferecem-nos conforto e explicação. Os nossos dias são doravante animais. E estão por todo o lado. É isto mesmo que aquilo é. Apareçam na Monumental. É de ver e olhar mais. Inaugurou hoje pela tardinha. E vai ficar por lá até ao fim de Outubro.
Bunny&Bear

Manuel San-Payo | Galeria Monumental | Campo Mártires da Pátria, 101, Lisboa
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RICHARD HAMILTON | Homenagem.

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011



RICHARD HAMILTON | A Pop Art foi a sua pele. Ilustrou o vulgar pulsar dos dias das pessoas pegando nos ambientes que lhes eram próximos. Transformou circunstâncias banais em Arte. Foi um grande artista. Dizem que morreu. Obrigado, Richard.
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CORDIALIDADE | Não é inesperada a cordialidade que anima Nogueira e Coelho. Concordo completamente com o Tomás Vasques, no Hoje há conquilhas.

terça-feira, 13 de setembro de 2011



ISTO NÃO É UMA ESTREIA | "Deputado confessa fraude nas presidenciais de 1980", diz hoje o Diário de notícias. Um responsável do PSD/Madeira vem agora denunciar trafulhices passadas em que participou. Mas onde é que está o espanto? Este filme não passa em sessões contínuas nas salas de Jardim?
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FALTAS DE VERGONHA | Faço minhas as palavras do Eduardo Pitta e do José Simões. A pouca vergonha está na moda.
E recomenda-se.
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domingo, 11 de setembro de 2011



SETEMBRO 11 | Chegamos ao dia da definitiva notícia. O terrorismo matou. Não é atitude tresloucada. Não é doença do foro psiquiátrico. É acção fanática que não olha a meios. O fim é eliminar. O terrorismo é político, religioso e mais o que os terroristas quiserem. Não tem regras. Tem objectivos: aterrorizar e destruir. Não há terrorismos bons. Não vale a pena encontrarmos grandes causas nos intentos apregoados. O desprezo pela vida humana que manifesta não merece compreensão.
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sábado, 10 de setembro de 2011



SETEMBRO 10 | Foram dias tranquilos, os que se seguiram ao atentado. A viagem de regresso estava marcada para o dia em que tudo aconteceu. A coisa deu-se numa terça-feira. Como o embarque só se poderia efectuar no domingo seguinte, aconteceram várias oportunidades de visita. Novos ambientes surgiram no rol. Na estranha tranquilidade que banhou a cidade, os dias dos seus frequentadores voltou à normalidade. Normalidade sempre interrompida por um mais intenso gemer de sirenes. Por um ou outro sobressalto: sempre que um avião roncava nos ares, todos levantavam a cabeça em curiosidade assustada. Tranquilidade assustada, portanto.
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

SETEMBRO 9 | Nova Iorque voltou a um estranho ritmo logo após o atentado. Uma estranha calma aliava-se ao habitual ruído. A cidade que nunca dorme ficou unida na dor. As vigilias em homenagem às vitimas sucederam-se. O Central Park parecia um templo de uma religião sem deus. Ou então, um deus generoso resolveu abraçar o seu rebanho unindo-o em convívios solidários. Houve gestos bonitos. Como o do rapaz muçulmano que abraçava emocionado a sua namorada nada ortodoxa. Em Manhattan a tolerância chama-se cosmopolitismo. E não está nada mal chamado.
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quinta-feira, 8 de setembro de 2011



SETEMBRO 8 | Os dias em Nova Iorque, para quem visita a cidade pela primeira vez, são ditados pelo fervor das ruas. Qualquer programa é alterado pelo deambular. Podemos ficar surpreendidos por um simples artista de rua, que naquele lugar atinge contornos de grande artista. Escorremos pela cidade submersos em curiosidade. Em Casa do senhor Frick, tentamos perceber como nasceu Manhattan. Escutando a música que transpira dos poros da cidade, percebemos as origens da sua fortuna musical. Compreendemos a história da grande maçã olhando quem nos rodeia nas ruas. Entendemos a razão de cabermos cá todos. Mas não dá para entender o que aconteceu em 11 de Setembro de 2011.
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

SETEMBRO 7 | A muito posterior eliminação fisica de Bin Laden, ordenada por Obama e lamentada por pacifistas de meia tigela, acometidos por súbita generosidade justiceira a favor de um criminoso que não hesitou em matar sem generosidade de qualquer ordem, pôs um ponto final num capítulo da história. The end, proclamou Obama, como se o jogo tivesse terminado. Não havia razão para tanto e ele sabia-o. Mas ganhou pontos a Bush, que está mesmo no fim da tabela. Bush não acertou uma.

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terça-feira, 6 de setembro de 2011



SETEMBRO 6 | Em acontecimentos de tamanha gravidade, todos os primeiros comentários de rua são frágeis. Mas são opiniões surgidas a quente, em cima da tragédia, e têm a importância de registar a memória dessa circunstância. Nas ruas de Manhattan assisti às mais variadas análises políticas e sociológicas. Ouvi quem atribuísse de imediato a culpa à emigração. Outros falavam em zanga de deus. Houve ainda quem falasse em acidente: é impossível alguém matar assim tanto inocente, diziam. A maioria acreditava tratar-se de acção terrorista. Muita gente chorava, simplesmente. Eu decretei: isto é uma guerra. Parece que me enganei. Mas não muito.
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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ESTUDOS INFERIORES | A algazarra que por aí anda por causa de uma dita universidade de verão que abriu portas ali para os lados de Castelo de Vide. Ele é Soares, ele é Barreto, ele é Graça-Moura. Até um fulano que dizem ser primeiro-ministro por lá andou a dizer vulgaridades. Tanta gente crescida a brincar aos professores universitários. E a comunicação social a pagar as propinas. Mas aquela porcaria interessa a quem? Tenham tento.
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SETEMBRO 5 | O que aconteceu em Nova Iorque foi uma luta religiosa. Deus dita comportamentos e acções. Está em todo o lado, dizem. O poderoso Alá, protector de Bin Laden, levou a melhor nesta luta. Um deus aviador que eliminou edifícios e gentes. A exibição aérea foi festejada nas ruas do outro lado entre femininos gritos linguarudos e masculinos disparos para o ar. Na 5ª Avenida, vi uma rapariga agarrada ao telefone em tremuras e desespero. O namorado já tinha entrado no escritório situado na primeira torre atingida. Choro convulsivo. Perceber a morte quando a paixão incendeia é coisa de um outro mundo. Nisto, cai a segunda torre na mira de outro tresloucado aeroplano. Era cedo. Deus dormia, pelos vistos. Demorou a perceber o que estava a acontecer. Tal como Bush, que andou desvairado sem saber que atitude tomar. Entretanto morreu muita gente. Quando os deuses se zangam quem se lixa é a gente.
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domingo, 4 de setembro de 2011



SETEMBRO 4 | Salvador Allende foi eleito Presidente do Chile em 1970. A presença de um socialista no palácio de La Moneda não agradou aos habituais detentores do poder. Pinochet, homem do regime, traiu sem complexos. Golpe sujo e violento matou Allende. Combateu até ao fim. Disseram então que o presidente eleito era um resistente romântico que acreditava numa sociedade mais justa instalada pelas vias tradicionais. Acontece que o homem acreditava na democracia. Pinochet acreditava exactamente no seu contrário. Só a justiça dos donos do mundo lhe dizia alguma coisa. As famílias chilenas responsáveis pela miséria do país agradeceram-lhe eternamente. O neoliberalismo rejubilou. Um dia destes, viajando por blogues, deparei com elogios ao general ditador. Passado tanto tempo e depois de tanto debate esclarecedor, ainda há quem defenda um criminoso que não olhou a meios para aniquilar adversários. Repugnante. É por isso que é preciso recordar. Nos tempos que correm, é bom não esquecer.
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sábado, 3 de setembro de 2011



SETEMBRO 3 | Viajei para Nova Iorque com o fito de conhecer a cidade que não dorme. As imagens e todos os envolvimentos que fitas e páginas escritas nos fornecem, despertam curiosidade. A primeira impressão que se tem daquela terra condiz com a batida premissa: a cidade não dorme porque existem vários mundos por ali. A cidade mais imagética do planeta não só não dorme, como está permanentemente com os sentidos em riste. Há sempre gente acordada. Gente de todo o lado que é dali também. O descabido insulto "vai para a tua terra" torna-se ali ainda mais descabido. Em Nova Iorque todos nos sentimos novaiorquinos. Fomos todos novaiorquinos, no dia 11 de setembro.
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sexta-feira, 2 de setembro de 2011



SETEMBRO 2 | Regressamos à vida activa em setembro. Se calhar é por isso que o desprezo pela vida se manifesta particularmente neste mês. Já tínhamos a memória do 11 de setembro de 1973, no Chile, em que o presidente socialista Allende foi derrotado pela força do ditador criminoso Pinochet. Em 2001 foi uma luta religiosa que tirou a vida a milhares de pessoas em Nova Iorque. Num ápice, recorrendo a arma eficaz, um grupo de hábeis guerreiros islâmicos deitou por terra empresas, instituições e gente. Muita gente. Acabaram em segundos vidas e sonhos. Todos conhecemos a triste história. Conheci-a de perto. Passeava na 5ª avenida quando os aviões alteraram a paisagem de Manhattan. O mundo mudou muito desde então. E não foi para melhor.
Imagem: fotografia tirada do Empire State Building, no dia anterior aos atentados.
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quinta-feira, 1 de setembro de 2011



SETEMBRO 1 | Setembro é um mês bom. As férias foram ontem. Temperaturas pouco agressivas criam agradáveis ambientes. Começam também a surgir as primeiras responsabilidades profissionais do ano. Sim, o ano começa agora - os comboios humanos saltitantes alegrados com canções brasileiras foleiras, que movem milhões nas festas de final de ano, não passam de festa de calendário.
Gosto de setembro. Gosto deste princípio. Apesar da crise.
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